Afinal, qual é a grande ameaça para a economia global em 2016?

Especialistas divergem, mas apontam dois pontos principais: a ameaça de desintegração europeia e a desaceleração chinesa

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O ano de 2016 já começou bastante nervoso, com as bolsas mundiais registrando fortes quedas após a divulgação de dados ruins da economia da China. Porém, os prenúncios já não eram positivos até mesmo no ano passado: a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou em um artigo publicado no jornal alemão Handelsblatt no final do ano que o crescimento da economia global seria decepcionante.

As ameaças que se desenham vem de todos os lados: Europa, China, EUA e o Federal Reserve e até mesmo o Brasil estão entre os temores dos investidores para o ano que se inicia. Mas afinal, o que os especialistas estão vendo como o grande temor global para 2016?

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As opiniões divergem, mas oscilam em dois pontos principais: a Europa e a China. A consultoria Eurasia Group fez uma lista dos dez maiores riscos para o cenário internacional, sendo liderada pela fragilidade da aliança entre EUA e União Europeia, o que promete ter um “impacto global sobre o risco político”. Segundo a Eurasia, o informe “Top Risks” do ano tenta “identificar as tendências políticas e geopolíticas mais desafiadoras e pontos de estresse para investidores globais e participantes do mercado em 2016”. Na oitava posição, está a crise brasileira. 

A Europa também é destacada pelo professor da Universidade de Nova York e chairman da Roubini Global Economics, Nouriel Roubini. Em um mundo em que os riscos geopolíticos estão se multiplicando, o economista ressalta em artigo ao Project Syndicate que a Europa e as suas políticas estão levando o Velho Continente para “desintegração, balcanização e divergência” e que a saída da Grécia da zona do euro não foi evitada, só postergada. A região deve ser assim monitora em 2016 como uma grande ameaça. 

O dia em que a Grécia efetivamente sair da União Europeia, aponta Roubini, outros podem fazer o mesmo, com o Reino Unido tendo grandes chances de ser o próximo. Além disso, há fatores externos que podem favorecer a desintegração, como imigração, terrorismo e o controle das fronteiras. Em meio a esse movimento, diversos partidos de direita estão aproveitando para crescer em seus países. “Europa necessita de mais integração, solidariedade e compartilhamento de riscos. Os europeus parecem estar abraçando o nacionalismo, a balcanização, a divergência e a desintegração”, afirmou.

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Mas, a exemplo do que aconteceu no primeiro pregão de 2016, há aqueles que acham que a China será o grande fator de risco. “Se você está à procura de uma razão para temer as ações em 2016, olhe para a China”, destaca uma matéria da CNN Money. O fato de que o primeiro grande ataque de pânico de 2016 ter sido originado pela China diz muita coisa. 

“Qualquer vibração negativa da China terá ramificações globais. Este é apenas o mundo em que vivemos agora”, disse Joseph Quinlan, estrategista-chefe de mercado da US Trust, gestora de riquezas do Bank of America.

O Citi tem uma visão parecida, segundo aponta reportagem da CNBC que entrevistou o gestor do banco, David Bailin. A preocupação mais significativa é uma mudança significativa nos dados da economia chinesa mostrando que o crescimento do país está materialmente mais fraco.

“Se você der uma olhada no mercado na China no ano passado e quão volátil que era e onde ele terminou, foi um ano muito difícil”. A visão do Citi é de que a economia chinesa está crescendo a 4% a 5%, bem abaixo das metas do governo de cerca de 7%. “Este é o grande risco dos mercados para 2016 e para além.


Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.