Ibovespa cai 0,8% e fecha estável em semana de vitória da oposição e revisão da Moody’s

SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em queda nesta sexta-feira (11), ficando estável na semana, registrando apenas uma leve variação negativa de 0,22%. Nas últimas duas semanas, o principal índice da Bolsa brasileira acabou no negativo. No radar dos investidores nos últimos dias esteve a vitória da chapa da oposição na Comissão do Impeachment, que motivou uma alta de 3,75% do Ibovespa na quarta-feira. A revisão da perspectiva da nota brasileira para negativo e a possível saída de Levy, contudo, provocaram uma correção. 

Nesta sexta
Hoje o Ibovespa voltou a registrar perdas, refletindo a baixa das bolsas americanas, que têm queda de 1,5% em meio ao nervosismo do mercado às vésperas da decisão do Federal Reserve sobre juros, que ocorrerá na semana que vem, e com a queda do preço do petróleo. O barril do brent registrou queda de 4,51%, a US$ 38,32 o barril. O mercado brasileiro segue preocupado ainda com as notícias de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estaria ameaçando deixar o cargo se a meta fiscal for alterada.

O benchmark da Bolsa brasileira fechou em queda de 0,81%, a 45.262 pontos. O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 5,640 bilhões. Já o dólar comercial teve uma alta de 1,93% a R$ 3,8721 na compra e a R$ 3,8710 na venda, enquanto o dólar futuro para janeiro de 2016 tem alta de 1,38% a R$ 3,890. No mercado de juros futuros, depois da disparada de ontem em meio a fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o DI para janeiro de 2017 sobe 6 pontos-base a 16,01%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registra ganhos de 17 pontos-base a 16,02%. 

A forte demanda por ativos brasileiros vinda dos estrangeiros por causa do atual nível do dólar foi, apesar do cenário predominantemente negativo de hoje, motivo de um leve alívio perto do meio dia no mercado. Segundo o diretor da mesa de trade da Mirae Asset, Pablo Spyer, a correlação negativa entre Bolsa e dólar deixa de existir na medida em que o câmbio se aproxima de R$ 4,00, porque o investidor lá fora começa a ver os ativos daqui como muito baratos e se dispõe a comprar ações. “O que temos visto é que há uma demanda muito forte por ativos brasileiros por asiáticos. Então o dolar nesse nivel atual começa a causar uma alta na bolsa, porque o Ibovespa fica muito barato para os estrangeiros”, explica.

Ações em destaque
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,95, -2,72%; PETR4, R$ 7,27, -2,42%) registraram queda. O petróleo no mercado internacional seguiu em desempenho negativo nesta sexta. O barril do WTI (West Texas Intermediate) caiu 2,07% a US$ 36. Já o barril do Brent tem queda de 4,34% a US$ 39,40.

Em seu relatório mensal divulgado hoje, a Agência Internacional de Energia (AIE) chama a atenção para a decisão da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de manter seus níveis de produção, o que provoca um excesso de oferta, e queda nos preços por barril. As ações de grandes petroleiras internacionais já reagiam ao relatório nesta manhã.

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

Enquanto isso, as ações do setor financeiro voltaram a registrar queda. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,80, 0,00%), Bradesco (BBDC3, R$ 23,27, -1,69%; BBDC4, R$ 20,82, -0,86%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,65, -1,94%) tiveram perdas. No noticiário destas empresa, vale lembrar que a Moody’s colocou em revisão para possível rebaixamento – Itaú, Bradesco, BB, Santander, Daycoval e ABC. Juntas, estas quatro ações respondem por 20,59% da participação da carteira teórica do Ibovespa. 

Entre as baixas também estiveram os papéis da Vale (VALE3, R$ 12,17, -3,95%; VALE5, R$ 9,51, -5,09%). O preço do minério de ferro com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao caiu 0,57% a US$ 38,30. 

