Usiminas dispara 23% com renegociação de dívidas; JBS desaba até 6% com delação de Machado

Confira os principais destaques da Bovespa na sessão desta quarta-feira (15)

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa voltou a ganhar fôlego nesta quarta-feira (15) após o Federal Reserve decidir não elevar ainda a taxa de juros na reunião de junho, amenizando o pessimismo do mercado gerado com a delação do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, nesta tarde. Em delação premiada, Machado afirmou que o presidente interino Michel Temer negociou com ele repasse de R$ 1,5 milhão de propina para campanha de Gabriel Chalita (ex-PMDB) à Prefeitura de São Paulo, em 2012. 

Segundo a consultoria Arko, a delação premiada de Machado cria uma situação incômoda, constrangedora e embaraçosa para Temer, mas está longe de ser um problema fatal. “A notícia é ruim e mantém instabilidade do governo, mas é contornável”, disse Lucas de Aragão, sócio da Arko, em entrevista à Bloomberg. 

Na Bolsa, a delação fez pressão também nas ações da JBS, que chegaram a desabar 5,75% (a R$ 9,50) nesta tarde, após Machado também citar envolvimento da companhia em esquema de propina.

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Confira abaixo os principais destaques e ações da Bovespa nesta sessão:

JBS (JBSS3, R$ 9,72, -3,17%)
As ações da JBS figuraram como a maior queda do Ibovespa, após delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Na mínima do dia, os papéis atingiram queda de 5,75%, a R$ 9,50. Em um trecho do depoimento, Machado cita um apoio financeiro de R$ 40 milhões do PT nacional ao PMDB do Senado por meio da JBS. Segundo o delator, “o apoio financeiro do PT foi um dos fatores que fizeram com que Michel Temer reassumisse a presidência do PMDB, visando controlar a destinação dos recursos do partido”. 

Petrobras (PETR3, R$ 10,64, +1,53%;PETR4, R$ 8,51, +2,53%)
Os papéis da Petrobras amenizaram os ganhos de até 5%, após delação premiada de Sérgio Machado levar o Ibovespa para queda de 600 pontos em apenas 4 minutos. Embora tenha perdido força, as ações seguiram em alta no restante do pregão, descoladas dos preços do petróleo, que registraram sua quinta sessão seguida de baixa. Mais cedo, os preços da commodity até zeraram as perdas após dados mostrarem queda d
os estoques de petróleo bruto nos Estados Unidos. Segundo a Agência Internacional de Energia, os estoques de petróleo caíram em 933 mil na semana encerrada em 10 de junho, para 531,5 milhões de barris. O contrato de petróleo Brent fechou em queda de 1,9%, a US$ 48,87 o barril, enquanto o contrato WTI recuou 1%, a US$ 48,01 o barril.  

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Além disso, chama a atenção a notícia do jornal O Estado de S. Paulo de que a petroleira  vai precisar de US$ 5,3 bilhões para concluir o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), refinaria em construção na região metropolitana do Rio, uma das obras mais caras da estatal. Segundo o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ) a informação foi apresentada à Câmara dos Deputados pela empresa.

Por fim, o Valor Econômico ressalta que a disputa entre EIG e Petrobras pode afetar porto do Açu, em meio aos desdobramentos da recuperação judicial da Sete Brasil, empresa de fabricação de sondas que tem a estatal como uma de suas sócias. No mercado, fontes do setor de petróleo avaliam que a ação judicial da EIG contra a Petrobras (a americana afirma que a estatal a “induziu” a investir na Sete Brasil) no montante de US$ 221 milhões, pode ter reflexos em futuras negociações para que a estatal invista, direta ou indiretamente (via fornecedores), no porto do Açu, no norte fluminense, que pertence à Prumo. A Prumo é controlada pela EIG

Vale (VALE3, R$ 15,00, +2,53%;VALE5, R$ 12,19, +3,22%)
As ações da Vale registraram alta após despencarem na véspera, pressionadas pelo minério de ferro. Na sessão de hoje, o minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em leve alta de 0,16%, a US$ 50,65 a tonelada seca. Já a outra cotação usada como referência no mercado à vista, que é o minério de ferro com entrega no porto de Tianjin, caiu 1,2% a US$ 50,20 a tonelada. A cotação do minério é um importante balizador para o desempenho das ações da Vale, já que é o seu principal produto. 

Em dia de alta nos mercados internacionais, as ações das empresas siderúrgicas também registraram ganhos, após a forte queda na véspera, com CSN (CSNA3, R$ 7,04, +5,55%) e Gerdau (GGBR4, R$ 5,86, +3,72%).

Usiminas (USIM5, R$ 2,05, +22,75%)
Os papéis da Usiminas subiram forte hoje, após a empresa comunicar ao mercado que formalizou a renegociação de dívidas com os bancos brasileiros e a adesão do BNDES à renegociação está em conclusão. O prazo para pagamento das dívidas é de 10 anos e o período de carência é de três anos para o início do principal. Os termos de negociação dependem do aumento de capital de R$ 1 bilhão.

Em relatório, analistas do BTG destacam que a forma que eles veem isso é que a Usiminas está “comprando três anos preciosos de tempo, que consideramos valioso atualmente”. Eles ressaltaram que têm a impressão de que existe um componente de “aflição financeira’ descontada no preço atual da ação da Usiminas, o que acreditam que deve ser reconsiderada pelos investidores, neste momento. Fazendo um paralelo, as ações da CSN saltaram quando a empresa anunciou há alguns meses o refinanciamento de sua dívida (Usiminas, neste caso, é ainda mais crítico, consideram). Embora os desafios permanecem à frente do operacional e conflitos de acionistas, eles recomendam aos investidores que cubram suas posições vendidas agora.

