ADR da Petrobras cai 3% em NY com reviravolta do petróleo; Brazil Titans sobe 0,7%

SÃO PAULO – Em dia de Bovespa fechada por conta do feriado de Corpus Christi, os investidores voltam os olhos para os ativos brasileiros negociados na Bolsa de Nova York. Na contramão das bolsas americanas, que ficaram próximas ao zero-a-zero, o índice Dow Jones Brazil Titans, que reúne as empresas brasileiras mais líquidas no exterior, encerrou em alta de 0,74%, a 13.906 pontos.

Os ADRs (American Depositary Receipts) da Gerdau, CSN e Gafisa apareceram entre as maiores altas do índice – com ganhos entre 4% e 3% -, enquanto os ativos da Petrobras, que chegaram a subir 3% mais cedo, encerraram entre as maiores quedas do índice. Os ADRs da Petrobras (PBR.A) – referentes às ações preferenciais da estatal – registraram queda de 2,72%, a US$ 4,65, enquanto os PBR – que representam os papéis ordinários – caíram 2,10%, a US$ 6,06.

Os ativos acentuaram queda seguindo o movimento do petróleo. Depois de forte rali na quarta-feira e nesta manhã, quando o Brent superou o patamar dos US$ 50 pela primeira vez em quase sete meses, os preços viraram para o negativo. No fechamento, o contrato Brent mostrava queda de 0,72%, a US$ 49,38 o barril, com investidores considerando se os preços elevados poderiam desbloquear mais produção em um mercado já com excesso de oferta. 

Além disso, no radar da Petrobras aparecia uma reportagem de O Estado de S. Paulo apontando que investidores estrangeiros da estatal que alegam ter sofrido “graves prejuízos” por causa do esquema de corrupção que provocou um rombo estimado em R$ 6,2 bilhões no balanço da companhia pediram ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, cópias de quatro laudos da Polícia Federal. O pedido foi subscrito por dois advogados da USS (Universities Suprannuation Scheme), que representa a classe dos investidores da Petrobras que detinham ativos da empresa na Bolsa de Nova York, inclusive títulos de dívida emitidos por suas subsidiárias durante o período de 2010 a 2015. 

Também figuraram no negativo os ADRs da Vale, que mostraram queda de 0,25%, a US$ 4,06, seguindo o movimento do minério de ferro. A commodity negociada no porto de Qingdao, na China, caiu 1,8% nesta sessão, indo para US$ 49,48 a tonelada. 

Confira abaixo o desempenho dos principais ADRs brasileiros hoje:

Bolsas internacionais
Lá fora, os índices americanos Dow Jones (-0,13%, a 17.828 pontos) e S&P 500 (-0,02%, a 2.090 pontos) fecharam praticamente estáveis, enquanto o Nasdaq mostrou leve alta de 0,14%, a 4.901 pontos, com investidores à espera da divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos e comentários da presidente do Federal Reserve amanhã. 

O mercado ficou atento também à flutuação dos preços do petróleo nesta sessão, que viraram para queda após forte alta nesta manhã, pressionando as bolsas europeias, que encerraram o dia em leve alta. O índice alemão DAX teve alta de 0,66%, fechando a 10.272 pontos. Em Londres, o índice FTSE 100 subiu 0,04%, para 6.265 pontos, enquanto o francês CAC 40 avançou 0,69%, a 4.512 pontos. A exceção foi Madri, que caiu 0,50%, impactada pela queda de mais de 20% do Banco Popular Español.

Na Bolsa da Espanha, que caiu 0,50%, o impacto veio das ações do Banco Popular Español, que recuaram 26,49%, após o anúncio de que irá vender 2,5 bilhões de euros em ações. A medida é uma tentativa de reduzir as preocupações de investidores quanto à grande carteira de empréstimos imobiliários do banco.

Fed e indicadores dos EUA
Enquanto a alta dos preços do petróleo no mercado internacional dava sustentação para o otimismo dos investidores nesta sessão, falas do presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, traziam pressão aos mercados. Ele disse nesta manhã estar mantendo a mente aberta a respeito da conveniência de o Fed aumentar as taxas de juros em sua reunião dos dias 14 e 15 de junho, acrescentando que quer ver os dados econômicos disponíveis próximos da reunião. 

Corroborando para a visão de melhora na economia dos EUA, nesta manhã o número de pedidos de auxílio-desemprego americano alcançaram o menor nível em quatro décadas em meados de abril, antes de aumentarem de forma acentuada no início deste mês. O número registrou queda de 10 mil na semana encerrada em 21 de maio, para 268 mil, no cálculo com ajustes sazonais, segundo pesquisa do Departamento de Trabalho. A previsão dos analistas consultados pela Dow Jones Newswires era de queda para 275 mil. 

Em seu discurso realizado hoje, Bullard afirmou também que os mercados de trabalho norte-americanos estão relativamente bem e que podem pressionar a inflação para cima, ecoando comentários que fez no começo da semana em Pequim. “Em praticamente qualquer métrica, os mercados de trabalho dos EUA atingiram ou superaram o pleno emprego”, disse.

Mais tarde, o diretor do Federal Reserve, Jerome Powell, disse acreditar que o país não está tão longe da meta de 2,0% de inflação estipulada pela autoridade monetária.Apesar disso, o dirigente citou motivos para que o ritmo de elevação de juros pelo Fed seja comedido. Entre eles, está o referendo que decidirá sobre a permanência do Reino Unido dentro da União Europeia. A votação popular, conhecida como “Brexit“, será feita na semana seguinte à próxima reunião do Fed, em 14 e 15 de junho.

Nesta quinta-feira também foram divulgados os dados das encomendas de bens duráveis, que tiveram crescimento de 3,4% em abril na comparação com o mês anterior nos Estados Unidos. O resultado foi positivo graças a um avanço no setor de aeronaves para uso civil, mas dados subjacentes ainda mostram fraca demanda por outros produtos manufaturados. Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal previam avanço menor, de 0,7% ante março.