“Fraude incontestável” na Petrobras e disputa nas educacionais; mais 10 empresas no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quarta-feira (29)

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – O dia promete ser novamente de alívio para o Ibovespa, seguindo o exterior, mas o cenário corporativo no Brasil também é movimentado. Confira os principais destaques corporativos desta quarta-feira (29):

Petrobras
Os fundos que processam a Petrobras (PETR3PETR4) em Nova York acusaram a empresa de ser responsável por um dos maiores casos de fraude da história do mercado de capitais dos Estados Unidos. Com evidências de um escândalo de corrupção “esmagador e sem precedentes”, os advogados dos investidores entregaram documentos ao Tribunal de Nova York pedindo que o juiz responsável pelo caso, Jed Rakoff, faça o julgamento sumário de algumas acusações contra a empresa brasileira, alegando que o esquema de fraudes é incontestável.

Rakoff recebeu, entre segunda e ontem, cerca de 50 documentos, incluindo o depoimento da ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca. Os documentos foram entregues tanto pelos fundos que processam a Petrobras quanto pelos réus nos processos, que incluem subsidiárias internacionais da empresa, bancos que cuidaram de emissões de papéis e funcionários, como os ex-presidentes Graça Foster e José Sergio Gabrielli. O juiz marcou uma audiência para 5 de agosto, em Nova York, que vai anteceder o julgamento, previsto para 19 de setembro. Rakoff negou o pedido da Petrobras para adiar a data.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Os fundos, por meio do escritório Pomerantz, afirmam que os depoimentos de ex-funcionários da Petrobras e outras provas, como os balanços da companhia, permitem concluir que as acusações de corrupção não podem mais contestadas.

Os advogados ressaltam que não é preciso apresentar mais provas sobre a culpa da Petrobras ou tomar novos depoimentos. Segundo eles, após as sentenças do juiz Sergio Moro, várias delações premiadas e outras “evidências avassaladoras” de fraude, a companhia não pode mais negar o esquema.

BTG Pactual
O BTG Pactual (BBTG11) anunciou que o conselho de administração confirmou decisão de entregar a acionistas parte de sua participação acionária na unidade europeia de negociação de commodities Engelhart. Essa operação prevê criar novas ações preferenciais e deve melhorar os índices de capital do banco.

Continua depois da publicidade

O BTG Pactual vai entregar aos acionistas fatia de até US$ 1 bilhão de dólares na Engelhart, sediada em Luxemburgo, na operação em que a participação do banco no negócio deverá ser reduzida de 92% para entre 34 e 35%. A expectativa é que o negócio, anunciado inicialmente em abril, seja concluído no terceiro trimestre.

A acionistas que não desejarem o recebimento de participação na Engelhart CTP serão entregues units BBTG11 adicionais de forma a manter inalterado o valor patrimonial agregado de suas units. O banco fará AGE em 14 de julho de 2016 para aprovar mudança em estatuto e o BTG Pactual estima que a operação e a bonificação serão concluídas durante o terceiro trimestre de 2016.

 Anima
A Anima (ANIM3) concluiu a aquisição da Faceb/Alis por R$ 46 milhões. O valor ainda pode ser elevado em R$ 8 milhões, caso alguns resultados sejam alcançados. Com a conclusão da compra,  a Anima agrega mais 4,3 mil alunos presenciais à sua base.

Para fechar o negócio, a companhia se dispôs a pagar R$ 20 milhões de entrada, sendo outros R$ 26 milhões pagos em 10 parcelas anuais, corrigidas por uma cesta de índices de inflação. A taxa interna de retorno projetada é de 20%. A Anima afirmou que, devido ao porte da transação, não será necessária a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Gol
A Gol (GOLL4) ofereceu garantia real a novas notes em ofertas de permuta. As novas notes serão garantidas pela Gol e pela VRG, e serão garantidas também por garantia real na forma de alienação fiduciária de todas as peças de reposição de aeronaves (spare parts) detidas agora ou no futuro pela VRG e, portanto, serão estruturalmente sêniores sobre todas as dívidas que não sejam garantidas por garantia real, presentes ou futuras, da Gol, no limite do valor da garantia em questão, informou a empresa em comunicado à CVM.

As peças de reposição são utilizadas na operação de sua frota composta por aeronaves Boeing 737-700 e 800 Next Generation, disse a Gol. A empresa contratou Morten Beyer & Agnew para avaliação das peças de reposição dadas em garantia. As peças foram avaliadas em US$ 222,7 milhões.

CCR
Segundo informações do jornal Valor Econômico, a concessão da rodovia Presidente Dutra, entre São Paulo e Rio, será ampliada em até 17 anos. O governo Dilma Rousseff acenava com mais 13 anos, em troca de investimentos de R$ 2,3 bilhões pela Nova Dutra, controlada pela CCR (CCRO3). A demanda por melhorias nos municípios cortados pela Dutra foi grande durante as audiências públicas, elevando os investimentos a R$ 3,5 bilhões, valor equivalente a mais 17 anos de concessão, informa o jornal.  

