BB afunda 5% com possível extinção do Fundo Soberano; Braskem salta 4% com BofA

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa encerrou praticamente estável nesta terça-feira, após ter subido 1,4% mais cedo. Embora o mercado tenha gostado das medidas propostas por Michel Temer e Henrique Meirelles nesta manhã, o movimento já foi precificado e os investidores passam a ficar de olho da aprovação do déficit fiscal no Congresso. 

Segundo Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, o número de votos será um bom termômetro para o mercado avaliar o quão na mão o presidente interino tem a base aliada e esse será um teste de fogo do governo Temer. “Esse é o risco que o mercado vê neste momento”, disse. 

Na Bolsa, os impactos das medidas apresentadas hoje apareceram imediatamente nas ações do Banco do Brasil, que atingiram queda de 5% na mínima do dia. Os papéis reagiram à fala de Temer sobre extinção do Fundo Soberano. Apesar do efeito nas ações, Figueredo acredita que, se estão tirando de um lado, vão colocar de outro pelo fortalecimento do banco mais a longo prazo. Assim como todas as estatais.

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Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira: 

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 15,98, -5,37%)
As ações do BB afundaram após Michel Temer falar em extinção do Fundo Soberano e foram para a mínima do dia. Entre o conjunto de medidas para reequilibrar as contas públicas, o presidente interino adiantou que o governo vai sacar os recursos existentes no Fundo Soberano. Esse dinheiro voltará ao Tesouro para também reduzir o endividamento público. 

“Outra coisa que vamos fazer é que há um Fundo Soberano criado na época do pré-sal e que visava a constituir um fundo muito significativo. Em fato das mais variadas circunstâncias, hoje o patrimônio do fundo está paralisado em R$ 2 bilhões. Vamos extinguir e trazer esses R$ 2 bilhões para cobrir o endividamento público”, disse Temer (confira aqui as outras medidas anunciadas nessa manhã). Poucos minutos depois, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a venda de ações do BB no Fundo será feita de maneira cuidadosa. 

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Apesar do efeito imediato nas ações, Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, acredita que, se estão tirando de um lado, vão colocar de outro pelo fortalecimento do banco mais a longo prazo. Assim como todas as estatais. “Isso pode ocorrer especialmente com medidas de melhora na governança. Começando com a nomeação não mais política, mas sim técnica e econômica”, comentou. 

Enquanto o BB afundou, outros papéis de bancos privados fecharam entre leves altas e perdas hoje, com Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 30,15, -0,10%), Bradesco (BBDC4, R$ 24,52, +0,29%) e Santander (SANB11, R$ 17,96, -0,39%). O Itaú BBA rebaixou hoje a recomendação para as units do Santander para underperform (desempenho abaixo da média).

Educacionais
As ações das educacionais se recuperaram após tombo na véspera, quando saiu notícia de que o governo iria suspender novos contratos do Fies, Prouni e Pronatec para o segundo semestre deste ano. Hoje, as companhias registraram ganhos seguindo a fala do Ministro da Educação, Mendonça Filho, que recuou e decidiu novas inscrições. Nesta sessão, as ações da K
roton (KROT3, R$ 11,32, +3,28%), Estácio (ESTC3, R$ 11,12, +1,55%), Anima (ANIM3, R$ 10,25, +6,44%) e Ser Educacional (SEER3, R$ 12,30, +8,85%) dispararam.

Além disso, aparece como pano de fundo a notícia de que o governo pagou corretamente o ciclo de maio do Fies (em linha com o que vinha ocorrendo nos primeiros 4 meses do ano). O BTG Pactual lembrar que, assim como mês passado, maio também é um ciclo representativo, já que faz referência à abril, quando praticamente todos os contratos Fies estão aditados e ativosApós cinco meses de pagamento concluído, os analistas dizem estar mais confiantes de que o cronograma de pagamento será concluído, impulsionando a geração de fluxo de caixa das companhias. 

Braskem (BRKM5, R$ 20,68, +4,23%)
As ações da Braskem figuraram como a maior alta do Ibovespa, após elevação de recomendação pelo Bank of America Merrill Lynch. A ação foi revisada de neutra para compra.  

Petrobras (PETR3, R$ 11,09, +0,45%;PETR4, R$ 8,53, +0,35%)
As ações da Petrobras registraram um dia de recuperação após a forte queda na véspera, em meio à aversão ao risco do mercado após a divulgação de conversas do agora ex-ministro do Planejamento Romero Jucá com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Além disso, hoje o dia é de alta para o preço do petróleo, com o brent registrando ganhos de 0,68%, a US$ 48,68 o barril. 

Contribuindo para o dia positivo, o JPMorgan elevou a recomendação para as ações da Petrobras de underweight (exposição abaixo da média) para neutra; o preço-alvo das ações foi elevado de R$ 12,00 para R$ 15,00 e dos ADRs (American Depositary Receipts) foi elevado de US$ 5,80 para US$ 7,40. 

