Alívio nos minutos finais: Vale sofre reviravolta e Petrobras se afasta da mínima

Confira os principais destaques de ações da Bovespa desta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa sentiu a queda dos preços do petróleo e voltou a cair nesta quarta-feira (17), pressionado principalmente pela queda da Petrobras e bancos, embora tenham amenizado o movimento no final do dia. Na mínima do dia, as ações da Petrobras chegaram a cair 8%, indo para o menor patamar desde agosto de 2003, na sua quarta queda seguida. 

Já as ações da Vale conseguiram apresentar uma recuperação ainda mais forte, com as ordinárias virando para alta no final da sessão depois de ter caído 5,5% no intraday, apesar do temor do mercado com as mineradoras globais. Os ativos da companhia foram afetados pelo resultado operacional da BHP Billiton, uma de suas principais concorrentes e sócia na Samarco, e a queda de 2,73% do minério de ferro, que fechou a US$ 41,61 a tonelada no porto chinês de Qingdao. As ações da siderúrgica Usiminas também tiveram recuperação e encerraram a sessão em alta de 1% após cair 6%. Gerdau e CSN seguiram no vermelho. 

Já as empresas de papel e celulose, uma das grandes ganhadoras da escalada do dólar ano passado, “ignoraram” a alta do dólar hoje, que fechou acima de R$ 4,10, e caíram. Um relatório do BTG Pactual destacava pressão nas ações da Suzano devido à expectativa de um fraco resultado no 4° trimestre. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações desta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 5,78, -6,02%; PETR4, R$ 4,30, -7,73%)  
As ações da Petrobras amenizaram as perdas no final do pregão, apesar da forte queda do petróleo lá fora. O petróleo WTI com entrega para fevereiro encerrou em queda de 6,7%, a US$ 26,55 o barril, depois de atingir US$ 26,19 no intraday, no menor patamar desde maio de 2003. O movimento foi intensificado após a Agência Internacional de Energia dizer que o mercado pode se “afogar” em oferta. Além disso, resultados decepcionantes de empresas como Shell exacerbam receios do mercado hoje com a economia mundial. 

No radar interno, a Petrobras diz que iniciou negociações para a alienação de sua participação na companhia Petrobras Argentina. Até o momento, não há qualquer acordo firmado que confira segurança quanto à conclusão da transação, nem deliberação por parte da diretoria ou conselho.

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 A Petrobras tem 2 propostas de compra da sua operação argentina. Segundo a Folha informou ontem, a Pampa e estatal argentina YPF acenaram intenção de comprar a Petrobras Energía, segundo a Folha afirmou em 19 de janeiro. Em nota, a YPF diz não ter feito oferta por ativos da Petrobras na Argentina.

Além disso, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e adiou para 10 de fevereiro o prazo para apresentação de defesa em processo que apura se a União Federal, no papel de controladora da Petrobras, violou o artigo 116, parágrafo único, da Lei 6.404/76, a Lei das S.A. A investigação da CVM foi aberta em outubro do ano passado. O novo prazo para a entrega da defesa pela PGFN, que atua como advogada da União no caso, está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 20. Segundo o parágrafo único desse artigo, o acionista controlador deve usar o poder a fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social. Além disso, cita que o controlador tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os funcionários e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.

Vale (VALE3, R$ 9,21, +0,33%; VALE5, R$ 6,95, -1,28%)
As ações da Vale conseguiram mostrar leve recuperação no final do pregão, com as ordinárias virando para o positivo, descolando da queda do minério de ferro e corte de recomendação e preço-alvo da companhia pelo HSBC.   

A mineradora e sua holding Bradespar (BRAP4, R$ 3,20, -5,33%) tiveram suas recomendações cortadas de compra para hold pelo HSBC. O preço-alvo do ADR da Vale foi cortado de US$ 5 para US$ 2,20, enquanto o das ações PNA foi cortado de R$ 16,90 para R$ 7,30. Já o preço-alvo da Bradespar foi cortado de R$ 9,40 para R$ 3,30.  

