Exclusivo: novata da Bolsa vê melhora no mercado com Temer na presidência

Mais recente empresa a ser listada na Bovespa, BRQ quer ser conhecida pelos investidores antes de lançar ações no mercado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – No Brasil, o mercado de ações não tem tido um cenário muito bom, principalmente quando o assunto é a entrada e saída de empresas da Bolsa. Enquanto uma série de companhias deixaram – ou estão planejando deixar – o mercado, a quantidade de IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês) foi muito baixa, em um reflexo direto do momento econômico do País.

Mas recentemente a BRQ, companhia de tecnologia da informação com 23 anos de mercado, mostrou que as coisas podem mudar em um futuro próximo. No último dia 5 de abril, a empresa comemorou sua listagem no segmento Bovespa Mais e já confirmou os planos para lançar ações da Bolsa. Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, Benjamin Quadros, CEO da companhia, afirma ver uma grande oportunidade neste momento para as empresas brasileiras irem captar recursos no mercado de capital.

Na Bovespa o setor de tecnologia praticamente não existe – apenas a Totvs tem um destaque -, mas Benjamin explica que empresas específicas de TI com tecnologia exclusivamente nacional não há nenhuma na Bolsa. Segundo ele, a grande dificuldade do setor não é a política e nem mesmo a crise econômica, mas sim a informalidade do setor de tecnologia.

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“Existem três grandes drivers para o setor: a transformação digital, com o serviços de cloud e o big data, por exemplo; o câmbio, que tornou o momento ótimo para exportação de tecnologia; e a expectativa de mudança de governo. O Temer será muito bom e trará uma melhora no ambiente de negócios”, explica Benjamin destacando o efeito das políticas do governo sobre o fator informalidade.

Otimismo com Temer
A entrada do atual vice-presidente Michel Temer na presidência poderia ser um fator bastante positivo para o setor tecnológico. “Vemos Temer com políticas públicas muito boas para o mercado. Há uma agenda positiva muito boa para sair”, afirma Benjamin. Ele lembra da questão da desoneração do setor em 2011 e das mudanças feitas pelo ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que prejudicaram bastante companhias como a BRQ.

Em 2011, o governo alterou o pagamento de impostos do setor, que até então era feito por 20% sobre a folha de pagamento. Naquele ano, as empresas passaram a pagar 2% do seu faturamento, em uma medida que, segundo Benjamin, foi muito positiva, porque além de reduzir o INSS, acabou diminuindo a informalidade, já que algumas empresas passaram a pagar um imposto que não tinha antes.

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Porém, no ano passado, Levy alterou as regras novamente, elevando o imposto para 4,5% do faturamento, mas deixando a possibilidade das companhais escolherem entre esta modalidade ou o pagamento de 20% sobe a folha, como era no início. “Isso foi muito ruim porque acabou incentivando a informalidade novamente”, explica o CEO da BRQ. “Levy podia ter passado para 3%, 3,5% ou até 4% mas não deixar a opção sobre os 20%”, completa o executivo.

Se tornando conhecida
A ideia de entrar no mercado agora é dar a chance para que os investidores conheçam melhor a BRQ. Benjamin explica que a companhia só pretende lançar ações na Bolsa daqui cerca de 3 anos com o objetivo de não ser uma surpresa para o mercado quando a empresa disponibilizar ações no mercado. “O Brasil está em crise, mas este é um bom momento para que o mercado conheça a gente, para quando a hora certa surgir, a gente não seja uma novidade”, explica.

Em 2015, a BRQ teve de receita R$ 426 milhões, mas segundo o diretor da empresa, este é apenas o começo de um cenário que tende a melhorar. A companhia não divulga projeções, mas espera crescimento nos próximos anos com grande chance de ganho de market share. “O setor de tecnologia ainda tem muito para crescer no Brasil”, conclui.

Conheça a BRQ
A BRQ foi fundada em 1993 e é considerada uma das maiores empresas de serviços de TI do país. Conta com 3.500 profissionais distribuídos nas filiais de São Paulo, Alphaville, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, Salvador, Brasília, Natal, Nova Iorque e Santiago do Chile. A empresa é reconhecida pelo IDC como a maior empresa brasileira em serviços de aplicações de TI e pelo Gartner como uma das principais empresas de serviços de tecnologia do Brasil.

Após iniciar seus negócios em São Paulo, entre 1996 a 2005 a BRQ abriu novas filiais em Curitiba e Rio de Janeiro. Nos anos 2000, a companhia expandiu seus negócios e atingiu pela primeira vez um faturamento de R$ 100 milhões. Em 2006, a empresa passou a ter como objetivo ser uma companhia de classe mundial.

Dois anos mais tarde, o BNDES torno-se sócio da empresa, que abriu filiais em Salvador, Recife, Brasília, Natal, Nova York. Em 2012, a BRQ expandiu sua oferta de serviços dentro da área de TI para consultoria e terceirização de processos de negócios, baseada em seus principais atributos, qualidade de entrega e relacionamentos sólidos. Em abril de 2016 a companhia passou a ser listada no Bovespa Mais, se preparando para um futuro IPO.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.