Ibovespa fecha no menor patamar desde 2009 com notícia de Nelson Barbosa na Fazenda

Vitória do governo no tribunal deixa perspectiva de impeachment longe da realidade, enquanto queda das bolsas mundiais e probabilidade de saída de Levy derrubam o mercado

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em forte queda nesta sexta-feira (18), terminando o pregão no seu menor patamar desde abril de 2009, pouco antes da recuperação pós-crise do subprime. O dia de hoje foi determinante para a Bolsa terminar a semana em queda de mais de 3%, já que até ontem, o desempenho do índice era estável entre o otimismo com o aceno a um gradual e suave do aperto monetário nos Estados Unidos conduzido pelo Federal Reserve e a menor probabilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

Nesta sexta, as notícias de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, será substituído pelo atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, derrubaram o mercado. Barbosa é visto como mais heterodoxo, que Levy, com um perfil ligado ao desenvolvimentismo. Como consequência, o benchmark da Bolsa brasileira fechou em queda de 2,98%, a 43.910 pontos. Com isso, o índice, além de tudo, perdeu o forte suporte dos 44 mil pontos, abrindo caminho para mais quedas. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 7,878 bilhões. 

Já o dólar comercial teve alta de 1,48% a R$ 3,9456 na compra e a R$ 3,9468 na venda, enquanto o dólar futuro para janeiro de 2016 sobe 1,58% a R$ 3,954. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 cai 2 pontos-base a 15,86%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra ganhos de 16 pontos-base a 16,35%. 

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Levy
O mercado sofreu com a mais que provável saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que deu uma entrevista ao Estado de S. Paulo na qual criticou duramente o governo, praticamente confirmando a sua saída. 

Os nomes aventados para sucedê-lo foram de Delfim Netto a Ciro Gomes (PDT-CE). O ex-ministro da Integração Nacional, contudo, negou por meio de sua assessoria de imprensa, que vá assumir o Ministério da Fazenda. Delfim também foi sempre visto como muito pouco provável. 

Outra pessoa que apareceu nos rumores foi o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, mas ele disse que está “muito bem” em sua função e não mudará de cargo. “Eu não serei ministro da Fazenda”, afirmou Wagner. Ele atribuiu os rumores sobre a cotação de seu nome para a cadeira hoje ocupada por Joaquim Levy a uma “brincadeira” feita mais cedo.

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Por fim, foi divulgada notícia do jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, afirmando que o ministro da Fazenda será Nelson Barbosa, nome que estaria mais do que acertado dentro do governo. 

STF
Ontem, o STF decidiu por invalidar a Comissão Especial do impeachment de Dilma Rousseff formada por voto secreto na Câmara dos Deputados. A decisão ocorre, basicamente, sobre quatro pontos: 1) a comissão especial da Câmara pode ser formada por uma chapa alternativa ou só por indicados por líderes de partidos? 2) a eleição dessa comissão poderia ter sido feita por votação secreta? (como ocorreu) 3) o pedido de abertura do processo poderia ter sido aceito sem que a presidente Dilma Rousseff fosse ouvida antes, numa defesa prévia? 4) o Senado pode rejeitar a instauração do processo depois que a Câmara abrir?

Foram 11 ministros votando e o placar sobre a criação de uma chapa alternativa ficou 7 contra e 4 a favor. Já sobre o fato do Senado poder arquivar o caso, foram 8 votos a favor, e 3 contra. Em relação a defesa prévia da presidente Dilma Rousseff, os ministros foram unânimes votando contra. Por fim, no caso sobre voto secreto para criação da Comissão Especial, foram 5 a favor e 6 contra.

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Temer
O plenário do Senado aprovou ontem (17) requerimento em que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pede ao Tribunal de Contas da União uma auditoria nos decretos assinados pela presidente Dilma Rousseff e pelo vice-presidente Michel Temer. Não há prazo para a auditoria. O requerimento tinha sido lido na sessão de anteontem (16), mas não chegou a ser votado. Hoje, ele foi aprovado em votação simbólica. No pedido, o senador requer ao TCU a verificação da compatibilidade ou não dos decretos não numerados editados pela Presidência da República, que abrem crédito suplementar ao Orçamento Fiscal da União em 2015, com as leis de Diretrizes Orçamentárias e de Responsabilidade Fiscal.

Indicadores
Divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de dezembro apresentou um avanço de 1,18%, contra os 1,12% esperados pela mediana das expectativas dos economistas, acelerando em relação aos 0,85% de crescimento registrados em novembro. No ano, o IPCA-15 fechou em alta de 10,71%. 