Linx (LINX3, R$ 14,98, -0,47%)
A Linx subiu após a companhia ter aprovado o desdobramento de novas três ações para cada ordinária, que passou a vigorar na sessão desta quarta-feira. O Santander destacou em relatório que o desdobramento pode ter efeito ligeiramente positivo no volume médio diário de negócios, atualmente em R$ 4,5 milhões.

Educacionais
Segundo o Valor Econômico, os investidores na bolsa pedem preço maior para aquisição da Estácio (ESTC3, R$ 14,70, -1,47%) pela Kroton (KROT3, R$ 12,80, -2,14%). A Kroton admitiu que a proposta a ser levada à Estácio é maior que a sinalização inicial, de 0,977 ação de sua emissão para cada papel; os investidores, na bolsa, além de já rejeitarem esse parâmetro, indicaram um piso para o diálogo: 1,14 ação de Kroton para cada uma de Estácio. Já o Valor apurou que a partir de 1,20, as conversas teriam maior chance de sucesso.

Oi (OIBR3, R$ 1,51, +18,90%; OIBR4, R$ 1,65, +7,14%)
Detentores de títulos de dívida da Oi estão se preparando para o pior após inesperada renúncia do presidente Bayard Gontijo em momento crucial da empresa. Isso porque a saída inesperada do CEO põe em risco o processo de reestruturação financeira da companhia e deixa a operadora cada vez mais perto de ser obrigada a pedir recuperação judicial, o que travaria essas negociações. 

Nas mãos dos principais bancos listados na BM&FBovespa – Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) – uma bomba de R$ 8 bilhões pode estar prestes a explodir, segundo dados da Bloomberg. Entre eles, o mais exposto seria o BB à dívida da empresa, com R$ 4 bilhões (0,6% dos empréstimos do banco e 4,8% do seu capital). Na sequência, aparecem o Itaú Unibanco, com R$ 2,5 bilhões (0,6% de seu crédito e 2,3% do capital), e Bradesco, com R$ 1,5 bilhão (0,4% do crédito e 1,6% do capital). Adicionalmente, a companhia ainda tem R$ 7 bilhões com BNDES e R$ 2,5 bilhões com a Caixa Econômica Federal. 

Segundo cálculos do Deutsche Bank, no pior cenário (o que os bancos teriam que provisionar sua exposição à Oi), o analista Tito Labarta estima um risco negativo de 5% nos ganhos antes de impostos do Bradesco; 8% para Itaú Unibanco; e 35% para o Banco do Brasil. No entanto, ele comenta que Bradesco e Itaú poderiam compensar o impacto da Oi com o excesso de reservas de mais de R$ 6 bilhões e R$ 10 bilhões, respectivamente. Já o BB , com excesso de reservas de R$ 1,2 bilhão, só poderia fornecer cobertura parcial para a Oi. 

Transmissão Paulista (TRPL4, R$ 61,34, -1,59%)
As ações da Transmissão Paulista tiveram pregão de correção nesta quarta-feira, após saltar até 6% ontem depois de notícia de que a companhia obteve uma importante vitória judicial. 

A arrancada das ações ocorreu por conta de uma disputa da companhia que já dura anos. A questão em torno das aposentadorias teve início em julho de 2005, quando o Tribunal Regional do Trabalho decidiu que a responsabilidade pelo pagamento da complementação de aposentadoria da Lei 4819/58 era da Cteep (Transmissão Paulista) e da Fundação Cesp. Até então, a Fazenda do Estado vinha arcando com a despesa. Com isso, a companhia passou a ter um custo extra milionário.  

Segundo analistas do Itaú, essa decisão custava à companhia anualmente R$ 160 milhões. Isto é, se realmente a empresa tiver uma decisão final favorável sobre o assunto – lembrando que o Estado de São Paulo deve apelar em instâncias superiores -, o banco estima que o valor justo da ação TRPL4 poderia subir em R$ 7,00. Atualmente, o preço justo do banco para o papel é de R$ 54,00.  

Segundo o Itaú, a decisão corrobora com a posição positiva que o banco tem sobre a empresa, acreditando ainda que há um lado adicional positivo sobre o assunto. Isto é, se a Transmissão Paulista for realmente capaz de vencer uma outra questão, que recai sobre os montantes já pagos aos aposentados. No balanço patrimonial da empresa do 4° trimestre de 2015, esse valor era de R$ 966 milhões. Diante da expectativa de “céu azul” à frente, o banco manteve recomendação outperform (desempenho acima da média) para a ação, com preço justo de R$ 54,00, enquanto eles não atualizam suas estimativas para uma possível nova realidade da empresa. 

Gol (GOLL4, R$ 2,51, +3,72%)
Segundo informações do Valor Econômico, o líder do governo na Câmara dos Deputados, André Moura (PSC-SE), disse que tentará aprovar emenda em plenário para ampliar a 100% a participação de empresas estrangeiras no capital de companhias aéreas nacionais.

A posição inicial do governo do presidente interino Michel Temer e do PMDB era permitir a compra de 100% das companhias nacionais por estrangeiros, mas a articulação política preferiu não brigar com o relator da Medida Provisário na comissão mista, deputado Zé Geraldo (PT-PA), deixando a alteração para o plenário. 

Cemig (CMIG4, R$ 5,34, -0,37%)
A Cemig demitiu cerca de 200 funcionários na quarta-feira em sua sede em Belo Horizonte, segundo o Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro). As informações são da Folha de S. Paulo. Procurada, a Cemig não se manifestou.