Gol dispara até 32%, Vale afunda 7% e Ambev “ignora” pior tri em anos e fecha estável

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quarta-feira (4)

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em dia volátil, o Ibovespa conseguiu quebrar uma sequência de quatro quedas e fechar em alta nesta quarta-feira (4), puxado pelas ações dos bancos e Petrobras, enquanto a Vale fez força contrária ao cair 7% nesta sessão. 

Chamou atenção hoje também a forte alta das ações das siderúrgicas, entre elevação de recomendação e balanço da Gerdau. Fora do índice, a Gol foi o maior destaque, com alta de até 32% e forte giro financeiro (10 vezes acima da média do último mês). 

Merece menção também a disparada de 20% em 3 pregões da small cap Indústrias Romi, após conclusão de um programa de recompra de até R$ 5,18 milhões de ações (para ver a reportagem completa clique aqui).

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão: 

Gol (GOLL4, R$ 3,25, +28,46%)
Operando entre leilões o pregão inteiro, as ações da Gol subiram até 31,62% (a R$ 3,33) nesta quarta-feira. Além da valorização, chamou a atenção o volume financeiro movimentado com os papéis, que bateu R$ 57,8 milhões neste momento, quase 10 vezes acima da média diária dos últimos 21 pregões (de R$ 5,8 milhões). Os papéis da sua controlada Smiles (SMLE3, R$ 39,57, +4,74%) também subiram forte hoje. 

No radar da Gol, duas boas notícias: 1) a renegociação de vasta maioria de sua dívida, bem como obrigações decorrentes de contratos de leasing, o que envolve discussões com titulares de debêntures e acordos com a Delta Air Lines e a Boeing; 2) possibilidade de abertura total de capital estrangeiro em companhias aéreas em caso de possível governo Temer.

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Sobre a renegociação das dívidas, a Gol disse que iniciou discussões com titulares de debêntures que somam dívida de R$ 1,05 bilhão, visando a prorrogação de 90% do valor de principal com vencimento neste ano e no próximo para 2018, 2019 e 2020. Além disso, está negociando um novo crédito de R$ 300 milhões, com prazo de dois anos, e renúncia para o cumprimento de determinadas obrigações financeiras por um ano. Na véspera, a Gol também anunciou que propôs trocar até US$ 780 milhões em bônus sem garantias no mercado norte-americano, em um plano que envolve uma redução de até 70% no valor de face dos títulos.

Nesta quarta-feira, a Gol disse ainda que a sócia Delta Air Lines concordou em reduzir o excesso de garantia a ser mantido pela Gol nos termos de acordo prévio no qual a Delta concedeu garantia para empréstimo tomado pela Gol no valor de US$ 300 milhões. A Delta concordou em fazer permanentemente a redução caso as ofertas de permuta de bônus no mercado norte-americano tenham sucesso.

Com a Boeing, a Gol disse que acertou flexibilidade adicional nas futuras entregas de aeronaves. A aérea não deu detalhes, mas afirmou que o acordo vai representar “alívio significativo para a companhia em termos de fluxo de caixa”, sendo que parte do fluxo deverá ser utilizado nas ofertas de troca de bônus.

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Um contrato com Smiles estabelece que, se for bem sucedida nas renegociações, Gol irá receber pagamento antecipado de passagens aéreas de R$ 1 bilhão, incluindo R$ 376 milhões desembolsados pela Smiles em fevereiro de 2016. 

Além disso, destaque para a notícia da Folha de S. Paulo de que o possível governo de Michel Temer vai apoiar no Congresso que estrangeiras possam ter controle total sobre companhias aéreas brasileiras sem que seus países ofereçam o mesmo ao Brasil.

Apesar da onda otimista que atinge as ações hoje, o Deutsche Bank cortou a recomendação dos papéis da companhia nesta quarta-feira, de manutenção para venda. 

