Petrobras cai até 7%, Gol afunda 10% e small cap desaba 13% com CEO na mira da Interpol

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta segunda-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa afundou nesta segunda-feira (27), pressionado pelas blue chips Petrobras, Vale e bancos. A Bolsa teve seu segundo dia de reação negativa à saída do Reino Unido da União Europeia, embora o desempenho seja menos drástico do que no exterior. Em sessão de poucas altas, os destaques positivos ficaram com as ações da Cosan, Raia Drogasil, BB Seguridade, Qualicorp, Cesp e Ambev, que subiram entre 1% e 2%. 

Fora do índice, chamou atenção as ações da small cap Refinaria Manguinhos, que atingiu queda de 13% após notícias de que Ricardo Andrade Magro, dono do grupo que controla a Refinaria Manguinhos e uma rede de distribuidoras de combustíveis, é considerado foragido da Justiça e está na lista da Interpol, segundo informações do jornal O Globo

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Bancos
Seguindo o mau humor da Bolsa, os bancos afundaram nesta segunda-feira, pressionados também por dados mostrarem que o mercado de crédito continuou desacelerando no mês de maio. Apareceram entre as maiores quedas do Ibovespa as ações do Bradesco (BBDC3, R$ 25,62, -2,62%; BBDC4, R$ 23,86, -3,95%), Santander (SANB11, R$ 17,04, -3,13%), Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,06, -3,07%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 15,46, -2,71%). 

Tanto o saldo de crédito considerando-se apenas os recursos livres caiu quanto o direcionado caíram mais que no mês anterior (-9,2% ante -8,9% e -4,9% ante -4,2%, respectivamente). Em 12 meses, o saldo total de crédito recuou 7,1% em termos reais, maior queda desde outubro de 2003 (queda de 9,5%). 

Segundo a Rosenberg Associados, esses são alguns dos muitos números que confirmam o encolhimento do mercado de crédito para o qual temos alertado e que deve se intensificar adicionalmente em 2016, apesar da manutenção da Selic no atual patamar por mais algum tempo. Para a consultoria, a oferta de crédito está sendo restrita pela seletividade, exceto nos casos de rolagem de dívidas, que têm se intensificado a fim de se evitar efeitos muito desastrosos sobre os balanços dos bancos. “Rumamos a crescimento nominal do saldo de crédito em torno de zero ou mesmo ligeiramente negativo em 2016”, destacaram.

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Hoje, analistas do BTG Pactual atualizaram suas estimativas para o setor, após os resultados do 1° trimestre e eventos recentes. Para eles, a conclusão é que os tempos difíceis continuam para o setor, mas já é possível ver uma luz no fim do túnel. “Viramos a mão após um longo período negativo com o setor”, destacaram. Os novos preços-alvo dos grandes bancos são: Itaú (de R$ 31,00 para R$ 37,00); Bradesco (de R$ 23,00 para R$ 29,00) e Santander (de R$ 10,50 para R$ 13,00). Os analistas seguem preferindo Itaú e Bradesco, versus BB e Santander. 

Petrobras (PETR3, R$ 10,75, -5,86%; PETR4, R$ 8,88, -4,00%)
Depois de buscar alta durante a manhã, as ações da Petrobras perderam força e afundaram até 7% neste pregão, em meio ao pessimismo do mercado gerado após o Brexit e seguindo a derrocada dos preços do petróleo no mercado internacional. O contrato Brent registrou queda de 1,69%, a US$ 47,59 o barril, enquanto WTI caiu 1,95%, a US$ 46,71 o barril.  

Contribui para a queda do papel a notícia de que o juiz federal, Jed Rakoff, negou pedido da Petrobras para adiar o julgamento dos processos que correm contra a companhia em Nova York, segundo informações de O Estado de S. Paulo. A data prevista para o dia 19 de setembro foi mantida, apesar da solicitação dos advogados da petroleira, de acordo com uma decisão publicada pelo o juiz.

