Ibovespa segue exterior e cai mais de 1% com petróleo; dólar e DIs sobem forte

Além disso, mercado já começa a ver chance maior de insolvência do Brasil no médio prazo, diz Goldman Sachs

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou queda nesta terça-feira (23) pressionado pelo cenário externo, depois das bolsas europeias fecharem em queda de mais de 1% e das norte-americanas registrarem perdas consideráveis. Além da correção internacional, a queda do petróleo também foi um fator de pressão nas bolsas. Por aqui, os riscos políticos de que a presidente Dilma Rousseff não consiga completar o seu mandato aumentam por conta do decreto de prisão do marqueteiro do PT, João Santana, que chegou ao Brasil nesta manhã com a esposa, Mônica Moura.

O benchmark da Bolsa brasileira caiu 1,65%, a 42.520 pontos, com um volume financeiro de R$ 5,231 bilhões. Já o dólar comercial fechou com alta de 0,32% a R$ 3,9627 na venda, enquanto o dólar futuro para março registrou alta de 0,34% a R$ 3,966. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subiu 2 pontos-base a 14,20%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registrou ganhos de 13 pontos-base a 15,62%.

Após os eventos da 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada como Acarajé, o governo passou a ver o caso Santana rendendo um risco maior de impeachment ou cassação, segundo a Folha de S. Paulo. A consultoria Eurasia vê 20% de chance do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) chamar novas eleições na conjuntura atual.

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Relatório do Goldman
Após uma visita de três dias ao Brasil, em que esteve com integrantes da Fazenda, do Banco Central, do BNDES e da Petrobras, o Goldman Sachs traçou um cenário nada favorável para o BrasilO sentimento local continua negativo dada a deterioração macroeconômica, política e do ambiente social, e da visão dominante de que a situação ainda terá que piorar antes de melhorar.

“Há uma percepção crescente entre os investidores e analistas locais de que o Brasil está em uma trajetória que pode eventualmente levar à insolvência financeira a médio prazo, e a principal preocupação é de que as autoridades ainda têm que mostrar vontade ou força política para lidar de forma bem-sucedido com relação a esses temas em meio aos desafios crescentes”, afirma o diretor de pesquisa para mercados emergentes do banco, Alberto Ramos.

O economista ressalta que o tratamento do crescente desequilíbrio financeiro será muito difícil. Isso porque a economia dificilmente pode tolerar uma carga fiscal mais elevada e o corte de gastos é difícil dada a rigidez da despesa corrente e há a falta de vontade política para reduzir o tamanho do setor público. “As perspectivas para reformas fiscais de médio prazo significativas são sombrias”, afirma Ramos.

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Petróleo
O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Al-Naimi disse hoje que o país não declarou guerra ao gás de xisto. Segundo ele, há mais elementos para unir os participantes da indústria de Óleo e Gás do que para dividí-los, mas a falta de consenso fez com que a Opep embarcasse em uma espiral de queda dos preços. 

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 7,08, -4,45%; PETR4, R$ 4,92, -2,38%) caíram e puxaram a Bovespa para baixo. No noticiário da companhia, segundo informações do Valor Econômico, ela planeja desativar sondas de perfuração terrestres em pelo menos seis Estados. O desligamento dos equipamentos, que fazem parte da atividade de exploração no Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará, está previsto no corte de US$ 32 bilhões no plano de negócios 2015-2019 da estatal – que está agora em US$ 98,4 bilhões.

Vale destacar que a bancada do PT no Senado se reuniu na noite de ontem (22) com o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para se preparar para a votação, marcada para hoje (23), do projeto de lei que retira a participação obrigatória da estatal na exploração dos campos do pré-sal. Os petistas são contrários à proposta do senador José Serra (PSDB-SP) e preparam a argumentação para tentar derrubar a matéria no plenário.

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As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRAP4 BRADESPAR PN 4,23 -7,44 -15,23 14,50M
 JBSS3 JBS ON 11,15 -5,91 -9,72 76,11M
 GGBR4 GERDAU PN 3,89 -5,81 -16,34 63,60M
 VALE3 VALE ON 12,38 -5,78 -4,99 125,51M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,11 -5,71 -3,78 18,22M

As ações da Vale (VALE3, R$ 12,38, -5,78%; VALE5, R$ 9,00, -4,26%) também caíram fazendo uma correção após subirem mais de 10% ontem com o preço do minério de ferro voltando aos US$ 50. Nesta terça, a commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao subiu 0,16% a US$ 51,60 a tonelada seca.

