Petrobras afunda, Gol dispara de olho nos estrangeiros e microcap desaba 40% em 4 dias

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quarta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações do setor elétrico foram destaque nesta sessão, com 5 empresas disparando até 14% com interesse de estrangeiros no setor. Depois do CEO da italiana Enel comunicar ontem que estuda comprar a Eletropaulo, hoje rumores aumentaram em cima de interesse de chineses em parte da CPFL Energia e ativos da Cemig. 

Além delas, chamou atenção hoje os papéis da Petrobras, que viraram para queda em meio à reviravolta do petróleo lá fora, que perdeu força nesta tarde, após pesquisa mostrar “Brexit” liderando no Reino Unido. Discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, nesta tarde também ajudava a aumentar a aversão ao risco, após colocar na mesa novamente temor de alta de juros nos Estados Unidos. 

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quarta-feira (22):

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Petrobras (PETR3, R$ 11,65, -2,43%; PETR4, R$ 9,34, -1,99%)
As ações Petrobras perderam força nesta tarde, deixando o campo positivo, após o petróleo virar para queda no exterior em meio ao risco do “Brexit”. O contrato de petróleo Brent recuou 1,5%, a US$ 49,88 o barril, enquanto o WTI caiu 1,4%, a US$ 49,13 o barril.

CPFL Energia (CPFE3, R$ 20,46, -1,68%)
Depois de subir até 2% com notícia de que a chinesa State Grid negocia compra de fatia da companhia, os papéis da CPFL Energia perderam força e viraram para queda, descolando do rali de outras elétricas na Bolsa hoje. Segundo duas pessoas a par do assunto disseram à Bloomberg, as negociações envolvem parte ou toda a participação de 23,6% da Camargo Corêa na CPFL, segundo disse uma das pessoas.

A empresa chinesa tem feito aquisições globalmente, após a decisão do presidente Xi Jinping de reformular as inchadas empresas estatais e permitir que as forças de mercado desempenhem um papel maior na economia. As negociações ainda estão em curso e pode ser que não resultem em acordo, disseram as pessoas. A State Grid não respondeu imediatamente as perguntas enviadas pela Bloomberg por fax para comentar o assunto. 

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Light e Cemig
Na esteira de notícia de possíveis aquisições no setor, os papéis da Cemig (CMIG4, R$ 6,30, +7,69%) e Light (LIGT3, R$ 10,75, +10,94%) também dispararam hoje. Operadores citaram rumores de que a Cemig estaria negociando a venda de ativos com estatais chinesas, que estariam interessadas também na Light. 

Os primeiros rumores nesse sentido apareceram na semana passada, quando informações do Valor Econômico apontavam que a Odebrecht, Cemig e Andrade Gutierrez estariam negociando na China a venda do controle da hidrelétrica Santo Antônio. Juntas, as três companhias têm 51% da Madeira Energia S.A (MESA), sociedade que controla a hidrelétrica.

OdontoPrev (ODPV3, R$ 11,81, +2,25%)
As ações da OdontoPrev dispararam pelo sexto pregão consecutivo, acumulando ganhos de 10%, na maior sequência de ganhos desde maio de 2015, em meio à expectativa de pagamento maior de dividendos. Segundo o JPMorgan, uma decisão de Justiça deve ajudar a aumentar no curto prazo o payout (dividendos/lucro líquido) distribuído pela empresa. A estimativa de dividend yield (dividendo/preço da ação) do banco é de 6% para as ações ODPV3 em 2017. Diante da expectativa de melhores dividendos, os analistas do JPMorgan elevaram hoje o preço-alvo da ação para R$ 13,00.  

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Ambev (AMBV3, R$ 18,32, -1,40%)
Os ADRs (American Depositary Receipts) da Ambev tiveram recomendação elevada de neutra para compra pelos analistas do banco austríaco Erste Group. Eles veem crescimento nas vendas e lucro líquido em moeda local em 2016 e 2017, além de citar que a ação oferece um dividend yield (dividendos sobre preço da ação) acima da média, que pode ser considerado sustentável. A estimativa dos analistas é que as vendas da Ambev cresçam 18% e o lucro líquido avance 31,3% em 2016. O dividend yield projetado para esse ano é de 4,9, contra 3,3 registrado ano passado.

