BTG cai 8,5%, holding da Vale cai 4% e Usiminas afunda 12%, para menor preço em 12 anos

Confira os principais destaques de ações do pregão desta segunda-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa voltou a cair nesta segunda-feira (30), estendendo as perdas da última semana em meio à pressão política e às questões envolvendo o Orçamento do próximo ano. Para piorar, nos próximos dias ocorre a visita de integrantes da Standard & Poor’s ao País, o que deixa os investidores preocupados com um novo rebaixamento de rating.

Os papéis da Vale, que chegaram a virar para alta, voltaram para o campo negativo, levando junto as ações da sua holding Bradespar. Pressionada pela Samarco e queda do minério de ferro, as ações da mineradora caminham para seu pior mês desde a crise de 2008. Já as ações da Petrobras amenizavam ganhos depois de subirem 4% mais cedo, com a alta dos preços do petróleo no mercado internacional.  

O movimento do mercado também foi intensificado pelo rebalanceamento do MSCI, que derrubou 15 ações da Bovespa nesta sessão, que caíram entre 5% a 18% nesta tarde. 

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Confira os principais destaques de ações da sessão desta segunda-feira (30):

Petrobras (PETR3, R$ 9,41, +0,86%; PETR4, R$ 7,67, +0,92%)
As ações da Petrobras amenizaram os ganhos depois de subirem 4%, acompanhando os preços do petróleo no mercado internacional, que subiam cerca de 1%. Nesta manhã, os papéis operaram em queda pressionados pelo noticiário corporativo. Segundo informações da Folha de S. Paulo, a Sete Brasil prepara recuperação judicial para pressionar a Petrobras, caso a estatal não cumpra o acordo “fechado” desde agosto. Sem receita e com uma dívida de cerca de R$ 14 bilhões com bancos credores, a Sete já consultou escritórios de advocacia para assessorá-la no processo. 

Além disso, a Petrobras confirmou nesta manhã que Murilo Ferreira renunciou à presidência do conselho de administração da companhia, depois de ter-se licenciado por um mês e meio do cargo. Luiz Nelson Guedes de Carvalho, que estava no exercício da presidência desde a licença de Ferreira, permanecerá até a próxima reunião ordinária do conselho.

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Vale (VALE3, R$ 13,17, -0,98%; VALE5, R$ 10,63, -4,06%)
As ações da Vale voltaram a perder força nesta sessão e atingiram seu pior mês desde outubro de 2008. O movimento pressionou também as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 5,32, -4,14%), holding que detém participação na mineradora.

O governo federal e os Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo vão entrar hoje com uma ação na Justiça para cobrar R$ 20 bilhões das empresas responsáveis pelo rompimento da barragem em Mariana (MG). Além da Samarco, a ação terá como alvo as mineradoras Vale e a BHP Billinton. 

Em entrevista à Sonia Racy, do jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, afirma que a empresa está trabalhando para melhorar na gestão das consequências do rompimento da barragem de Mariana (MG), diz que “não se sabe ainda as causas do acidente” e que as equipes trabalham 24 horas por dia para normalizar a situação. Ele nega omissão por parte da companhia. 

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Com essa informação, as ações da BHP apresentavam queda de 4,8% às 9 horas em Londres. Na mínima hoje, as ações chegaram a atingir 6,5% de queda, o menor nível em mais de 5 anos. 

Além disso, a Vale deverá permanecer pressionada, não só por conta da Samarco, mas também pela queda no preço do minério de ferro, que recuou 3,44% hoje no Porto de Qingdao, sendo negociado a US$ 42,97 a tonelada. O menor patamar em 10 anos.

Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 49,00, -1,51%)
As ações do Pão de Açúcar caíram hoje após dados ruins de vendas de supermercados em outubro e corte de preço-alvo do Deutsche Bank. Com a queda, os papéis atingem o menor patamar em 2 meses. Essa é a quinta queda em seis pregões. Hoje, o banco cortou o preço-alvo dos papéis de R$ 89,00 para R$ 60,00, com recomendação para manutenção. Eles esperam que a deterioração no ambiente competitivo pode levar a menor rentabilidade da companhia. Além disso, há risco nas controversas iniciativas de reestruturação do grupo na América Latina. 