Segundo o analista Leonardo Shinohara, a qualidade do produto e a resiliência não são suficientes para suportar a queda dos preços do minério de ferro. Eles revisaram a previsão para o Ebitda, de queda de 33%. 

Bancos
Contágio do “sell-off” do mercado derrubou mais os preços dos bancos nesta sessão: Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 23,07, -1,41%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 12,72, -0,93%) e Santander (SANB11, R$ 13,05, -1,81%) caíram. A exceção foi o Bradesco, que conseguiu virar para alta, após atingir queda de quase 2% no intraday. 

Ontem, o JPMorgan cortou a avaliação de crédito do Banco do Brasil para underweight (exposição abaixo da média do mercado). Segundo o JPMorgan, a mudança foi feita com base nas expectativas de maior deterioração da qualidade de ativos e geração de caixa mais fraca que a de seus pares. Além disso, as “notícias recentes de possível interferência do governo adicionou cautela pelo fato de que a pressão para emprestar poderia pressionar a capitalização do banco ainda mais”. 

Também no radar, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou, em entrevista ao Valor, que a demanda por crédito na economia é “quase inexistente”. 

Elétricas
Destaque para a forte queda das ações da AES Tietê (TIET11, R$ 11,10, -2,63%) e Copel (CPLE6, R$ 17,75, -0,56%) nos últimos dias: 22% e 27% no mês de janeiro. No caso de Copel, a ação acumula desvalorização de 50% desde o início de novembro do ano passado. 

Em relatório desta quarta-feira, o BTG Pactual ressaltou que essa derrocada deve-se ao preço spot (à vista), que atingiu o menor patamar no Sistema Sudeste em R$ 30,00 por megawatt/hora, enquanto os reservatórios estão performando bem este mês.

Segundo os analistas, AES Tietê e Copel são os papéis com maior impacto nesse cenário e a performance recente das ações reflete isso. Diante da queda e dado o valuation dos papéis, o banco reiterou recomendação de compra para Copel.    

Banrisul (BRSR6, R$ 4,39, -6,79%)
O Banrisul confirmou, em fato relevante, que iniciará estudos para avaliar a compra da folha de pagamento do estado do Rio Grande do Sul. A decisão do governo do Estado de fazer cessão onerosa da folha dos servidores públicos estaduais foi publicada ontem. Valor segue indefinido: algumas notícias sugerem algo próximo a R$1 bilhão, mas pelas contas preliminares do BTG Pactual o valor deveria ficar em torno de R$ 500 milhões a R$ 800 milhões, a depender do prazo do contrato.

Para os analistas, se processo não for feito de maneira super transparente (o cenário base é de que ele seja transparente), pode gerar ruído no mercado. Eles comentaram que a ação está muito barata, negociando a 0,3 vez o último “book value”, mas pressão forte de inadimplência e situação fiscal do Rio Grande do Sul devem seguir pressionando os papéis no curto prazo.  

Papel e celulose
As ações da Suzano (SUZB5, R$ 14,83, -3,58%) seguiram em derrocada na Bolsa, voltando para o menor patamar desde julho do ano passado, após cair cerca de 20% este ano, assim como seu par na Bolsa Fibria (FIBR3, R$ 43,06, -2,27%).   

Apesar do movimento similar hoje, ontem as ações da Suzano recuaram 3%, enquanto Fibria subiu na Bolsa, um descolamento que chamou atenção do BTG Pactual, que destacou hoje, em relatório, que a performance sugere que o mercado está precificando um resultado mais fraco de Suzano no 4° trimestre.

Reação que nos faz lembrar o que aconteceu com a própria Suzano no 2° trimestre do ano passado, quando teve um ‘susto’ com o resultado, com papel caindo quase 20% em alguns dias, comentaram os analistas. Para eles, a ação da Suzano pode performar abaixo de Fibria até o resultado, em 19 de fevereiro. 

