Vale desaba 9% com minério e corte de recomendação; Petrobras cai 6% e B2W afunda 8%

Confira os destaques da Bovespa nesta segunda-feira (9)

Paula Barra

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SÃO PAULO – O dia que já estava negativo no mercado azedou após notícia da Folha de São Paulo, das 11h51 (horário de Brasília), apontar que o presidente interino da Câmara decidiu anular a tramitação do impeachment. Nos minutos que se seguiram, o Ibovespa foi para a mínima do dia, queda de 1,87% (a 50.750 pontos), puxados pelas ações da Petrobras, que chegaram a cair 12%. Os papéis da Vale já mostravam forte queda, mas intensificaram o movimento após a notícia, atingindo queda de 11%. 

No radar da mineradora, além da aversão ao risco do mercado após anulação da votação do impeachment, ajudavam a puxar para baixo as ações da Vale a queda de 5,6% do minério de ferro e o corte de recomendação e preço-alvo dos papéis da mineradora por um banco estrangeiro (para conferir a reação do mercado no instante que saiu a notícia clique aqui).

Esse ambiente de aversão ao risco já havia sido alertado no Visão Técnica da última sexta-feira (para conferir o programa clique aqui). O trader profissional Wagner Caetano, da Top Traders, projetava queda do índice até os 50.000 pontos, antes do ambiente voltar a ficar “comprador”. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa desta segunda-feira, segundo cotação das 13h17 (horário de Brasília):

Vale (VALE3, R$ 15,20, -9,95%;VALE5, R$ 12,38, -8,43%)
Além da decisão surpresa sobre o impeachment, as ações da Vale registram um dia de expressiva queda, com duas más notícias para a companhia. Além do dia de forte queda do minério de ferro, com a commodity negociada em Qingdao em queda de 5,66%, a US$ 54,99 a tonelada, a Vale (VALE3;VALE5) repercute o rebaixamento das ações pelo Société Générale de compra para manutenção. O preço-alvo do ADR foi cortado de US$ 8,00 para US$ 4,60. As ações da Bradespar (BRAP4, R$ 7,05, -8,91%) também registram forte queda. 

Contribui para o cenário pessimista uma entrevista do jornal oficial do Partido Comunista, desta segunda-feira. Segundo uma importante fonte disse ao People’s Daily, a China pode sofrer uma crise financeiras e uma recessão econômica se o governo se apoiar demais nos estímulos alimentados pela dívida. A fonte disse em uma entrevista de perguntas e respostas ao jornal que o crescimento excessivo do crédito pode aumentar os riscos e levar a uma crise financeira se não for controlado adequadamente.

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Além da Vale, as ações de siderúrgicas registram baixa seguindo o dia de queda das commodities com queda das compras chinesas e aumento de estoques em portos da China. As ações da Usiminas (USIM5, R$ 2,25, -3,43%), CSN (CSNA3, R$ 10,75, -3,50%), Gerdau (GGBR4, R$ 7,15, -2,72%) caem mais de 2%. 

No noticiário das companhias, destaque ainda para a notícia de que a Usiminas começa a discutir, nos próximos dias, mudanças que podem definir o futuro da empresa. Na quinta-feira, o conselho de administração da companhia vai decidir sobre uma possível troca de boa parte da diretoria executiva. Paralelamente, em conversas ainda não oficiais, começa a ganhar corpo a proposta de cisão da siderúrgica, destaca o Estadão. Nippon e Ternium só se uniram para barrar a CSN; agora, na separação, devem dividir ativos.

Petrobras (PETR3, R$ 11,79, -8,82%PETR4, R$ 9,30, -7,74%)
As ações da Petrobras chegaram a cair 12% com a notícia do impeachment. Os papéis já eram pressionados pelo preço do petróleo nesta manhã. 
Após alta mais cedo, o brent virou para queda e é negociado em queda de 1,59%, a US$ 44,65 o barril, com o mercado registrando cautela após altas com o incêndio no Canadá, que está comprometendo a produção da commodity no país.

O noticiário da estatal também segue movimentado. Com a proximidade de um novo governo comandado por Michel Temer, mais cotados entram na lista para comandar a Petrobras. Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura, é um dos cotados. Inclusive, ele já é alvo do setor, sendo chamado de “irresponsável” em carta da associação dos engenheiros da estatal.

