Entre Kroton e Ser, Estácio escolheu a “maior”: o que poderá acontecer com as ações?

Veja o que analistas pensam da oferta da Kroton e quais são os desafios agora

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – Depois de semanas de indefinição, a Kroton (KROT3) levou a Estácio (ESTC3) por R$ 5,36 bilhões, em uma proposta que envolve a troca de cada ação da segunda por 1,28 ação da primeira, além de R$ 170 milhões de dividendos extraordinários. O Conselho de Administração se reunirá no dia 8 de julho para apreciar as condições do negócio. Com isso, a Kroton, além de conseguir concretizar a aquisição da concorrente, derrotou a adversária Ser (SEER3), que também havia entrado com proposta para a compra da Estácio.

O negócio foi bem avaliado por algumas casas de análise que já apresentaram suas primeiras leituras. Para a equipe do JP Morgan, a operação é boa para as duas empresas em termos de ganhos de sinergia e conquista de resultados operacionais interessantes. “Nesses termos, existe um potencial de 6% de upside para ESTC3 x KROT3, embora não esperemos que isso se materialiaze até que a fusão seja concluída”, escreveram os analistas Marcelo Santos e André Baggio em relatório a clientes.

Eles avaliam que a aceitação da oferta, acompanhada por uma postura cooperativa do conselho da Estácio, ampliam também as chances de aprovação do órgão regulador antitruste — uma das principais preocupações do mercado no momento, tendo em vista o elevado market share da Kroton. Aos clientes, eles destacam manter posição neutra com ambos os papéis neste momento, mas reiteram preferência por KROT3 enquanto o negócio entra em vigor.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Os especialistas do Credit Suisse chamam atenção para os próximos passos do negócio. Se passar pela reunião de 8 de julho, o conselho chamará uma assembleia de acionistas para aceitar ou não. Depois disso, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) terá até 330 dias para decidir a respeito. “Nesse momento, vemos a notícia como positiva para a Kroton, com a empresa muito perto da transação mais transformacional no setor até agora”, observaram Victor Schabbel e Bruno Zanotta, que também enxergam potencial de alta de 6% para as ações da Estácio.

Antes da compra, o InfoMoney já havia procurado analistas para explicar qual das duas ofertas seria mais favorável para a Estácio. Na época, a equipe de análise do Santander disse que uma compra pela Kroton seria interessante pelo grau de sinergia, que é o aumento da eficiência que uma empresa ganha quando ela passa a fazer parte de outra. Apesar de ganhar sinergia também com a Ser, o tamanho da Kroton faria toda a diferença no caso. Os analistas Bruno Giardino e Leonardo Olmos explicavam que a margem Ebitda, que é o Ebitda dividido pela Receita Líquida, da Ser é de 29%, contra 23% da Estácio e 41% da Kroton. Ou seja, a Estácio teria muito mais margem operacional a ganhar fazendo parte da Kroton do que da Ser.  

No entanto, o BofAML (Bank of America Merril Lynch), em relatório, vê uma possibilidade maior de problemas com o Cade em uma fusão da Estácio com a Kroton. Isso porque boa parte dos mercados em que a Kroton atua, a Estácio também faz parte como concorrente direta e com market share, ao contrário do que ocorre com a Ser, que é mais focada na região Nordeste e tem sobreposição de mercados em apenas 12 das 59 cidades em que as duas operam.

Continua depois da publicidade

“Melhor oferta”
Vale lembrar que a oferta aceita pela Estácio é muito melhor do que a que foi apresentada no início de junho. Antes, era de 1,25 ação da Kroton para cada ação da Estácio, enquanto a que foi aprovada hoje tinha termos de 1,28 ação da Kroton para cada uma da Estácio. Isso fora que a oferta inicial não previa distribuição de dividendos aos acionistas da adquirida, ao passo que a atual prevê dividendos extraordinários aos acionistas da Estácio no valor de R$ 170 milhões, representando aproximadamente R$ 0,55 por ação da Estácio.

De acordo com o comunicado, a consumação desta operação encontra-se sujeita à: (a) discussão, aprovação e assinatura do Protocolo pela administração de ambas as companhias; (b) elaboração de todos os documentos requeridos por lei ou pela regulamentação aplicável para permitir a submissão da operação aos acionistas das companhias; (c) deliberação e aprovação do protocolo e demais documentos da operação pelos respectivos acionistas, conforme aplicável; e (d) aprovação da operação pelas autoridades regulatórias.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.