Em relatório, os analistas do Erste Group elevaram a recomendação de mais 5 empresas para compra, sendo a Ambev a única brasileira. As demais que foram revisadas para compra foram: AT&T, Inditex, ABB, Exxon Mobil e Walt Disney. 

Gol (GOLL4, R$ 2,98, +6,43%)
As ações da Gol seguiram para sua quarta alta seguida, acumulando ganhos de 22%, após a Câmara aprovar ontem ampliação para 100% do limite de capital estrangeiro em aéreas nacionais. A MP, que altera o limite a participação de estrangeiros de 20% do capital votante para 100%, foi aprovada nesta tarde por 199 votos a favor, 71 contra e uma abstenção. Na prática, a emenda permite que pessoas jurídicas estrangeiras tenham 100% do controle acionário de empresas aéreas com sede no País. O próximo passo é a aprovação da MP no Senado, que precisa ser votada até 30 de junho para não perder validade.

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Eletrobras (ELET3, R$ 10,20, +12,09%; ELET6, R$ 15,30, +6,84%)
As ações da Eletrobras dispararam nesta sessão, com as ações ordinárias atingindo alta de 14% (a R$ 10,37) na máxima do dia e renovando maior patamar na Bolsa desde agosto de 2012. As notícias sobre troca de comando na Eletrobras e interesse de estrangeiros no setor afastavam preocupações adicionais sobre a dívida da empresa. Nesta quarta-feira, o presidente em exercício, Michel Temer, sancionou lei que resulta da aprovação da Medida Provisória 706/2015, que evita que a União assuma um rombo maior das distribuidoras da Eletrobras. Inicialmente estimados em R$ 4,81 bilhões, o novo texto limita a R$ 3,5 bilhões o repasse de socorro a essas distribuidoras. 

Sobre a arrancada a Eletrobras, Adeodato Volpi Netto, head de mercados de capitais da Eleven Financial, disse que pode estar relacionada a rumores sobre processo de privatização e a possibilidade de troca de CEO. Segundo fontes disseram à Bloomberg, o presidente da CPFL Energia (CPFE3), Wilson Ferreira Júnior, que deixa a companhia a partir de julho, foi convidado pelo governo ao cargo de presidente da Eletrobras e está disposto a assumir o comando da estatal. Segundo o analista Shin Lai, da Upside Investor, essa mudança seria benéfica para a companhia já que abriria espaço para uma gestão profissional, mais transparente e voltada aos interesses da empresa, e não do Estado.

O convite à Ferreira foi feito pelo ministro de Minas e Energia, Fernado Coelho Filho, que deseja uma “solução de mercado” para a estatal, em meio à grave crise financeira. Segundo o ministro, a empresa terá que passar por uma profunda reestruturação, com a venda de distribuidoras deficitárias e de participação em sociedades de propósito específico para construir hidrelétricas.

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Ferreira Júnior teria dito que quer ter ação direta na Eletrobras e vai dialogar com o governo se sua administração será independente. Há duas semanas, Wilson foi visto em reuniões no Ministério de Minas e Energia, em Brasília, segundo uma das pessoas disse à Bloomberg. Embora a notícia seja positiva, Volpi Netto ressalta que a reação do mercado pode ser um pouco exagerada, como foi a indicação de Pedro Parente à presidência da Petrobras.

Oi (OIBR3, R$ 1,28, +11,30%; OIBR4, R$ 0,80, -1,234%)
As ações ONs da Oi tiveram dia de alívio após afundarem até 22% na véspera, após pedido de recuperação judicial. No radar da companhia, a Oi convocou AGE (Assembleia Geral Extraordinária) para 22 de julho para tratar de recuperação judicial. Acionistas são chamados para ratificar pedido de recuperação judicial da companhia, segundo comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Além disso, notícia do Valor mostra que a lista de credores da Oi reúne mais de 380 páginas e milhares de bancos, empresas, detentores de bônus e órgãos públicos. A operadora de telefonia entrou com pedido de recuperação judicial no Rio na segunda-feira, com dívida de R$ 65,4 bilhões e, desse total, R$ 61,2 bilhões não têm garantia real. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é o único credor com garantia real, tendo R$ 3,34 bilhões a receber e os credores trabalhistas têm R$ 668,071 milhões a receber.