Sobre a Fibria, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) julgou improcedente nesta terça-feira um recurso da companhia contra um auto de infração de R$ 1,63 bilhão, informou a companhia em comunicado ao mercado nesta manhã. De acordo com a companhia, o auto de infração se refere à “permuta das cotas de sociedades detidas pela Fibria, naquela ocasião Votorantim Celulose e Papel (VCP), e International Paper, com a consequente transferência de ativos industriais e florestais”. 

Brasil Pharma (BPHA3, R$ 3,67, -2,91%)
As ações da Brasil Pharma caíram nesta sessão e operam próximas a mínima histórica. O conselho de administração companhia aprovou oferta primária de ações ordinárias da companhia, esperando levantar pelo menos R$ 400 milhões, com a emissão de até 211,6 milhões de papéis. As novas ações começam a ser negociadas em 2 de fevereiro. A precificação da oferta ocorrerá dia 29 de janeiro.  

Gol (GOLL4, R$ 1,28, +0,79%)
As ações da Gol chegaram a disparar 10,24%, a R$ 1,40, após Bradesco BBI apontar, em relatório, que não descarta potencial fusão com a Delta ou Azul. “Gol e Azul poderiam unir suas operações para capturar sinergias de rede”, avaliaram analistas em relatório desta quarta-feira. Apesar de ver sinergias observadas, o banco reduziu o preço-alvo no fim de 2016 para a Gol de R$ 7,00 para R$ 4,00 por ação, mas manteve recomendação outperform (desempenho acima da média).  

Rossi (RSID3, R$ 2,19, +5,80%)
As ações da Rossi, que sofreram grupamento de cinco ações para uma ontem, chegaram a desabar até 20% nesta sessão, mas conseguiram para alta, se afastando da mínima histórica na Bolsa. 

Vale lembrar que, embora o papel viesse já sofrendo sucessivas quedas na Bovespa, o grupamento das ações contribui para isso, dado que abre mais espaço para o papel cair, visto que antes era negociado perto de R$ 0,50. Entretanto, a nova política da BM&FBovespa não permite mais que as ações fiquem por mais de 30 dias seguidos abaixo de R$ 1,00, para retirada das “penny stocks” (ações de centavos) do mercado.

Cia Hering (HGTX3, R$ 12,27, +0,25%) 
Depois de forte derrocada na véspera, quando caíram mais de 6%, após dados fracos do 4° trimestre, as ações da Cia Hering se descolaram do movimento negativo do mercado nesta quarta-feira e buscaram leve recuperação. Ela figurou isolada na ponta positiva do Ibovespa com mais 2 outras ações, em dia de forte queda do mercado. Ontem, os papéis bateram o menor patamar desde setembro do ano passado. 

OGPar (OGXP3, R$ 0,03, 0,0%)
As ações da OGPar, antiga OGX Petróleo, bateram R$ 0,02 na mínima do dia pela primeira vez na história, após negociarem por quatro meses entre R$ 0,03 e R$ 0,04. Frente ao fechamento de ontem, a queda foi de 33,33%, mas representa uma oscilação de apenas R$ 0,01. O dia é marcado também por forte giro financeiro com a ação: de R$ 615,6 mil, frente média diária de R$ 78,2 mil nos últimos 21 pregões.

Ontem à noite, a companhia informou a suspensão temporária da produção do Campo de Tubarão Martelo junto à ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). A agência tem um prazo de até 60 dias para analisar a proposta.

O pedido deve-se principalmente pelas atuais adversidades do setor de petróleo e gás, como: a queda dos preços da commodity no mercado internacional; estimativa inicial de elevada produtividade dos poços que, posteriormente, mostrou-se incompatível com o potencial efetivo do campo; e elevados custos operacionais de leasing.

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