A estatal anunciou ainda na noite de sexta-feira (6) sua produção de petróleo e gás natural no mês de abril. No total, a estatal produziu 2,69 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), dos quais 2,50 milhões de barris diários foram produzidos no Brasil e 190 mil no exterior.

Por fim, a Petrobras assinou um termo de compromisso para um financiamento de 1 bilhão de dólares com o China Exim Bank e já iniciou a negociação do contrato definitivo, antecipando captação de recursos prevista para 2017, informou em comunicado ao mercado nesta segunda-feira.

JBS (JBSS3, R$ 8,25, -6,78%)
A JBS tem dia de forte queda na Bolsa. No radar da empresa, a mulher do marqueteiro João Santana, Mônica Moura, disse a procuradores que a JBS pagou caixa 2 à campanha pela reeleição de Dilma Rousseff, segundo informações de sábado do jornal O Globo. A afirmação de Mônica foi feita em depoimento durante negociação para fechar acordo de delação premiada. 

Segundo o depoimento, a JBS quitou dívida do PT com a gráfica Focal Confecção e Comunicação Visual, de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A Focal é a segunda maior fornecedora oficial da campanha de Dilma: recebeu R$ 23,9 milhões, perdendo apenas para o casal Santana, que recebeu R$ 78 milhões. Na semana passada, João Santana e sua mulher foram denunciados pelo MPF por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por pagamentos feitos por fornecedores da Petrobras aos dois, tanto no Brasil como no exterior. 

Procurada pelo O Globo, a JBS disse não ter localizado em sua contabilidade qualquer registro de pagamento para a Focal, vendo mais uma vez seu nome “envolvido em denuncias infundadas”. 

Eletropaulo (ELPL4, R$ 7,76, -2,76%)
A distribuidora de energia elétrica AES Eletropaulo registrou no primeiro trimestre lucro líquido de 30,5 milhões de reais, 34,6 por cento menor que o registrado no mesmo período do ano passado, principalmente devido à redução no consumo e a sobras de eletricidade contratada, informou a empresa em comunicado nesta sexta-feira.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da elétrica, da norte-americana AES, somou 181 milhões de reais no período, queda 39,3 por cento na comparação anual.

De acordo com o BTG Pactual, o resultado foi abaixo do esperado, com impacto de alguns não recorrentes. “Ainda temos compra no papel, mesmo assumindo que se trata de um case complexo: vemos valor estratégico, numa excelente concessão”, afirmam os analistas.  O Credit Suisse avalia: que o resultado foi muito ruim, com grande parte dos efeitos já eram esperados, “mas os números muito fracos mostram que este ainda é um papel para se evitar”.

Braskem (BRKM5, R$ 21,55, -6,79%)
O governo anunciou na sexta-feira que vai reduzir o benefício do PIS/COFINS para o setor petroquímico começando em 2017. Atualmente, o benefício é de 6,25% em 2016, 4,25% em 2017 e 3,65% a partir de 2018. A nova proposta será 3,12% em 2017-2018, 2,13% em 2019-2020 e 1,13% a partir de 2021. Considerando essas mudanças, o BTG Pactual ajustou o preço-alvo da ação de R$ 28,00 para R$ 24,00. A recomendação segue neutra. 

Suzano (SUZB5, R$ 14,28, +1,13%)
A Suzano segue alta de sexta-feira, quando a companhia anunciou aumento de preço de celulose na China entre US$ 20,00 e US$ 30,00 a tonelada, indo para US$ 540,00 a tonelada. Segundo o BTG Pactual, esse anúncio mostra que a empresa está confortável com a perspectiva para o setor. Nesta sessão, os papéis da companhia sobem aparecem entre as poucas altas do Ibovespa. Outra do setor de papel e celulose subia: a ação da Fibria (FIBR3), com alta de 0,40%, a R$ 30,44. Esses papéis eram beneficiados também pela valorização do dólar frente ao real nesta sessão. Com a notícia do impeachment, o contrato futuro do dólar chegou a saltar 5%, mas agora amenizava o movimento e subia 1,76%, a R$ 3,587. 

Os analistas do banco estiveram com a companhia semana passada e disseram que o discurso dos diretores foi bastante positivo quanto às mudanças que a companhia tem feito com foco na estratégia falando de melhoria da performance operacional, foco na desalavancagem que tanto prometeram (vieram de 5 vezes para 2,3 vezes) e projetos com retorno alto e que são pouco capital intensivo.