Educacionais
De acordo com uma fonte ouvida pelo jornal O Estado de S. Paulo, a família Zaher, segunda maior acionista da Estácio Participações (ESTC3), assegurou empréstimos bancários e se aliou a um fundo soberano asiático para fazer oferta pelo controle da segunda maior empresa de educação superior privada do País. Bradesco e Santander Brasil teriam oferecido à TCA Investimentos, veículo de investimentos da família, financiamento para a oferta.

O grupo liderado pela TCA apenas fará uma oferta pública se as propostas rivais pela Estácio apresentadas por Kroton Educacional e Ser Educacional não avaliarem a Estácio adequadamente, acrescentou a fonte. A batalha pela Estácio tende a ficar mais feroz, com a Kroton considerando uma oferta hostil se necessário. A atual proposta da Kroton avalia em 1,25 papel de sua emissão para cada ação da Estácio; uma fonte disse ao jornal que a chance de ganhar o aval do Conselho aumentaria rapidamente se a Kroton subisse a oferta para algo entre 1,4 e 1,5 ação. 

Em comunicado, a Estácio informou que transcreveu correspondência do  TCA informando que os seus cotistas estão considerando a possibilidade de lançar uma OPA para adquirir o controle. O Clube de Investimentos TCA “deverá, em até 20 dias a partir da presente data: (i) publicar o instrumento de OPA, nos termos do art. 11 daquela Instrução; ou (ii) anunciar ao mercado, de maneira inequívoca, que não pretende realizar a referida OPA dentro do período de 6 meses.”

E não acaba por aí: a Ser Educacional (SEER3) divulgou nesta manhã nova proposta vinculante para a fusão com a Estácio. A proposta representaria aproximadamente R$ 3,25 por ação e a companhia combinada teria fatia de 68,7% da Estácio e 31,3% da Ser. A proposta é de distribuição de dividendos extraordinários no valor de R$ 1 bilhão. O Conselho de Administração da Ser indicaria o diretor presidente. 

Hypermarcas
Mais uma denúncia envolvendo a Hypermarcas (HYPE3) pode afetar as ações após a forte queda de 8,47% da véspera. Segundo o Estadão,  Na mira da Procuradoria-Geral da República, após a delação de seu ex-diretor de Relações Institucionais, Nelson Mello, o grupo já teve seu principal acionista, João Alves de Queiroz Filho, citado em uma quebra de sigilo na Operação Lava Jato. Embora a delação de Mello não seja no âmbito da operação que apura o cartel de empreiteiras na Petrobras, os investigadores
querem descobrir o motivo dos pagamentos efetuadas pela Monte Cristalina, holding de Queiroz Filho, à JD Consultoria, do ex-ministro da Casa Civil no governo Lula José Dirceu.

De acordo com a quebra de sigilo da consultoria solicitada pela força-tarefa de Curitiba, a Monte Cristalina efetuou vários pagamentos, entre 2008 e 2013, que somaram R$ 1,5 milhão. Segundo o Estadão divulgou na véspera, a empresa está no centro de mais um escândalo envolvendo políticos. Mello, apontado como o braço direito de Queiroz Filho há cerca de 30 anos, disse que a empresa repassou R$ 30 milhões para senadores do PMDB, entre eles, Romero Jucá (RR), Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga (AM). Todos negam terem recebidos recursos.

Em nota à imprensa, o Grupo Hypermarcas informou que, após a saída de Nelson Mello, em março de 2016, a companhia “contratou assessores externos renomados para conduzir uma auditoria, já finalizada, que concluiu que o Sr. Mello autorizou, por iniciativa própria, despesas sem as devidas comprovações das prestações de serviços”. Sobre os pagamentos da Monte Cristalina à JD Consultoria, a Monte Cristalina disse que a contratação teve como objeto “análises mensais sobre o cenário político e econômico brasileiro” e que os valores cobrados “estavam em linha” com preços do mercado. Já a defesa de José Dirceu não respondeu à reportagem.

Forjas Taurus
O Conselho de Administração da Forjas Taurus (FJTA4) aprovou ontem captação de até US$ 150 milhões pelo prazo de 5 anos junto a instituições financeiras de operação de pré-pagamento de exportação, segundo comunicado ao mercado. 

Suzano
A Suzano (SUZB5) avalia estratégias para reduzir custos da dívida e alongar vencimentos, disse Walter Schalka, presidente da Suzano, em entrevista para a Bloomberg em São Paulo. A emissão de títulos é uma das opções em estudo dentro da estratégia de alongar os prazos e reduzir os custos, disse ele. O programa de recompra de ações, aumento dos dividendos e projetos de expansão também são considerados com redução rápida da alavancagem. ” A alocação de capital é algo que precisamos avaliar no futuro já que estamos desalavancando em um ritmo rápido”, disse ele.

Tractebel
A Tractebel (TBLE3) aprovou a emissão de até R$ 600 milhões em debêntures. 

 (Com Bloomberg e Agência Estado) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.