Os bancos operam no negativo depois de passarem o começo do pregão entre perdas e ganhos. Neste momento, registraram perdas Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 24,89, -1,43%), Bradesco (BBDC3, R$ 22,63, -0,75%; BBDC4, R$ 20,60, -1,53%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 13,52, -0,66%). Juntos, estes três papéis respondem por 21,27% da participação da carteira teórica do índice.

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As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 FIBR3 FIBRIA ON 42,00 +2,64 -19,06 72,11M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 15,65 +2,15 -16,27 75,86M
 CSNA3 SID NACIONALON 5,22 +1,95 +30,50 39,80M
 USIM5 USIMINAS PNA 0,92 +1,10 -40,65 12,12M
 CSAN3 COSAN ON ED 25,12 +1,09 +2,67 41,57M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 4,92 -2,38 424,21M 319,85M 39.741 
 VALE5 VALE PNA 9,00 -4,26 291,07M 261,74M 30.211 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN EDJ 24,89 -1,43 282,27M 407,01M 28.603 
 KROT3 KROTON ON 9,43 -1,15 235,88M 93,89M 11.660 
 BBDC4 BRADESCO PN 20,57 -1,67 218,20M 327,57M 27.955 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,26 -1,78 207,99M 250,02M 28.208 
 PETR3 PETROBRAS ON 7,08 -4,45 148,01M 111,31M 28.517 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON 11,15 -0,71 141,68M 107,81M 26.641 
 VALE3 VALE ON 12,38 -5,78 125,51M 86,34M 22.756 
 BRFS3 BRF SA ON 55,50 0,00 125,32M 109,53M 10.404 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

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Entre as principais altas esteve a CSN (CSNA3, R$ 5,22, +1,95%), que pretende tomar medidas necessárias para cumprir com exigência da Nyse para o preço de ADS (American Depositary Shares), conforme informou a companhia siderúrgica.

Brasil não está barato
O Brasil não está tão barato assim. O fundo do poço, embora mais próximo, ainda não chegou e não há motivo para se animar com esse rali recente da Bovespa. Do dia 26 de janeiro até o fechamento de ontem, o Ibovespa subiu 15%. “Ainda é difícil acreditar que chegamos a um ponto de inflexão”, disse Gabriela Santos, estrategista de mercado global do JPMorgan Asset Management, em entrevista exclusiva ao InfoMoney

“O Brasil não se encontra tão barato assim, no contexto de tantas incertezas. Certa melhora que vimos nas bolsas internacionais tem, sim, fundamento positivo, mas, por aqui, ainda é difícil ver uma retomada este ano. Achamos que vamos ter mais revisões negativas e perspectivas de revisões para baixo no lucro das empresas”,  disse a estrategista, que mora nos Estados Unidos há anos, mas acompanha de perto o mercado local.

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Veja mais: Esse rali tem vida curta: “o Brasil não está tão barato assim”

Lula Investigado
A Polícia Federal elaborou um relatório de 44 páginas que foi anexado ao inquérito da 23ª fase da Operação Lava Jato, denominada Acarajé, no qual complementa o pedido de buscas com a anotação “Prédio (IL)” encontrado no celular de Marcelo Odebrecht e de uma rubrica de valor R$ 12 milhões. A anotação, segundo a equipe de análise da PF, provavelmente faz alusão ao Instituto Lula, de modo que Odebrecht teria arcado com os custos da construção da sede do instituto.

IPCA-15
Saiu às 9h, o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) colhido entre os dias 15 de janeiro e 15 de fevereiro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O aumento da inflação no período foi de 1,42%, ante expectativa mediana dos economistas de que o crescimento fosse de 1,32% neste período, contra os 0,92% registrados no período anterior. 

Caso João Santana 
O coordenador jurídico da campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, Flávio Caetano, afirmou que os pagamentos feitos ao publicitário João Santana referentes às campanhas de 2010 e 2014 ocorreram de forma “legal” e “transparente”. Em nota à imprensa, Caetano se manifestou sobre a deflagração, na segunda, da 23ª fase da Operação da Lava Jato, que investiga o envio de dinheiro para contas de Santana no exterior, e disse “repudiar” associações entre as apurações da Justiça e da Polícia Federal e a campanha de Dilma.

Nessa etapa da operação, foram expedidos sete mandados de prisão, dentre eles o de Santana e da esposa, Mônica Moura, que estão fora do Brasil e devem chegar ao país nas próximas horas. De acordo com Flávio Caetano, as empresas de João Santana receberam cerca de R$ 70 milhões pelos serviços prestados, valor que consta da prestação de contas aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral. “Esse valor, por si só, demonstra que o pagamento feito ao publicitário se deu de forma legal e absolutamente transparente”, diz a nota do advogado. Segundo o texto, todas as despesas da campanha foram “devida e regularmente contabilizadas”.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.