Siderúrgicas caem até 15%; Petrobras tem alívio na reta final, mas não evita queda de 3%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O mercado mostrou recuperação nos 15 minutos finais de pregão desta quinta-feira (11), com notícia do Wall Street Journal de que membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) estariam prontos para cooperar e cortar produção de petróleo. A informação levou o Ibovespa a subir 400 pontos nesses minutos finais, mas ainda assim encerrou o dia com queda de 2,62%, a 39.318 pontos. A recuperação veio acompanhada das ações da Petrobras, que subiram no mesmo instante, mas também fecharam em queda.

O alívio também foi visto no mercado internacional, com os índices americanos recuperando terreno, assim como o preço do petróleo, que virou de queda para alta. O petróleo Brent registrava alta de 0,16%, a US$ 30,89 o barril. 

Apesar da euforia nos minutos finais, somente 3 ações encerraram em alta hoje. Do lado negativo, 11 ações caíram mais de 5%, com as siderúrgicas liderando as perdas de até 13%. Destaque hoje também para Cielo, que além de acompanhar o humor generalizado do mercado, caiu 8%, repercutindo rumores de um acordo entre Bradesco e Banco do Brasil para comprar sua concorrente Elavon.

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira: 

Commodities
Os papéis de empresas voltadas a commodities afundaram nesta quinta-feira vermelha no mercado. As ações da Petrobras (PETR3, R$ 5,91, -3,43%; PETR4, R$ 4,23, -1,86%) seguiram o forte movimento negativo da véspera, em meio à queda do petróleo. No mesmo sentido, os papéis da mineradora Vale (VALE3, R$ 9,87, -3,24%; VALE5, R$ 7,41, -4,14%), Bradespar (BRAP4, R$ 3,41, -5,01%) – holding que detém participação na Vale – e as siderúrgicas Gerdau (GGBR4, R$ 3,72, -11,64%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 1,26, -15,44%), Usiminas (USIM5, R$ 0,85, -12,37%) e CSN (CSNA3, R$ 3,88, -10,80%), que desabaram em dia de “sell-off” global. 

Sobre a Petrobras, a companhia está vendendo diversos de seus ativos, quer sair do setor elétrico  e colocou à venda suas 21 usinas térmicas, gasodutos e terminais de regaseificação, por onde chega em forma líquida o gás importado em navios, segundo informa o jornal O Estado de S. Paulo. A conclusão do negócio esbarra, porém, em questões regulatórias, segundo um executivo de uma grande empresa do setor elétrico que quer comprar ativos.

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O plano geral da Petrobras de venda de ativos para reforçar o caixa pretende arrecadar, no total, US$ 57,7 bilhões (o equivalente a cerca de R$ 225 bilhões). Mas, até agora, a empresa só conseguiu se desfazer de 49% de uma de suas subsidiárias, a Gaspetro, de distribuição de gás, por R$ 1,9 bilhão. Ainda estão sendo negociadas parcerias na BR Distribuidora, concessões para a exploração e produção de petróleo e gás, uma fatia da petroquímica Braskem, fábricas de fertilizantes, terminais, dutos e navios, além das usinas.

Além disso, o Ministério Público argentino denunciou nesta quarta-feira, 10, um ex-ministro suspeito de pagar propina para que uma empresa da Petrobras Argentina fosse vendida em 2007 a uma companhia alinhada ao kirchnerismo, em um desdobramento internacional da apuração da Operação Lava Jato. A acusação contra Julio de Vido, titular da pasta de Planejamento no governo de Cristina Kirchner (2007-2015), partiu de declarações do delator e ex-diretor da multinacional brasileira Nestor Cerveró à Procuradoria-Geral da República. 