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Vale  (VALE3, R$ 17,40, -6,75%VALE5, R$ 13,38, -5,35%
A ação da Vale registrou novo dia de forte baixa em meio à queda do minério de ferro, superior a 5%, e com a notícia de que o MPF entrou com ação contra a companhia, a BHP e a Samarco, pedindo R$ 155 bilhões. “O número assusta e parece muito alto, mas não acreditamos que uma perda dessa magnitude ocorra – assumindo metade desse valor para a Vale, estaríamos falando de quase 80% do market cap da empresa”, destaca o BTG. A holding da Vale, a Bradespar (BRAP4, R$ 7,53, -5,76%), também registrou forte baixa. 

Siderúrgicas
Descoladas do movimento negativo das commodities no exterior, as ações de siderúrgicas deixaram abertura negativa e viraram para forte alta nesta sessão, Usiminas (USIM5, R$ 2,43, +5,65%), Gerdau (GGBR4, R$ 7,35, +3,52%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,74, +4,18%). A única que caiu no setor foi a CSN (CSNA3), que recuou 3,68%, fechando a R$ 11,77.

As ações da Gerdau subiram apesar do resultado fraco do 1° trimestre, mas em linha com o esperado pelo mercado. A Gerdau divulgou uma queda de 94,8% do lucro líquido no primeiro trimestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano anterior, passando de R$ 267 milhões para R$ 14 milhões. A receita líquida, por sua vez, caiu 3,5%, para R$ 10,085 bilhões. O Ebitda ajustado caiu 15,9%, a R$ 930 milhões.  Segundo o BTG, a primeira leitura é de um resultado em linha, com o Brasil melhorando um pouco e os EUA piorando um pouco para os números da empresa. “Mantemos recomendação de compra, na expectativa de resultados melhores a frente”, afirma o BTG. 

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Em teleconferência sobre o balanço, a companhia comentou que há oportunidade para aumentos de preços de aço no Brasil e em outros países, após a alta acentuada nos preços de commodities neste ano. O presidente-executivo da companhia, André Gerdau Johannpeter, disse ainda que a recuperação nos preços de commodities também abre maior possibilidade de exportações de aço a partir do Brasil.

Além do resultado da Gerdau, a Citi Corretora elevou para compra as ações da Usiminas, ante venda, aumentando o preço-alvo para R$ 4,10. Apesar dos resultados fracos no 1° trimestre, os analistas acreditam que os dois eventos vão melhorar profundamente o financeiro da empresa. Primeiro, a recente alta dos preços do aço, que irá aumentar os lucros da empresa; e segundo, a renegociação da dívida e o aumento de capital, que irá proporcionar por um período de 2 a 3 anos de mudanças operacionais. 

Ambev (ABEV3, R$ 19,60, +0,05%)
Apesar dos dados fracos, a Ambev “apagou” queda nesta sessão. Na mínima do dia, os papéis chegaram a cair 2,55% (a R$ 19,09). A gigante de bebidas teve lucro líquido de R$ 2,89 bilhões de janeiro a março, queda de 2,3% sobre o mesmo período do ano anterior, diante de maior despesa financeira e com o desempenho negativo no Brasil pesando apesar de resultados sólidos no exterior. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em R$ 5,26 bilhões, avanço anual de 3,8 por cento, informou a empresa nesta quarta-feira.

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Conforme destaca o BTG Pactual, a companhia reportou resultado fraco, com destaque para a performance ruim de cerveja no Brasil. “A companhia reiterou guidance ao Brasil, sugerindo que o fraco primeiro trimestre já era esperado. Também sinalizaram que mês de abril foi bom, apontando recuperação de volumes. Ainda assim, seguimos cautelosos com o papel, com pressão de top line e de custos atrapalhando números para frente. O cenário macro ruim não ajuda e vemos riscos de downside para os nossos números e, principalmente para o consenso. A recomendação neutra segue mantida”, afirma o banco. O Credit Suisse destaca que o resultado foi ainda pior do que o antecipado, com a principal fonte de fraqueza sendo proveniente do Brasil. 

