Ibovespa acelera perdas e cai perto de 1% puxado por bancos; dólar desaba mesmo com swaps

SÃO PAULO – O Ibovespa acelera as perdas nesta sexta-feira (29), em uma sessão de extrema volatilidade. Até então, o índice havia oscilado entre perdas e ganhos desde a abertura. O cabo de guerra da sessão fica entre a queda de bancos e a alta forte da Vale. Enquanto isso, a direção única lá fora é de queda com cautela antes do fim de semana e ainda mostrando mau humor pela decisão frustrante do BoJ (Bank of Japan) ontem.

Por aqui, os investidores se preparam para um feriado de Dia do Trabalhador conturbado no domingo (1) diante de manifestações. Também fazem preço as notícias de que o senador José Serra (PSDB-SP) deve ir para o Itamaraty em um eventual governo do vice-presidente, Michel Temer. 

Às 14h35 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira tinha queda 0,91%, a 53.818 pontos, na mínima do dia. Já o dólar comercial registra perdas de 1,28% a R$ 3,4527 na venda, ao mesmo tempo em que o dólar futuro para maio cai 1,15% a R$ 3,451. O Banco Central já realizou 4 leilões de swap reverso. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 tem alta de 3 pontos-base a 13,65%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 recua 17 pontos-base a 12,51%. 

Trazendo um impacto positivo no mercado brasileiro hoje estão as commodities. O minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, fechou em alta de 5,31%, a US$ 66,24 a tonelada seca. Enquanto isso, o barril do petróleo WTI (West Texas Intermediate) sobe 1,39% a US$ 46,67, enquanto o barril do Brent avança 0,92% a US$ 48,21. 

No radar, múltiplos das ações brasileiras, medido por preços em relação às receitas estimadas, estão no prêmio mais elevado entre os pares de mercados emergentes desde 2013, após rali de 25% do Ibovespa este ano com otimismo sobre impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Resultado consolidado 
Saiu às 10h30 o resultado primário consolidado das contas públicas de março, que mostrou uma piora na situação fiscal. O déficit primário do mês foi de R$ 10,644 bilhões contra R$ 9,5 bilhões esperados pela expectativa mediana dos economistas consultados pela Bloomberg. No acumulado de 12 meses, o déficit chegou a 2,28% do PIB. A dívida bruta sobre o PIB, contudo, caiu de 67,6% em fevereiro para 67,3% em março. O déficit nominal foi de R$ 9,995 bilhões, ante R$ 11,7 bilhões esperados. 

Nova carteira do Ibovespa
Também foi divulgada nesta sexta a versão definitiva da carteira do Ibovespa que passa a valer a partir de agosto. Seguem fora do índice as ações da varejista de vestuário Hering (HGTX3) e da operadora de telefonia Oi (OIBR4). 

Cotado para o BC, Kawall antecipa corte da Selic
O economista-chefe do Banco Safra e ex-secretário do Tesouro no governo Lula, Carlos Kawall, estima agora que o ciclo de redução da Selic começará com corte de 0,25 pp na reunião de julho, em vez da previsão anterior, de outubro, segundo relatório. Safra prevê que Selic poderá chegar ao final do ano abaixo de 13,25%, taxa que corresponde à estimativa atual e que está sob revisão. 

Ações em destaque
Por outro lado, bancos grandes caem e pressionam a Bolsa. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 32,50, -2,61%) e Bradesco (BBDC3, R$ 27,81, -2,66%; BBDC4, R$ 25,61, -2,33%) recuam, ao mesmo tempo em que o Banco do Brasil (BBAS3, R$ 21,81, +0,28%) sobe. Juntas, as quatro ações respondem por pouco mais de 20% da participação na carteira teórica do nosso benchmark.

