Morgan: com ou sem impeachment, Bolsa pode chegar a 65 mil pontos com “choque político”

Banco americano vê Bolsa em 65 mil pontos se houver governo de união nacional: upside é de 25%

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A político brasileira enfrenta uma escolha crítica no final de semana, com a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados no próximo domingo (17). Com base nisso, o banco Morgan Stanley destacou como o ambiente político se refletirá na Bovespa, além dos impactos na economia do Brasil em dezoito meses.

Para a Bolsa, foram traçados três cenários: 1) o mais positivo, com o choque político que leve a consolidação fiscal de curto prazo e uma agenda fiscal de médio prazo, levando o Ibovespa a 65 mil pontos (upside de 25% em relação ao fechamento da véspera); 2) um cenário misto, sem rumo, com mistura de políticas heterodoxas com ortodoxas, com o índice chegando a 48,5 mil pontos e 3) um choque negativo liderado por uma tentativa de decisores de política em impulsionar crescimento com política fiscal e monetária mais frouxas, com o índice chegando a 41 mil pontos. 

Confira os três cenários:

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1) Choque político: no cenário positivo, com o impeachment finalizado e independentemente do resultado, haveria espaço para um governo de união nacional para a estabilização da economia, destaca o Morgan. A mais importante das medidas seria a habilidade em convencer o Congresso em aprovar as mudanças necessárias para reverter o cenário de deterioração fiscal. 

Haveria um programa de consolidação fiscal dupla com mais cortes de gastos, alguns aumentos de impostos temporários e reformas estruturais de longo prazo. “Nós acreditamos que o choque positivo de confiança iria primeiro estabilizar o crescimento e, em seguida, impulsionar o crescimento no final de 2017. No início, a política fiscal mais restritiva iria gerar entraves para impulsionar a economia, mas os efeitos seriam compensados pelo impacto da maior confiança”. 

Além disso, afirmam, quanto o crescimento se reforçar, a receita do governo crescewrá após dois anos de contração, o que pode levar a um desempenho fiscal virtuoso. 

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Porém, este cenário é de difícil concretização, já que, mesmo neste ambiente, a dívida continuará crescendo, mesmo que em um ritmo mais lento do que nas outras duas hipóteses. Alcançar o superávit primário é necessário para estabilizar a trajetória da dívida. 

Com relação à curva de juros locais, neste cenário, há a continuidade do rali com ponta curta do DI precificando alívio monetário mais profundo do que o de cerca de 100 pontos-base atual. 

2) Choque negativo: neste cenário, a gestão governamental retornaria para o mix de políticas realizadas entre 2010 e 2014, quanto focou em um forte crescimento do crédito e aumento dos gastos. “Enquanto nós acreditamos que esta é uma estratégia errada a ser feita, alguns economistas associados às políticas dos últimos anos avaliam que esse portfólio é a solução ideal para impulsionar o crescimento e, com isso, melhorar os resultados fiscais através de receitas mais fortes”, destaca a equipe de análise do banco.

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Outra medida que pode ser negativa é de reduzir a Selic agressivamente e antes do que o mercado espera, mesmo em um cenário de inflação resiliente. A combinação de gasto mais alto, crescimento do crédito e política monetária mais acomodatícia pode minar a confiança ainda mais. 

No mercado de juros futuros, as taxas na ponta curta devem ir para baixo com potencial cortes mais cedo e mais agressivos de juros, com ponta longa ampliando inclinação com o prêmio de risco adicionado; juro de 10 anos poderia voltar a 17% até final do ano.

3) Cenário “sem rumo”: nem tanto o céu, nem tanto a terra. Este é o terceiro cenário, com a política fiscal e monetária ficando mais ou menos a mesma, sem a realização de reformas fiscais no longo prazo, o que não levaria a uma melhora na confiança. 

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Por outro lado, a inflação continuaria cedendo dada a recessão econômica profunda. O Morgan ainda destaca que este cenário só é sustentável em caso de investimento estrangeiro no País. 

Neste cenário, os juros devem voltar para patamares de janeiro de 2016, desmontando uma significativa parte, talvez todo, o recente rali do risco.

Quem ganha e quem perde com os cenários desenhados?

O Morgan destacou ainda quais ações ganham em cada cenário. Segue abaixo:

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Companhias que ganham com cenário positivo: Ambev, BR Malls. Bradesco, B2W, Copel, Cosan, CPFK Energia, Ecorodovias, Estacio, Fleury, Gerdau, Itau Unibanco, Linx, M. Dias Branco, Odontoprev, Petrobras, Telefonica Brasil e Via Varejo.

Companhias que ganham com cenário negativo: AES Tiete, Braskem, BRF, Cielo, Embraer, Fibria, Hypermarcas, JBS, Kroton, Linx Miinerva, Multiplus. Natura, Raia Drogasil, Rumo, SLC, Suzano, Telefonica, Tractebel e Ultrapar.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.