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O banco também revisou para baixo suas projeções para Via Varejo, cortando em 5% e 16% suas estimativas para vendas em 2015 e 2016. Uma pobre visibilidade do case levou os analistas a reduzirem a projeção de margem Ebitda da companhia para o longo prazo, que passou da faixa de 8,5% a 9% para 7,0% a 7,5%. 

Além disso, as vendas reais nos supermercados brasileiros apresentaram queda de 1,56% no mês de outubro na comparação com igual período do ano anterior, segundo o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O indicador já considera dados deflacionadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Na comparação com setembro de 2015, as vendas reais aumentaram 8,89%.

Rebalanceamento do MSCI
Os investidores reagiram hoje ao rebalanceamento do MSCI (Morgan Stanley Capital International) – índice bastante acompanhado por investidores estrangeiros -, que já derruba 15 ações na Bovespa, com queda superior a 5%. Ao total, o MSCI Brazil excluiu 6 ações de sua nova carteira que vai vigorar a partir de 1° de dezembro, sem nenhuma adição, enquanto o MSCI Brazil Small Caps retirou 18 papéis e incluiu outros 8 papéis nesse índice.

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Todos os papéis que foram excluídos caíram, mas alguns registravam baixas inferior a 5%. A única exceção era a Tereos, que subiu mais de 11% após ser cortada. 

As maiores quedas de hoje concentravam-se nos papéis que saíram do MSCI Brazil Small Caps, sendo elas: Direcional (DIRR3, R$ 3,47, -2,53%), Ferbasa (FESA4, R$ 6,37, -10,16%), Helbor (HBOR3, R$ 1,79, -8,21%), Kepler Weber (KEPL3, R$ 19,30, -8,10%), Lopes (LPSB3, R$ 2,07, -17,53%), Magazine Luiza (MGLU3, R$ 8,83, -11,70%), Mills (MILS3, R$ 2,98, -17,22%), Paranapanema (PMAM3, R$ 2,26, -11,02%), PDG Realty (PDGR3, R$ 1,56, -7,69%), Restoque (LLIS3, R$ 1,92, -14,29%), São Carlos (SCAR3, R$ 21,15, -6,46%), Tegma (TGMA3, R$ 4,01, -7,82%), Tereos (TERI3, R$ 21,89, +6,73%), Daycoval (DAYC4, R$ 8,25, -2,94%), Celesc (CLSC4, R$ 11,29, -6,77%), Contax (CTAX11, R$ 0,69, -14,81%) e Cosan (CSAN3, R$ 24,54, -2,46%). Com a queda, as ações da Mills vão para mínima histórica, enquanto as ações da dona da Le Lis Blanc batem mínima desde 2010. 

Nesse índice, foram incluídos 8 papéis: Alpargatas (ALPA4), Banrisul (BRSR6), Cyrela (CYRE3), Ecorodovias (ECOR3), Par Corretora (PARC3), Guararapes (GUAR4), Oi (OIBR4) e Via Varejo (VVAR11). 

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Já das ações que saíram do MSCI Brazil, todas caíam também neste pregão, embora em menor intensidade: Cyrela (CYRE3, R$ 7,64, -4,50%), AES Tietê (GETI4, R$ 13,15, -2,88%), Ecorodovias (ECOR3, R$ 5,23, -4,39%), Usiminas (USIM5, R$ 2,20, -12,00%) – renovando sua mínima de agosto de 2003 -, Banrisul (BRSR6, R$ 5,45, -6,03%) e Via Varejo (VVAR11, R$ 3,50, -8,85%). Com o rebalanceamento, o índice passará a conter 60 ações. Segundo cálculos do Credit Suisse, são esperados que saíam US$ 300 milhões da BM&FBovespa nesta segunda-feira por conta do rebalanceamento. 

CSN (CSNA3, R$ 5,50, -6,46%)
Nem o anúncio de um acordo com sócios asiáticos que reduzirá seu endividamento em R$ 850 milhões ajudou a sustentar uma alta das ações da CSN nesta sessão. Depois de abrir com alta de quase 5%, as ações da siderúrgica viraram para queda em meio ao meio ao mau humor do mercado. A empresa anunciou nesta segunda-feira acordo com sócios asiáticos para criação de uma empresa de mineração que combinará a mina Casa de Pedra com a mineradora Namisa, além de ativos de logística. 