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

As ações da Petrobras (PETR3, R$ 13,24, -2,43%; PETR4, R$ 10,14, -0,88%) operam entre perdas e ganhos. Assembleia de acionistas da Petrobras aprovou na quinta-feira Luiz Nelson Guedes de Carvalho, economista e contador, para seguir na presidência do Conselho de Administração da estatal, conforme indicação do controlador, o governo federal.

Acionistas também aprovaram outros nomes indicados pelo governo, como Aldemir Bendine, presidente-executivo da Petrobras, numa assembleia que manteve a maioria dos conselheiros, segundo ata divulgada na noite de quinta-feira. O prazo de gestão dos novos membros do conselho é de dois anos. A assembleia aprovou ainda uma reforma de estatuto social da empresa, com um novo modelo de governança.

Além disso, segundo o Estadão, a Liquigás, distribuidora e comercializadora de botijão de gás da Petrobras, começa a receber na semana que vem propostas para a venda de seu controle. Vice-líder nesse segmento, a companhia é cobiçada pelos seus principais concorrentes. A Ultragaz, do grupo Ultra; a Supergasbrás, do grupo holandês SHV, terceiro do setor; além da Copagaz, do empresário Ueze Zahan, estão entre os principais interessados no negócio, avaliado entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão, segundo o jornal.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

A Vale (VALE3, R$ 20,23, +2,22%; VALE5, R$ 15,97, +2,70%) tem dia de alta seguindo a disparada do minério de ferro spot (à vista), negociado no porto de Qingdao com 62% de pureza, que fechou em alta de 5,31%, a US$ 66,24 a tonelada seca. A cotação do minério é um importante balizador para o desempenho das ações da Vale, já que é o seu principal produto. 

Também sobem as siderúrgicas CSN (CSNA3, R$ 13,35, +3,01%) e Usiminas (USIM5, R$ 2,48, +0,81%). A assembleia de acionistas da Usiminas ampliou de 10 para 11 lugares o Conselho de Administração da companhia, que terá como presidente Elias Brito, candidato indicado pela Ternium. O novo conselho da Usiminas passa a incluir dois conselheiros indicados pela rival CSN. A outra vaga de acionistas minoritários ficou com representante indicado pelo BTG Pactual, com apoio da massa falida do Banco Econômico, disseram as fontes, que pediram anonimato.

Equipe Temer
Após os rumores de que Henrique Meirelles já estaria certo como ministro da Fazenda em um eventual governo de Michel Temer, o jornal O Estado de S. Paulo afirma nesta sexta que o atual vice-presidente já decidiu como será formado seu quarteto para a economia. O senador José Serra deve ficar em um Ministério das Relações Exteriores fortalecido, com o comando do comércio exterior.

Segundo a publicação, Serra integrará um “núcleo duro” da economia, do qual também devem fazer parte, além de Meirelles, Romero Jucá no Planejamento, e Moreira Franco, em uma supersecretaria ligada à Presidência que coordenará concessões, parcerias público-privadas (PPP) e privatizações.

Moreira Franco, que não terá status de ministro, terá a missão de trazer para o Brasil os recursos que estão circulando no mundo à cata de bons negócios. O jornal afirma que este será um programa inspirado no Plano de Metas de Juscelino Kubitschek (1956-1961), que estabelecia objetivos para investimentos em infraestrutura e a industrialização.

Defesa do governo no Senado
Depois da exposição ontem da denúncia do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelos juristas Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, hoje será feita às 9h a defesa da presidente na Comissão de Impeachment do Senado. As exposições serão feitas pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, pela ministra da Agricultura, Kátia Abreu e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. 

Pnad Contínua
Saiu hoje a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio). A taxa de desocupação no trimestre móvel encerrado em março de 2016 foi estimada em 10,9%, 1,9 ponto percentual acima da taxa do trimestre encerrado em dezembro de 2015 (9,0%) e 3,0 pontos percentuais a mais que no mesmo trimestre de 2015 (7,9%). O número veio acima da expectativa mediana dos economistas, que era de avanço para 10,7% de desemprego. 

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