Em teleconferência, a Ambev disse que está preparada para apresentar melhores resultados ao longo do ano e cumprir suas projeções para 2016, depois de um primeiro trimestre com recuo no volume de vendas. A companhia reiterou que a estratégia de preços da companhia se mantém em linha com a inflação, além de repassar qualquer aumento de impostos. 

Petrobras (PETR3, R$ 12,96, +1,09%PETR4, R$ 9,92, +1,43%)
Em uma dia cheio de notícias para a Petrobras, as ações da companhia amenizaram os ganhos de até 4% nesta sessão, com a virada para queda dos preços do petróleo no mercado internacional. O brent caía 0,53%, a US$ 44,73 o barril, após dados acima do esperado dos estoques de petróleo nos Estados Unidos. Segundo dados da EIA, os estoques americanos subiram 2,8 milhões de barris na semana passada, contra expectativa do mercado de alta de 1,7 milhões de barris. 

No noticiário da companhia, está ainda o anúncio da venda de ativos de petróleo e distribuição de combustíveis na Argentina e no Chile pelo valor total de aproximadamente US$ 1,4 bilhão, dando prosseguimento ao seu programa de desinvestimentos. A estatal brasileira concluiu a venda de sua participação total na Petrobras Argentina, de 67,2%, para a Pampa Energía por US$ 892 milhões. A negociação entre as duas companhias já havia sido anunciada anteriormente. A Petrobras Argentina está entre os quatro maiores produtores de petróleo e gás do país vizinho e tem amplas operações de distribuição.

Por fim, em entrevista ao jornal O Globo, o vice-presidente Michel Temer afirmou que, se assumir a presidência, substituirá Aldemir Bendine no comando da estatal. “O novo presidente da Petrobras será um executivo provado no mercado, reconhecido por todos. Não será indicado por partidos. Já tenho dois nomes na cabeça. Mas não serão anunciados junto com o ministério. Não é preciso rupturas. Dentro de um mês, ou um pouco mais, o nome vai se tornar público. Com o Banco do Brasil, é a mesma coisa. Não haverá indicações de partidos, e o escolhido será anunciado dentro de um mês. Quanto ao Banco Central, o (Henrique) Meirelles escolherá o sucessor do (Alexandre) Tombini. Mas, da mesma forma, sem ser no primeiro momento”, afirmou o vice. 

Bancos
Após queda na véspera, com a divulgação do resultado do Itaú Unibanco do primeiro trimestre, as ações de bancos tiveram forte alta hoje, com Itaú (ITUB4, R$ 30,85, +2,46%), Bradesco (BBDC4, R$ 25,90, +4,27%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 20,88, +2,15%). 

Em relatório o Credit Suisse destacou que tanto Bradesco quanto Itaú reportaram resultados fracos, com alta das provisões como a principal característica em comum. “Para os analistas, o resultado foi claramente um alerta para as estimativas muito otimistas do mercado, podendo trazer revisão para baixo nos lucros”, afirma o Credit, que ressalta preferência pelo Bradesco frente ao Itaú.

“Algumas tendências divergentes chamaram a nossa atenção: o Bradesco teve uma performance bastante superior no core com melhor qualidade de resultado; o Bradesco cresceu mais em NII, receita de fees e resultado de seguro, acima do guidance já otimista do banco e das nossas estimativas”, destacam os analistas do Credit. 

Oi (OIBR4, R$ 1,03, +0,98%)
A Oi negocia com alguns credores converter parte de sua dívida de US$ 17 bilhões em ações, disseram as duas pessoas com conhecimento direto do assunto à Bloomberg. A ideia tem sido aventada porque a operadora de telefonia não vê outra forma de sobreviver com seu atual nível de endividamento, disseram as pessoas, falando sob anonimato porque as discussões são privadas. 

Segundo as fontes, os credores representados pela Moelis & Co. avaliam se devem aceitar a proposta, que pode representar ganhos no futuro se a Oi for bem sucedida em vender parte dos seus ativos para concorrentes.