JBS e Marfrig caem 6% com CPI do BNDES, holding da Vale afunda 7% e BR Pharma dispara até 50%

Confira os destaques de ações da Bovespa desta terça-feira (23)

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa seguiu o humor dos mercados internacionais nesta terça-feira (23) e recuou, após ter fechado ontem no maior patamar registrado este ano (43.234 pontos). O tom de cautela lá fora esfriou os ânimos da última segunda-feira, quando o mercado foi impulsionado pela disparada das commodities e desdobramentos da Operação Lava Jato, reascendendo a possibilidade de impeachment de Dilma Rousseff. 

Papéis da Vale e Petrobras, que subiram forte ontem, apareceram hoje na ponta negativa do índice. A queda dos preços do petróleo nesta sessão puxaram os papéis da Petrobras, enquanto a Vale foi pressionada por um pessimismo em relação ao recente rali do minério de ferro. JBS e Marfrig também marcaram fortes perdas nesta sessão por cautela de investidores, principalmente estrangeiros, por conta da CPI do BNDES. 

Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, a estrategista global do J.P.Morgan Asset Management, Gabriela Santos, disse que não há motivo para se animar com a alta recente da Bovespa (+15% de 26 de janeiro até a véspera), tendo em vista que a economia brasileira está se deterioração, o rali das commodities é passageiro e o Federal Reserve deve voltar a elevar os juros nos Estados Unidos em junho deste ano (contrariando o consenso do mercado, que trabalha com a hipótese de um novo aumento somente em 2017). Para ela, “o Brasil não está tão barato assim”. Isto é, o fundo do poço, embora mais próximo, ainda não chegou (confira a entrevista na íntegra clicando aqui). 

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Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira (23):

Vale (VALE3, R$ 12,38, -5,78%; VALE5, R$ 9,00, -4,26%)
As ações da Vale tiveram manhã volátil, seguindo o sentimento do mercado, mas firmaram queda nesta tarde. A alta de até 3% nesta manhã veio acompanhada por um recuo de até 6% na mínima do dia, com o mercado receoso sobre a sustentação do rali das commodities. Acompanharam o movimento os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 4,23, -7,44%), holding que detém participação na Vale. Ontem, o minério de ferro subiu 6% na China, mas hoje já perdeu força, subindo apenas 0,16% no porto de Qingdao, na China. 

Em relatório, o BTG Pactual destaca que o movimento do minério – alta de 34% desde dezembro – é de curto prazo. “Acreditamos que estruturalmente o fundamento do minério de ferro continua fraco”, avaliam os analistas do banco, ressaltando nova oferta em alta e demanda contraindo. Diante dessa visão, os analistas acreditam que o rali das ações da Vale e CSN (CSNA3, R$ 5,13, +0,20%) tem prazo curto de validade. A CSN subiu mais de 50% desde 21 de janeiro, como a siderúrgica brasileira mais exposta ao minério de ferro. As demais ações do setor siderúrgico Usiminas (USIM5, R$ 0,93, +2,20%) e Gerdau (GGBR4, R$ 4,11, -0,48%) operam entre ganhos e perdas hoje.

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Na mesma linha do BTG, a Citi Corretora acredita que o rali do minério não é sustentável e os preços devem voltar a cair até o final do ano. Commodity atingiu os US$ 50,00 a tonelada pela primeira vez desde outubro, mas deve retomar os US$ 35,00 no quarto trimestre, segundo analistas. O quadro insustentável da commodity, com isso, não muda o viés para as ações da Vale e o Citi segue vendedor nesses papéis. 

Nesta tarde, a Polícia Civil de Minas Gerais pediu a prisão de seis funcionários da Samarco – joint venture entre Vale e BHP Billiton -, incluindo seu presidente licenciado Ricardo Vescovi, e um da VogBR, após concluir o primeiro inquérito que apura o rompimento da barragem em Fundão, em Mariana. 

Além disso, no radar do setor, as vendas de aço plano por distribuidores do Brasil recuaram 22,4% em janeiro ante mesmo mês de 2015, para 241,5 mil toneladas, segundo dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) compilados pelo Credit Suisse. Na comparação com dezembro, porém, houve alta de 27,6%. Para fevereiro, a expectativa do Inda é de vendas estáveis frente a janeiro, o que, conforme o relatório do banco distribuído a clientes, ainda significaria níveis 20% menores do que fevereiro de 2015.

