Estácio cai 7% e Magazine Luiza desaba 11% antes de balanço; CSN afunda 6%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – Investidores adotaram tom de cautela depois de otimismo inicial por conta do afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados. Com o Ibovespa fechando na sua quarta queda em cinco pregões, apenas 11 das 59 ações que compõem o índice registraram alta hoje, mas nenhuma acima de 1%. Com o dólar encerrando no zero-a-zero, as exportadoras figuraram entre as poucas que motraram alta tímida nesta sessão, com Suzano acumulando sua terceira alta seguida. 

Do lado negativo, as educacionais lideraram as perdas, com Estácio caindo 6% antes de balanço. Prevendo números fracos, o Credit Suisse cortou o preço-alvo dos papéis da companhia nesta sessão (para ver a reportagem completa clique aqui). Chamou atenção também as ações da Vale, que chegaram a afundar 6%, mas amenizam perdas perto do fechamento. A mineradora caiu pelo quarto pregão seguido, quando acumulou desvalorização de 15% – equivalente a uma perda de R$ 15,1 milhões em valor de mercado. 

Com a temporada de balanços ganhando força, destaque também para as empresas que reportarão resultados entre essa noite e a manhã de sexta-feira. Delas, Magazine Luiza caiu 11% nesta sessão, enquanto Estácio afundou 6%. Ao todo, o mercado aguarda 15 balanços até amanhã de manhã (para conferir a agenda completa clique aqui). Fora da temporada de balanços, vale mencionar também as ações da Gol, que afundaram 17% depois de ter subido 28% na véspera em meio à notícia de reestruturação da dívida. Nesta sessão, foi a vez de outra “problemática” da Bolsa subir com a informação de reestruturação de dívida. Os papéis da PDG Realty fecharam em alta de 9%. 

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Confira os principais destaques corporativos desta quinta-feira (5):

Vale e siderúrgicas
Após três sessões de queda com o minério de ferro e a ação do MPF de R$ 155 bilhões, as ações da Vale (VALE3, R$ 16,66, -4,25%; VALE5, R$ 13,27, -4,05%) seguiram derrocada na Bolsa hoje, chegando a cair 6% na mínima do dia. Nos 4 últimos pregões, os papéis acumularam queda de 15%. A Bradespar (BRAP4, R$ 7,43, -3,38%) – holding que detém participação na mineradora – seguiu o mesmo caminho. Nesta sessão, o preço do minério de ferro negociado em Qingdao teve alta de 0,27%, a US% 60,09 a tonelada. 

Na mesma toada, as ações das siderúrgicas caíram forte hoje, após destoarem do movimento na véspera, caso de CSN (CSNA3, R$ 11,02, -6,37%), Gerdau (GGBR4, R$ 7,01, -4,63%) e Usiminas (USIM5, R$ 2,36, -2,88%). 

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No radar da Vale, o Ministério Público de Minas Gerais disse nesta tarde que a Samarco – joint venture entre Vale e BHP Billiton – ocultou dois deslizamentos em janeiro de 2016, além de ter dificultado investigações e omitido informações relevantes para a investigação. O MPMG ajuizou ação contra 14 executivos da empresa no dia 10 de março, com pedidos de afastamento dos denunciados e retenção de passaportes. O MP alega que integrantes se associaram para blindar imagem da empresa ao omitir informações e cometer crimes ambientais por descumprir determinações de órgãos competentes. 

Nesta tarde, a Justiça Federal homologou um acordo fechado entre Samarco, Vale e BHP com a União e o Estado de Minas Gerais e Espírito Santo, que prevê reparações e compensações devido ao rompimento da barragem de Fundão em Mariana (MG), disse a Vale em nota. Segundo documento divulgado na época do acordo pela Samarco e suas controladoras, a Vale e a BHP, o pacto prevê aportes de até cerca de R$ 12 bilhões em reparações e compensações nos próximos anos. 

