Kroton e Estácio afundam com rumor sobre Fies; 2 ações desabam até 9% após grupamentos

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta quinta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – Os bancos tiveram uma sessão de recuperação nesta quinta-feira (26), depois da forte derrocada ontem em meio aos desdobramentos da Operação Lava Jato, e ajudaram a sustentar a alta do Ibovespa, movimento favorecido também pelas ações da Petrobras, que também registraram ganhos após desabarem 7%, em meio à tensão generalizada do mercado interno e queda dos preços do petróleo.

O setor de educação que chamou atenção na ponta negativa do Ibovespa hoje, com Estácio e Kroton afundando quase 10%, após rumor de que o governo vai reduzir o valor do Fies pago em dinheiro. Completou o time das maiores quedas as ações da JBS, que foram impactadas por notícias de que a empresa teria sido favorecida por empréstimos do BNDES. 

Também no radar do investidor, as units do BTG Pactual recuaram nesta sessão, ainda em reflexo à prisão do seu presidente, André Esteves, mas de forma bem mais amena do que na véspera, quando chegaram a desabar 40%.

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 9,70, +0,41%; PETR4, R$ 7,92, +0,25%)
As ações da Petrobras conseguiram se recuperar após despencarem 7,5% na véspera com a queda do preço do petróleo ontem e os desdobramentos da Lava Jato. O senador Delcídio do Amaral e o banqueiro André Esteves foram presos na manhã de quarta-feira por suspeita de obstruírem a operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção que envolve a Petrobras. 

De acordo com profissionais do mercado de renda variável, tais eventos afetam a confiança no mercado pois envolvem pessoas relevantes nas cenas política e financeira, assustando inclusive investidores estrangeiros, que vinham sustentando ganhos recentes do Ibovespa apesar dos fundamentos negativos para as ações.

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Ainda no radar da companhia, o governo do Reino Unido vai emprestar US$ 500 milhões para a estatalapesar das investigações por corrupção em vários países, chegando à Suíça e Estados Unidos. O acordo de exportação financeiro ajudará a estatal a desenvolver projetos de exploração de petróleo e gás em águas profundas offshore do Brasil, segundo informações do jornal inglês The Guardian.

Educacionais
As ações do setor de educação desabaram hoje, após rumor de que o governo vai reduzir o valor do Fies (programa de financiamento estudantil do governo) pago em dinheiro. Segundo apurou o Valor, o MEC (Ministério da Educação) vai pagar às instituições de ensino apenas 60% do saldo dos títulos do Fies referente ao mês de novembro, depois de receberem em outubro apenas 80% do montante devido.

A reportagem fala que essa mudança afeta apenas as instituições menores, com menos de 20 mil alunos, que o governo teria se comprometido a pagar as 12 parcelas em 2015. Nas grandes, foram pagas somente oito parcelas e a última delas foi quitada no começo do segundo semestre. O MEC se comprometeu a pagar as outras quatro parcelas entre 2016 e 2018 para as instituições maiores.

Ainda assim, embora não influencie diretamente as instituições listadas na Bolsa, todas afundam hoje, já que a falta de dinheiro do governo federal continua sendo um grande risco para o setor. Neste momento, as ações da Estácio (ESTC3, R$ 15,09, -8,38%) e Kroton (KROT3, R$ 9,50, -8,57%) figuravam entre as maiores quedas do Ibovespa. Em menor intensidade eram as quedas dos papéis de Anima (ANIM3, R$ 12,31, -3,38%) e Ser Educacional (SEER3, R$ 9,01, -1,10%) – ambas negociadas fora do Ibovespa. 

JBS (JBSS3, R$ 13,48, -1,89%)
As ações da JBS registraram queda na sessão de hoje e atingiram o menor patamar desde 18 de março (quando fecharam a R$ 13,16), após a notícia de que uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), divulgada na quarta-feira, revelou indícios de “tratamento privilegiado” por parte do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ao grupo – dono de marcas como a Friboi –, em empréstimos e outras operações financeiras. 

