10 razões para ficar “bullish” com o Brasil (e com a Bovespa), de acordo com o Citi

Banco reitera a sua expectativa positiva para o Brasil e para o Ibovespa, prevendo que o índice encerrará o ano a 60 mil pontos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Com a data da votação da admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Senado se aproximando, o vice-presidente Michel Temer se prepara para a formação do ministério, o que é visto com bons olhos pelo mercado. 

Contudo, com o impeachment no radar, o mercado ainda fica na dúvida sobre se a mudança política já foi precificada ou se ainda há mais espaço para a Bolsa subir. Em relatório, o Citigroup destacou 10 motivos para acreditar que o rali irá continuar; o banco reitera a sua expectativa positiva para o índice, prevendo o Ibovespa a 60 mil pontos no final do ano, uma alta de 14,81% em relação ao fechamento da última terça-feira (3).

Veja os dez motivos para o rali da Bovespa continuar:

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1) Chance de que a mudança de governo não aconteça é próxima a zero. 
Depois da votação do impeachment na Câmara dos Deputados em 17 de abril, em que 73% apoiaram o impeachment da presidente Dilma, as discussões se voltaram para o Senado: se haveria dois terços dos votos para a saída definitiva da presidente, se o PT apelaria para a Suprema Corte, além da alternativa de eleições gerais. “Porém, a cada dia, a percepção de que a posição da Câmara dos Deputados será irreversível está crescendo”, afirma. Hoje é difícil, entre pró e contra impeachment, a avaliação de que a presidente não será afastada. Além disso, uma vez que a presidente se afaste, o cenário apontado é de que ela não volte à presidência. “Os 50% + 1 votos necessários no Senado para que Dilma seja afastada parecem quase certos, com 51 dos 81 senadores dizendo que eles vão votar sim, e apenas 21 do outro lado. Isso também significa apenas mais três votos necessários para que o impeachment se consume, com o voto de dois terços (54 senadores)”, afirma o Citi.  

2) Os próprios ministros de Dilma já estão se preparando para sair
Nos últimos dias, Dilma tem feito anúncios e compromissos típicos de um governo que está de saída, ressalta o Citi, levando em conta ainda o plano dela de formar um “gabinete de oposição” paralelo. O banco ressalta ainda que, nacionalmente, um quinto de todos os prefeitos do PT saíram do partido, em um movimento para elevar as chances de reeleição em outubro.

3) Michel Temer diz que não irá concorrer à reeleição em 2018
O vice-presidente tem se comprometido a não concorrer à presidência em 2018, o que abre portas para uma nova onda de apoio de partidos preocupados com a próxima eleição presidencial. O Citi destaca que o novo governo se gaba de uma possível base de apoio de 78% da Câmara. Porém, mesmo com essa estimativa exagerada, o Citi cita a matéria do jornal Folha de S. Paulo de que o “governo Temer deve ter a menor oposição no Congresso desde 1992”. 

4) PSDB vai se juntar ao novo governo
O principal partido de oposição ao PT deve oferecer apoio no Congresso Nacional. Na
 terça, o PSDB divulgou propostas que o partido considera fundamentais para um eventual governo Temer. Entre os pontos, estão o apoio à continuidade da Operação Lava Jato, combate à corrupção, reforma política, simplificação do sistema tributário, controle da inflação com preservação do poder de compra do salário mínimo e manutenção e “qualificação” de programas sociais. Enquanto isso, tucanos são cogitados para a Relações Exteriores, Cidades e até mesmo Justiça. Segundo o Citi, a adesão “aumenta a chance de que o partido dará suporte para passar logo reformas econômicas difíceis ao invés de esperar para ver o quão impopulares elas são”. 

5) Henrique Meirelles: praticamente confirmado no Ministério da Fazenda
O vice-presidente já admitiu publicamente a sua preferência por Henrique Meirelles na Fazenda e tem se encontrado regularmente com ele. Ex-chairman do Bank Boston e presidente do Banco Central durante os 8 anos do governo Lula, Meirelles oferece uma combinação incomum, diz o Citi: “habilidades do setor privado de negócios global, experiência de políticas financeiras, apoio dos mercados, jogo de cintura político, contatos e experiência legislativa e executiva”.

Isso tudo pode ser positivo para passar reformas fiscais, mesmo aquelas que requerem três quintos da Câmara e do Senado por se tratarem de mudanças constitucionais. Além disso, Meirelles aceitou o cargo com a condição de controlar outras áreas-chave, como é o caso do Banco Central. Entre os nomes cogitados para a autoridade monetária, estão Ilan Goldfajn, Carlos Kawall, Afonso Bevilacqua e Mário Mesquita.

6) Antes tabus políticos, reformas estruturais estão sendo vistas como as primeiras iniciativas esperadas pelo governo
Entre as medidas, está o aumento gradual da idade mínima de aposentadoria para 65 anos, mudança nas leis trabalhistas, redução da vinculação do Orçamento e abertura do mercado brasileiro ao comércio.

7) Privatização da infra-estrutura está emergindo como um vetor de crescimento em potencial
O Brasil tem uma longa lista de projetos que podem, em teoria, atrair o investimento privado, estabelenco mecanismos de leilões de concessão para rodovias, aeroportos, elétricas, etc. “Mesmo sob o governo Dilma, alguns projetos neste sentido avançaram”, reforça o Citi. “Mas o grupo de transição de Temer está apostando que a credibilidade de um novo governo, regras claras, uma ampla oferta de concessões e a queda das taxas de juros podem desbloquear um novo fluxo de investimento privado. O vice está planejando um conselho de privatização que se reporte diretamente a ele, sob o comando de Wellington Moreira Franco”, afirma o Citi. 

8) Os preços das commodities estão subindo
Há sinais positivos neste campo, ressalta o Citi. A queda das commodities havia sido um dos motivos para a derrubada do crescimento dos países emergentes, mas há alguns sinais de reversão.

9) Taxas de juros de longo prazo domésticas tiveram queda de 420 pontos-base nos últimos três meses
E, não por acaso, a estimativa média do mercado para a inflação, tanto de 2016 quanto de 2017, registrou forte queda no ano, conforme aponta o Boletim Focus, que reúne projeções de economistas.

10) A balanço de pagamentos continua se fortalecendo
O dólar mais alto (apesar da valorização recente do real) tem levado a um ajuste na balança de pagamentos brasileira. O Citi espera agora um superávit comercial de US$ 54 bilhões em 2016, ante um déficit de US$ 7 bilhões em 2014. Por outro lado, em meio à valorização recente do real, o Banco Central tem aproveitado para ir ao mercado desmontando a sua posição oferecendo ao mercado leilões de swap reverso, que equivale à compra de dólares no mercado futuro. Segundo o Citi, este movimento aumenta a confiança com o aumento da posição de dólar para qualquer necessidade futura.  

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.