Para o BTG, o efeito câmbio e preço de celulose estão de fato sendo os principais motivos para a performance fraca recente, mas eles seguem achando que a celulose pode estar perto de um fundo. “Em momentos de mercado como o que estamos passado (muitas incertezas), achamos Suzano um bom player uma vez que já concluiu o ciclo de investimento mais pesado e tem um bom perfil de fluxo de caixa de livre”, comentaram. 

B2W (BTOW3, R$ 11,41, -8,21%)
As ações da B2W seguem em forte queda, acumulando baixa de 17% nos últimos três pregões. Com a derrocada, os papéis batem o menor patamar na Bolsa desde fevereiro deste ano. 

 Na sexta-feira, a ação teve forte baixa de 8,74% seguindo os resultados ruins do primeiro trimestre. Nesta sessão, o papel volta a cair forte. A companhia teve a recomendação cortada de manutenção para underperform (desempenho abaixo do mercado) pelo Santander; o preço-alvo foi cortado para R$ 13,00.  

AES Tietê (TIET11, R$ 13,80, -2,17%)
A ação da AES Tietê cai após os números abaixo do esperado. A geradora de energia teve lucro líquido de R$ 74,5 milhões no primeiro trimestre, redução de 61,6% ante mesmo período do ano passado, com forte redução de receita após o fim de um contrato de venda de energia à distribuidoraAES Eletropaulo, segundo comunicado nesta sexta-feira. A elétrica, controlada pela norte-americana AES, aprovou a distribuição de R$ 89,38 milhões em dividendos, referentes ao lucro líquido ajustado do período. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 178,4 milhões, com retração de 54,3% ante o primeiro trimestre de 2015.

A receita operacional bruta da companhia somou R$ 432,8 milhões no trimestre, com redução de 41% na comparação anual, principalmente devido à redução do preço médio de venda de energia após o fim do contrato com a Eletropaulo, em 31 de dezembro. Segundo a companhia, o preço médio da eletricidade comercializada em contratos, excluídas transações no mercadospot, caiu de R$ 192,56 por megawatt-hora, no primeiro trimestre do ano passado, para R$ 143,45 por megawatt-hora, nos três primeiros meses neste ano, com o final do acordo com a distribuidora paulista. O resultado foi mais fraco, com custos de energia e despesas mais altos do que o esperado pelo BTG Pactual; o Ebitda reportado ficou em R$ 178 milhões, versus R$ 270 milhões esperado.

Educacionais
As ações de empresas do setor de educação registram as maiores altas do Ibovespa: a Estácio (ESTC3, R$ 11,28, +2,55%) e a Kroton (KROT3, R$ 11,94, +1,27%) têm alta superior a 1%. Despacho do Diário Oficial desta segunda destaca que a Kroton e a Ser (SEER3, R$ 13,34, -1,62%) têm novos cursos autorizados pelo MEC. 
Ao todo, o ministério reconheceu 82 cursos superiores de graduação. A Ser, por sua vez, registra queda. 

Alpargatas (ALPA4, R$ 9,19, -1,92%)
A fabricante de calçados Alpargatas reportou lucro líquido consolidado de R$ 115,831 milhões no primeiro trimestre de 2016, elevação de 16,7% ante os mesmos meses do ano anterior.

A companhia divulgou ainda um lucro das operações continuadas, que desconsidera o resultado das marcas Topper e Rainha, cuja venda foi anunciada em novembro. Considerando apenas essas operações continuadas, o lucro chegou a R$ 118,4 milhões de janeiro a março, alta de 15,3%. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia chegou a R$ 191,8 milhões no primeiro trimestre, aumento de 15,3% na comparação anual, e a margem Ebitda subiu 1,0 ponto porcentual entre os períodos para 19,0%. A Alpargatas apurou receita líquida de R$ 1,011 bilhão nos três primeiros meses do ano, aumento de 9,3%.

No Brasil, o destaque do trimestre foi o crescimento de 9,0% no volume de vendas de sandálias, para 52,2 milhões de pares, impulsionado pela compra dos canais indiretos (atacadistas e distribuidores) para repor estoques. No mercado externo a venda de sandálias caiu 10,2%, para 8,7 milhões. A quantidade vendida de calçados esportivos caiu 22,1% no Brasil, para 995 mil pares, e na Argentina teve queda de 28,2%, para 1,129 milhão de pares.