Educacionais afundam com rumor sobre Fies; Vale sobe e Petrobras cai 4,5%

Confira os destaques da Bovespa nesta segunda-feira (23)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Apesar de ficar distante da mínima do dia, quando caiu 2%, o Ibovespa registrou forte queda nesta segunda-feira (23) pressionado pelo cenário político agitado com o áudio vazado do ministro do Planejamento Romero Jucá, e também com a queda das ações da Petrobras.

O índice fechou com queda de 0,79%, a 49.330 pontos, em um dia de aversão ao risco após áudios divulgados pela Folha de S. Paulo em que Jucá conversa com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, sugerindo que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato.

Entre as maiores altas ficaram as ações da própria Vale, que chegaram a cair 3% na abertura e se recuperaram durante a tarde, além das siderúrgicas e também as companhias de papel e celulose – favorecidas pela alta do dólar. Já na ponta negativa, chamaram atenção a Smiles, MRV e as empresas de educação, que recuaram após rumores de que não haverão mais vagas no Fies este ano.

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Confira os destaques da Bovespa na sessão desta segunda-feira (23):

Vale (VALE3, R$ 14,44, +2,19%; VALE5, R$ 11,50, +0,88%)
Após registrarem forte queda com a derrocada do preço do minério de ferro, a Vale virou para alta, auxiliada pelo relatório do Bank of America Merrill Lynch, no qual os analistas do banco reiteram a compra das ações da mineradora, com a venda de ativos da empresa podendo surpreender.

A commodity negociada em Qingdao registrou derrocada de 6,68%, a US$ 51,22. O preço do minério de ferro com entrega imediata no porto de Tianjin caiu US$ 3 nesta segunda-feira, para US$ 52,70 por tonelada, segundo dados do The Steel Index, em baixa de 5,4%, em meio a uma fraca demanda por aço na China. 

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As siderúrgicas também se recuperaram, mas ficaram entre perdas e ganhos, caso da CSN (CSNA3, R$ 7,23, -0,69%) e Gerdau (GGBR4, R$ 5,88, +1,20%), enquanto a Usiminas (USIM5, R$ 1,74, -4,92%) liderou as perdas do dia. 

Além disso, destaque para mais uma notícia sobre a CSN e a Usiminas; a CSN ainda espera decisão favorável da ação que impetrou na Justiça mineira, em abril, pedindo a suspensão do aumento de capital de R$ 1 bilhão da Usiminas, aprovado por unanimidade em reunião do conselho de administração em 11 de março e pela assembleia de acionistas em 18 de abril. Conforme ressalta o Valor Econômico, o prazo final de subscrição dos acionistas acaba hoje e, por isso, a CSN depositou em juízo, na sexta-feira passada, R$ 178,8 milhões referentes à sua fatia no capital da concorrente.

Enquanto isso, o BTG Pactual soltou relatório sobre a Gerdau destacando que os desinvestimentos recentes são positivos e que reduzem ainda mais as preocupações com o balanço da siderúrgica. Na última sexta-feira, a siderúrgica anunciou acordo para venda de produtora de aços especiais na Espanha por até 200 milhões de euros, em meio a plano para se focar em empresas com maior rentabilidade. A venda foi acertada com o grupo de investimentos Clerbil, formado por executivos locais da unidade vendida e pelo atual presidente-executivo da operação.

“Mantemos nossa visão de que a empresa tem muita margem de manobra para desalavancar e gerar fluxo de caixa de empresa, mesmo considerando possíveis pagamentos futuros relacionados litígios fiscais”, diz o banco. O BTG reitera recomendação de compra para a siderúrgica.

Petrobras (PETR3; R$ 11,04, -2,56%; PETR4, R$ 8,50, -4,49%)
Em dia de queda do petróleo, com o brent em baixa de 1,62%, e com gravações reveladas de Romero Jucá aumentando a turbulência em relação ao governo Michel Temer, as ações da Petrobras tiveram forte baixa.

“O caso Jucá é um problema sério. Mostra como a Lava Jato, uma das causas para queda de Dilma, ameaça o governo Temer. Além disso, a gravação e a divulgação da conversa indica briga de bastidor entre alas do PMDB”, afirma o analista político da MCM Consultores, Ricardo Ribeiro. Em conversa com Machado, após o ex-presidente da Transpetro afirmar que a solução mais fácil para estancar a “sangria da Lava Jato era botar o Michel Temer”, Jucá afirmou que só o presidente do Senado Renan Calheiros “estava contra isso”, porque não gosta do Michel, “porque Michel é Eduardo Cunha”.