Além disso, no radar da empresa, a Petrobras vai adotar o modelo de gestão compartilhada na venda de parte da BR Distribuidora, de acordo com a Folha de S. Paulo. A ideia é manter o controle da empresa, mas atrair sócios que possam ter autonomia na gestão de áreas da subsidiária da estatal. A operação será semelhante à modelagem adotada pelo governo na venda de ações do BB Seguridade, braço de seguros do Banco do Brasil.

Vale (VALE3, R$ 14,80, -2,70%; VALE5, R$ 11,99, -1,72%)
Descoladas da disparada do minério de ferro, as ações da Vale afundaram em sessão marcada pela aversão ao risco após o “Brexit”. Nesta sessão, o minério de ferro saltou 6,42% no porto de Qingdao, na China, indo para US$ 53,86 a tonelada seca. Acompanharam o movimento negativo da mineradora as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 8,20, -1,09%) – holding que detém participação na Vale. 

Siderúrgicas
As ações da Gerdau (GGBR4, R$ 5,73, -2,22%) caem após um relatório da Polícia Federal na Operação Zelotes apontar que o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) alterou o conteúdo da Medida Provisória 627 de 2013 para favorecer o Grupo Gerdau, segundo o jornal Folha de S. Paulo. As demais ações do setor também operam no negativo, com Usiminas e CSN. 

A MP trazia mudanças em regras de tributação de lucros de empresas no exterior e Jucá era o relatpr. Segundo a matéria, o projeto foi aprovado com pelo menos uma alteração sugerida pela Gerdau. Também estariam envolvidos os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE).

Segundo a PF, houve uma troca de e-mails entre Jucá e Gerdau dois meses antes de a MP ser aprovada pelo Congresso. Naquela data, o gabinete do senador enviou a Gerdau uma mensagem com um trecho da MP. O executivo encaminhou o e-mail ao seu consultor jurídico e recebeu o que seria a minuta da resposta a Jucá. Nela, o assessor acrescentou outro parágrafo e disse que o texto do senador, como foi enviado, “não atende plenamente”, já que apenas uma das emendas de interesse do grupo havia sido incluída. O parágrafo acrescido pelo consultor jurídico da Gerdau consta na versão final do texto da lei.

Para a PF, o material “indica possíveis práticas consubstanciadas na negociação ilegal de emendas a medidas provisórias […], tendo como contraprestação doações eleitorais, com elementos que apontam para a participação de condutas (em tese, criminosas)” de Jucá e dos deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE). Ambos negaram quaisquer irregularidades.

Cosan (CSAN3, R$ 32,47, +2,27%)
As ações da Cosan apareceram entre as maiores altas do Ibovespa, após sinalizações de que o governo pode prorrogar isenção do PIS/Cofins para etanol, disse o diretor de combustíveis renováveis do Ministério de Minas e Energia, Ricardo Dornelles, em evento em São Paulo. Ele, no entanto, disse que o aumento da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) na gasolina não é prioridade (o que poderia beneficiar as empresas de etanol). 

Fibria (FIBR3, R$ 23,30, -4,78%)
As ações da Fibria tiveram sua terceira queda em quatro pregões, acumulando no período perdas de 14% e renovando hoje mínima desde outubro de 2014. Os papéis caíram apesar da alta do dólar frente ao real, que favorece as empresas de exportação. Seu par na Bolsa, a Suzano (SUZB5, R$ 11,65, -2,10%) também fechou em queda hoje, enquanto a Klabin (KLBN11, R$ 15,75, +0,19%) teve ligeira alta. Hoje, o dólar comercial encerrou em alta de 0,44%, a R$ 3,3931 na compra e R$ 3,3946 na venda. 

Lojas Americanas
O BTG atualizou suas estimativas com a base de performance recente e incorporando também o aumento de capital recente na B2W (BTOW3, R$ 9,11, -4,81%), assumindo que a Lojas Americanas (LAME4, R$ 15,21, -1,81%) vai subscrever 70% da oferta. O preço-alvo para Lojas Americanas é de R$ 18,00 (contra R$ 20,50 anteriormente) e R$ 14,00 para B2W (ante R$ 25,00).