Já no setor siderúrgico, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, em meio à forte queda dos títulos da Usiminas, o investidor no papel avalia que há sinais de reestruturação da companhia. Os títulos de dívida da companhia negociados no exterior caíram para 27% do valor de face na terça-feira (não houve transação com o papel nesta quarta-feira, 10), o que representa uma queda de quase a metade do preço praticado há 15 dias. Embora o volume de papéis da Usiminas disponíveis no mercado e a liquidez sejam pequenos, o nível dos preços desses títulos sinaliza uma reestruturação ou calote da dívida da empresa, destaca o jornal. 

Um eventual pedido de recuperação judicial pela Usiminas vem, cada vez mais, sendo tratado como possibilidade, já que os controladores da siderúrgica mineira – a ítalo-argentina Ternium e a japonesa Nippon Steel – descartam injetar capital na companhia, destaca o jornal. A companhia, ao mesmo tempo, enfrenta dificuldades para gerar caixa e tem poucos ativos disponíveis para vender. 

Cielo (CIEL3, R$ 28,10, -7,90%)
As ações Cielo tiveram sua maior queda desde 2012, em meio a preocupações com concorrência. Essa foi a 3ª queda seguida da ação, período que acumula perdas de 13%, marcando hoje seu menor fechamento desde março de 2014. 

No radar da empresa, a venda da processadora de pagamentos eletrônicos Elavon. Juntamente com o Citi, que já demonstra interesse em vender seus 49% na empresa, a US Bancorp (controlador da Elavon, com 51%) também venderia sua participação, segundo reportagem da Reuters.

O que poderia atrapalhar o negócio seria o posicionamento do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Segundo as duas fontes, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) teria levantado questões sobre possíveis entraves à concorrência com a venda da Elavon, o que estaria atrasando o fechamento da transação. Procurado, o Cade disse que “não comenta uma operação até que o edital referente ao ato de concentração” seja publicado no Diário Oficial da União.

Diante das expectativas de que o negócio seja fechado, o BTG Pactual disse que acredita que as ações da Cielo devem seguir pressionadas no curto prazo. 

Embraer (EMBR3, R$ 27,50, -3,81%)
De acordo com informações da Bloomberg, a Embraer não vê muito futuro para novas entregas de jatos de 50 assentos, segundo afirmou o VP de marketing da companhia, Rodrigo Silva, em evento. 

Exportadoras
Além da Embraer, outras exportadoras do setor de papel e celulose caíram hoje, apesar da alta do dólar frente ao real: Suzano (SUZB5, R$ 14,13, -0,93%), Klabin (KLBN11, R$ 20,34, -2,21%) e Fibria (FIBR3, R$ 38,30, -0,78%).  

Na quarta-feira, a Suzano anunciou que continuará com suas exportações aos Estados Unidos, apesar da decisão tomada na véspera pela International Trade Commission (ITC) que ratificou uma taxa antidumping imposta pelos EUA às importações de papel não revestido cortado de Brasil, Austrália, China, Indonésia e Portugal.

Em comunicado ao mercado, a Suzano disse que a decisão da ITC “não altera o cenário atual”, argumentando que a taxação de 22,16 por cento está mantida. “A Suzano continuará com as suas exportações para os EUA, recolhendo a taxação”, afirma o comunicado, que acrescenta que a Suzano acredita ser capaz de reverter a decisão da ITC futuramente.

“O processo será objeto de revisão anual e a Suzano acredita que será capaz de comprovar ao longo da próxima revisão a inexistência de dumping do seu papel não revestido cortado destinado aos EUA, situação em que reaverá os valores até então recolhidos”, disse a empresa.

Marfrig (MRFG3, R$ 5,90, -1,67%)
A companhia anunciou a venda de sua empresa de confinamento no Brasil (MFG) para seu controlador, Marcos Molina, por R$ 95 milhões (ou 3% do seu valor de mercado).

