Ibovespa Futuro cai 2% com exterior e aguardando medidas do governo; dólar sobe 1%

Investidores ficam de olho no mercado internacional enquanto aguardam medidas do governo Temer para ajudar a economia doméstica

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro registra forte queda de 1,88%, aos 49.190 pontos nesta segunda-feira (23) de olho no mercado internacional e no noticiário político nacional. Enquanto isso, o dólar futuro para junho registra forte alta de 0,86%, para R$ 3,561 na venda. Investidores seguem aguardando o anúncio de medidas por parte do novo governo. O ministro do Planejamento, Romero Jucá, afirmou nas redes sociais que irá apresentar amanhã medidas para recuperar a economia e ajustar as contas públicas. Na sexta-feira, o governo anunciou a nova meta fiscal prevendo um déficit de R$ 170,5 bilhões.

“Os anúncios de medidas econômicas não se esgotam na terça-feira, vão continuar acontecendo, à medida que forem ficando prontas”, disse Jucá em sua conta no Twitter, acrescentando que as medidas visam a melhorar o gasto público e as condições de investimento. Segundo o ministro, Temer vai hoje ao Congresso para se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O governo interino necessita do apoio dos parlamentares para aprovar medidas importantes de ajuste da economia.

O Boletim Focus desta semana mostrou uma leve alta na expectativa para a inflação deste ano, para 7,04% ante 7% no último relatório. Já em relação à Selic, a projeção foi revista de 13% para 12,75%. Atualmente a taxa básica de juros está em 14,25% ao ano. Para 2017, a expectativa caiu de 11,50% ao ano para 11,38%.

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Já a previsão para o PIB deste ano deu uma leve melhorada de 0,05 ponto percentual: em vez de recuo de 3,88%, os analistas preveem um tombo de 3,83%. A expectativa para o ano que vem foi mantida pela segunda vez consecutiva em alta de 0,50%. A cotação do dólar esperada para dezembro deste ano baixou, passando de R$ 3,70 na semana passada para R$ 3,67.

Romero Jucá tentou barrar Lava Jato
Uma série de gravações registradas em março mostram que o atual ministro do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), conversou com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, sugerindo que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Machado temia que as apurações contra ele fossem enviadas de Brasília, onde tramitam no STF (Supremo Tribunal Federal), para a vara do juiz Sergio Moro, em Curitiba (PR). Para ele , esta mudança no caso seria uma estratégia para que ele fizesse uma delação e incriminasse líderes do PMDB. Machado disse que novas delações na Lava Jato não deixariam “pedra sobre pedra”. Jucá concordou que o caso de Machado “não pode ficar na mão desse [Moro]”.

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De acordo com a publicação, as conversas somam 1h15min e estão em poder da PGR (Procuradoria-Geral da República). Em contato com o jornal, o advogado do ministro do Planejamento, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente “jamais pensaria em fazer qualquer interferência” na Lava Jato e que as conversas não contêm ilegalidades.

Em outro áudio, Jucá diz para Machado que “caiu a ficha” de líderes do PSDB sobre o potencial de danos que a Operação Lava Jato pode causar em vários partidos. “Todo mundo na bandeja para ser comido”, disse o ministro. Machado, que foi do PSDB antes de se filiar ao PMDB, afirma que “o primeiro a ser comido vai ser o Aécio [Neves (PSDB-MG)”, e acrescenta: “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…”.

Bolsas internacionais
Enquanto isso, no exterior, as bolsas chinesas subiram neste início de semana, mas o volume de negócios permaneceu fraco, com a tendência baixista dos mercados persistindo com o governo evitando novos estímulos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,29%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 0,66%. Por outro lado, o japonês Nikkei registrou baixa de 0,49%.

“O pessimismo substituiu o otimismo quando o governo colocou a reestruturação, em lugar dos estímulos ou crescimento, no centro de suas políticas econômicas”, disse Yu Bin, analista do Zhongtai Securities. Já o índice Nikkei do Japão encerrou a sessão com queda de 0,5%, com dados econômicos preocupantes e notícias de que o aumento do imposto sobre as vendas no país será implementado, acabando com as esperanças de um adiamento.

Na Europa, o dia é de queda para as bolsas, seguindo o movimento do petróleo, que tem baixa de 1,13%, a US$ 48,17 o barril, com os produtores no Canadá tentando retomar as operações após incêndio. Cobre e outros metais recuam com queda das importações da China.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.