Segundo os analistas do banco, a Lojas Americanas continua performando bem, enquanto a B2W teve um grande progresso no mercado, mas o nível de queima de caixa ainda segue muito alto. Eles comentaram que Lojas Americanas segue como um dos top picks do setor (mas preferem exposição via LAME3), enquanto B2W segue com recomendação neutra. 

Gol (GOLL4, R$ 3,25, -9,72%)
As ações da Gol desabaram nesta segunda-feira, atingindo na mínima queda de 13,06%, a R$ 3,13. Essa é a primeira queda da ação depois de cinco altas nos últimos seis pregões, sendo que na sexta-feira (único dia que não subiu) fechou estável. Nesse período, o papel disparou 47%. 

A companhia passa por um processo de renegociação de dívida e, na semana passada, adiou pela quarta vez o prazo para que detentores da dívida em moeda estrangeira possam aderir ao programa de troca. 

Estácio (ESTC3, R$ 16,30, -0,97%)
A família Zaher está considerando a possibilidade, embora ainda não tenha certeza de sua efetivação, de o Clube TCA lançar uma oferta pública para aquisição de controle, informou a Estácio em nota enviada ao mercado.

A oferta, se lançada, seria por no mínimo uma quantidade de ações representativas aproximadamente de 36% do capital social da Estácio. A família Zaher detém, atualmente, cerca de 14,13% da empresa. “Caso seja lançada e bem sucedida, a oferta resultará na elevação da participação da Família Zaher para, no mínimo, 50% mais uma ação”, diz a correspondência do TCA, segundo o comunicado da Estácio. Mais cedo, a Folha de São Paulo informou que a família Zaher queria se tornar sócia majoritária da Estácio.

Cyrela (CYRE3, R$ 9,73, -1,92%)
A construtora e incorporadora Cyrela deverá se tornar a segunda maior acionista da Tecnisa após a conclusão do processo de aumento de capital da empresa concorrente, além de ganhar o direito de indicar um membro para o conselho de administração.

De acordo com estimativa da equipe de análise de construção do banco JP Morgan, a Cyrela deve alcançar uma fatia de 13% a 18% do capital da Tecnisa. Já a equipe do Credit Suisse projeta uma participação na faixa de 13,4% a 19,3%. Em qualquer um dos casos, será a segunda maior fatia, atrás apenas do fundador e controlador da Tecnisa, Meyer Joseph Nigri, que ocupa o posto de diretor-presidente. 

O Conselho de Administração da Tecnisa aprovou acordo de subscrição pelo qual fará um aumento de capital de R$ 200 milhões, com emissão de 100 milhões de ações. Pelo acordo, a Cyrela se comprometeu com um aporte mínimo de R$ 73,3 milhões e máximo de R$ 100 milhões, ou seja, entre 36,6% e 50% do total. 

O compromisso é maior que o do próprio controlador. Pelo acordo, Nigri fará um aporte mínimo de R$ 51,3 milhões e máximo R$ 70 milhões, o equivalente a 25,6% a 35,0% do total. O executivo tem participação na incorporadora como acionista direto e por meio da sociedade JAR Participações. 

Na opinião dos analistas do JP Morgan, o movimento não é positivo para a Cyrela, uma vez que a Tecnisa tem apresentado resultados ruins devido ao endividamento elevado. “Não acreditamos que essa é a estratégia correta para a Cyrela devido à baixa lucratividade da Tecnisa”, afirmam os analistas em relatório. “Além disso, os investidores de Cyrela estão mais propensos a obter dividendos maiores. Já essa decisão indica um desejo da administração da Cyrela em investir em fusões e aquisições, reduzindo o potencial dos dividendos neste momento.”

 A Tecnisa é uma das empresas de construção listadas na bolsa mais endividadas. Sua alavancagem (relação entre dívida e patrimônio líquido) estava em 77,5% ao fim do primeiro trimestre. No período, a companhia contava com R$ 188 milhões no caixa. A incorporadora tem pela frente neste ano R$ 205 milhões em vencimento de dívidas corporativas e R$ 433 milhões de recebíveis de clientes.

Questionado sobre o investimento, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Cyrela, Eric Alencar, afirmou que companhias mantêm cordialidade e uma relação grande entre seus controladores. “A Tecnisa nos informou que gostaria de readequar o seu fluxo de caixa e nos convidou a avaliar. Nós entendemos que, com a readequação, seria interessante”, explicou Alencar. “Gostamos das pessoas que trabalham lá e suas competências, olhamos os números e enxergamos um bom valuation. É puramente uma operação de oportunidade”, complementa.

Alencar projeta um aporte próximo do piso anunciado, em R$ 73,3 milhões, mas ressaltou que há disposição em atingir o teto de R$ 100 milhões caso os demais acionistas não acompanhem a subscrição. No entanto, a compra de ações da Tecnisa vai parar por aí, disse o diretor. O estatuto da concorrente tem uma cláusula (poison pill) que obriga os acionistas que chegarem a uma participação de 20% a fazer uma oferta pelo controle da companhia, a um preço diferenciado.

O executivo ponderou que o aporte não representa uma iniciativa para consolidação do setor. “Não é uma aquisição, não é uma consolidação. Seremos minoritários com assento no conselho. O papel será de ajudar, e não mudar a agenda da Tecnisa”, disse Alencar.

Refinaria Manguinhos (RPMG3, R$ 3,80, -13,44%) 
As ações da Refinaria Manguinhos afundaram, após notícias de que Ricardo Andrade Magro, dono do grupo que controla a Refinaria Manguinhos e uma rede de distribuidoras de combustíveis, é considerado foragido da Justiça e está na lista da Interpol, segundo informações do jornal O Globo. Ele comanda um dos maiores esquemas de sonegação fiscal do país, acreditam as autoridades que já o investigaram e por onde passou, deixou dívidas milionárias em tributos. Manteve conexões com o PMDB, o PT e o PCdoB, provavelmente em busca de blindagem. E agora aparece ligado a fraudes nos fundos de pensão de estatais.

A 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro autorizou a prisão do empresário, junto com outras seis pessoas, por desvio de R$ 90 milhões em recursos dos fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Postalis, dos Correios, na aquisição de debêntures (títulos mobiliários) do Grupo Galileo. Dos sete, quatro ainda não foram presos. Dois deles, Ricardo Magro e Márcio André Mendes Costa, ambos do Galileo, tiveram os nomes lançados na difusão vermelha da Interpol por suspeita de estarem no exterior — Magro, nos Estados Unidos; e Márcio, em Portugal.

M.Dias Branco (MDIA3, R$ 97,18, -0,33%)
O empresário Ivens Dias Branco (presidente do Conselho da M.Dias Branco faleceu no último final de semana, aos 81 anos. De acordo com o BTG, mesmo não estando mais como CEO (seu filho assumiu esta posição há 2 anos), ele ainda era bastante presente no dia-a-dia da companhia e nas tomadas de decisão mais estratégicas. A sucessão propriamente dita já foi encaminhada quando ele saiu do posto de CEO e seu filho assumiu em 2014. Segundo o BTG, o falecimento dele não deve significar nenhuma ruptura imediata para a companhia.

“Mesmo com ele bastante presente, o processo de ‘profissionalização’ já estava encaminhado, com toda a diretoria formada por profissionais de fora da família. Os filhos ocupam cargos de vice-presidência mas sempre entendemos que tem sido mais uma questão burocrática do que executiva propriamente dita”, disseram os analistas do BTG. Segundo eles, há alguns pontos ainda importantes e questões pendentes: 1) o fundo Dibra que detém 63% das ações da MDias Branco e de outras empresas da família ainda era controlado por ele diretamente. Para eles, é importante ainda entender como fica a questão da herança (outros membros da família em conjunto tem os outros 12%; 2) quem assumirá o conselho ainda é incógnita; 3) a real intenção dos filhos em tocar o negócio daqui em diante precisa ser 100% esclarecida; 4) o real grau de consonância dos filhos também é incógnita. Eles ressaltam o o risco de algum tipo de dispersão.

Em suma, os analistas do banco acreditam que não há ruptura, mas que o risco de uma eventual venda do negócio a médio prazo aumenta. “Achamos que o mercado pode caminhar nessa direção”, disseram.