Ibovespa desaba 3% com saída do Reino Unido da UE; Caged mostra destruição de 72 mil vagas

Mercado reflete bolsas mundiais após Reino Unido votar pela saída da União Europeia

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa continua em queda forte, mas se afastou bastante da mínima intradiária nesta sexta-feira (24). Mais cedo, o índice chegou a cair 4% pressionado pela surpresa do mercado com a decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia. Contudo, a sinalização do Federal Reserve dos Estados Unidos de que suas linhas de swap com outros bancos centrais estão disponíveis para prover liquidez a instituições financeiras estrangeiras ajudaram os mercados a se recuperarem. 

Às 16h24 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 3,50%, a 49.756 pontos. Já o dólar comercial sobe 0,85% a R$ 3,3729 na venda, enquanto o dólar futuro dispara 0,99% a R$ 3,378. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 cai 4 pontos-base a 13,70%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 tem alta de 7 pontos-base a 12,47%. 

De acordo com o diretor da mesa de trade da corretora Mirae Asset, Pablo Stipanicic Spyer, a probabilidade de aumento de juros nos EUA agora é praticamente zero com toda a volatilidade causada pelo “Brexit”. “O contraponto do Brexit é o juro baixo nos EUA por mais um ano. Os EUA são os grandes vencedores deste referendo, porque começa um ‘flight to quality’ muito grande que vai em direção aos ativos norte-americanos por segurança”, afirma. 

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Além disso, ele acredita que outro componente para a recuperação dos mercados é a visão de que o europeu vai ter que diversificar os seus investimentos para fora da região. Na sua avaliação, embora a maior parte do dinheiro vá, com certeza, migrar para a economia dos EUA, uma boa parte deve ser colocada em países emergentes exportadores de commodities. Principalmente o Brasil que tem o diferencial de uma taxa de juros alta, fornecendo um ótimo spread em relação às taxas que são praticadas em economias desenvolvidas europeias. “Os emergentes produtores de commodities não estão sofrendo tanto. Essa resiliência é que o investimento vai vir para o Brasil eventualmente, mas serão meses sobre este assunto”, explica.

Caged
O Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostrou o fechamento de 72.615 vagas em maio. A expectativa mediana dos economistas era de uma destruição de 90.000 vagas.  

Referendo do “Brexit”
O “Brexit” venceu por 51,9% a 48,1%. Foram 17.410.742 votos a favor da saída e 16.141.242 votos pela permanência. Ontem, o Ibovespa havia subido 2,8%, seu melhor desempenho diário desde 10 de maio após uma série de pesquisas mostrarem o “Bremain” na frente, mas hoje o dia promete um dia de forte queda. A vitória do Brexit forçou a renúncia do primeiro-ministro David Cameron e gerando o maior golpe ao projeto europeu de maior unidade desde a Segunda Guerra Mundial.

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Nesta manhã, após a votação, David Cameron, primeiro-ministro britânico, disse que deixará o cargo até outubro. “O povo britânico tomou a muito clara decisão de assumir um caminho diferente e, diante disso, eu penso que o país precisa de nova liderança para levá-lo nessa direção”, disse ele em pronunciamento. “Eu não acredito que seria certo para mim ser o capitão que vai levar o país para este próximo destino”. “Os investidores temem os efeitos econômicos dessa decisão na economia inglesa e da zona do euro por conta do intenso fluxo de comércio e investimentos. No Reino Unido, corre-se o risco de contração dos investimentos e do emprego, o que obrigará o BOE a expandir novamente a política monetária.

O ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, visto como um populista de direita, é o mais cotado para assumir o cargo de Cameron. O presidente do banco central da Inglaterra, Mark Carney, disse que os BCs globais asseguram que podem agir para garantir a liquidez diante deste cenário. 

Na zona do euro, além da alta do risco político por conta da possibilidade de outros países saírem da União Europeia, teme-se que o atual movimento de crescimento da economia europeia não se sustente tendo em vista esse aumento das incertezas. Outro risco para os europeus é a vitória de líderes populistas e eurocéticos”, destaca a LCA Consultores.

