Dona da Havaianas desaba 14% em 2 dias, Petrobras dispara 6% e Pão de Açúcar afunda

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa virou para o positivo na última hora do pregão desta terça-feira (24), alcançando sua sexta alta seguida, em meio à disparada dos preços do petróleo no mercado internacional, diante do renovado risco geopolítico após destruição de um avião russo pela Turquia.

O temor do mercado puxou o petróleo para alta de mais de 3% nesta tarde e contribuiu para a disparada dos papéis da Petrobras, que também tiveram sua sexta sessão de ganhos. O movimento de força do mercado também influenciou as ações da Vale, que viraram para alta, mesmo diante da queda do minério de ferro nesta sessão. 

Do lado negativo, a nova fase da Operação Lava Jato pressionou os papéis da JBS em meio às investigações no BNDES, que tem grande exposição ao grupo. As ações do frigorífico atingiram hoje seu menor patamar em 3 meses.

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Apesar do movimento pontual da Bolsa, o Itaú BBA disse nesta terça-feira que não vê as ações brasileiras se recuperando no curto prazo e que não é hora de estar comprado em ações do País. Carlos Constantini, diretor global de renda variável do banco e distribuição de renda fixa, que falou em entrevista à Bloomberg, destacou que a melhor estratégia para o Brasil, no momento, é escolher papéis com estratégia defensiva e exportadoras de commodities, como papel e celulose e proteína animal, como a JBS, que devem se beneficiar do câmbio. 

Confira abaixo os principais destaques de ações desta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 10,45, +6,09%; PETR4, R$ 8,50, +5,20%) 
As ações da Petrobras reverteram as perdas e dispararam nesta tarde, em meio à arrancada dos preços do petróleo no mercado internacional. O brent subia neste momento 3,32%, a US$ 46,32 o barril. Com a alta, as ações da Petrobras registraram sua sexta sessão seguida de ganhos, acumulando valorização de 15,6%, indo ao maior patamar desde o dia 3 deste mês.

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Nesta tarde, a Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP3) informou que pretende exercer seu direito de preferência de compra do bloco BM-S-8, onde fica Carcará, no pré-sal de Santos, caso a Petrobras decida se desfazer de parte de sua fatia, hoje correspondente a 66% do consórcio. A venda faria parte do plano de desinvestimento da estatal, embora não seja confirmado oficialmente pela empresa. 

Apesar da alta das ações, a companhia negou nesta manhã negociação para receber aporte de recursos via instrumento híbrido de capital e dívida (IHCD), em comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A informação de que o governo vai colocar dinheiro na Petrobras foi dada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, na última quinta-feira, dia 19. Segundo a matéria, a operação prevê um reforço de capital na empresa, sem a diluição dos minoritários e sem impacto no resultado fiscal da União. A operação funcionaria como um financiamento sem data de vencimento.

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Vale (VALE3, R$ 14,47, +1,54%VALE5, R$ 12,03, +1,69%)
As ações da Vale viraram para alta nesta tarde, puxada pelo ânimo renovado do mercado. Mais cedo, os papéis da mineradora renovavam seu menor patamar em mais de 11 anos, quando encostaram na mínima registrada desde 26 de agosto de 2004. Além de repercussão ao desastre em Mariana, ocorrido dia 5 de novembro, os papéis chegaram a sofrer com a queda dos preços do minério de ferro, que recuaram hoje para uma mínima de dez anos pressionado pela desaceleração da demanda chinesa no país e por um grande excedente de oferta. 

O minério com entrega imediata no porto de Tianjin recuou 1,8%, para US$ 43,40 por tonelada, menor cotação desde que o The Steel Index começou a compilar os dados no fim de 2008. Tomando-se como base o sistema de precificação anual que vigorava antes do sistema de preços à vista, 43,40 dólares é o menor valor desde 2005, segundo dados compilados pelo Goldman Sachs.

Além disso, segundo informações da Folha de S. Paulo, a barragem que se rompeu em Mariana, Minas Gerais, no dia 5, provocando um desastre ambiental histórico que já chegou até ao litoral capixaba, também tinha lama da Vale  A mineradora, que é uma das acionistas da Samarco, responsável pela barragem, utilizava a área para despejar rejeitos de minério de ferro de suas atividades na região. Procurada pelo jornal, a Vale confirmou que mantinha contrato com a Samarco para utilizar a barragem como destinação de seus rejeitos, mas afirmou que a lama correspondia a menos de 5% do total depositado na barragem de Fundão.

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Ainda no radar da mineradora, a agência de classificação de risco S&P rebaixou o rating de crédito corporativo da Samarco em escala global de “BB+” para “BB-“. Os ratings permanecem em observação negativa devido a um rebaixamento adicional em potencial se o atraso na volta das operações da Samarco aumentar o risco de default de suas obrigações financeiras.

JBS (JBSS3, R$ 14,05, -1,33%)
As ações da JBS ficaram entre as maiores quedas do Ibovespa nesta sessão e voltaram ao menor patamar desde 25 de agosto, quando fecharam a R$ 13,60. O mercado teme a nova fase das investigações da Operação Lava Jato. Essa é a primeira vez que a operação alcança o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que tem grande exposição ao grupo JBS. 

