Passou do ponto: o impacto da queda do dólar nas 4 exportadoras de alimentos da Bovespa

Desconsiderando outros fatores, desvalorização do dólar nos últimos meses pode ter impacto negativo de alguns milões de reais; Minerva aparece como a mais "sensível"

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O dólar costuma ser um dos principais fatores que os investidores costumam olhar na hora de investir, seja para decidir comprar certas ações ou para fugir destes ativos. Até o início deste ano, o cenário de valorização do dólar levava o investidor a procurar ativos favorecidos pela disparada da moeda norte-americana, mas tudo mudou com a saída de Dilma Rousseff da presidência. E um dos setores mais impactados pela variação cambial é o de proteínas, que envolve não só os frigoríficos, mas a BRF também.

Estas empresas costumam ter uma parcela de seu negócio envolvendo operações no exterior, seja por meio de fábricas em outros países ou exportações de produtos. Por conta disso, com a recente queda do dólar de um patamar de R$ 4,00 para R$ 3,20 tende a ter um forte impacto negativo nestas companhias.

Os analistas Thiago Duarte e Rafael Macedo, do BTG Pactual, aproveitaram este cenário para fazer uma análise de sensibilidade de JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) verificando o impacto das variações cambiais no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e na geração FCF (Fluxo de Caixa Livre) destas empresas.

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A companhia mais impactada é a Minerva, que tem um efeito no fluxo de caixa livre equivalente a 5,9% do seu valor de mercado para cada 5% de queda do dólar. Com isso, com a moeda caindo de R$ 3,60 para R$ 3,24, o impacto nas receitas da companhia é uma queda de R$ 912 mil.

Já para Marfrig, este impacto é de 3,7% para cada 5% de variação do dólar, ou seja, com a cotação em R$ 3,24, a companhia perde R$ 1,685 milhão de receita. Para a JBS, a variação de 5% da moeda norte-americana impacta seu fluxo de caixa em 3% do seu valor de mercado. Com isso, a perda de R$ 0,36 do valor do dólar “tira” R$ 16,297 milhões da receita da companhia.

Por fim, a BRF vê sua receita cair R$ 1,889 milhão com o dólar recuando de R$ 3,60 para R$ 3,24. Segundo o estudo do BTG, o peso da variação cambial sobre a geração de fluxo de caixa da companhia é de 0,7% – o menor entre as empresas avaliadas.

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Eles, porém, ressaltam que o impacto da análise é exagerado, já que o estudo desconsidera outras variações que afetam os números das companhias. “Sabemos que os preços das commodities (grãos, carne, aves) também tendem a mover-se nesse sentido, como o dólar deprecia não só contra o real mas também em relação a moedas de países aos quais o Brasil exporta. Normalmente, isso reduz fortemente o impacto da moeda”, explicam. Contudo, é fundamental saber onde que o dólar bate mais forte nas empresas brasileiras.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.