O valor de referência para as relações de troca envolvidas na operação foi de US$ 16 bilhões após anos de negociações entre a CSN e os sócios asiáticos que até agora dividem a Namisa com a CSN. Segundo a CSN, que tem agido para reduzir seu endividamento por meio de venda de ativos, a nova empresa, chamada de Congonhas Minérios, ficará com dívida de US$ 850 milhões que antes estava no balanço do grupo comandado por Benjamin Steinbruch.

A transação prevê ainda que a CSN vai comprar 4% das ações da Congonhas Minérios detidas pelo consórcio asiático por US$ 680 milhões de dólares. Com isso, a participação final da CSN na nova empresa será de 87,52%. Já o grupo asiático, formado por Itochu Corporation, JFE Steel Corporation, Posco, Kobe Steel, Nisshin Steel e China Steel Corp, ficará com os 12,48% restantes da Congonhas Minérios.

A CSN afirmou que a Congonhas Minérios terá sob seu conjunto de ativos direitos de operar o terminal portuário Tecar em Itaguaí (RJ) e 18,63% das ações da ferrovia MRS Logística, antes sob responsabilidade da CSN. O conjunto de ativos também inclui contratos de 40 anos para venda de minério de ferro para a CSN e os integrantes do consórcio. A CSN acertou ainda contratos de longo prazo para importar matérias-primas pelo Tecar.

Embraer (EMBR3, R$ 30,40, +3,97%)
As ações da Embraer dispararam após a companhia confirmar guidance de entrega de 95 a 100 E-Jets em 2015 em evento em São José dos Campos. Os papéis da companhia eram beneficiados também pela alta do dólar, que registrava ganhos de 0,81%, a R$ 3,85. 

BTG Pactual (BBTG11, R$ 20,90, -8,53%)
As ações do BTG Pactual caíram pelo quarto pregão seguido, acumulando perdas de 34% no período. O volume das negociações é 83% maior que a média dos últimos 21 pregões.

Ontem à noite, André Esteves renunciou à presidência do banco e do conselho de administração do BTG. Passam a dividir o comando do banco Roberto Sallouti e Marcelo Kalim, enquanto a presidência e vice do conselho ficam com os sócios Persio Arida e John Huw Jenkins, respectivamente. Arida, que assumiu interinamente a presidência do banco na quarta-feira, após prisão de Esteves, deixa a função. 

Além do BTG Pactual, Esteves renunciou ao cargo de conselheiro da BM&FBovespa. Esteves havia sido eleito para a função pela Assembleia Geral Ordinária (AGO) realizada em 30 de março de 2015. Segundo comunicado da BM&FBovespa, enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a comunicação foi feita por intermédio do BTG Pactual ontem, dia 29 de novembro. O conselho de administração da BM&FBovespa fará uma reunião, ainda sem data definida, para indicar o substituto de Esteves.

Ainda sobre o banco, o BTG concordou em vender sua participação de 12% na Rede D’Or São Luiz, a maior de hospitais do Brasil, por quase R$ 2,5 bilhões, para um de seus sócios no negócio, o fundo soberano de Cingapura GIC, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto à Reuters. O anúncio pode ocorrer na segunda-feira, disse a fonte, que preferiu ficar no anonimato. O GIC já tem 16% na rede de hospitais.

JBS (JBSS3, R$ 12,42, -7,73%)
Uma auditoria realizada pelo TCU (Tribunal de Contas da União) apontou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) teria registrado um prejuízo de pelo menos R$ 847,7 milhões com o frigorífico JBS. Conforme aponta reportagem da Folha de S. Paulo, entre 2006 e 2014, a JBS recebeu R$ 8,1 bilhões para comprar companhias no exterior e se tornar uma gigante no setor de carnes e, em troca, o banco se tornou sócio da empresa. 

O TCU avalia que o banco alterou regras de contrato, permitindo assim adquirir ações da empresa por um valor bem acima do mercado. Na mira do Tribunal, estão três operações feitas entre 2007 e 2009, que totalizam R$ 5,6 bilhões e refere-se a valores que não precisariam ser desembolsados. (Confira a matéria na íntegra, clicando aqui).