De forma preliminar, o TCU estima que uma única operação tenha gerado um prejuízo de R$ 614 milhões ao banco, em valores de 2008. O pedido para que a auditoria fosse realizada partiu da Câmara dos Deputados.

A JBS informou que todos os dados sobre as transações da companhia com o BNDES, assim como com outras instituições e empresas, são públicos e estão disponíveis no site de Relações com Investidores da empresa e na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), disse a empresa em resposta por e-mail à Bloomberg. “Toda a relação com o BNDES foi feita de forma clara e transparente”, comentou.

Já o BNDES disse, por meio de sua assessoria de imprensa, estar “tranquilo quanto à regularidade das operações” com o grupo JBS. O BNDES disse “considerar o fato de o trabalho do TCU não ser conclusivo, uma vez que a auditoria levantou indícios”. 

Bancos
Os bancos se recuperaram após caírem cerca de 4% ontem, mas ainda estão longe de conquistar o terreno perdido na véspera. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 28,32, +1,47%), Bradesco (BBDC4, R$ 22,37, +2,19%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,85, +2,59%) registram ganhos neste pregão.

BTG Pactual (BBTG11, R$ 23,70, -2,87%)
Após despencarem 21% na véspera na sequência da prisão do seu presidente, o BTG seguiu em baixa na sessão de hoje, mas bem menos expressiva. Ontem, após o fechamento da Bolsa, o BTG anunciou um programa de recompra de até 23 milhões de units e vai tentar pleitear aval regulatório para poder comprar um volume de units superior ao limite previsto de 10%. O prazo da operação é de até 18 meses. 

Embora não dê para saber se a instituição já iniciou o programa, nos últimos dois dias o BTG liderou a intermediação de compra das próprias units, marcando hoje um saldo líquido comprador de 6,26 milhões de units, num total de R$ 144,1 milhões. Se representasse a recompra, esse montante seria aproximadamente 33% da operação. Depois de chegarem a cair quase 40% no pregão da véspera, as units do BTG encerraram em baixa de 21%.    

Segundo operadores de mercado, muitos investidores têm buscado aluguel dessas ações no BTC, mas não há mais oferta. “Bastante demanda e nenhuma oferta”, comentaram. Ontem, foram vistos alguns “recalls” com as units do BTG, isto é, quando o “doador” da ação pede ela de volta ao “tomador”, fazendo com que ele se desfaça da operação e, consequentemente, puxando uma alta dos preços. O movimento ocorreu após notícias sobre a prisão do presidente do banco.

O mercado de BTC é usado por investidor que quer operar vendido em uma determinada ação – isto é, esperando sua queda. Nesse caso, ele precisa primeiramente alugar a ação para, posteriormente, poder vendê-la no mercado. Caso o papel corresponda às expectativas e caía, ele recompra essa ação na Bolsa e assim obtém o lucro na operação. 

Hoje, a agência de classificação de risco Fitch colocou em observação com implicações negativas o rating do BTG Pactual, após a prisão de André Esteves, na véspera. A decisão da Fitch ocorre após a Moody’s ter colocado a nota em escala global do BTG Pactual, atualmente em “Baa3”, em revisão para um rebaixamento. Segundo o diretor da Fitch Eduardo Ribas, uma ação sobre o rating do BTG Pactual pode vir antes do prazo normal de até seis meses em casos assim, dependendo da evolução das condições de liquidez e de captação de recursos no mercado. Atualmente, o rating de longo prazo em moeda estrangeira da Fitch para o BTG Pactual é “BBB-“, com perspectiva negativa, em linha com a nota soberana do país.

Siderúrgicas
As ações das siderúrgicas ficaram entre perdas e ganhos, com destaque para a CSN (CSNA3, R$ 6,02, -1,31%) e Usiminas (USIM5, R$ 2,56, -1,16%). A expectativa é grande em relação a uma decisão do governo sobre o aumento da alíquota do imposto de importação sobre aço – o que puxou fortemente as ações das siderúrgicas na semana passada.

