10 balanços, reações à Vale e indenização bilionária da Eletrobras agitam o radar

Confira os principais destaques corporativos desta quinta-feira

Paula Barra

Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo aparece movimentado nesta quinta-feira (5), entre temporada de balanços, série de notícias sobre Petrobras, revisão no orçamento de megaprojeto da Vale e indenização bilionária da Eletrobras.  

Sobre a Petrobras, o mercado teme que a greve dos petroleiros tenha impacto não só na geração de receita da companhia, como torne ainda mais desafiadora a execução do plano de venda de ativos da estatal.

Ontem, a companhia informou que, por conta da greve, a produção foi reduzido na quarta-feira a uma queda de 140 mil barris/dia, ante 178 mil barris/dia na terça-feira. O montante representa baixa de 6,5% na extração diária em relação aos níveis anteriores à paralisação, ante 8,5% verificado na terça-feira.

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A greve ganhou maior adesão ao longo do dia, atingindo 48 unidades marítimas da Bacia de Campos, a principal produtora de petróleo do Brasil, informou em paralelo o Sindipetro Norte Fluminense (Sindipetro-NF). Mais de 50 unidades marítimas estão atualmente na Bacia de Campos. Na terça-feira, a paralisação envolvia 45 unidades na bacia, que respondeu por cerca de 65% da produção brasileira de petróleo em setembro.

Ainda sobre a companhia, o TCU (Tribunal de Contas da União) irá analisar a responsabilidade da presidente Dilma Rousseff em relação às decisões que prejudicaram andamento de obras e levou à paralisação de refinarias da Petrobras Premium I e Premium II quando a então ministra fazia parte do Conselho de Administração da estatal. Dilma presidiu o Conselho entre 2003 e 2010.  A decisão foi comunicada na quarta-feira pelo ministro relator José Múcio e implica questionar a presidente por conta de prejuízos da ordem de R$ 2,8 bilhões da petrolífera, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo.

Braskem
Segundo informações do Valor, a Petrobras negocia gatilho para novo contrato de longo prazo com a Braskem (BRKM5) no fornecimento de nafta. O novo acordo estabeleceria um percentual fixo a ser aplicado à cotação ARA do insumo, com a possibilidade de renegociação dos termos de compra e venda caso o barril do petróleo caia abaixo de um valor pré-determinado ou supere o piso do intervalo definido entre as companhias.  

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Vale (VALE3; VALE5)
A Vale reviu a estimativa de investimento para o projeto S11D, o maior de minério de ferro da história da companhia, em Carajás, no Pará. A nova previsão é de US$ 14,4 bilhões, cerca de 27% – ou US$ 2 bilhões – a menos do que havia sido estimado pela companhia no fim do ano passado. A redução foi determinada por conta da desvalorização do real frente ao dólar, uma vez que a maior parte dos gastos no S11D é feita em moeda nacional.

A nova estimativa foi apresentada pela empresa a um grupo de analistas de bancos que está visitando nesta quarta e quinta o projeto, situado em Canaã dos Carajás, no Sudeste do Pará. O investimento de US$ 14,4 bilhões inclui mina, usina de beneficiamento e logística (ferrovia e porto).

Segundo o Itaú BBA, a companhia vai buscar um prêmio por seu produto de qualidade, o que pode implicar em um ramp-up de capacidade mais lento. “Embora acreditemos que os investidores estão se tornando cada vez mais construtivos sobre a história de investimento da Vale, a empresa, a nosso ver, continua altamente alavancada nos preços do minério dado o apertado Ebitda por tonelada no negócio de mineração e alta alavancagem financeira”, disseram os analistas. 

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Para o Santander, os custos operacionais esperados para S11D podem desapontar alguns investidores, dados que os custos atuais das operações de Carajás são US$ 10 a tonelada. Os analistas comentam que a diferença de custo entre S11D e as operações operações de Carajás tem diminuído, mas isso é devido a ganhos de eficiência ao longo dos últimos anos nas operações atuais. Neste sentido, a decepção acima mencionado seria “punição” à Vale por se tornar mais eficiente antes de S11D, disseram. 

Smiles (SMLE3)
A Smiles, empresa que gerencia programas de fidelidade, teve lucro líquido de R$ 98,6 milhões no terceiro trimestre, alta de 65,3% na comparação anual, apoiada na melhora do seu resultado operacional. No período, a receita líquida da empresa controlada pela companhia aérea Gol cresceu 55,9%, a R$ 349,1 milhões, enquanto o acúmulo de milhas subiu 15,6% e o resgate aumentou 8,9%.

Segundo o Itaú BBA, a companhia se beneficiou do aumento de receita de resgates, impulsionada por mudança na metodologia que define o valor a ser reconhecido a cada trimestre. “Embora SMLE3 tenha perdormado bem à frente dos resultados, não descartaríamos mais apreciação depois da divulgação”, comentaram os analistas. Ontem, os papéis da companhia dispararam 6,6%, a R$ 32,50. 

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Eletropaulo
A AES Eletropaulo (ELPL4) teve prejuízo líquido de R$ 5,2 milhões no terceiro trimestre, ante lucro líquido de R$ 130,6 milhões no mesmo período de 2014, após uma falha no registro de dados sobre duração e frequência de blecautes levar a empresa a fazer uma provisão de R$ 105,4 milhões.
 O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 128 milhões no terceiro trimestre, com redução de 69,7% na comparação anual. 

Segundo a Eletropaulo, foi identificada necessidade de revisão nos cálculos dos indicadores de qualidade DEC e FEC, que medem a duração e frequência de interrupções na área atendida pela empresa, no período de janeiro de 2014 a maio de 2015. “Estimamos que o impacto dessa inconsistência possa atingir 105,4 milhões de reais, que já foram provisionados no resultado”, disse a empresa.

Para o Credit Suisse, o resultado veio fraco, impactado pela provisão de R$ 105,4 milhões, mas o que chama atenção é a queda nos volumes, que tem acelerado a cada trimestre. 

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Ultrapar (UGPA3)
A Ultrapar reportou lucro líquido de R$ 298,5 milhões no terceiro trimestre, queda de 9% na comparação anual. Segundo a companhia, os números sofreram impacto negativo do resultado financeiro, devido ao aumento dos juros e à desvalorização do real em relação ao dólar. No trimestre, a despesa financeira foi de R$ 339,4 milhões. No mesmo período de 2014, o montante somou R$ 200,1 milhões.

A receita líquida cresceu 11%, para R$ 19,16 bilhões. Houve crescimento nas receitas da Ipiranga, Oxiteno, Ultragaz e Extrafarma. O resultado do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) teve aumento de 20% no trimestre, para R$ 944 milhões. O volume total vendido pela Ipiranga somou 6.574 mil metros cúbicos de combustíveis, alta de 1% na comparação anual.

Para o Itaú BBA, os dados operacionais foram “fortes, dentro do esperado”. Em termos gerais, os volumes das unidades começam a ser afetados pela recessão no Brasil, mas mesmo no cenário desfavorável, a Ultrapar é capaz de melhorar as margens, o que o banco vê como positivo. O Santander destacou resultados operacionais sólidos. O lucro foi afetado por despesas financeiras maiores com depreciação do real, um impacto negativo que o banco não espera que ocorra de novo no quarto trimestre e despesas maiores com impostos. 

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Telefônica Brasil (VIVT4)
A Telefônica Brasil registrou uma queda de 11,6% no lucro líquido do terceiro trimestre ante o mesmo período de 2014, para R$ 886,2 milhões. A receita líquida avançou 21,3% no período, para R$ 10,58 bilhões. No resultado pro forma, que considera a GVT Participações a partir de 1º de janeiro de 2014, o lucro recuou 16,1% e a receita teve alta de 5,2%. O Ebitda pro forma somou R$ 3,18 bilhões, alta de 3,6%.

Segundo o Itaú BBA, o destaque positivo foi o robusto crescimento de 35% na comparação anual na receita de dados móveis, que foi o principal driver por trás do crescimento da receita. O Bradesco BBI comentou que a companhia teve crescimento de receita “muito melhor” do que seus pares locais. No entanto, a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) segue pressionada devido ao aumento de despesas com a rede para melhorar a qualidade e maiores provisões para devedores duvidosos. 

AES Tietê 
A geradora de energia AES Tietê (GETI4) registrou lucro líquido de R$ 167,4 milhões no terceiro trimestre, com alta de 100,2% ante o mesmo período de 2014, com ajuda de uma melhoria nas chuvas, que reduziu o déficit de geração em suas hidrelétricas, disse a companhia nesta quarta-feira. 

Ainda assim, a AES Tietê decidiu postergar a distribuição de dividendos aos acionistas referentes ao resultado do trimestre, para que a administração da companhia possa realizar “uma melhor avaliação” do cenário macroeconômico e dos efeitos da seca sobre a produção de suas usinas. A companhia, que pagava a totalidade do lucro líquido em proventos aos acionistas desde 2006, tem a distribuição de dividendos intermediários definida pelo Conselho de Administração “semestralmente ou em períodos inferiores”.

Para o Santander, a reação das ações deve ser positiva, baseada em bom desempenho de custos e ajustes da inflação aos contratos, apesar da pressão do déficit hídrico. A companhia faz teleconferência com investidores às 12h (horário de Brasília). 