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O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse na última terça-feira (21) que o governo não cogita oferecer ajuda financeira à Oi em sua reestruturação no mercado. O braço-direito do presidente interino Michel Temer, porém, não descartou a possibilidade de prestar algum auxílio no caso de necessidade. “Até o momento, não há nenhuma manifestação no sentido de interferir diretamente, mas, por certo, nossos agentes do sistema financeiro estarão prontos a prestar colaboração para intermediar e buscar parcerias se for o caso para a empresa”, disse Padilha, conforme noticiou a imprensa nacional.

Outro ministro a se manifestar sobre o caso foi Gilberto Kassab (Comunicações). Ao jornal Folha de S. Paulo, o político paulista criticou a má gestão da empresa e defendeu a troca de seu comando, embora acredite que a recuperação judicial pode resolver no curto prazo a crise. Kassab ainda disse que “o governo não vai se omitir e tomará todas as medidas necessárias para evitar prejuízos para o consumidor”.

Ainda no noticiário da companhia de telefonia, a 7ª Vara Empresarial do Rio deferiu pedido que suspende por 180 dias todas as ações e execuções contra a Oi. Conforme conta o jornal Valor Econômico, a ideia é evitar novas ações judiciais contra a companhia antes que a Justiça decida se acata ou não o pedido de recuperação judicial anunciado na última segunda-feira.

Em contraponto ao plano de recuperação judicial ainda sob estruturação, há quem já defenda a entrada de um novo investidor que traga R$ 8 bilhões em dinheiro novo. A Folha apurou que existem conversas entre acionistas e um grupo formado por um operador e investidores financeiros estrangeiros. Ontem, a Bloomberg conversou com o bilionário egípcio Naguib Sawiris, que mostrou interesse em adquirir o controle da companhia, vislumbrando a possibilidade de dias melhores. Outro que já está de olho na Oi é o experiente empresário brasileiro Nelson Tanure, investidor de um fundo da gestora Bridge, que recentemente anunciou ter adquirido 4,75% do capital votante da empresa e 10,9% das ações preferenciais — o que corresponde a 5,92% do capital social, conforme conta reportagem do jornal O Globo.

Vale (VALE3, R$ 15,85, +1,60%; VALE5, R$ 12,75, +2,49%)
Na esteira da alta do minério de ferro, as ações da Vale e Bradespar (BRAP4, R$ 8,48, +1,44%) – holding que detém participação na mineradora – saltaram nesta quarta-feira, descolando do movimento negativo do Ibovespa. Os papéis seguiram a alta de 2,79%, a US$ 52,29 a tonelada, nesta sessão no porto de Qingdao, na China.  

Os papéis do setor siderúrgico também subiram hoje, com Gerdau (GGBR4, R$ 5,80, +0,52%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,02, +2,54%) e Usiminas (USIM5, R$ 2,14, +1,42%). A exceção foi CSN (CSNA3, R$ 7,42, -0,80%), que perdeu força e encerrou o dia em queda.

No radar da Vale, a companhia disse que continua estudando alternativas de desinvestimento e atração de recursos, inclusive de ativos core, disse a companhia em comunicado de esclarecimento à BM&FBovespa. A mineradora foi questionada após reportagem dizer que ela negocia venda de ativos de minério de ferro com empresas asiáticas, segundo pessoas familiarizadas com o assunto em 17 de junho. Em outro comunicado de esclarecimento, Vale disse que continua trabalhando no sentido de formar uma parceria estratégica na área de fertilizantes. Não há deliberação do órgão societário competente sobre o assunto, disse a mineradora. 

Já a Metalúrgica Gerdau aprovou a emissão R$ 450 milhões em debêntures. A emissão foi aprovada em reunião de conselho realizada hoje, segundo comunicado ao mercado. A quinta emissão privada será feita em série única, para colocação.

Educacionais
O presidente da Estácio (ESTC3, R$ 15,72, -0,51%) e um dos maiores acionistas da empresa, Chaim Zaher discute com João Carlos Di Genio, fundador da Unip, possível fusão das redes de ensino superior das empresas, diz Exame na coluna Primeiro Lugar. A fusão quase dobraria tamanho da Estácio, diz Exame. Di Genio tentou vender fatia minoritária do seu grupo educacional no fim de 2014, sem sucesso, diz site da revista. As conversas são preliminares, segundo a Exame. Di Genio já tentou outras negociações com outros grupos interessados no passado, mas teria desistido antes de fechar negócio, diz a reportagem. A Kroton foi uma das interessadas, informa a revista. A Exame diz que Chaim Zaher e Genio não retornaram os pedidos de entrevista da coluna. 