No noticiário da estatal, o novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, acertou com o atual diretor financeiro da estatal, Ivan Monteiro, a sua permanência no cargo, segundo informações da coluna de Sonia Racy, do Estado de S. Paulo. Ex-Banco do Brasil, Monteiro foi para a petroleira com Aldemir Bendine e, por lealdade, não estava querendo ficar; porém, decidiu permanecer na companhia após o encontro. 

Por fim, em entrevista ao Valor Econômico, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, informa que o governo Michel Temer apoiará o projeto aprovado no Senado Federal que flexibiliza a exigência de ter a Petrobras como operadora única e obrigatória do pré-sal. Padilha sinalizou também que, mesmo com a permanente queda do barril de petróleo no mercado internacional, não haverá redução do preço da gasolina: “Se a Petrobras está em situação delicadíssima […], seria irresponsabilidade”.

Bancos
Os bancos ficaram entre perdas e ganhos na sessão desta segunda após abrirem registrando expressiva queda em meio aos temores de que as gravações reveladas de Romero Jucá poderiam afetar a campanha do reequilíbrio das contas públicas brasileiras. O Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 30,18, +0,33%)  e Bradesco (BBDC3, R$ 25,88, -0,88%; BBDC4, R$ 24,45, +0,29%) ficaram entre alta e queda, enquanto Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,00, -1,79%) caiu forte.

MRV Engenharia (MRVE3, R$ 10,35, -3,36%) e Direcional (DIRR3, R$ 5,35, -7,28%)
As ações da MRV e Direcional voltaram a registrar queda na sessão desta segunda após caírem forte na sexta em meio às preocupações com o futuro do programa Minha Casa, Minha Vida. Na sexta, o ministro das Cidades Bruno Araújo afirmou que o governo suspenderá a contratação de 2 milhões de moradias do programa até o fim de 2018. 
Já em entrevista à Agência Brasil no final de semana, Araújo afirmou que o governo estuda a criação de um programa habitacional e de saneamento que, por meio de parcerias público-privadas (PPPs), beneficiará parcelas da população que atualmente não são atendidas pelo programa. O ministro reiterou que o Programa Minha Casa, Minha Vida vai continuar “firme e forte”, negando que será suspenso. 

Educacionais 
As ações de educacionais registraram baixa forte, com destaque para Estácio (ESTC3, R$ 10,95, -2,41%), Kroton (KROT3, R$ 10,96, -3,61%) e Ser (SEER3, R$ 11,30, -7,07%) em forte queda, com destaque para a última companhia, que chegou a cair 13,24% na mínima do dia. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, uma das vitrines da área social da gestão petista, programas de incentivo à educação e à profissionalização – como Pronatec, ProUni e Fies – não devem abrir novas vagas neste ano. A revisão é parte do que no novo governo se chama de “herança maldita” da administração da presidente afastada Dilma Rousseff.
Exportadoras
As ações de exportadoras registraram ganhos com a alta do dólar nesta sessão, com o dólar comercial em alta de 1,23%, a R$ 3,561 na venda. A Fibria (FIBR3, R$ 31,85, +2,12%) e a Suzano (SUZB5, R$ 14,49, +0,84%) registram alta de mais de 1%. 

Já a Embraer (EMBR3, R$ 18,96, +0,05%) ficou praticamente estável. No radar da companhia, ela informou nesta segunda-feira que a mexicana Across assinou pedido firme para 23 jatos executivos, que já está incluso em sua carteira de pedidos do primeiro trimestre deste ano e tem valor estimado em mais de 260 milhões de dólares pelo preço de lista. O pedido inclui oito aeronaves Legacy 500, oito Phenom 300 e sete Phenom 100E, cujas entregas acabam de começar, disse a Embraer em comunicado.

A parceria da Embraer com a Across, empresa de serviços de fretamento e gestão de aeronaves, foi anunciada em fevereiro para venda de jatos executivos no México. Na ocasião, a Embraer disse que sua frota, composta pelos jatos Phenom, Legacy e Lineage, cresceu 35 por cento no México no último ano.

AES Tietê (TIET11, R$ 14,49, +0,35%)
Em entrevista para o Valor Econômico, o presidente da AES Tietê, Ítalo Freitas, informou que a companhia quer investir R$ 1,2 bilhão em energia solar. A companhia deve estrear na geração de energia solar ainda neste ano, com um projeto formado por duas usinas, com capacidade total de 180 megawatts (MW), em Minas Gerais e São Paulo, ambas instaladas nas proximidades da hidrelétrica Água Vermelha, de 1.396 MW, no rio Grande, que também pertence à empresa. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.