Ontem, a Vale afirmou que adotará medidas para assegurar direito defesa na ação do MPF que prevê multa de R$ 155,1 bilhões contra as empresas. A mineradora disse que valores indicados ontem pelo MPF não foram determinados em função do acidente da barragem da Samarco, mas através de uma comparação não fundamentada de derramamento de óleo no Golfo do México (Deepwater Horizon), segundo fato relevante ao mercado. 

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Petrobras (PETR3; R$ 12,62, -2,47%; PETR4, R$ 9,81, -1,11%)
As ações da Petrobras viraram para queda seguindo o movimento geral do mercado e se decolaram do movimento dos preços do petróleo. A commodity tem alta expressiva, com o brent subindo cerca de 4,5%, com queda na produção dos EUA, um incêndio em floresta do Canadá que interrompeu a produção da Shell e pressões crescentes na Líbia. 

Estácio (ESTC3, R$ 11,13, -6,55%)
As ações da Estácio lideraram as perdas do Ibovespa em dia que está programado para a empresa reportar seu balanço – previsto para sair após o fechamento do pregão. 
Acompanharam o movimento outras ações do setor: Kroton (KROT3, R$ 11,76, -5,01%) e Ser Educacional (SEER3, R$ 11,65, -5,44%). A Anima (ANIM3, R$ 10,05, 0,0%) foi a única que se salvou hoje no setor e fechou estável. Delas, a Ser Educacional divulga balanço antes da abertura do pregão de sexta-feira (6), enquanto a Kroton e Anima reportarão seus números dia 12 de maio. 

Nesta manhã,  o Credit Suisse cortou o preço-alvo das ações da Estácio, de R$ 16,00 para R$ 14,00, mantendo a recomendação em “underperform” (desempenho abaixo da média). Para analistas, não somente esse trimestre vai ser fraco como vários outros que a empresa terá pela frente. “A ação está muito barata, mas o nível de incerteza com um possível novo governo e o ‘momentum’ fraco nos deixam um pouco preocupados”, comentaram os analistas Victor Schabbel e Bruno Zanotta em relatório do banco. 

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Para o 1° trimestre, os analistas esperam que os números operacionais da companhia sejam bons e melhores que dos seus pares, mas que o Ebitda e lucro fiquem aquém das expectativas. O número de novos alunos deve ser o principal destaque positivo do trimestre (com expectativa de expansão de 9% na comparação anual), mas deve vir atrelado a um nível maior de descontos, comentaram os analistas. Eles enfatizam também do lado negativo aumento das despesas com marketing (cerca de 35%) e elevação das despesas com provisões (de 4% da receita no 1° trimestre de 2016 x 2% no 1° trimestre de 2015).  

Magazine Luiza (MGLU3, R$ 28,50, -11,08%)
Com balanço programa para ser divulgado após o fechamento do pregão, as ações da Magazine Luiza também desabaram hoje. Na mínima do dia, os papéis registraram desvalorização de 10,58%, a R$ 28,66. A expectativa do mercado é que a companhia dê sequência aos fracos balanços já divulgados das varejistas neste 1° trimestre. Analistas consultados pela Bloomberg estimam que a companhia registre prejuízo líquido de R$ 25,9 milhões no período, pressionado pelo resultado financeiro. 

Em relatório, o Itaú BBA comentou que espera que a empresa mantenha fraco desempenho de vendas no trimestre, com o ambiente econômico exercendo forte influencia negativa sobre os resultados da empresa. Eles estimam queda de 10% nas vendas do segmento “mesmas lojas” (que considera lojas abertas há mais de um ano), levando a uma contração de 7% na receita líquida, quando comparado ao 1° trimestre de 2015, indo para R$ 2,105 bilhões. O banco mantem recomendação “market perform” (desempenho em linha com a média) para a ação, com preço justo de R$ 9,30 para o fim deste ano. 

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Gol (GOLL4, R$ 2,70, -16,92%)
Para completar o pregão de “ressaca” da Gol, após disparada de 28% na véspera, a Moody’s cortou nesta tarde o rating da companhia de “Caa1” para “Caa3”. A perspectiva segue negativa. Segundo a agência de classificação de risco, o rebaixamento acompanha anúncio de que Gol LuxCo iniciou ofertas de troca privada por aproximadamente US$ 782 milhões em dívidas pendentes. A agência enxerga transação como “distressed”, já que novo pacote de títulos e ativos oferece quantidade para obrigação financeira substancialmente menor em relação à original. 

