BB nega discussão de swap com Petrobras; Usiminas busca saída, balanços e mais no radar

Corte de rating de diversas empresas na sequência do corte do Brasil, resultados de Natura, Usiminas, CVC e Ultrapar

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – A Standard & Poor’s roubou a cena ao rebaixar mais uma vez o rating soberano do Brasil de BB+ para BB. Além de rebaixar diversas empresas na sequência do corte de rating, o noticiário corporativo segue agitado com Petrobras, Vale, entre outras. Confira: 

Petrobras
Relatório divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que a Petrobras (PETR3;PETR4) contratou R$ 167 bilhões em serviços e bens sem a realização de processo licitatório, entre os anos de 2011 e 2014. Esse volume de recursos equivale a 45% de tudo o que foi contratado pela estatal nesses quatro anos.

Ao todo, foram analisadas 695 mil contratações realizadas no período, quando R$ 369 bilhões foram gastos pela empresa com seus fornecedores. Os demais 55%, que somam R$ 202 bilhões, se basearam em contratos precedidos de licitação.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Quando se analisa esses contratos, porém, nota-se que 99% dos valores estão ligados a contratações feitas na modalidade “convite”, modalidade em que a Petrobras seleciona determinadas empresas para participar da disputa. Se considerado o número de contratações, este chega a 98% dos casos. Conclui-se, portanto, que do total de R$ 202 bilhões em contratações precedidas de licitação, R$ 200 bilhões foram contratados mediante convite.

O TCU critica há anos a modalidade de contratação da Petrobras, que desde 1998 não é obrigada a seguir a tradicional Lei de Licitações (8666/93), conforme as demais estatais. Por meio de mandados de segurança impetrados no Supremo Tribunal Federal (STF), a Petrobras se submete apenas a um decreto (2.745/1998) que permite a contratação de serviços e produtos sem licitação ou por meio de convite, dada a especificidade de suas necessidades.

Além disso, o Banco do Brasil negou a discussão para converter dívida da Petrobras em ações, segundo a assessoria de imprensa do banco. A agência de notícias Reuter havia noticiado que BNDES, o BB e a Caixa poderiam trocar a dívida da Petrobras (PETR3;PETR4) por ações para auxiliar a estatal, 

Continua depois da publicidade

Por fim, a Petrobras concluiu a perfuração do poço 3-BRSA-1305A-RJS (3-RJS-739A), localizado na área noroeste do bloco de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, confirmando a descoberta de petróleo de boa qualidade em reservatórios de excelente produtividade. O poço encontrou uma coluna de óleo de aproximadamente 270 metros e reservatórios de elevada qualidade em comunicação com outros já perfurados na área. Dois testes de formação, realizados em dois intervalos distintos, confirmaram a excelente produtividade desses reservatórios e a boa qualidade do óleo (28º API), similar ao que foi encontrado nos poços 2-ANP-2A-RJS e 3-RJS-731.

No momento, há dois outros poços em perfuração na área noroeste do bloco de Libra: 3-BRSA-1322-RJS (3-RJS-741) e 3-BRSA-1339-RJS (3-RJS-742). No primeiro, o intervalo portador de óleo foi constatado por meio de perfis a cabo (registro das formações de hidrocarbonetos atravessadas pelo poço) e amostras de fluido, que serão caracterizadas por análise de laboratório. O poço encontra-se atualmente a uma profundidade de 5.527 metros. Já o 3-RJS-742 começou a ser perfurado no último dia 6 de fevereiro.

Usiminas
A Usiminas (USIM5) disse que sua administração está analisando todas as alternativas disponíveis para elevar os recursos em caixa e para melhorar o perfil de seu endividamento, a fim de fortalecer sua estrutura de capital, no âmbito de seu plano estratégico para 2016, segundo comunicado divulgado na noite de quarta-feira.

A afirmação da siderúrgica veio em resposta a questionamento da Comissão de Valores Mobiliários diante de expectativas de uma injeção de capital na companhia. A Usiminas acrescentou que, até o momento, não há “qualquer decisão a ser divulgada ao mercado sobre a eventual implementação de alguma destas alternativas”.

A siderúrgica informou que teve prejuízo líquido de 1,627 bilhão de reais no quarto trimestre, ante resultado negativo de 117 milhões de reais no mesmo período do ano anterior.

O resultado foi afetado principalmente pelo reconhecimento de redução do valor contábil de ativos (impairment) totalizando 1,6 bilhão de reais. O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em 1,82 bilhão de reais, ante resultado positivo em 291 milhões no quarto trimestre do ano anterior. O Ebitda ajustado ficou negativo em 250 milhões de reais.