BTG Pactual
O BTG Pactual (BBTG11), maior banco de investimento independente em mercados emergentes, teve lucro líquido de R$ 1,51 bilhão no terceiro trimestre, um salto de 96,4% ante igual etapa de 2014. Estimativas da Bloomberg apontava lucro líquido ajustado de R$ 912,7 milhões. A receita total do grupo liderado por André Esteves no período somou R$ 2,56 bilhões, avanço ante R$ 1,702 bilhão um ano antes. 

A unidade de negócios que mais contribuiu com o aumento da receita foi a gestão de riquezas (wealth management), que deu um salto de 282% ante mesma etapa de 2014, a R$ 388 milhões, refletindo a incorporação da unidade suíça BSI. Além disso, as operações de tesouraria (sales and trading) tiveram receitas 84% maiores, a R$ 1,44 bilhão.

PDG Realty
A PDG Realty (PDGR3) registrou prejuízo líquido de R$ 402,73 milhões no terceiro trimestre, 131% superior à perda registrada um ano antes. A receita líquida caiu 50%, para R$ 551,24 milhões. 

Arezzo
A Arezzo (ARZZ3) teve lucro líquido de R$ 36,1 milhões no terceiro trimestre, acima do esperado pelos analistas consultados pela Bloomberg, que apontava lucro de R$ 33,8 milhões. A receita líquida da companhia passou de R$ 296,1 milhões no terceiro trimestre do ano passado para R$ 315,1 milhões, mas ficou abaixo das projeções dos analistas de R$ 320,5 milhões no período. 

Mills
A Mills (MILS3) encerrou o terceiro trimestre com receita líquida de R$ 136,5 milhões, abaixo das estimativas compiladas pela Bloomberg que apontavam para R$ 141,4 milhões. 

O Itaú BBA espera reação neutra “dado que o mercado já estava esperando números fracos”. Do lado positivo, o banco destacou os esforços contínuos da companhia para reduzir custos e capacidade a fim de se ajustar à queda na demanda. Do lado negativo, observa-se que esses ajustes ainda estão longe de serem suficientes. 

Eternit
A Eternit (ETER3) viu seu lucro líquido cair 76,7% no terceiro trimestre, para R$ 4,7 milhões, em função, principalmente da variação cambial negativa sobre a dívida em moeda estrangeira no valor de R$ 11,3 milhões. Já o Ebitda ajustado ficou 14,2% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, indo para R$ 50,4 milhões. A receita líquida consolidada somou R$ 245 milhões no trimestre, queda de 2,1%.  

BR Distribuidora
O Conselho de Administração da BR Distribuidora, subsidiária da estatal Petrobras (PETR3PETR4), aprovou em reunião nesta quarta-feira o nome do conselheiro Segen Farid Estefen para ocupar interinamente a presidência do colegiado até 31 de janeiro de 2016, segundo comunicado divulgado ao mercado.

A Reuters havia adiantado a nomeação mais cedo nesta quarta, citando duas fontes da petroleira.

Eletrobras (ELET3; ELET6)
A estatal de energia Eletrobras recebeu relatório de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que aprova indenização de R$ 9 bilhões à estatal, referente a investimentos não amortizados em linhas de transmissão que tiveram a concessão renovada antecipadamente em 2013, segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira.

A estatal havia pedido indenização de R$ 10,69 bilhões, com base em laudo da Deloitte. A decisão final sobre os valores será tomada pela diretoria da Aneel, enquanto a forma de pagamento será definida pelo governo federal.

Para o Santander, o montante da indenização é bom, uma vez que supera o valor contábil desses ativos e é maior que os valores incluídos no modelo do banco. “A notícia traz potencial de alta a nossas estimativas e projeções de preço justo, caso Aneel também aprove indenização melhor que o esperado para a Chesf e Eletronorte”, comentaram os analistas. 

Porto Seguro
Depois de mostrar números operacionais fortes no terceiro trimestre, o Credit Suisse elevou a recomendação das ações da Porto Seguro (PSSA3) de underperform (desempenho abaixo da média) para outperform (desempenho acima da média). O preço-alvo, por sua vez, passou de R$ 36,00 para R$ 34,00. 

Apesar do lucro líquido de R$ 181 milhões ter vindo abaixo das estimativas do banco, de R$274 milhões, os analistas acreditam que o resultado financeiro ruim não deve ser visto como sustentável, já que a empresa deve se beneficiar do aumento de juros nos próximos trimestres. Além disso, as tendências dos resultados operacionais tem se mostrado mais resiliente e a Porto Seguro já comecou a limpar seu portfolio de cartão de crédito, disseram.

Valid 
Um dia após divulgação de resultado do terceiro trimestre, a Valid (VLID3) teve sua recomendação rebaixada de compra para manutenção pelo Santander. 

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