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SÃO PAULO – Eduardo Cunha confirmou a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e, como se tem visto nas redes sociais e nas ruas, já há quem esteja comemorando, mas qual será a reação do mercado à notícia? Segundo o analista Flávio Conde, da consultoria WhatsCall, o pregão desta quinta-feira (3) irá começar com muita euforia no mercado.
A tendência, segundo ele, é que na primeira hora da sessão, a Bolsa registre forte alta, mostrando o otimismo dos investidores com a notícia. Porém, no fim da manhã, ele acredite que o Ibovespa amenize os ganhos, mas se mantenha no positivo durante todo o dia, enquanto o mercado começa a analisar quais serão os próximos passos em relação ao processo.
A primeira sinalização de que a sessão será de alta já veio com o desempenho dos ativos brasileiros negociados em Nova York, onde o principal ETF subiu cerca de 2,5% logo após a notícia da abertura do processo, enquanto os ADRs da Petrobras dispararam mais de 4%.
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Conde afirma que enquanto o índice irá avançar, o dólar deve ter forte queda junto com os contratos de juros. “Após seguir entre os 45 mil pontos e 49 mil e uns quebrados nos últimos meses, a Bolsa deve alcançar os 47 mil pontos na sessão de amanhã, enquanto o dólar deve buscar um novo patamar em torno de R$ 3,70”, disse o analista.
É importante lembrar que a votação de um impeachment não é técnica, mas de caráter estritamente político, o que torna o futuro ainda mais nebuloso. O analista ainda ressalta que a presidente já “entra perdendo” nesta disputa, já que recentemente, em uma votação técnica, teve as contas reprovadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Ele explica que a notícia de uma potencial saída da presidente do poder abre espaço para uma recuperação dos ativos e um aumento do otimismo dos investidores. “Metade da forte queda do PIB que temos visto pode ser atribuída ao pessimismo não só do mercado, mas dos executivos e empresários e essa notícia faz com que ele comecem a rever suas projeções”, explica Conde.
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Diante disso, o que se pode ocorrer no médio prazo é uma mudança das perspectivas não só econômicas, mas também em relação ao desemprego e outros temas que estão afetando a vida dos brasileiros. Isso porque, por mais que ainda não se tenha certeza sobre a queda de Dilma, é provável que as empresas decidam esperar mais um pouco antes de fechar fábricas ou despedir funcionários, o que pode ter impacto até no consumo da população.
Porém, tudo isso deve ter um efeito apenas no médio e longo prazo, enquanto os investidores também passam a fazer outras questões sobre o assunto, como “quanto tempo este processo irá demorar” ou “neste caso, quem irá assumir é o vice Michel Temer?”. Mas isso fica para 2016.
O outro lado
Há quem não veja com tanto otimismo para o mercado esta notícia. Para o economista Bruno Lavieri, da 4E Consultoria, a reação será negativa no pregão de amanhã. “O deferimento eleva a incerteza porque não se sabe quanto tempo vai durar o processo, o que levará a um cenário de uma falta de governança”, explicou Lavieri.
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Por outro lado, continua o economista, se o processo resultar na saída de Dilma, o mercado deverá reagir de forma positiva. “Isto porque o Michel Temer (vice-presidente, que assumiria o cargo em caso de impeachment) sinaliza que não tem a intenção de disputar uma reeleição em 2018. Essa sinalização facilita trazer a oposição para o lado dele e, desta forma, ele teria uma bancada maior para aprovar o ajuste fiscal”, afirmou.
Sem a intenção de se reeleger, Temer também teria mais disposição política para implementar medidas impopulares, como o aumento de tributos e o corte de despesas, acrescentou Lavieri. Além disso, afirmou o economista, o PMDB, partido de Temer e de Cunha, tem uma postura um pouco mais ortodoxa no aspecto econômico, mais alinhada com o ajuste fiscal. O pedido para processo de impeachment deferido por Cunha foi elaborado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal.
Com Agência Estado
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