Mais cedo, a Polícia Federal foi na sede do banco, no Rio de Janeiro. O BNDES não foi alvo de mandado de busca e apreensão, mas terá seus contratos analisados pela força-tarefa da Lava Jato, que deflagrou hoje a 21ª fase da operação. 

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O procurador Diogo Castor de Mattos disse que, em troca do dinheiro destinado ao PT, proveniente dos empréstimos contraídos pelo pecuarista, as empresas do grupo Schahin conquistaram contratos de navio-sonda na Petrobras.

Em entrevista concedida hoje, em Curitiba, onde a força-tarefa da Lava Jato concedeu coletiva para explicar a 21ª fase da operação, foi citado que os créditos do BNDES a empresas de Bumlai somam hoje R$ 400 milhões não pagos e que os empréstimos serão investigados, para verificar se seguiram a política do banco de fomento. 

Natalino Bertin e Silmar Roberto Bertin, ligados ao frigorífico da família, que foi comprado em 2009 pela JBS, foram conduzidos coercitivamente à Polícia Federal na operação deflagrada nesta terça-feira. Segundo os investigadores, o caminho do dinheiro dos empréstimos a Bumlai vai até o frigorífico Bertin. 

Elétricas
O dia foi misto para as ações das elétricas, com destaque para a Cemig (CMIG4, R$ 7,37, +0,82%), Copel (CPLE6, R$ 30,29, -1,50%), CPFL (CPFE3, R$ 16,71, +0,24%) e Cesp (CESP6, R$ 14,84, -3,20%). Vale ficar de olho no setor de energia elétrica. O leilão das 29 hidrelétricas, cujas concessões já venceram, está marcado para amanhã (25), no qual pretende captar R$ 17 bilhões, e ocorrerá a votação sobre a MP 688 no Senado hoje. Especialistas apontam que, se a votação da MP 688 não for concluída no Senado ou se houver alguma alteração substancial no texto, a realização e o resultado do leilão são incertos. E, caso o leilão seja mantido, as condições propostas podem não refletir a realidade dos ativos ofertados. 

A China Three Gorges (CTG), empresa favorita a assumir o controle das hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, pode ganhar um concorrente à altura na disputa pelos ativos que pertenciam à Cesp. Segundo fontes, o governo federal articula para que o leilão tenha ao menos mais um consórcio na disputa pelos empreendimentos. Ele seria liderado pela também chinesa State Grid.

Alpargatas (ALPA4, R$ 8,30, -7,26%)
As ações da Alpargatas, dona da marca Havaianas, já desabaram 14% em dois dias, após anúncio de que a Camargo Corrêa vendeu o controle da empresa para a J&F Investimentos, dona da JBS.

Ontem, a ação caiu 8,02%, na maior queda desde outubro de 2008. Desde que a Camargo Corrêa anunciou, no início de outubro, que analisava oportunidades para a Alpargatas, a ação da empresa subiu quase 45% até o pregão da última sexta-feira. Segundo o blog Mercados, da Veja, o mercado não gostou de saber que os irmãos Joesley Batista e Wesley Batista, donos da J&F, vão manter no cargo o atual CEO da varejista, Marcio Utsch, já que a expectativa era que uma mudança pudesse trazer corte de custos e otimização do canal de vendas da empresa. 

Pão de Açúcar (PCAR4, R$ 52,75, -3,21%)
As ações do Pão de Açúcar afundaram nesta sessão, figurando como a maior queda do Ibovespa, em meio ao corte de quase 14% do preço-alvo dos papéis pelo JPMorgan, que passou de R$ 65,00 para R$ 56,00 por ação, mantendo a recomendação em underweight (exposição abaixo da média). 

Natura (NATU3, R$ 23,88, -1,73%)
As ações da Natura viraram para queda nesta sessão, após a companhia ter sua recomendação rebaixada pelo Itaú BBA para underperform (desempenho abaixo da média), virou para alta e sobe cerca de 1%. 

IMC Holdings (MEAL3, R$ 3,80, +1,06%)
As ações da IMC Holdings, dona das redes de restaurantes Viena e Frango Assado, teve sua primeira alta após cair por três dias seguidos, depois de anunciar a venda de ativos no México por R$ 175 milhões. Descontando a dívida, o BTG Pactual estima que entrará cerca de R$ 125 milhões no caixa da companhia. Desde a divulgação do balanço do 3° trimestre, dia 11 de novembro, os papéis desabaram 24% até a véspera. 

A ideia com a venda é reduzir a alavancagem e, consequentemente, o tamanho do aumento de capital, via emissão de ações, que passou de um teto de R$ 575 milhões para R$ 400 milhões, comentaram os analistas do banco. 

“Vemos essa venda como positiva, uma vez que esses ativos tem contribuição perto de zero e são pouco sinérgicos com o restante da operação”, disseram. 

Tupy (TUPY3, R$ 19,70, +0,51%)
A Tupy registrou a segunda alta em três dias após banco iniciar cobertura do papel. A companhia teve cobertura iniciada pelo Santander com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 27,00 por ação para o fim de 2016. A depreciação de 10% do real deve ter impacto positivo de cerca de 0,4 ponto percentual na margem bruta da companhia, enquanto mais R$ 0,20 na média do câmbio em 2016 pode aumentar Ebitda em reais em cerca de 4%, comentaram os analistas do banco. 

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