“Não compraria nada ligado a bancos agora. Está muito perigoso ter essas ações”, diz gestor

Segundo o gestor da NCH Capital, para se arriscar aos bancos ou outras empresas ligadas a eles agora, como Cielo, tem que esperar a situação melhorar, mas isso não vai acontecer esse ano

Paula Barra

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SÃO PAULO – Americano radicado no Rio, James Gulbrandsen, gestor da NCH Capital, acredita que qualquer investimento em ações ligadas a bancos agora seja “muito perigoso”. A percepção do gestor é que, com o cenário de deterioração econômica, tanto os bancos como para as empresas que prestam serviços ou estão no radar deles sejam penalizadas. Os bancos, que vão sofrer com margens menores, enquanto as outras empresas serão apertadas por eles, que vão buscar economias em todas suas linhas de operação.

“Não compraria nada ligado a bancos agora. Está muito perigoso ter essas ações”, disse gestor em entrevista ao InfoMoney. Ele cita tanto os papéis dos próprios bancos como as de empresas ligadas a cadeia de venda, como Multiplus (MPLU3), Smiles (SMLE3) e Cielo (CIEL3). No ano, essas ações acumulam quedas de 24%, 8% e 11%, respectivamente. Mesmo sentido que seguem os papéis dos principais bancos brasileiros, Itaú Unibanco (ITUB4, -5%), Banco do Brasil (BBAS3, -9%) e Santander (SANB11, -8%). A exceção é o Bradesco (BBDC4, +4%), que registra alta. 

A aposta vai em linha com o sentimento de outros experts do mercado, como os analistas do Credit Suisse, que no fim de janeiro traçaram um cenário bem pessimista para as instituições, apenas três meses depois de terem cortado a recomendação desses bancos para underweight (desempenho abaixo da média). O motivo é o mesmo: piora econômica, que deve abrir ainda mais espaço para deterioração dos lucros das instituições. 

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Diante desse cenário, os bancos correm risco de ter ROEs (Retorno sobre Patrimônio Líquido) abaixo de seus custos de capital, o que mesmo com a queda da ação não tornaria os valuations dessas instituições necessariamente “baratos”. Por isso, “não dá para comprar bancos, nem Cielo e nem outras empresas ligadas a eles agora. Tem que esperar a situação melhorar, mas isso não vai acontecer esse ano”, disse. 

O pessimismo acompanha as projeções dos próprios dos bancos. No balanço do 4° trimestre, o Itaú Unibanco revisou seu guidance para 2016, elevando entre 21,5% e 38,1% suas expectativas com despesa líquida para provisão contra calotes, enquanto projetava desaceleração da receita de serviços. As perspectivas piores levaram as ações do banco para queda de 8,7% no dia do balanço, em 2 de fevereiro, marcando sua maior queda desde agosto de 2011. 

No mesmo barco, as prestadoras de serviços afundam junto com as projeções dos bancos. Os papéis da Cielo chegaram a bater semana passada o menor patamar desde março de 2014. Entre os fatores, rumores de que seus principais sócios – Bradesco e BB – adquirissem a fatia de 49% que o Citi detém na americana Elavon e expectativa do mercado que de, mesmo se não viesse (como posteriormente divulgado), os bancos apertariam o cerco para ganhar uma fatia maior na MDR (Merchant Discount Rate), que é aquele percentual que os lojistas pagam à empresa para que seus clientes possam usar cartões de crédito e débito. 

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Embora seja, a grosso modo, dividida em três partes não iguais (bandeira do cartão, banco emissor e administradora do cartão, no caso Cielo), o mercado acredita que os bancos podem pressionar cada vez mais a empresa por um pedaço maior da taxa. Para Gulbrandsen, os rumores que surgiram sobre a Elavon vão exatamente em linha com o que vem defendendo, que os bancos estão apertando o certo. “Mais um passo dos bancos para tentar economizar, neste caso, na MDR”, disse. 

Veja mais: Quantos bilhões o Bradesco e BB têm de culpa no naufrágio da Cielo na Bolsa?