Os acionistas da Usiminas, a japonesa Nippon Steel e a ítalo-argentina Ternium, que romperam relações desde setembro de 2014, vão começar a discutir, juntos, um plano de reestruturação para tentar evitar que a siderúrgica mineira peça recuperação judicial, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

Na reunião do conselho de administração, realizada na tarde desta quarta-feira, 17, ficou acordado que os sócios devem se reunir no início de março para traçar um plano de reestruturação para a companhia. As discussões giraram em torno da necessidade de um aporte de capital, mudança de gestão e renegociação das pesadas dívidas da Usiminas com os bancos, segundo fontes próximas aos acionistas.

Mas ficou claro ontem que, somente um aporte de capital, estimado entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, não será suficiente para dar fôlego ao grupo, concordaram as duas partes, segundo fontes. Antes da reunião do conselho na tarde de ontem, que durou quase cinco horas, representantes da Nippon e Ternium tinham se reunido pela manhã para discutir os rumos do grupo. “Foi uma reunião tranquila, ao contrário do que se imaginava, e as portas foram deixadas abertas para a busca de soluções”, disse uma fonte que esteve presente na reunião.

Natura
A Natura Cosméticos (NATU3) teve lucro líquido consolidado de 145,4 milhões de reais no quarto trimestre de 2015, queda de 35,4 por cento na comparação com o mesmo período de 2014, informou na noite de quarta-feira.

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado foi de 453,2 milhões de reais no período, queda de 7,8 por cento ano contra ano.

Segundo o BTG Pactual, os resultados da Natura foram fracos e abaixo do esperado pelo banco e pelo mercado, ressaltando que a forte performance na América Latina não foi suficiente para ofuscar a desaceleração no Brasil. Os analistas seguem com uma visão negativa sobre a empresa, principalmente tendo em vista os desafios no Brasil. 

CVC
A CVC (CVCB3) registrou no quarto trimestre um  lucro líquido de R$ 58,1 milhões, queda de 2,5% ante igual período de 2014. A receita líquida  ficou em R$ 231,4 milhões, alta de 5% na base anual. A companhia fechou 2015 com lucro líquido de 165,5 milhões, alta de 13,5% sobre 2014. Na mesma base de comparação, a receita líquida de vendas subiu 13,7%, para 812,6 milhões.

O BTG viu com bons olhos os números da companhia, destacando que ela tem se apresentado mais resiliente do que o esperado. 

Ultrapar
O grupo Ultrapar (UGPA3) teve lucro líquido de 496,8 milhões de reais no quarto trimestre, alta de 34 por cento sobre o mesmo período de 2014, informou a companhia nesta quarta-feira.

O Ebitda aumentou 29 por cento na mesma base de comparação, a 1,177 bilhão de reais.

A empresa também reafirmou seu plano de investimentos de 1,809 bilhão de reais para 2016.

JBS
A JBS (JBSS3), maior processadora de carne bovina do mundo, anunciou nesta quarta-feira a contratação do ex-presidente do Grupo Pão de Açúcar Enéas Pestana como presidente da divisão para América do Sul.

A JBS também anunciou a contratação de Russ Colaco, ex-diretor do banco Morgan Stanley, para comandar a nova área de estratégia e desenvolvimento corporativo.

Segundo a empresa, as outras áreas formadas por América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico continuarão sendo administradas pelos atuais gestores e a divulgação dos resultados do grupo não sofrerá mudanças.

De acordo com o BTG, pode-se tirar duas conclusões sobre as mudanças, 1) a JBS está tentando retomar da sua própria história após os recentes headlines negativos e 2) estão claramente trabalhando na profissionalização e integração da empresa, trazendo bons executivos para tocar as divisões nas suas respectivas geografias (e consequentemente melhorar questões de governança). “Por último, também podemos imaginar que eles estejam preparando a empresa para um eventual IPO da operação americana. A JBS continua sendo um dos papeis mais baratos de proteína do mundo e acreditamos ser uma história de re-rating. Esses anúncios devem trazer mais confiança para os investidores que isso pode efetivamente estar acontecendo. Reiteramos compra”.

Oi 
Sob pressão do governo e questionamentos de órgãos de controle e de parte de seus integrantes, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai recolocar em pauta nesta quinta-feira, 18, o termo de ajustamento de conduta (TAC) que permitirá à operadora Oi (OIBR4) trocar o pagamento de multas de R$ 1,2 bilhão, aplicadas por má qualidade do serviço prestado, por investimentos que ajudem a reduzir número de queixas dos seus usuários. Apesar das controvérsias, a expectativa é de que o acordo seja aprovado pelo conselho diretor da agência.