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,63% em outubro sobre setembro, de acordo com dados dessazonalizados divulgados pelo BC nesta sexta-feira. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de economistas era de queda 0,50% em outubro, segundo mediana de 18 projeções que variaram de recuos de 0,1% a 1,0%.

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Já nos dados de emprego, o Brasil fechou 130.629 vagas formais de trabalho em novembro, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta sexta. Analistas consultados pela Bloomberg viam o fechamento de 175 mil empregos, conforme mediana das expectativas. Em outubro, foram 169 mil vagas fechadas. 

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,66, -1,81%; PETR4, R$ 7,02, -2,50%) fecharam em queda repercutindo não só o cenário político e o desempenho fraco do petróleo como também o rebaixamento pela agência de classificação de risco, Fitch. A companhia foi cortada para “junk” pela terceira vez, cortada de BBB- para BB+, com perspectiva negativa. O barril de petróleo WTI (West Texas Intermediate) terminou a sessão estável, com leve variação positiva de 0,14% a US$ 35, ao mesmo tempo em que o barril do Brent cai 1,04% a US$ 37,23. 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 KROT3 KROTON ON 9,72 -8,22 -36,30
 BRML3 BR MALLS PAR ON 11,50 -7,33 -28,00
 BBSE3 BBSEGURIDADE ON 25,25 -7,31 -17,04
 CCRO3 CCR SA ON ED 12,85 -6,95 -12,87
 ESTC3 ESTACIO PART ON 13,51 -6,83 -42,27


As ações de empresas do setor financeiro, o mais pesado em termos de participação na carteira teórica do Ibovespa, também registraram desvalorização. Caíram Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 26,93, -5,81%), Bradesco (BBDC3, R$ 21,48, -5,56%; BBDC4, R$ 19,65, -3,84%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 15,95, -2,68%). 

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 GOAU4 GERDAU MET PN 1,54 +5,48 -86,15
 BRKM5 BRASKEM PNA 27,30 +2,98 +64,26
 OIBR4 OI PN 1,67 +2,45 -80,60
 FIBR3 FIBRIA ON 50,41 +2,21 +66,55
 VALE5 VALE PNA 10,42 +1,86 -42,28

Já entre as altas subiram os papéis de Vale (VALE3, R$ 12,89, +1,18%; VALE5, R$ 10,42, +1,86%), que caem, apesar da forte alta do preço do minério de ferro, que subiu 1,7% a US$ 40 a tonelada métrica. O rating da Vale, cabe lembrar, também foi rebaixado pela Fitch, de BBB+ para BBB com perspectiva negativa

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As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN EJ 26,93 -5,81 925,85M
 BBDC4 BRADESCO PN EJS 19,65 -3,84 444,55M
 PETR4 PETROBRAS PN 7,02 -2,50 417,11M
 VALE5 VALE PNA 10,42 +1,86 400,86M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,80 -1,93 299,34M
 BBAS3 BRASIL ON EJ 15,95 -2,68 202,55M
 ITSA4 ITAUSA PN EJ 7,15 -4,79 198,96M
 BRFS3 BRF SA ON 57,23 -0,21 191,01M
 JBSS3 JBS ON 12,65 +0,80 185,85M
 CIEL3 CIELO ON 34,76 -3,66 182,94M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Na semana
Segunda-feira foi dia de queda, com os investidores preocupados com a possibilidade da economia ficar paralisada durante o processo de impedimento de Dilma, o que se somou ao medo de uma saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, despontando com as especulações de uma alteração da meta de superávit primário de 2016. 

Já na terça, a Bolsa subiu seguindo os ganhos das bolsas internacionais e das commodities. Os índices norte-americanos fecharam em alta de pouco mais de 1% após fortes quedas nas sessões anteriores. Por aqui, ficou no radar a notícia de que a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em imóveis do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em mais uma fase da Operação Lava Jato.

Na quarta, o Ibovespa ganhou força ao longo do pregão e fechou em alta de 0,32% a 45.015 pontos em dia de vencimento dos contratos futuros do índice. Foi dia de decisão do Fomc, com fala da Yellen mostrando que o aperto monetário será gradual e também de decisão da Fitch de rebaixar o rating do Brasil de BBB- para BB+, com perspectiva negativa. Esse rebaixamento depois daquele realizado pela S&P em setembro fez com que o Brasil esteja agora oficialmente com rating “junk“, ou seja, perdemos o grau de investimento.

Por fim, a quinta foi uma sessão de alta em meio à fala da presidente do Fed e da votação do STF, que naquele momento indicava que o rito de impeachment da presidente Dilma Rousseff seria aceito.