Oi ON dispara 70% em 1 minuto, mas fecha em alta de “apenas” 36%; Gol salta 21%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – No último pregão antes da votação para definir se o Reino Unido fica ou não União Europeia, o Ibovespa teve sua maior alta (+3,02%) desde 10 de maio, com pesquisas apontando menor probabilidade do “Brexit“. Em meio à onda de otimismo do mercado, apenas 3 das 59 ações do índice caíram hoje – Cesp, Raia Drogasil e CPFL Energia. 

Na ponta positiva, 8 ações dispararam mais de 5%, lideradas por Natura e as siderúrgicas Metalúrgica Gerdau, CSN e Gerdau. Os papéis de peso da Petrobras e Vale também subiram forte hoje – encerrando com altas de mais de 3%. 

Fora do índice, chamou atenção os papeís da Gol e Eletrobras. A elétrica saltou pelo quarto pregão seguido, com as ações ordinárias acumulando no período ganhos de 30% e renovando máxima desde 2012. 

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Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira (23):

Oi (OIBR3, R$ 1,74, +35,94%; OIBR4, R$ 0,91, +13,75%)
As ações ONs da Oi entraram em leilão na Bovespa por volta das 15h45 (horário de Brasília) e depois de praticamente uma hora voltaram a negociar, com disparada de 100%. Em apenas um minuto, as ações subiram 70%. Nesse período, o Itaú Unibanco intermediou 93,1% das compras realizadas com as ações ONs da empresa, seguido por JPMorgan, com 4,7%. Do lado das vendas, o Morgan Stanley intermediou cerca de 85% das negociações. No leilão de fechamento, no entanto, os papéis perderam força e encerraram a sessão em alta de “apenas” 35,94%. As ações PNs não seguiram essa arrancada e fecharam em alta de quase 14%.  

Nesta sessão, o volume negociado com as ações da Oi ON bateu R$ 60,5 milhões, contra média diária de R$ 30,1 milhões dos últimos 21 pregões. No caso das ações PNs, o giro financeiro alcançou hoje a marca de R$ 41,8 milhões, contra média de R$ 24,9 milhões. 

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As ações da Oi subiram nesta sessão após notícia de mudanças regulatórias que podem transformar bens da Oi, como imóveis e equipamentos, em pelo menos R$ 7,15 bilhões em recursos disponíveis para novos investimentos, gerando um alívio para a companhia, segundo informações do  jornal O Globo

O melhor caminho para essa mudança, segundo interpretação do governo, seria aprovar no Congresso uma alteração na Lei Geral de Telecomunicações (LGT), que abriu caminho para as privatizações em 1997. Ontem, o governo federal acertou um cronograma para definir já na próxima semana um novo texto a ser votado na Câmara dos Deputados sobre a reversibilidade dos bens das concessões, diz o jornal. A legislação atual determina que, ao fim do contrato, bens como imóveis e equipamentos precisam ser devolvidos à União. Com a mudança em discussão, esses ativos passariam a ser da própria companhia no vencimento das concessões e seriam incorporados ao patrimônio.

Na última quarta-feira, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, declarou que o governo não vai colocar recursos públicos na Oi. “A intervenção, que é um instrumento do governo, evidente que pode ser usada, mas não está no horizonte do governo. Esperamos que a recuperação judicial seja deferida, que aconteça, e a empresa terá em todos os momentos o nosso apoio. Mas deixando claro que apoio não significa benefício. A intervenção, que é prevista em lei, é o último recurso. Esperamos que a renegociação das dívidas aconteça”, declarou Kassab.

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Além disso, o Tribunal Federal de Falências no Distrito Sul de Nova York deferiu pedido de tutela provisória requerida pela Oi e subsidiárias em 21 de junho para previnir credores de iniciarem ações contra o grupo ou seus bens localizados nos EUA, disse a companhia em comunicado ao mercado. A decisão também impede a rescisão de contratos existentes regidos pelas leis dos EUA dos quais o grupo seja parte. A medida será mantida até que Oi tenha reconhecimento integral da corte americana de seus pedidos conforme o Capítulo 15 do Código de Falências dos Estados Unidos. 