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Já no noticiário da Vale, a mineradora informou nesta manhã que foi citada na ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público em Espírito Santo contra a Samarco, que pede bloqueio de bens das réus e atribui à causa o valor de R$ 2 bilhões. A BHP Billiton, acionista da Samarco, também foi mencionada. Em comunicado, a Vale disse que tomará todas as medidas para assegurar seu direito de defesa.  

JBS e Marfrig
As ações da JBS (JBSS3, R$ 11,15, -5,91%) e Marfrig (MRFG3, R$ 6,11, -5,71%) desabaram nesta terça-feira por cautela de investidores, especialmente estrangeiros, por conta de expectativa em relação à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que hoje deve ter a leitura do relatório final e sua discussão pelos parlamentares.  

Petrobras (PETR3, R$ 7,08, -4,45%PETR4, R$ 4,92, -2,38%)
As ações da Petrobras tiveram manhã turbulenta após disparada na véspera, que levou os papéis preferenciais a fechar acima do patamar dos R$ 5,00 pela vez desde 15 de janeiro. Após abertura negativa hoje, os papéis viraram para alta de até 4%, mas logo perderam força novamente, acompanhando a correção dos preços do petróleo. Lá fora, o petróleo Brent afundou 3,69%, a US$ 33,41, após subir 5% na véspera. 

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No radar da companhia, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, disse que o momento não é adequado para votar o projeto de lei que retira a participação obrigatória da estatal na exploração dos campos do pré-sal e que pedirá para retirar urgência do projeto. Se pedido – assinado por 49 senadores – for aprovado, o projeto volta para comissões no Senado. Ontem, a bancada do PT no Senado se reuniu com o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para se preparar para a votação, que estava marcada para hoje. Os petistas são contrários à proposta do senador José Serra (PSDB-SP) e preparam a argumentação para tentar derrubar a matéria no plenário.

Além disso, a Petrobras deverá receber o primeiro carregamento de gás de xisto a ser embarcado nos EUA, segundo uma pessoa familiarizada com o acordo disse à Bloomberg. O embarque de gás natural liquefeito (GNL) teria sido fechado na segunda-feira, segundo a fonte. O Cheniere foi o primeiro terminal a conseguir licença de exportação para o combustível, depois do boom de shale gas que levou os EUA de importador de gás a, agora, exportador.

Por fim, segundo informações do Valor Econômico, a Petrobras  planeja desativar sondas de perfuração terrestres em pelo menos seis Estados. O desligamento dos equipamentos, que fazem parte da atividade de exploração no Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará, está previsto no corte de US$ 32 bilhões no plano de negócios 2015-2019 da estatal – que está agora em US$ 98,4 bilhões.

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Papel e Celulose
As ações do setor de papel e celulose Fibria (FIBR3, R$ 42,00, +2,64%) e Suzano (SUZB5, R$ 15,65, +2,15%) lideraram os ganhos do Ibovespa nesta sessão de correção do mercado brasileiro. No radar das companhias, um leve alta do dólar frente ao real nesta sessão (+0,3%) e um relatório do BTG Pactual contribuíram para o sentimento positivo. 

O banco traz uma visão otimista para o setor, citando que a demanda chinesa por celulose segue acima das expectativas. O banco manteve a ação da Suzano como sua top pick, em meio à expectativa de que a empresa irá conseguir se desalavancar ainda mais, disciplina de capital, diluição de custos para o segundo semestre e valuation relativamente barato. Os papéis da Fibria seguem com recomendação de compra. 

BTG Pactual e Brasil Pharma
As ações small caps da Brasil Pharma (BPHA3, R$ 6,79, +46,02%) seguiram em disparada nesta terça-feira. Na máxima do dia, os papéis chegaram a subir 52,04%, a R$ 7,07, indo para o maior patamar desde meados de dezembro do ano passado. O volume financeiro movimentado nesse pregão também impressionou, atingindo R$ 2,8 milhões, contra média diária de R$ 234,45 mil dos últimos 21 pregões. 

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Ontem, os papéis passaram a subir forte na Bovespa por volta das 15h40 (horário de Brasília), em meio a rumor de que o BTG Pactual poderia fechar o capital. O banco é o maior acionista da Brasil Pharma. Nesses dois pregões, a alta já é de 39%. Apesar da arrancada, o movimento é irrelevante perto da derrocada das ações desde que bateram seu topo no início de 2013. De lá para cá, os papéis acumulam queda de 99,2%. Em 15 de janeiro, as ações fecharam no seu menor patamar histórico, sendo cotadas a R$ 3,23. 

