De piores ações para explosão de 30% na semana: o que ocorre com as siderúrgicas?

Os papéis, que foram uns dos mais batidos pelo mercado no início deste ano, aparecem agora como as maiores altas do Ibovespa na semana; mas dá para confiar?

Paula Barra

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SÃO PAULO – Avalanche de notícias negativas, que se revesaram entre demissões, desligamento de usinas e demanda enfraquecida por aço, colocaram as siderúrgicas brasileiras no posto de piores ações da Bolsa, com os papéis renovando no início deste ano mínimas de muitos anos. Esse posto, no entanto, virou essa semana, com esses papéis – alvos de tantas avaliações negativas – figurando como as maiores altas do Ibovespa. 

Nos relatórios dos grandes bancos, a cautela ainda segue a mesma que se via no fim do ano passado, com a indústria brasileira ainda sofrendo por conta da desaceleração econômica. Das 3 listadas na Bolsa, a situação da Usiminas (USIM5) figura-se ainda como uma das mais complicadas, com baixa posição de caixa frente às elevadas dívidas que estão para vencer no curto prazo – embora o cenário de elevada alavancagem também provoque efeitos em CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4). 

Toda essa preocupação, no entanto, foi interrompida em meio à forte euforia que toma conta do mercado há 8 pregões, com essas ações passando a subir forte desde então, com movimentos mais bruscos ocorrendo essa semana. Até cotação das 12h54 (horário de Brasília), os papéis da Gerdau (GGBR4, +18,61%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 1,33, +29,13%), Usiminas (USIM5, +21,18%) e CSN figuravam como as maiores altas do índice no acumulado desses últimos cinco pregões. 

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Mas o que ocorre com essas ações?
Além da euforia do mercado, que levou outros ativos que estavam depreciados para forte alta, esses papéis ganharam mais força com 2 notícias positivas: 1) a Gerdau fez acordo com a JFE Steel para fabricar chapas grossas no Brasil; 2) o Conselho Estatal da China, ou gabinete, anunciou que planeja cortar a capacidade da produção de aço bruto do país entre 100 milhões e 150 milhões de toneladas nos próximos anos. O montante equivale entre 12% e 15% da produção total de 2015 ou 14% a 22% do excedente de produção global.

Apesar das notícias terem gerado efeito positivo, o analista Pedro Galdi, da consultoria WhatsCall, segue cético com o setor. “Olhando os fundamentos não tem nada de positivo a ser apontado para essas empresas, que têm dívidas elevadas, retração da demanda, entre outros”, disse. Em relação à China, a notícia ajuda, mas há vários anos eles falam em reduzir a capacidade por lá e nada muda: “vai acontecer sim, mas o ‘time’ é impossível afirmar”, disse. 

Para o Credit Suisse, esse rali das siderúrgicas veio acompanhado de uma “surpreendente combinação de baixo estoques de produtos acabados, restocagem tanto para traders quanto para usuários finais, o que acabou levando para um momento favorável para os preços do aço”. No entanto, os analistas acreditam que essa recuperação dos papéis esteja ligada mais a fatores sazonais do que estruturais e que um processo de fechamento de capacidade será bastante longo e doloroso. Antes disso, eles acreditam que haverá maior atividade de fusões e aquisições e uma menor oferta de crédito.

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Diante do cenário, que não envolve mudanças nos fundamentos, Galdi acredita que essa alta tem mais cara de repique e com muita especulação envolvida, até pressionando os vendidos a reverterem posição, do que realmente uma retomada dos papéis na Bolsa. Vale lembrar que esses papéis encontram-se como uns dos mais alugados na BM&FBovespa, na relação aluguel por ação em circulação no mercado. “A primeira notícia que vier acredito que essas ações devolvam quase tudo”, disse. 

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