Antes do corte, as ações da companhia já afundavam na Bolsa após notícia de que os credores internacionais da companhia não concordaram com a proposta de renegociação da dívida.

Segundo a Bloomberg, os credores internacionais da Gol contrataram banco de investimento Houlihan Lokey para negociar reestruturação da dívida e não aprovaram proposta feita na terça à noite pela companhia aérea. O grupo, que representa detentores de mais de 20% da dívida total, considera que proposta favorece credores domésticos, disseram as pessoas. Os credores avaliam que detentores de bônus perpétuos são tratados de forma injusta com o desconto no valor de face maior. Defendem que todos detentores das notas sem garantia devem ser tratados da mesma forma, disseram as pessoas. 

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Ontem, as ações dispararam com as notícias de renegociação da dívida e da possibilidade de abertura total de capital estrangeiro em companhias aéreas em caso de possível governo Temer.

Ainda hoje, a Gol reflete o corte de seu rating de CCC- para CC pela S&P GR, além dos dados operacionais do 1° trimestre divulgados ontem. A empresa informou que o total de assentos disponibilizados ao mercado caiu 16,5% em março e 8,2% no 1° trimestre.

Smiles (SMLE3, R$ 38,00, -3,97%)
Apesar do balanço positivo divulgado ontem à noite, a Smiles virou para forte queda nesta sessão. A companhia
 informou que registrou lucro líquido de R$ 118,4 milhões entre os meses de janeiro e março, crescimento de 70,1% na comparação com o mesmo período de 2015.

O lucro veio acima dos R$ 102,4 milhões estimados pelos analistas consultados pela Bloomberg. A receita líquida da empresa aumentou 42,5% no trimestre, para R$ 350,6 milhões, na mesma base de comparação. A projeção era de R$ 353,8 milhões no período. A companhia controlada pelo grupo de aviação Gol teve recuo de 5% no acúmulo de milhas pelos clientes, e aumento de 18% nos resgates. Enquanto isso, o número de participantes do programa de fidelidade cresceu 8,3% no período, a 11,4 milhões.

Braskem (BRKM5, R$ 23,95, -1,84%)
A ação da Braskem foi mais uma que virou para queda seguindo o movimento geral da Bolsa. A petroquímica  teve lucro líquido de R$ 747 milhões no primeiro trimestre, resultado mais que três vezes superior ao lucro de R$ 204 milhões obtido um ano antes.

O Ebitda ajustado foi de R$ 3,058 bilhões, aumento de 106% sobre o primeiro trimestre do ano anterior.

Ambev (ABEV3, R$ 19,14, -2,35%)
Se o balanço fraco não puxou a ação para o negativo, hoje a Ambev recuou com o “peso extra” do corte de recomendação pelo JPMorgan. O banco revisou hoje a Ambev de “compra” para “neutra. O preço-alvo dos ativos foi cortado de R$ 21,10 para R$ 20,60.

No relatório, o banco cita três principais motivos para o rebaixamento: “(1) vemos agora o crescimento mais lento, levando a um crescimento de EPS (lucro por ação) modesto de um dígito esse ano; (2) a volatilidade do EPS deve se manter; (3) aumento dos impostos em estados importantes desencadearam alta dos preços e perda de market share fora de época”.

Fora a revisão do JP, entra no radar da companhia uma notícia que saiu na revista Exame. Segundo fontes disseram à públicação, a Ambev está entre as procuradas pelo Lazard para vender a marca Ades. O processo de venda da marca de suco à base de soja da Unilever é coordenada pelo Lazard. A operação é avaliada em R$ 2 bilhões. A britânica Britvic e mexicana Lala são citadas como as companhias que também foram procuradas pelo Lazard.  