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Já as ações da BR Properties (BRPR3, R$ 8,60, +3,99%) dispararam, em meio à proposta da OPA (Oferta Pública de Aquisição) pela GP Investments, que ofereceu nesta manhã R$ 10,00 por ação. O valor da oferta corresponde a um prêmio de 20% em relação à véspera. A OPA envolverá no mínimo 37,81% e no máximo 62,81% das ações da companhia, atingindo 187.318.525 ações. Se realizada, oferta elevará fatia da GP na BR Properties para no mínimo 50% mais uma ação e no máximo, a 75%. 

Ontem, a companhia já adquiriu 12,19% do capital da companhia, ou 36,3 milhões de ações, em leilão realizado na BM&FBovespa, conforme comunicado divulgado nesta manhã. “A aquisição das ações no âmbito do leilão foi realizada como parte da estratégia de investimentos da GP Investments, com o objetivo de exercer efetiva influência na definição da estratégia de negócios da BR Properties”, disse a empresa, em comunicado divulgado nesta manhã. A compra foi feita com recursos do caixa da GP Real Properties. 

No leilão da BR Properties, ocorrido na véspera, foram vendidas mais de 60 milhões de ações da companhia, movimentando R$ 530 milhões. A ação saiu a leilão a R$ 8,27, ou 17,3% abaixo da oferta proposta agora pela GP Investments. 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

^* – Lote de mil ações 
¹ – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

O Ultimato de Levy
Em conversa com representantes da CMO (Comissão Mista de Orçamento), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que poderá deixar o governo caso seja aceita a proposta, defendida por uma ala do governo, de reduzir a zero a meta de superávit primário para o próximo ano, fixada por ele em 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB). “Se zerar o superávit, estou fora”, disse Levy aos presentes ao encontro, realizado no Ministério da Fazenda.

Impeachment se fortalece
Já no cenário político, o PSDB decidiu se unificar em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A decisão vem logo depois de aumentarem as tensões entre Dilma e seu vice, Michel Temer, tido como o articulador para a troca de comando na bancada do PMDB na Câmara dos Deputados de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) – mais governista – por Leonardo Quintão (PMDB-MG) – crítico de Dilma.

Destaque para as notícias de jornais destacando ainda que, na conversa com Dilma, Temer teria ameaçado tirar o apoio do partido à presidente, antecipando a convenção nacional marcada para março para “discutir a relação”, caso ela interfira nos assuntos internos do PMDB. Ontem em Porto Alegre, em reunião com políticos e empresários, o vice presidente voltou a defender um “governo de união nacional”, tema que há alguns meses azedou a relação dele com Dilma quando ele insinuou que “alguém” precisava liderar isto, dando a nítida impressão de que o “alguém” seria Michel Temer. Na capital gaúcha agora ele fez a ressalva de que tem conversado sobre isso com a presidente, embora eles tenham conversado muito pouco ultimamente – e quase apenas protocolarmente.

Na agenda do dia, Temer fala em palestra no Instituto Brasiliense de Direito Público, sob coordenação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.

Cenário externo
As bolsas chinesas terminaram a sessão desta sexta-feira em queda, na mínima em quase duas semanas, com a desvalorização do iuan e a ampliação dos problemas no conglomerado Fosun Group afetando a confiança dos investidores. A revista financeira Caixin citou na quinta-feira fontes não identificadas segundo as quais o bilionário fundador do Fosun Group não podia ser encontrado. A notícia afeta, potencialmente, um grande número de entidades listadas do grupo.

O índice de Xangai recuou 0,58%, para 3.435 pontos; por outro lado, o japonês Nikkei subiu 0,97%.

Entre os dados da China, a economia está mostrando os primeiros sinais de recuperação e vai haver mais sinais positivos nos próximos meses conforme as políticas de apoio do governo ganham força, afirmou nesta sexta-feira a Agência Nacional de Estatísticas do país.

O dia também foi de quedas na Europa, com os investidores já cautelosos com a possibilidade de um aumento dos juros nos Estados Unidos na próxima semana. Entre os dados econômicos, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da Alemanha subiu 0,1% em novembro ante outubro e avançou 0,4% na comparação anual, segundo dados finais divulgados hoje pela agência de estatísticas do país, a Destatis.

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