Vale afunda 24% e tem pior mês em 7 anos; veja as maiores altas e baixas de novembro

Siderúrgicas são destaque na ponta positiva e negativa no mês, com a CSN disparando 27% nestes trinta dias

Rodrigo Tolotti

Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas

Publicidade

SÃO PAULO – O desempenho desta segunda-feira (30) acabou definindo as perdas de 1,63% no mês para o Ibovespa, que ficou aos 45.120 pontos em novembro. Das 64 ações que fazem parte do índice, 6 tiveram ganhos de mais de 15%, enquanto outros 9 papéis encerraram o penúltimo mês de 2015 com desvalorização de mais de 15%. Em destaque ficaram as ações das companhias siderúrgicas e ligadas a mineração, que aparecem tanto na ponta positiva quanto negativa.

Apesar de não ficar no pior desempenho de novembro, a Vale (VALE3; VALE5) acabou sendo o grande destaque, registrando perdas de 22,80% para as ações ordinárias e 24,23% para as preferenciais, que fecham o período cotadas a R$ 13,17 e R$ 10,63, respectivamente. Com isso, a mineradora registra seu pior mês desde outubro de 2008, no auge da crise financeira mundial. Além do complicado cenário que a companhia já enfrentava diante da queda do preço do minério de ferro, novembro acabou marcado pelo desastre ocorrido em Minas Gerais.

No dia 5 barragens da mineradora Samarco – uma joint-venture da Vale com a BHP Billiton – se romperam em Mariana, Minas Gerais, deixando um rastro de destruição que já chegou ao litoral do Espírito Santo. Apesar da contagem de mortos e feridos, os danos totais estão longe de serem contabilizados, o que aumenta as dúvidas não só sobre a própria Samarco, mas também sobre suas controladoras.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Até o momento não há definições sobre culpados e custos para as companhias envolvidas. Há quem acredite que a Vale tenha grande parte da culpa, apesar da companhia ter deixado claro diversas vezes até o momento que não se vê obrigada a arcar com prejuízos. Recentemente, o promotor estadual Guilherme de Sá Meneghin disse que vai procurar penas máximas contra a Samarco, o que pode incluir a exigência de uma indenização de R$ 1 bilhão e o fechamento do lugar de forma permanente.

O acidente também danificou uma correia transportadora da mina da Vale e fechou a mina de Fazendão que alimentava a produção da Samarco. A Vale espera que cerca de 18 milhões de toneladas de produção sejam perdidas como resultado, que equivale a 5% da produção anual.

Isso levou o Bradesco a cortar sua estimativa para os lucros da Vale em 2016 em cerca de US$ 300 milhões, caindo para US$ 5 bilhões, enquanto o Deutsche Bank afirmou que os custos de limpeza poderiam ultrapassar US$ 1 bilhão. Com uma grande exposição à Vale, a holding Bradespar (BRAP4) acabou amargando o pior desempenho do mês, com perdas de 32,16%, cotada a R$ 5,32.

Continua depois da publicidade

Siderúrgicas em pontas opostas
Novembro acabou sendo um mês de extremos para o setor siderúrgico, com a CSN (CSNA3) registrando o segundo melhor desempenho do Ibovespa, avançando 26,73%, a R$ 5,50. Apesar dos problemas enfrentados pela indústria no ano, a companhia conseguiu subir forte favorecida por uma grande expectativa do mercado sobre vendas de ativos, além de uma recente notícia envolvendo o aumento das alíquotas de importação de alguns produtos siderúrgicos, que podem subir de 8% a 14% para entre 15% a 20%.

De volta às perdas, as ações da Metalúrgica Gerdau (GOAU4) aparece como a segunda pior do mês, com queda de 23,85%, a R$ 1,98 após uma recente oferta de ações feita no início de novembro. Há duas semanas, o Conselho de Administração da companhia aprovou um aumento de capital com a emissão de 500 milhões de ações ao preço unitário de R$ 1,80 reais, tanto ordinária como preferencial. Os R$ 900 milhões levantados com a operação serão utilizados integralmente para o pagamento de dívida, disse a metalúrgica. Esse preço ainda está abaixo da atual cotação da ação, colaborando para as quedas.

Novembro “arrasador” da Hypermarcas
Perdendo apenas para a CSN, a Hypermarcas (HYPE3) disparou 28,00% no mês, fechando a R$ 22,40. Os principais ganhos da companhia ocorreram na primeira semana de novembro, quando a empresa anunciou a venda de seu negócio de fabricação e venda de cosméticos para a francesa Coty por R$ 3,8 bilhões, dentro dos esforços para reduzir seu endividamento e se concentrar na área farmacêutica.

Continua depois da publicidade

Depois do anúncio, cinco bancos revisaram as projeções para o papel. O JPMorgan elevou o preço-alvo das ações de R$ 19,00 para R$ 23,00, assim como a recomendação, que passou de manutenção para compra. O Itaú BBA revisou a recomendação de market perform (desempenho em linha com a média) para outperform (desempenho acima da média). O Santander elevou a classificação de manutenção para compra, mas reduziu  o preço-alvo de R$ 25,00 para R$ 23,00.

O Credit Suisse passou a recomendação de neutra para outperform, com preço-alvo indo de R$ 21,00 para R$ 25,00 por ação. Por fim, o BTG Pactual elevou a recomendação para compra, com preço-alvo saltando em 20%, para R$ 21,00 por ação. Além das instituições, a Fitch colocou a companhia em “positive watch”, podendo ter seu rating elevado para grau de investimento.

Para conferir o desempenho de todas as ações em novembro acesse a ferramenta de Altas e Baixas do InfoMoney clicando aqui.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.