O governo federal está analisando a possibilidade de elevar impostos sobre importação de produtos siderúrgicos e deve tomar uma decisão a respeito em até 15 dias, disse nesta quinta-feira o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro.

Vale (VALE3, R$ 14,19, +0,92%; VALE5, R$ 11,76, +0,51%)
As ações da Vale fecharam com ganhos nesta sessão, após queda mais cedo repercutindo a sua exclusão do índice de sustentabilidade da BM&FBovespa. Somente este mês as ações da mineradora acumulam perdas de 16%, entre reflexos da tragédia em Mariana, Minas Gerais, e queda dos preços do minério de ferro. 

Após a ONU (Organização das Nações Unidas) afirmar que a lama da barragem rompida da Samarco – joint venture entre Vale e BHP – é tóxica, a BHP divulgou que os componentes são quimicamente estáveis e não mudarão sua composição na água. Segundo analista Pedro Galdi, da consultoria independente Whatscall, o evento da Samarco arranhou a imagem da Vale e da BHP e o pior é que uma resposta sobre o acidente e a recuperação dos danos ambientais irá demorar um bom tempo.

Porém, o Instituto de Gestão das Águas de Minas Gerais (Igam), chegou a encontrar níveis de arsênio mais de dez vezes acima do limite legal em um ponto do Rio Doce, depois do colapso da barragem em 5 de novembro, que matou pelo menos 13 pessoas e derramou uma lama espessa por diversas cidades do país. Uma quantidade de mercúrio ligeiramente acima do nível permitido também foi encontrada em uma área.

No total, o Igam encontrou níveis inaceitáveis de arsênio em um ou mais dias entre 7 de novembro e 12 de novembro, em sete trechos do Rio Doce, que se estende por 800 quilômetros de Minas Gerais ao Espírito Santo desaguando na costa atlântica.

BR Properties (BRPR3, R$ 10,60, 0,00%)
As ações da BR Properties ameaçaram registrar a primeira alta em 10 dias, mas ficaram estáveis após uma venda de ativos. A companhia de investimentos em imóveis comerciais BR Properties informou que concluiu a venda à BRE Ponte Participações de cinco ativos imobiliários pelo valor bruto de R$ 694 milhões. 

A venda inclui dois galpões industriais em Atibaia (SP) e Jarinu (SP), um imóvel de varejo e um escritório comercial na cidade de São Paulo e um galpão industrial em Vinhedo (SP), disse a empresa em fato relevante divulgado na noite de quarta-feira. A venda de outros imóveis inclusos no contrato, com valor bruto de R$ 371 milhões, “está sujeita à implementação de determinadas condições e será realizada oportunamente”, segundo a BR Properties.

Gol (GOLL4, R$ 3,46, -1,14%)
As ações da Gol fecharam em queda após divulgar um recuo na sua taxa de ocupação. A companhia informou que a demanda por voos domésticos da empresa caiu a um ritmo maior que o corte de oferta promovido pela empresa no período, em meio a retração da economia, que atingiu também o segmento internacional. Enquanto a oferta doméstica da Gol recuou 5,1% em outubro sobre o mesmo período do ano passado, a demanda caiu 9%, o que levou a taxa de ocupação a recuar 3,3 pontos percentuais, a 76,1%.

Segundo a empresa, o corte na oferta em outubro ficou em linha com a previsão de redução nos assentos disponíveis nos voos domésticos da empresa para o quarto trimestre, da ordem de 5% a 7%.

Reação a grupamentos
Duas empresas realizaram grupamentos de 50 ações para uma nesta sessão. Embora uma caía com mais intensidade, o movimento das duas é igual: queda. A small cap Brasil Pharma (BPHA3, R$ 16,20, -7,43%), que tem o BTG como maior acionista, desaba 12% nesta sessão e renova mínima histórica na Bolsa, enquanto a Tereos (TERI3, R$ 25,90, -9,12%) recua cerca de 2%.