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 11,34, -5,89%; PETR4, R$ 9,17, -5,17%), seguem em queda, junto com os preços do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) cai 5,05% a US$ 47,57, ao mesmo tempo em que o barril do Brent tinha ganhos de 5,12% a US$ 48,97. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 VALE3 VALE ON 15,15 -8,68
 VALE5 VALE PNA 12,25 -8,58
 CSNA3 SID NACIONALON 7,50 -7,18
 BRAP4 BRADESPAR PN 8,48 -6,30
 FIBR3 FIBRIA ON 24,50 -5,99

Dentro do setor mais pesado no Ibovespa, o financeiro, bancos grandes caem. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,82, -3,93%), Bradesco (BBDC3, R$ 26,23, -2,02%; BBDC4, R$ 24,81, -2,59%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 15,83, -2,40%) recuam. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

Já a Vale (VALE3, R$ 15,14, -8,74%; VALE5, R$ 12,25, -8,58%) também em continua em queda junto com o minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao teve baixa de 2,47% a US$ 50,61 a tonelada seca.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 ESTC3 ESTACIO PARTON 16,10 +0,88

BC revisa déficit nas transações correntes
O Banco Central (BC) revisou nesta sexta, suas projeções para o comportamento do quadro do setor externo de 2016. A previsão para o rombo das transações correntes, que estava em US$ 41 bilhões na virada do ano e passou para US$ 25 bilhões no fim do primeiro trimestre, agora foi atualizado para US$ 15 bilhões. O número revisado é 63% menor que a primeira projeção, apresentada em dezembro do ano passado.

No caso da balança comercial, que vem surpreendendo positivamente desde o início do ano, a expectativa do BC melhorou mais uma vez: apresentava estimativa de um saldo positivo de US$ 30 bilhões no fim do ano passado, mudou para um superávit de US$ 40 bilhões em 2016 e agora para US$ 50 bilhões. Mais uma vez, no entanto, a mudança se deu não porque foi ampliada a estimativa de alta das vendas externas, mas reduzida a previsão para as compras, o que é mais um indicativo da recessão econômica pela qual passa o País.

Esse resultado da balança, portanto, será formado, de acordo com o BC, por exportações de US$ 190 bilhões, mesmo volume das últimas previsões, e importações de US$ 140 bilhões. A primeira estimativa para 2016 era de compras no valor de US$ 160 bilhões, que depois foi atualizada para US$ 150 bilhões.

Confiança de Michigan
Saiu às 11h o índice de confiança do consumidor de Michigan, nos Estados Unidos, que mostrou uma queda para 93,5 pontos em junho. A expectativa mediana dos economistas era de que o índice tivesse caído de 94,3 pontos para 94 pontos no mês. 

IPC – Fipe
O índice de Preços ao Consumidor da Fipe saiu às 5h e mostrou que a inflação brasileira subiu 0,42% na 3ª quadrissemana de junho, contra uma expectativa mediana de 0,40%. Na segunda quadrissemana deste mês o IPC havia registrado um aumento de 0,4%. 

Cenário externo
Na Inglaterra, o FTSE caiu 3,15%, aos 6.138,7 pontos, enquanto a libra esterlina teve perdas de 8,30% contra o dólar, chegando a US$ 1,36, após cair 11% mais cedo. Com isso, a moeda britânica atingiu seu menor patamar desde 1985. Já o euro registrava queda de 2,20% ante a moeda norte-americana, para US$ 1,1135. No Stoxx 600, bancos caíram mais de 10% e são destaques de baixa, enquanto o Lloyds desabou mais de 21%. Na França, o CAC 40 registrou queda de 8,04%, a 4.107 pontos: no país, a presidente do partido Frente Nacional, Marine Le Pen, pediu o “Frexit”.

Na Ásia o cenário foi de maior cautela durante a apuração, mas com a vitória do “Brexit” o pânico também foi instalado, acionando, inclusive, o circuit breaker do índice Nikkei 225, que chegou a afundar 8,21%, aos 14.905 pontos. O japonês Nikkei fechou em queda de 7,92%, enquanto o iene teve forte alta com os investidores em busca de proteção. O dólar registra queda de 3,42% ante o dólar. Já o chinês Xangai teve baixa menos expressiva, de 1,33%, enquanto o Hang Seng teve queda de 2,92%.