De acordo com fonte ouvida pela Reuters, o Banco do Brasil (BBAS3fará uma provisão adicional de cerca de R$ 650 milhões no balanço do segundo trimestre, após a operadora de telecomunicações ter pedido recuperação judicial. Cerca de 3% do empréstimo bancário do BB de R$ 2,4 bilhões à Oi já estava provisionado pelo banco, ao redor de R$ 72 milhões, de acordo com a fonte.

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 16,59, +4,67%; VALE5, R$ 13,40, +5,10%) e Bradespar (BRAP4, R$ 9,05, +6,72%) – holding que detém participação na mineradora – subiram forte hoje, descoladas do movimento do minério de ferro, que caiu 0,76%, a US$ 51,89 a tonelada a seca. 

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Na esteira do bom humor do mercado, dispararam também as ações das siderúrgicas, com Gerdau (GGBR4, R$ 6,25, +7,76%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,19, +8,42%), CSN (CSNA3, R$ 8,08, +8,89%) e Usiminas (USIM5, R$ 2,21, +3,27%). 

No radar da Vale, por maioria, 1ª Seção do STJ decidiu que competência para julgar processos que envolvem Samarco, joint venture entre a Vale e a BHP Billiton, no rompimento da barragem do Fundão é da 12ª Vara da Justiça Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, disse o STJ em site. A atividade de mineração é de competência da União, acidente afetou rio federal e provocou danos em territórios de dois estados da Federação e a Justiça estadual deve ficar responsável apenas por ações locais e pontuais, como forma de facilitar o acesso à Justiça das pessoas atingidas pelo desastre ambiental, disse o STJ. 

Além disso, a Gerdau comunicou nesta manhã a conclusão da venda da sua empresa produtora de aços especiais na Espanha para a Clerbil SL, grupo de investimento com experiência internacional. A venda da operação está alinhada ao objetivo da Gerdau de focar-se em seus ativos com maior rentabilidade, disse a empresa em comunicado enviado ao mercado.

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No programa Batalha do Século desta quinta-feira, da InfoMoney TV, o analista Cleber Rocha disse que abriu uma compra no rompimento dos R$ 6,06, com alvo em R$ 6,95 (o que dá um ganho potencial de quase 15% sobre a entrada). Na metade deste mês, o trader profissional Wagner Caetano, diretor da Top Traders, voltou a comprar ações da siderúrgica, dois meses depois de ter zerado sua posição na siderúrgica com ganho de R$ 326 mil. Para ele, a ação pode chegar aos R$ 8,84 – máxima alcançada em abril deste ano -, mas antes disso precisa passar pelo teste dos R$ 6,60. 

Já a Usiminas ganhava força com a notícia de que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou os termos da renegociação da dívida que bancos brasileiros e debenturistas aceitaram na última semana. O conselho de administração da siderúrgica mineira também deu voto favorável, unanimante, à reestruturação que foi combinada com as instituições financeiras em reunião realizada ontem. 

Petrobras (PETR3, R$ 12,05, +3,43%; PETR4, R$ 9,67, +3,53%)
As ações da Petrobras dispararam hoje, seguindo o bom humor da Bolsa e os preços do petróleo no mercado internacional. O contrato Brent registrou alta de 0,12%, a US$ 50,85 o barril, enquanto o WTI subiu 1,99%, a US$ 50,11 o barril.

Eletrobras (ELET3, R$ 11,47, +12,45%; ELET6, R$ 16,86, +10,00%)
As ações ONs e PNs da Eletrobras dispararam 34% e 23%, respectivamente, nos últimos 4 dias e renovam máximas desde março e setembro de 2012. Essa é a quarta alta seguida das ações. Além de rumores sobre interesse de estrangeiros, a ação também sobe com notícia de troca de comando na elétrica, que ajudaram a afastar preocupações adicionais sobre a dívida da empresa. Na quarta-feira, o presidente em exercício, Michel Temer, sancionou lei que resulta da aprovação da Medida Provisória 706/2015, que evita que a União assuma um rombo maior das distribuidoras da Eletrobras. Inicialmente estimados em R$ 4,81 bilhões, o novo texto limita a R$ 3,5 bilhões o repasse de socorro a essas distribuidoras.

