Entenda por que não há como a Bolsa subir quando o ouro dispara 3% e o bond alemão, 22%

A procura pelos portos seguros hoje está impressionantemente forte, mostrando que atingimos um ponto de extrema aversão a risco

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – No mercado sempre que há um forte pessimismo derrubando as bolsas, o dinheiro vai para algum lugar considerado mais seguro. E quanto mais seguro melhor: os investidores, em dias de pânico, tendem a se proteger onde quer que haja uma certeza de ganho, manutenção do capital ou pior ainda, de perda desde que pequena e certa, como vemos em economias que possuem juros negativos. Observando este fundamento, fica claro que o cenário desta quinta-feira (11) não é nada positivo para os mercados. 

Considerado um dos principais “portos seguros” do mundo, e sendo um dos ativos que mais sobem durante períodos de severas crises financeiras, o ouro fez um movimento de alta impressionante hoje e já dispara 3,38% a US$ 1.235 a onça troy. Este gráfico do desempenho do ativo é extremamente expressivo para mostrar a aversão a risco que se apoderou do mercado desde fevereiro, mas com especial ênfase neste pregão: 

Para Pablo Spyer, diretor da mesa de trade da Mirae Asset, todo esse pessimismo tem diversas razões, mas uma das mais fortes é a perda de credibilidade dos bancos centrais. “Os BCs não estão conseguindo colocar o planeta no eixo”, afirma. Ao mesmo tempo em que o Federal Reserve tenta elevar os juros para retomar o dinheiro que emprestou ao mercado a juro zero depois da crise, as bolsas caem porque os bancos alocaram grande parte do dinheiro que tomaram em bolsa. Além disso, fica difícil para o Fed entrar na contramão do que a maioria dos bancos centrais fazem, já que todo mundo está colocando juro zero ou negativo. A Suécia, por exemplo, cortou sua taxa de recompra para -0,5% hoje. 

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Não bastasse isso, a queda do petróleo também derruba os mercados, já que a maioria dos bancos grandes do mundo está extremamente exposta a empresas do setor de Óleo e Gás. Prova de que isso preocupa os investidores são as quedas de ações de instituições financeiras como o Deutsche Bank, de US$ 30 para US$ 16 e do Citibank de US$ 57 para US$ 35 desde novembro do ano passado, quando a commodity retomou a sua trajetória de queda livre. 

Outros portos seguros também disparam
Além do ouro, outros ativos como os títulos de 10 anos da dívida norte-americana e os bonds de mesmo vencimento de Alemanha, Reino Unido e Japão também disparam. Eles também são considerados portos seguros. Mas por que?

A começar falando sobre os EUA, o país possui o maior PIB (Produto Interno Bruto) do planeta, ou seja, possui boa capacidade de pagamento e, além disso, tem uma credibilidade quase ilimitada, já que historicamente nunca deixou de pagar a sua dívida independente do tamanho da crise econômica que sofresse. Embora não tão grandes como os estadunidenses, os britânicos também contam com uma economia de tamanho considerável e histórico de bons pagadores, assim como os alemães e os japoneses. 

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Neste momento – tente não se assustar com estes números – o treasury de 10 anos dos EUA dispara 4,83%, e já paga um yield de apenas 1,59%, contra os 1,90% que ele pagava antes do Carnaval. O bond alemão sobe 22%, o brtânico sobe outros 8,9% e o japonês, que paga um juro negativo, sobe 28%! 

Ou seja, o dinheiro está migrando da bolsa e indo para qualquer lugar em que o investidor tenha certeza de que vai escapar da volatilidade. Mesmo que a certeza seja de perda. “Há muito espaço ainda para realização dos ganhos dos mercados desenvolvidos. A crise não acabou. A gente teve momentos de bonança, mas eles estão perto do fim. Parece-me que tudo vai cair bem mais”, projeta Spyer.

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