Apesar de pequena e inesperada, o desinvestimento vai em linha com estratégia de venda de ativos “non-core” da empresa, o que é positivo dado que pode ajudar a melhorar o ROIC (Retorno sobre Capital Investido), avaliaram os analistas do BTG Pactual. No entanto, eles acreditam que uma operação envolvendo companhia e controlador pode gerar dúvidas e preocupações, ainda mais por não se ter conhecimento do valuation implícito.

O banco segue com recomendação de compra para a ação, acreditando que a empresa continua sendo um veículo bom e barato para surfar momento do setor de bovinos no Brasil. 

Elétricas
Depois de dias no positivo, as ações das elétricas registraram fortes nesta sessão, com Copel (CPLE6, R$ 22,34, -6,72%), Cesp (CESP6, R$ 13,16, -5,19%), Light (LIGT3, R$ 8,59, -2,39%) e CPFL Enregia (CPFE3, R$$ 16,00, -3,44%)  – todas com quedas acima de 3%. 

JBS (JBSS3, R$ 10,06, -2,99%)
As ações da JBS caíram pelo terceiro dia, em meio à preocupação do mercado sobre o balanço da companhia no 4° trimestre. Ontem, sua subsidiária Pilgrim’s reportou resultado fraco no período, abaixo do consenso do mercado, trazendo temor sobre os números da JBS.  

Queiroz Galvão (QGEP3, R$ 3,59, -11,79%)
As ações da Queiroz Galvão seguem em queda livre na Bovespa, renovando nesta quinta-feira sua mínima histórica, em meio à forte queda do petróleo, que levou a commodity a operar próxima dos US$ 30 o barril este ano, prejudicando as petroleiras, principalmente aquelas em estágio pré-operacional. Neste momento, o petróleo Brent registrava queda de 1,78%, a US$ 30,29 o barril. Além disso, contribui para a queda a revisão de recomendação da ação feita pelo JPMorgan, que passou de neutra para underweight (desempenho abaixo da média).  

Banco do Brasil (BBAS3, R$ 13,04, -4,75%)
A Citi Corretora reduziu as estimativas para o LPA (Lucro Por Ação) do Banco do Brasil para 2016 e 2017 em 17%, após expectativas de perdas com empréstimos mais altas, no contexto da recessão continuada no Brasil. Os analistas preveem um LPA recorrente em queda de 20% esse ano e uma recuperação de 15% no próximo ano. Para 2016, o ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) deve contrair em 4 pontos percentuais e se recuperar parcialmente para 12% em 2017.

Diante da atualização das projeções, a Citi Corretora cortou o preço-alvo para as ações do banco em 23% para os próximos 12 meses, para R$ 13,85. A recomendação segue em neutra para o papel. 

BR Properties (BRPR3, R$ 8,11, +1,25%)
A GP Investments disse a liquidez das ações da BR Properties aumentou ao invés de diminuir, após anúncio de intenção da OPA (Oferta Pública de Aquisição) das ações da companhia, e que as incertezas sobre a operação estão cada dia menores, segundo comunicado enviado ao mercado.

Em meio às diversas críticas que o anúncio da intenção da oferta vêm sofrendo, a GP disse que está dentro dos prazos e se compromete a responder sobre a OPA até 28 de março. No dia 5 de fevereiro, a companhia divulgou documento criticando duramente a prorrogação do prazo para uma definição a respeito de uma possível oferta para compra de seu controle. 

Rumo (RUMO3, R$ 2,06, -5,07%)
As ações da Rumo voltam a ter dia agitado no Bolsa, atingindo na mínima do dia queda de 7,37%, a R$ 2,01. Segundo reportagem da Exame na versão digital da revista, a Gávea pode injetar R$ 500 milhões na empresa, como parte do aumento de capital total de R$ 2 bilhões na companhia, conforme anunciado recentemente. A reportagem não cita onde conseguiu a informação.

Ainda segundo a revista, a controladora Cosan (CSAN3, R$ 22,90, -2,88%) também deve colocar dinheiro novo na Rumo. As empresas não comentaram sobre o aporte de capital para a reportagem. 

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