Ainda sobre o setor educacional, a Ser Educacional (SEER3, R$ 12,36, -4,48%) disse continuar negociando diariamente com a Estácio. A gente tem conversas e negociações diárias. Estamos bem longe de estar fora do tabuleiro do jogo”, disse diretor de RI da Ser, Rodrigo Alves, em entrevista por telefone para a Bloomberg. “A gente tem uma relação muito próxima com a Estácio. A gente está negociando termos no dia a dia. O que a gente percebe é que a Kroton não consegue o mesmo diálogo e solta por fatos relevantes”. “Eles (Estácio) têm uma escolha difícil do lado deles. De tentar transformar tudo em caixa imediatamente ou fazer uma proposta com a Ser e ter um retorno no longo prazo que a gente acredita que vai ter”. A Kroton ofereceu na véspera prêmio de 27,9% sobre oferta original à Estácio.

Eletropaulo (ELPL4, R$ 7,96, +8,89%)
As ações da Eletropaulo dispararam até 10% (a R$ 8,02) hoje, seguindo a arrancada da véspera após o CEO da italiana Enel, Francesco Starace, comunicar que estuda comprar a Eletropaulo. “As avaliações de preço estão finalmente chegando no nível adequado”, disse Starace, em entrevista à Bloomberg em Nova York. A Eletropaulo, por sua vez, disse que desconhece negociações sobre venda de controle.  

Apesar do otimismo dos investidores com o interesse da italiana na companhia, analistas do Credit Suisse recomendam cautela. “Não recomendamos que os investidores fiquem tão otimistas com a notícia”, disseram analistas do banco nesta quarta-feira. 

Eles consideram difícil um player estratégico fazer uma oferta firme pela Eletropaulo a um prêmio significativo aos preços atuais, devido os riscos relacionados à empresa, como alavancagem, passivos previdenciários, disputa judicial com a Eletrobras, problemas de qualidade, sobrecontratação, entre outros.

Bancos 
Os papéis dos bancos Banco do Brasil (BBAS3, R$ 15,80, -0,32%) e Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,88, -1,74%), que caíram forte ontem em meio à aversão ao risco dos investidores por conta do pedido de recuperação judicial da Oi, perderam força ao longo do dia e voltaram a recuar, seguindo o mau humor do mercado. 

Projeções do Credit Suisse apontaram ontem exposição máxima de R$ 5,9 bilhões do BB à Oi. Na sequência, aparecem o Itaú Unibanco, com exposição de R$ 5,7 bilhões; e Bradesco, com algo próximo a R$ 1,9 bilhão. Para analistas do banco, o peso da Oi pode ser relevante para os bancos e abrir um precedente para o segmento “corporate”. O custo de risco (principalmente do Itaú e Banco do Brasil) deve piorar e as provisões dos bancos devem aumentar, o que pode trazer algum impacto já no resultado do 2° trimestre de 2016, comentaram os analistas.

Hoje, o Itaú foi classificado como “nova compra” pelo Goldman Sachs, com preço-alvo de US$ 14,00 por ADR (American Depositary Receipt). 

Arezzo (ARZZ3, R$ 26,29, +0,88%)
Os papéis da Arezzo sobem pelo terceiro pregão seguido (+6%). No radar da varejista, o Santander iniciou recomendação para as ações da Arezzo com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 33,00 por ação. 

Contax (CTAX3, R$ 6,40, -7,11%)
As ações da microcap Contax seguiram para sua quarta queda seguida, acumulando no período perdas de 40%, na esteira do pedido de recuperação judicial da Oi. 

A companhia é uma das mais afetadas pela recuperação judicial da Oi, dado que os controladores são os mesmos e foi fundada pela Oi. Até 2014, ambas eram controladas pela holding Telemar Participações. A partir de 2015, as sócias AG, La Fonte Telecom (família Jereissati), Fundação Atlântico (Oi) e Previ (Banco do Brasil), controlam a empresa de teleatendimento via CTX Participações. A Fundação Atlântico de Seguridade Social é a entidade de previdência complementar patrocinada pelo grupo Oi e detém 10,1% na CTX Participações; e 1,1%, na Contax Participações.