Essa é a segunda tentativa de aprovar o acordo. A primeira, em 20 de dezembro, foi interrompida por um pedido de vista do conselheiro Anibal Diniz, que alegou internamente não ter sido procurado para discutir o assunto. Nesta quarta-feira, 17, ele afirmou que não vai pedir mais prazo. “O assunto deve ir a voto”, disse, sem antecipar se apresentará posição divergente do relator, Rodrigo Zerbone. O jornal “O Estado de S. Paulo” apurou que Anibal é crítico ao acordo, mas tem enfrentando pressões do PT e do governo para mudar sua posição, o que ele nega.

O governo acompanha o assunto de perto. O nível de endividamento da Oi chega a R$ 50 bilhões e o TAC pode ajudar a empresa a atrair investidores. O ministro das Comunicações, André Figueiredo, contudo, nega que haja pressão para que o assunto seja encerrado rapidamente na agência reguladora. “Acho que vai ser aprovado. Nós temos a posição de que a Oi precisa honrar seu compromisso.”

O TAC é polêmico porque prevê itens que, no entendimento de especialistas e de membros da Anatel, a operadora não tem condições de cumprir. O acordo contaria, nos bastidores, com uma “cláusula tácita”, pela qual o órgão regulador alterará metas de qualidade que foram pactuadas, livrando a operadora da obrigação de cumpri-las. A mudança das metas já está em discussão, em fase embrionária. Nesse caso, a empresa se livraria de sanções, caso não cumpra o que o TAC prevê.

Restoque
A Restoque (LLIS3) informou ter recebido comunicado da Fama Investimentos de que a gestora alcançou uma participação de 10,02% das ações ordinárias da varejista, o equivalente a 35.068.500 papéis. 

Vale
A Vale (VALE3;VALE5) divulgou seu relatório de produção referente ao quarto trimestre de 2015, registrando o maior nível de produção de minério de ferro da história. A oferta trimestral de minério de ferro, incluindo compras de terceiros, atingiu 88,4 megatoneladas no quarto trimestre de 2015. “Todos os contratos de aquisição de minério de terceiros foram renegociados para garantir margens de contribuição positivas. Os volumes de compras de terceiros aumentaram no trimestre em relação ao anterior em função de disponibilidade de capacidade na ferrovia”, afirma a companhia.

Além disso, a companhia ressaltou que começaram os primeiros testes de equipamentos na S11D.  No fim de janeiro, o Transportador de Correia de Longa Distância (TCLD), com 9,5 quilômetros de extensão, foi ligado – energizado, na linguagem técnica. 

BM&FBovespa e Cetip
Em relatório, o Santander destacou que, se a BM&FBovespa elevar para R$ 40-R$ 41 a oferta, sem correção no preço ofertado pela Selic, o Santander recomendaria vender Cetip (CTIP3) e comprar BM&F (BVMF3).

A oferta de R$ 41 teria potencial de ganho de 8% para Cetip nos níveis atuais, segundo o relatório. Calculando o prazo de 6 a 9 meses para o processo de aprovação, o custo de capital (Selic) neste período e os dividendos, há cerca de 2% de potencial de ganho. O Santander cita reportagem da Agência Estado dizendo que BM&FBovespa apresentará oferta pela Cetip até o final desta semana, a um preço de R$ 40-R$ 41 por ação.

S&P corta ratings
Na sequência do rebaixamento de rating soberano do Brasil de BB+ para BB, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s cortou o rating de 36 companhias, dentre elas a Petrobras (PETR3;PETR4) , grandes bancos como o Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), além da Ambev (ABEV3). 

A S&P destacou que vê um processo de ajuste mais prolongado no País, “com mais lenta correção na política fiscal e outro ano de contração econômica”, segundo relatório. A agência prevê contração de 3,6% no PIB real em 2015 e de 3% em 2016; para ela, o crescimento deve retornar em 2017.

A agência destaca que o rebaixamento brasileiro e o aperto nas condições de crédito pressionam a nota da maior parte das companhias do país. “Desse modo, essas companhias foram afetadas de diversos modos, dependendo da sua configuração de negócio e da sua situação financeira”.

A nota da Petrobras caiu em dois degraus, de BB para B+ – a agência afirmou que a nota da Petrobras só não é menor porque ela acredita que o governo ajudaria a empresa em caso de calote. 

O Bradesco, o Itaú e o BB tiveram suas notas cortadas de BB+ para BB, enquanto a Eletrobras (ELET6) teve o rating cortado para BB. A Ambev teve o seu rating reduzido de A para BBB+. 

(Com Agência Estado, Reuters e Bloomberg)

Leia também:

InfoMoney atualiza Carteira para fevereiro; confira

Analista-chefe da XP diz o que gostaria de ter aprendido logo que começou na Bolsa

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.