Ibovespa cai puxado por Petrobras após petróleo despencar 5%; dólar sobe

SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em leve queda nesta segunda-feira (7) depois da derrocada das commodities, em especial do petróleo, jogar um banho de água fria nos investidores que compraram pela manhã a perspectiva de impeachment da presidente Dilma Rousseff. As bolsas dos Estados Unidos caem 1% ao mesmo tempo em que os índices europeus fecharam entre perdas e ganhos, abortando a tentativa de correção do início do dia. 

O benchmark da Bolsa brasileira teve leve baixa de 0,30% a 45.222 pontos puxado pelas ações da Petrobras, que caíram 5%. O volume financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 5,143 bilhões. Já o dólar comercial registrou ganhos de 0,71% a R$ 3,7577 na compra e a R$ 3,7589 na venda, enquanto o dólar futuro para janeiro de 2016 tinha uma alta de 0,46% a R$ 3,803. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 sobe 5 pontos-base a 15,76% e o DI para janeiro de 2021 avança 12 pontos-base a 15,79%. 

Pressionando o petróleo, hoje à noite sai a Balança Comercial na China, com estimativa de queda tanto das exportaçòes quanto das importações. Além disso, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) abandonou a sua estratégia de limitar a produção para controlar preços. “Americanos não têm nenhum teto, russos não têm nenhum teto, por quê a Opep deveria ter um teto?”, disse o ministro iraquiano Adel Abdul Mahdi. 

Fitch
O fraco desempenho econômico de países emergentes como o Brasil está “depreciando” o crescimento mundial, mas é pouco provável que desencadeie uma recessão global, avalia a agência de classificação de risco Fitch Ratings, em relatório.

A agência prevê que o crescimento econômico do planeta será de 2,3% em 2015, 2,6% em 2016 e de 2,7%, em 2017 – uma modesta melhora depois do pior desempenho desde a crise financeira global em 2015 (+2,3%). De acordo com a Fitch, enquanto as preocupações em relação ao crescimento do global do último inverno ainda não cessaram, “os problemas dos mercados emergentes não parecem estar causando dano extremo nas atividades das economias mais desenvolvidas”.

Política e indicadores
No noticiário doméstico o principal evento a ser acompanhado é a instalação da Comissão para analisar o impedimento de Dilma, com 65 deputados. O governo e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disputam o controle da comissão. A situação ocorre em um momento complicado de relações entre o planalto e o PMDB, já que o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, deixou o cargo ao mesmo tempo em que o vice-presidente, Michel Temer, diz que a presidente jamais confiou nele, algo que ela nega. Segundo informações do Globo, Padilha será secretário-geral do PMDB. 

Em meio a este quadro de tensão, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse ao Valor Econômico que Dilma deve combater impeachment com reformas como a da Previdência. Para ele, o pedido de impedimento não atrapalha, apenas traz mais transparência ao governo. Ele também disse que a única maneira de fazer a inflação convergir para a meta é acertar os desequilíbrios fiscais do governo, mas não se arriscou a dizer quando isso irá ocorrer. 

Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 saiu de uma retração de 3,19% para uma ainda maior, de 3,50%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 10,44% este ano.

Venezuela
Após 16 anos, a oposição ganhou a maioria na Venezuela. O presidente do país, Nicolás Maduro, admitiu a derrota, afirmando que seu partido reconheceu “os resultados adversos”. A oposição beneficiou-se do forte descontentamento popular no país com uma crise econômica provocada pela queda do preço do petróleo, já que a Venezuela detém as maiores reservas do produto do mundo, mas está atualmente imersa em uma situação de escassez de alimentos e bens de primeira necessidade.

Os resultados eleitorais traduzem uma virada histórica depois da chegada do poder do “chavismo” (de Hugo Chávez) em 1999, apesar de diversos analistas advertirem que Nicolás Maduro pode tentar limitar os poderes do Parlamento para contrariar esta vitória, arriscando desencadear protestos.

Ações em destaque
Entre as maiores quedas da sessão estiveram os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 8,64, -5,37%; PETR4, R$ 7,19, -4,39%). As ações foram impactadas pela queda do petróleo. O barril do WTI (West Texas Intermediate) recua 4,93% a US$ 38,00, ao passo que o Brent para fevereiro de 2016 cai 5,10% a US$ 41,28. 

Além da petroleira, em dia de queda para o preço do minério de ferro, que registrou baixa de 2,4%, a US$ 39,06 a tonelada no porto de Qingdao, a Vale (VALE3, R$ 12,21, -1,13%; VALE5, R$ 9,84, -1,50%) ficou novamente do lado negativo do pregão. Foi a menor cotação em 10 anos. 

As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

Os papéis da Gol (GOLL4, R$ 3,44, -1,43%) também fecharam em queda após a empresa anunciar sua projeção de volume de decolagens no mercado doméstico para o primeiro semestre de 2016. A companhia aérea estima queda de 4% a 6% na primeira metade do próximo ano. “A projeção reitera a estratégia de racionalidade de capacidade e otimização da malha doméstica da companhia”, informou a Gol, em fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). 

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

Por outro lado, entre as altas estão as ações da Cetip (CTIP3, R$ 38,96, +5,16%). A oferta de compra da Cetip pela BM&FBovespa (BVMF3, R$ 11,55, -0,09%) por R$ 39,00 por ação foi rejeitada. A Bolsa informou que o Conselho vai avaliar a resposta da empresa. “O primeiro posicionamento da CETIP sobre a proposta da Bolsa marca um passo importante, já que agora as partes partem para negociações formais. A expectativa é que a Bolsa contrate uma instituição financeira para realizar um parecer, a “fairness opinion”. Com isso, as discussões devem prosseguir até um acordo sobre o preço”, afirmou a BM&FBovespa.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

^* – Lote de mil ações 
¹ – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Cenário externo
As bolsas europeias começaram o dia em alta, mas terminaram entre perdas e ganhos, após os dados sólidos de emprego nos EUA darem maiores indicações de que o Federal Reserve pode elevar os juros em dezembro. Nas bolsas norte-americanas, a queda do petróleo pressiona ações do setor de energia e os índices Dow Jones e S&P 500 recuam respectivamente 0,76% e 0,85%. 

Enquanto isso, as bolsas asiáticas tiveram um dia misto, com as ações chinesas subindo em meio à alta de ações de companhias ligadas à “nova economia”. Xangai subiu 0,34%, enquanto o japonês Nikkei teve alta de 0,99%. Hoje, o ministro da Economia do Japão, Akira Amari, disse nesta segunda-feira que o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe não tem a intenção de elevar o imposto sobre vendas novamente após o aumento já marcado para 2017. 

O governo de Abe elevou o tributo a 8% em 2014. Outro aumento a 10% está marcado para 2017. Há alguma especulação sobre a possibilidade de o governo ter de elevar o imposto ainda mais para pagar gastos com saúde.

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