Ações sentem “baque” com Brexit: Vale desaba 9% e bancos caem até 4%; Oi se “descola” e sobe 18%

Confira os destaques da Bovespa nesta sexta-feira (24)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou nesta sexta-feira (24) em queda de 2,82%, a 50.105 pontos no primeiro pregão pós-“Brexit”. Na madrugada de hoje, o resultado final sobre a votação sobre se o Reino Unido sairia ou não da União Europeia foi revelado, com 52% votando pela saída e 48% pela permanência, o que levou a um forte movimento de aversão ao risco para os mercados. Nesta sessão, apenas dois papéis do Ibovespa registraram alta: as educacionais Kroton e Estácio, agitadas com o noticiário envolvendo uma possível aquisição. 

Na semana, contudo, o Ibovespa fechou em alta de 1,15%, com destaque positivo para as ações da Natura, que subiram 13,29% no período. Ontem, o Credit Suisse divulgou relatório comentando sobre a empresa após reunião de analistas do banco com a diretoria da companhia. Eles saíram da reunião com visão mais construtiva e, apesar de esperarem um curto prazo ainda difícil, veem que as diversas iniciativas da empresa estão começando a surtir efeito. Já a Fibria registrou a maior queda do índice na semana, com baixa de 7,45%. 

Outra ação que vale destacar é a da Oi: na semana em que a companhia pediu a recuperação judicial, a maior da história, os papéis OIBR4 caíram 1,82%, mas os ativos ON tiveram expressiva alta de 44,78%. Notícias sobre possíveis mudanças regulatórias e até sobre interessados em comprar a companhia ganharam destaque durante a semana. 

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Confira os principais destaques do pregão desta sexta-feira (24):

Petrobras (PETR3, R$ 11,43, -5,15%; PETR4, R$ 9,25, -4,34%)
As ações da Petrobras despencaram seguindo a queda do preço do petróleo, com o brent em queda de 4,91%, a US$ 48,40 o barril, enquanto o WTI teve queda de 5,01%, a US$ 47,60 o barril seguindo o pânico com o Brexit.  Porém, as perdas são menores em relação à mínima do dia, quando os papéis PETR4 chegaram a cair 7,76% e o PETR3 registraram queda de 8,38%. 

No noticiário da companhia, a Petrobras informa que o déficit da Petros está acima do limite da tolerância. Excluindo o limite de tolerância, o montante a ser equacionado é de R$ 16,1 bilhões. Já de acordo com o jornal Valor Econômico, diante da iminência de venda dos gasodutos controlados pela Petrobras, o governo se prepara para fazer uma revisão da Lei do Gás. O objetivo é adequar a legislação atual, sancionada em 2009, a um provável novo cenário de predomínio de agentes privados no setor. “Se a decisão da Petrobras for de não mais atuar como operadora dos gasodutos de transporte, tem que haver uma mudança na legislação, seja para está interessado em compras os ativos, seja para os consumidores de gás”, disse o ministro Fernando Coelho Filho, em entrevista ao Valor.

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Vale destacar a notícia do jornal O Estado de S. Paulo, depois de pouco mais de um mês de governo, a equipe econômica do presidente em exercício Michel Temer esmiuçou a situação da Caixa Econômica Federal e da Petrobrás. Concluiu que, no atual momento, não existe a necessidade de fazer uma capitalização nessas empresas. Na comparação entre as duas, a Petrobrás é a que demonstra o melhor quadro. A questão é que esse diagnóstico se baseia numa previsão de melhora da economia.

Vale (VALE3, R$ 15,21, -8,32%; VALE5, R$ 12,20, -8,96%)
As ações da Vale também sentiram o impacto do Brexit e caíram cerca de 9%. Nesta sessão, o minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em queda de 2,47%, a US$ 50,61. A cotação do minério é um importante balizador para o desempenho das ações da mineradora, já que é o seu principal produto. 

No noticiário da companhia, de acordo com o Estadão, o relatório final do Ministério Público de Minas (MP-MG) sobre as causas do desmoronamento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em 5 de novembro, aponta que uma construção na parte da frente da represa aliada a alteamentos (ampliações) em velocidade superior a de qualquer registro histórico causou a ruína da obra. Na perícia, observou-se que o chamado “recuo na face da barragem” foi realizado em 2013 para possibilitar reparos em galerias da represa que apresentavam problemas de vazamento. Em seguida, a mineradora promoveu elevações para aumentar o armazenamento, desestabilizando toda a estrutura. O recuo não estava previsto no projeto original da barragem, segundo afirma o MP.

As ações de siderúrgicas CSN (CSNA3, R$ 7,50, -7,18%), Gerdau (GGBR4, R$ 5,90, -5,.0%) e Usiminas (USIM5, R$ 2,07, -6,33%) também despencam em meio à aversão ao risco.

Educacionais
A Estácio (ESTC3, R$ 16,46, +3,13%) e a Kroton (KROT3, R$ 13,92, +0,29%) são as únicas companhais que consegue manter ganhos nesta sessão em um cenário de debate sobre fusões e aquisições no setor. Na véspera, a Ser Educacional (SEER3, R$ 12,54, -2,41%) destacou que segue em conversas para se unir com a Estácio, enquanto a Kroton também deve seguir aumentando sua proposta para comprar a companhia.

Nesta manhã, a Estácio informou que não está discutindo qualquer fusão ou associação com a Universidade Paulista – Unip, segundo comunicado de esclarecimento à CVM. “Chaim Zaher, por sua vez, informou que participou, na qualidade de acionista da Estácio e previamente à sua indicação como diretor-presidente, de conversas informais e bem preliminares com representantes da Unip, as quais não evoluíram e não foram discutidas com a administração da companhia”, disse a Estácio.

Bancos
O dia de aversão ao risco também levou a uma forte queda de ações de bancos, com o Bradesco (BBDC3, R$ 26,31, -1,72%; BBDC4, R$ 24,81, -2,59%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 15,83, -2,40%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,95, -3,50%) caindo forte.

Eletrobras (ELET3, R$ 11,90, +3,75%; ELET6, 17,64, +4,81%)
Fora do Ibovespa, a Eletrobras seguiram o rali dos últimos dias e registra ganhos de mais de 4%. Nos últimos dias os papéis dispararam com rumores de interesse estrangeiro em ativos da companhia, além da notícia de troca de comando na elétrica, que ajudaram a afastar preocupações adicionais sobre a dívida da empresa.

Na quarta-feira, o presidente em exercício, Michel Temer, sancionou lei que resulta da aprovação da Medida Provisória 706/2015, que evita que a União assuma um rombo maior das distribuidoras da Eletrobras. Inicialmente estimados em R$ 4,81 bilhões, o novo texto limita a R$ 3,5 bilhões o repasse de socorro a essas distribuidoras.

Já nesta sexta, a Eletrobras informou que o BNDES publicou o edital de leilão da Celg-D. O montante global mínimo previsto a ser arrecadado com a leilão é de R$ 2,8 bilhões, incluindo o total previsto na oferta aos empregados. A leilão prevê a venda de 142.933.812 ações sendo 69.085.140 ações ON pertencentes à Eletrobras e 73.848.672 ações da CelgPar, representativas de 94,8393% do capital da Celg-D, segundo edital do leilão publicado pelo BNDES no Valor Econômico. 

Oi (OIBR3, R$ 1,94, +11,49%; OIBR4, R$ 1,08, +18,68%)
Após a disparada “misteriosa” da véspera, as ações da Oi voltaram a subir forte hoje, com destaque para os papéis PN, que chegaram a ter ganhos de 46,15% na máxima do dia. Na última segunda-feira, a companhia pediu recuperação judicial, a maior da história, com um valor de R$ 65 bilhões. Na véspera,  o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) emitiu parecer favorável ao pedido de recuperação.

O parecer foi emitido pelo promotor Márcio Souza Guimarães, titular da 1ª Promotoria de Justiça de Massas Falidas, e inclui no processo as empresas estrangeiras Portugal Portugal Telecom International Finance B.V. (PTIF) e Oi Brasil Holdings Cooperatief U.A. (Oi Coop).

Nesta semana, também ganhou destaque uma notícia do jornal O Globo de que mudanças regulatórias podem transformar bens da Oi, como imóveis e equipamentos, em pelo menos R$ 7,15 bilhões em recursos disponíveis para novos investimentos, o que traria um alívio para a companhia. 

Veja mais: 99% de alta em 1 minuto: a ordem de R$ 25 milhões do Itaú que fez tremer a ação da Oi

Por fim, está a notícia do jornal O Globo de que os investidores internacionais que têm títulos de dívida da companhia se preparavam ontem para garantir seus interesses no processo de recuperação judicial da companhia. Mais de vinte investidores institucionais estrangeiros já estão reunidos em um grupo com o objetivo de adotar uma estratégia unificada na hora de negociar com a empresa, disse uma fonte a par das conversas. A expectativa é que o grupo esteja plenamente formado já na semana que vem.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.