PDG Realty (PDGR3, R$ 3,90, +9,24%)
As ações da PDG Realty dispararam nesta sessão em meio à notícia de reestruturação de dívida. Na máxima do dia, os papéis atingiram alta de 23,53%, a R$ 4,41 – maior patamar desde início de abril. 

No radar, a empresa informou que celebrou memorando não vinculante com BB, Bradesco, Caixa e Itaú para formalizar entendimentos em relação a possível acordo para reestruturação das dívidas com esses bancos, segundo comunicado. O acordo visa equacionar necessidades de financiamento da PDG além de readequar vencimentos das dívidas com os bancos à perspectiva de fluxo de caixa futuro da companhia.

Memorando estabelece que atuais vencimentos dessas dívidas deverão ser prorrogados por período de 12 a 24 meses. Quanto às dívidas corporativas contraídas pela PDG junto aos bancos, memorando prevê que serão negociados documentos para alterar cronograma de pagamentos de juros e amortizações para uma única parcela a vencer em 48 meses e a criação de mecanismo de amortização antecipada obrigatória. O memorando também apresenta termos e condições de novo financiamento a ser concedido pelos bancos para custear despesas gerais e administrativas da cia. com vencimento em 3 anos e taxa de juros equivalente à nova taxa de juros prevista para as demais dívidas corporativas. Os bancos concederam standstill à companhia pelo prazo de 60 dias “durante o qual a companhia e o bancos envidarão melhores esforços para celebrar os documentos definitivos necessários para implementar o Acordo para Reestruturação de Dívidas”

A companhia entende que Acordo para Reestruturação de Dívidas, “se consumado em sua integralidade, abrangerá até 60% do total da dívida financeira bruta”, o que representa aproximadamente R$ 3,7 bilhões.

Em outro comunicado, PDG diz que acertou venda para a LDI Desenvolvimento Imobiliário sua fatia de 58,10% na REP Real Estate Partners – Desenvolvimento Imobiliário. Em contraprestação LDI entregará à PDG 26 unidades imobiliárias localizadas em São Paulo, avaliadas por aproximadamente R$ 33,9 milhões. A operação importará redução do endividamento líquido consolidado da cia. de aproximadamente R$ 237 milhões.

Totvs (TOTS3, R$ 29,19, +1,39%)
A ação da Totvs tiveram alta após divulgar seus números para o primeiro trimestre. A companhia registrou crescimento de 16,3% da receita proveniente do modelo de subscrição no primeiro trimestre, somando R$ 52,1 milhões. Esse foi o primeiro trimestre que a receita de subscrição superou a receita de licenciamento, resultado que reforça a aposta da companhia na modalidade TOTVS Intera. Nessa opção, o cliente define e gerencia quantas identidades estarão habilitadas a ter acesso a todos os softwares de gestão, produtividade e colaboração da TOTVS.

Nos três primeiros meses do ano, a receita recorrente totalizou R$ 334 milhões, valor 8,7% superior ao mesmo período de 2015. Já a receita líquida registrou uma leve queda de 1% e totalizou R$ 551,4 milhões. Enquanto isso, o Ebitda totalizou R$ 114,6 milhões, crescimento de 34,8% em um ano.

Por fim, o lucro líquido da companhia registrou R$ 49,8 milhões no trimestre, 39% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior, devido ao endividamento líquido resultante da aquisição da Bematech. 

Segundo o BTG Pactual, o resultado foi melhor do que o esperado, graças a uma boa recuperação em margens.

ABC Brasil (ABCB4, R$ 11,58, +3,49%)
As ações da ABC Brasil subiu após o resultado levemente acima do esperado, segundo análise do BTG Pactual. “Assim como no caso dos outros bancos, queda de crédito foi mais forte do que o esperado, o que afeta geração de receita. Mas o banco tem conseguido manter spreads mais elevados em crédito, enquanto a margem financeira no trimestre veio pior por conta de uma tesouraria fraca. De resto, a receita de serviços e as despesas mais do que compensaram a tesouraria pior. A PDD (Provisão de Devedores Duvidosos) segue elevada, mas qualidade do crédito não trouxe grandes sustos”, destaca o BTG.