O movimento, no entanto, não foi acompanhado pelas units do BTG Pactual (BBTG11, R$ 18,00, -0,50%), que embora salto na véspera em meio à notícia, recuaram nesta sessão. Ontem, os papéis do banco encerraram a sessão em alta de 12,4%, mas atingiram na máxima do dia ganhos de 17%.

Segundo duas pessoas com conhecimento no assunto disseram à Bloomberg, o Grupo BTG Pactual está considerando um plano para voltar a ser um banco de capital fechado depois de vender o suíco BSI por US$ 1,34 bilhão. Uma das opções é ter um sócio externo que ajude o BTG a comprar ações em circulação no mercado, disse uma das pessoas, que não informou quem seria esse sócio externo.

Os gestores do BTG estão negociando com potenciais sócios para ajudar na compra de 116,7 milhões de ações negociadas na Bovespa, disse à agência uma das pessoas, pedindo para não ser identificada porque não há nenhuma decisão final. Oito principais sócios do BTG já possuem uma participação de controle na empresa. Ao preço de fechamento de sexta-feira, de R$ 16,20 reais, as ações no mercado valiam cerca de R$ 1,9 bilhão (US$ 482 milhões). As pessoas não identificaram possíveis parceiros.

BB Seguridade (BBSE3, R$ 25,03, -0,87%)
A BB Seguridade deve ter uma participação menor do resultado financeiro em seu lucro de 2016, disseram executivos da companhia seguradora nesta terça-feira. Em 2015, os ganhos com investimentos financeiros representaram cerca de 35% do lucro da companhia, que reúne as participações do Banco do Brasil em seguros e previdência. O lucro ajustado da BB Seguridade no ano passado foi de R$ 3,9 bilhões, alta de 22,4%.

Segundo o gerente de relações com investidores da companhia, Rafael Sperendio, a fatia dos resultados financeiros no lucro deve cair neste ano, mesmo com uma Selic média maior. “Não prevemos participação maior do que 30% do resultado financeiro em 2016”, disse o executivo em teleconferência com analistas.

BM&FBovespa e Cetip
Depois de destoar do movimento do mercado na véspera e cair, as ações da Cetip (CTIP3, R$ 38,23, +0,87%) têm alta nesta sessão, seguindo notícia do Valor de que a empresa deve aceitar a nova oferta da BM&FBovespa (BVMF3, R$ 11,15, -0,71%) por suas ações. Na noite da última sexta-feira, a Bolsa informou que aceitaria pagar R$ 41,00 por ação da Cetip para fechar o negócio, frente aos R$ 39,00 oferecidos anteriormente. Relatório do Santander da véspera apontava que a Cetip deveria considerar a oferta da BM&FBovespa como atrativa. Se a Cetip aceitar, o BTG Pactual acredita que isso poderia surtir efeito positivo nas ações da BM&FBovespa. 

Bancos
Após a disparada da véspera, as ações de bancos tiveram um dia de correção, com todos os grandes bancos caindo nesta sessão: Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 24,89, -1,43%), Bradesco (BBDC4, R$ 20,57, -1,67%), Santander (SANB11, R$ 14,19, -2,14%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 13,52, -0,66%). 

Eletropaulo (ELPL4, R$ 8,17, +1,24%)
As ações da Eletropaulo reverteram queda marcada mais cedo. A companhia teve reajuste extraordinário rejeitado pela Aneel. O parecer do relator André Pepitone foi
contrário ao aumento de tarifa e demais diretores o acompanharam em decisão unânime. A Eletropaulo pediu aumento para cobrir queda de mercado, segundo representante da empresa presente na reunião mas, segundo Pepitone, a atividade econômica é um risco que não deve ser coberto com reajuste extraordinário. 

Marcopolo (POMO4, R$ 2,10, +3,45%
A Marcopolo subiu após divulgação do balanço do quarto trimestre. A companhia registrou um lucro líquido de R$ 9,9 milhões no quarto trimestre, com queda de 84% na base de comparação anual, e um Ebitda de R$ 47 milhões. Já a receita líquida somou R$ 787,4 milhões, queda de 16%. O BTG Pactual avalia que o resultado é fraco, mas acima das expectativas, tendo como destaque positivo uma melhora sequencial do lado dos custos. 

A companhia ainda destacou que, em janeiro, adotou férias seletivas na unidade Ana
Rech, em Caxias do Sul, mantendo operativa somente a linha de produção de veículos urbanos.  Na Marcopolo Rio, situada em Duque de Caxias/RJ, a suspensão temporária dos contratos de trabalho para qualificação profissional lay-off, aprovada pelos
colaboradores em novembro de 2015 foi implementada a partir de janeiro por até 5 meses. 

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