Por que as ações das fabricantes de armas estão subindo forte após o atentado nos EUA?

Atentado que culminou na morte de 50 pessoas pode endurecer regras para vendas de armas da população - e é justamente isso que pode estimular a demanda no curto prazo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O trágico atendado que culminou na morte de 50 pessoas (49 vítimas mais o autor dos disparos) na boate Pulse, em Orlando ainda tem gerado comoção e manifestações no mundo todo. Um homem, identificado como Omar S. Mateen, de 29 anos, abriu fogo na madrugada de domingo contra pessoas que estavam na boate, voltada para o público LGBT. Armado com um rifle tipo AR15 e uma pistola, ele fez reféns por cerca de três horas até que a polícia decidiu entrar no local e o matou o homem durante uma troca de tiros. Outras 53 pessoas ficaram feridas.

Mas no mercado financeiro, a reação dos investidores à tragédia tem sido de comprar ações de fabricantes de armas norte-americanas. Mas o que explica esse movimento?

Nesta segunda-feira (13), as ações das fabricantes de armas Smith & Wesson Holding Corp subiam 7,33% na bolsa da Nasdaq, cotadas a US$ 22,99. Já a Sturm, Ruger & Company, via seus papéis avançarem 9,50% na Nyse (Bolsa de Valores de Nova York), a US$ 62,87. Os ativos da Vista Outdoor, que tem como uma de suas subsidiárias uma fabricante de munições, marcava alta de 1,02% na Nyse, cotada a US$ 47,55 por ação. As cotações são das 14h05 (horário de Brasília).

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Os motivos para a alta das ações
Há duas prováveis para essa reação nas bolsas norte-americanas, segundo aponta o
portal americano Market Watch. Em primeiro lugar, assassinatos em massa sempre levantam questões sobre o maior controle e restrição à população para venda de armas. Embora isso torne mais pessimista a visão de longo prazo para os fabricantes de armas, ela por contrapartida aumenta a demanda de curto prazo, uma vez que as pessoas compram mais armas já prevendo possíveis restrições futuras.

Em segundo lugar, muitos americanos acreditam que incidentes como o tiroteio em Orlando significam que agora é o momento para comprar uma arma de fogo para proteção pessoal. A reportagem destaca que, seguindo os ataques em San Bernardino em dezembro de 2015, que matou 14 pessoas e feriu outras 21, os pedidos de verificações de antecedentes saltou de 2,2 milhões em novembro para 3,3 milhões no mês seguinte. Após o tiroteio na escola de Sandy Hook, em dezembro de 2014, os pedidos subiram de 1,8 milhão em novembro para 2,3 milhões em dezembro daquele ano.

O Market Watch destaca outra razão para a disparada das ações de hoje. As ações das fabricantes de armas estavam em queda no acumulado do ano até a última sexta-feira. Um relatório da Markit obtido pela CNBC aponta que os investidores estão fazendo operações de venda a descoberto (onde você lucra com a queda das ações) contra os papéis destas fabricantes de armas, em meio à perspectiva de um maior controle de armas nos EUA. As mortes em Orlando podem fazer com que os vendedores a descoberto busquem fechar essas posições o mais rapidamente possível, dando às ações das fabricantes de armas mais um impulso de curto prazo”, afirma o Market Watch. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.