Sobre a arrancada a Eletrobras, Adeodato Volpi Netto, head de mercados de capitais da Eleven Financial, disse que pode estar relacionada a rumores sobre processo de privatização e a possibilidade de troca de CEO. Segundo fontes disseram à Bloomberg, o presidente da CPFL Energia (CPFE3), Wilson Ferreira Júnior, que deixa a companhia a partir de julho, foi convidado pelo governo ao cargo de presidente da Eletrobras e está disposto a assumir o comando da estatal. Segundo o analista Shin Lai, da Upside Investor, essa mudança seria benéfica para a companhia já que abriria espaço para uma gestão profissional, mais transparente e voltada aos interesses da empresa, e não do Estado. 

O convite à Ferreira foi feito pelo ministro de Minas e Energia, Fernado Coelho Filho, que deseja uma “solução de mercado” para a estatal, em meio à grave crise financeira. Segundo o ministro, a empresa terá que passar por uma profunda reestruturação, com a venda de distribuidoras deficitárias e de participação em sociedades de propósito específico para construir hidrelétricas.

Ferreira Júnior teria dito que quer ter ação direta na Eletrobras e vai dialogar com o governo se sua administração será independente. Há duas semanas, Wilson foi visto em reuniões no Ministério de Minas e Energia, em Brasília, segundo uma das pessoas disse à Bloomberg. Embora a notícia seja positiva, Volpi Netto ressalta que a reação do mercado pode ser um pouco exagerada, como foi a indicação de Pedro Parente à presidência da Petrobras.

Natura (NATU3, R$ 25,80, +10,02%)
As ações da Natura apareceram entre as maiores altas do Ibovespa, no seu melhor pregão desde 3 de novembro (quando subiu 10,13%). Na máxima do dia, os papéis da companhia subiram 7,42%, a R$ 25,19. Chama atenção também o volume financeiro que bate R$ 30,8 milhões neste momento, contra média diária de R$ 22,7 milhões dos últimos 21 pregões. Ocorreu nesta manhã, no Rio de Janeiro, o “Natura Day“, evento que reúne analistas e investidores para um “balanço geral” dos últimos passos dados pela empresa. 

Mais cedo, o Credit Suisse divulgou relatório comentando sobre a empresa. Analistas do banco estiveram ontem com a diretoria da companhia. Eles saíram da reunião com visão mais construtiva e, apesar de esperarem um curto prazo ainda difícil, veem que as diversas iniciativas da empresa estão começando a surtir efeito. 

Ultrapar (UGPA3, R$ 72,60, +2,24%)
O Credit Suisse iniciou cobertura das ações da Ultrapar com recomendação outperform (desempenho acima da média) e preço-alvo de R$ 89,00 por papel, mas que no cenário otimista poderia chegar a R$ 125,00. Já para um cenário mais conservador, o target cairia para R$ 69,00 por ação.  

Light (LIGT3, R$ 11,06, +2,88%)
Depois de disparar 10,94% ontem, em sessão de forte volume financeiro, os papéis da Light caíram mais cedo, mas conseguiram retomar o campo positivo e finalizaram o dia em alta de quase 3%. Sobre a arrancada, operadores citaram ontem rumores de que a Cemig estaria negociando a venda de ativos com estatais chinesas, que estariam interessadas também na Light. 

Os primeiros rumores nesse sentido apareceram na semana passada, quando informações do Valor Econômico apontavam que a Odebrecht, Cemig e AndradeGutierrez estariam negociando na China a venda do controle da hidrelétrica Santo Antônio. Juntas, as três companhias têm 51% da Madeira Energia S.A (MESA), sociedade que controla a hidrelétrica.

Gol (GOLL4, R$ 3,60, +20,81%)
De olho na entrada de investidores estrangeiros, as ações da Gol dispararam 28% nos últimos 5 pregões – atingindo o maior patamar desde 4 de maio. Na terça-feira, a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória 714, retirando qualquer restrição para que estrangeiros possam assumir cargos de direção e o controle acionário de empresas aéreas brasileiras. Os papéis da sua controlada Smiles (SMLE3, R$ 49,23, +3,84%) também sobe forte hoje, renovando sua máxima na Bolsa desde agosto de 2015. Da mínima do ano, alcançada no final de janeiro, até agora, os papéis subiram mais de 100%.