Do lado das notícias negativas sobre a empresa, a força-tarefa da Lava Jato deflagrou nesta terça-feira a 30ª fase da operação para investigar o pagamento de propina de pelo menos R$ 40 milhões pelas empresas fornecedoras de tubos para a Petrobras Confab e Apolo Tubulars para pessoas envolvidas no esquema bilionário de corrupção na estatal, incluindo o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A Confab, que é acionista da Usiminas (USIM5) e faz parte do grupo Techint, um dos controladores da siderúrgica brasileira, efetuou pagamentos irregulares de 9,4 milhões de dólares para beneficiários do esquema por meio de empresas no exterior, enquanto a Apolo pagou 6,6 milhões de reais, de acordo com o procurador do Ministério Público Federal Roberson Pozzobon.

Por fim, o Conselho de Administração da companhia se reuniu na véspera extraordinariamente para apreciar a indicação do executivo Pedro Parente para a presidência da estatal, mas não tomou nenhuma decisão. Além do comando da estatal, Parente também foi indicado pelo presidente interino Michel Temer para presidir o Conselho de Administração. Em nota ao mercado divulgada após a reunião, a Petrobras anunciou apenas que o Comitê de Remuneração e Sucessão informou ao Conselho de Administração que está em andamento uma “avaliação dos requisitos necessários para a investidura nos cargos indicados, bem como, sobre todos os demais procedimentos de governança corporativa, conformidade e integridade necessários ao processo sucessório”. Segundo o Valor Econômico, o Conselho voltará a deliberar sobre o assunto no próximo dia 30.

Vale (VALE3, R$ 14,02, -2,91%;VALE5, R$ 11,35, -1,30%)
Após subirem na véspera após o Bank of America Merrill Lynch reiterar recomendação de compra para os ativos e destacar estar positivo com a venda de ativos da mineradora, as ações da Vale viraram para queda nesta sessão, destoando do movimento das mineradoras no exterior. Vale ressaltar que o minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou hoje em alta de 0,27%, a US$ 51,36.  

Os papéis de siderúrgicas também viraram para queda nesta sessão, após registrarem ganhos mais cedo, com as ações da Usiminas (USIM5, R$ 1,70, -2,30%), CSN (CSNA3, R$ 6,85, -5,26%) e Gerdau (GGBR4, R$ 5,69, -3,23%). No caso da Usiminas, seus papéis caminham para a nona queda seguida. 

A Ternium informou que subscreveu ações no aumento de capital da Usiminas, reservando 38,7 milhões de ações ordinárias, em um valor total a que tinha direito de R$ 193,5 milhões. A companhia informou ainda que tem interesse em subscrever eventuais sobras de papéis não reservados por acionistas “até um valor a ser especificado” mais adiante na operação de aumento de capital. O montante final de ações a serem adquiridas pelo grupo Ternium deve ser divulgado em 14 de junho, quando a segunda etapa da oferta será concluída. Na semana passada, a CSN, maior acionista minoritária da Usiminas, informou que havia subscrito cerca de 35,8 milhões de ações no aumento de capital da rival, em um valor total de R$ 178,8 milhões. 

Além disso, a Nippon Steel obteve aval do Cade para subscrever ações da Usiminas; a operação foi aprovada sem restrições. No pedido, companhias relatam que “a Usiminas encontra-se em situação financeira crítica, correndo o risco de adentrar processo de recuperação judicial caso não consiga resolver a crise financeira de maneira rápida e apropriada”, o que justificaria o aumento de capital, segundo parecer do Cade.

Exportadoras
As ações das exportadoras Fibria (FIBR3, R$ 30,39, -4,58%) e Suzano (SUZB5, R$ 14,10, -2,69%) – ambas do setor de papel e celulose – caíam nesta sessão, puxadas pela queda do dólar frente ao real. Neste momento, o dólar registrava baixa de 0,93%, a R$ 3,5482 na compra e R$ 3,5488 na venda. 

No radar dessas empresas também aparece a possibilidade de o governo vender parte ou toda sua participação em empresas listadas na Bolsa. Temer falou nessa manhã em fazer pré-pagamento de parte da dívida do BNDES com o Tesouro. 

Segundo o BTG Pactual, não tem como descartar essa hipótese de venda de participação nas empresas (mesmo não havendo a obrigatoriedade). Pelo levantamento do banco, nos valores de hoje, a participação do BNDES totaliza R$ 51 bilhões em 30 empresas. Considerando dias de trading para liquidação dessa posição, as mais expostas são: Fibria (97 dias), Tupy (82 dias), AES Tiete (72 dias) e JBS (63 dias). Por outro lado, empresas como Linx, Tupy e Iochpe podem se beneficiar de tal movimento uma vez que a liquidez pode aumentar substancialmente, comentaram os analistas.

Iochpe-Maxion (MYPK3, R$ 14,80, +2,07%
As ações da Iochpe Maxion subiram forte após a companhia informar que a Greenbrier acertou a compra de 19,5% da Amsted-Maxion Cruzeiro por um valor de US$ 10 milhões.

RaiaDrogasil (RADL3, R$ 56,89, -0,52%)  
Segundo a Citi Corretora, os resultados fortes previstos para a RaiaDrogasil no 2° trimestre já estão no preço. Vendo um upside (potencial de alta da ação) de apenas 0,4% sobre os níveis atuais, os analistas decidiram manter a recomendação em neutra. “Enquanto continuamos gostando do modelo de negócios da RaiaDrogasil e de suas características defensivas, vemos a história de crescimento de lucros totalmente no preço nos níveis atuais”, comentaram.