Ibovespa cai 1% em meio a realização e revisão da Moody’s; DIs disparam com Tombini

SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em queda de 1% nesta quinta-feira (10). No radar, a revisão de perspectiva para o rating soberano do Brasil pela Moody’s fez com que investidores assumissem uma posição de cautela e realizassem os ganhos de ontem, quando a Bolsa subiu nada menos do que 3,75%. No cenário internacional, as bolsas dos Estados Unidos sobem, recuperando-se de três dias de queda. 

O benchmark da Bolsa brasileira fechou em queda de 1,04%, a 45.630 pontos. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 5,925. Já o dólar comercial subiu 1,70% a R$ 3,7975 na compra e a R$ 3,8005 na venda, enquanto o dólar futuro para janeiro de 2016 tem alta de 1,38% a R$ 3,822. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 opera em alta de 18 pontos-base a 15,94%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 registrava ganhos de 8 pontos-base a 15,84%.

A disparada dos juros foi motivada pela fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Ele disse que o ajuste fiscal é fundamental para as bases do crescimento sustentável. Ele também disse que o Brasil não está em situação de dominância fiscal, que é quando a inflação não pode mais ser combatida por meio de elevações de juros de tão grave que é a situação da dívida pública. 

Moody’s
Logo após o fechamento do mercado na quarta-feira, a Moody’s colocou o rating do Brasil, atualmente em “Baa3”, em revisão para rebaixamento, colocando o país perto de perder o selo de bom pagador atribuído pela agência de classificação de risco. Uma revisão significa normalmente que uma ação sobre a nota pode acontecer em um prazo de 90 dias, segundo informações no site da Moody’s. De acordo com a agência de risco, a revisão da nota brasileira de crédito é consequência da acelerada deterioração das condições macroeconômicas e das tendências fiscais do país. Em comunicado, a agência citou ainda o risco de paralisia política.

Bruno Rovai, do Barclays, disse que se o processo de impeachment for longo, resultando em paralisia política, o downgrade pode vir em menos de 90 dias.

A perda do grau de investimento é dada como praticamente certa dentro do Executivo. “Demorou demais”, resumiu um integrante da área econômica à Reuters, sem antes lamentar que o movimento para o rebaixamento tenha se acelerado.

Política
Já no cenário político, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou em entrevista no Salão Verde que não haverá mais votações no Plenário da Casa até a decisão definitiva do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a tramitação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo Cunha, são os próprios partidos que estão interessados em obstruir as votações, aguardando uma decisão final do STF. 

Além disso, vale destacar o encontro que a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer tiveram na noite da véspera, após a polêmica carta do vice para a presidente em que ele apontou “fatos reveladores” da desconfiança que o governo tem em relação a ele e ao PMDB. Dilma divulgou nota afirmando que ela e Temer decidiram ter “uma relação extremamente profícua, tanto pessoal quanto institucionalmente”. Um pouco antes, ao sair da reunião, o vice-presidente disse aos jornalistas que na conversa com Dilma ficou acertado que os dois terão “uma relação pessoal e institucional que seja a mais fértil possível”.

EUA
Os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA foram de 269 mil para 282 mil na semana passada, contra estimativas de 269 mil. Já os preços de importação caíram 0,4% no mês passado, melhor do que a deflação esperada pela mediana das expectativas dos analistas. 

Ações em destaque
As ações dos bancos caíram hoje depois de pregão de euforia na véspera. Além do dia de correção, as ações foram afetadas por expectativa de que a Fazenda tribute letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA) até o final do ano. Segundo analistas do BTG Pactual, a notícia é ruim para o setor, já que o custo de financiamento dos bancos com LCI e LCA também deverá subir. O impacto é maior para os bancos públicos.

Hoje, a maior queda do setor veio justamente do Banco do Brasil (BBAS3, R$ 18,00, -4,26%), mas vale lembrar que ontem também essa foi a ação que mais subiu entre os bancos na Bolsa. Seguiram o movimento negativo Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,80, -0,59%), Bradesco (BBDC3, R$ 23,67, -3,94%; BBDC4, R$ 21,00, -4,33%). 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

Os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 9,20, -2,75%; PETR4, R$ 7,45, -2,61%) também recuaram. A companhia foi rebaixada novamente pela Moody’s. Essa foi a terceira vez no ano que a agência classificação de risco rebaixou a nota da estatal, indo agora de “Ba2” para “Ba3”. A agência ainda revisou a nota da petrolífera para possível novo rebaixamento. Em fevereiro, a Petrobras perdeu o grau de investimento pela Moody’s ao ser rebaixada de “Baa3” para “Ba2”.

Outra blue chip ligada a commodities, a Vale (VALE3, R$ 12,67, +4,88%; VALE5, R$ 10,02, +3,83%) foi na direção contrária e subiu apesar da queda do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao registrou queda de 1,43% a US$ 38,52. No ano, a queda do minério já chega a quase 50%. A holding Bradespar (BRAP4, R$ 5,11, +3,23%), que tem participação na Vale, acompanha o movimento.

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Entre as demais altas do dia estiveram as ações de companhias exportadoras de papel e celulose como Fibria (FIBR3, R$ 49,72, +1,89%) e Suzano (SUZB5, R$ 17,75, +1,49%). Estas empresas são beneficiadas pela alta do dólar, já que possuem suas receitas nesta moeda e os custos em real. 

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

^* – Lote de mil ações 
¹ – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

É hora ou não é de comprar ações da Petrobras? Veja essa análise especial antes de decidir: