Ibovespa ganha força no fim, sobe pela 9ª vez seguida e tem maior fechamento em 2 meses

Bancos caem e ações ligadas a commodities subiram, em meio ao cenário político indefinido e declarações de presidentes dos Feds regionais

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa fecha em alta nesta sexta-feira (9), estendendo um rali que já dura nove pregões consecutivos de alta, acumulando ganhos de 12,29%. É a maior sequência de altas desde agosto de 2013, motivada pela expectativa de que o Federal Reserve não eleve os juros este ano e também em meio à piora do cenário para o governo, que reforça a tese do impeachment, algo que alguns analistas do mercado consideram como positivo.  

O benchmark da Bolsa brasileira subiu 0,47% a 49.338 pontos. Com isso, chega ao seu maior patamar de fechamento deste 10 de agosto, quando o Ibovespa fechou a 49.353 pontos. Na semana, o índice subiu 4,90%, depois de já ter subido 4,91% na semana anterior.

Já o dólar comercial recuou 0,90% a R$ 3,7588 na venda, enquanto o dólar futuro para novembro cai 0,68% a R$ 3,787. Com isso, o câmbio volta ao nível pré-rebaixamento de rating do Brasil pela Standard & Poor’s no começo de setembro. Esta foi a semana de maior queda do dólar em quatro anos, com a divisa norte-americana desabando 4,74%.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 sobe 29 pontos-base, a 15,53%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 tem alta de 25 pontos-base, a 15,58%.

Impeachment ganha força
Segundo a Folha de S. Paulo, a oposição vai deflagrar o processo pelo afastamento de Dilma já na volta do feriado. De acordo com o jornal, a oposição se apressa por achar que após novembro dificilmente o impeachment vai adiante. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que o julgamento das contas do governo só deverá ser concluído pelo Congresso no próximo ano.

Ao mesmo tempo em que esta articulação pelo impedimento ocorre, sai notícia do Valor Econômico de que Dilma editou seis decretos autorizando créditos suplementares ao Orçamento da União, mesmo antes de o Congresso Nacional ter aprovado a redução da meta de superávit primário para 2015, definida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Com os decretos, Dilma ampliou os gastos federais em R$ 2,5 bilhões. Esta edição de decretos é a mesma que fez com que as contas de Dilma fossem rejeitadas no TCU e incorre nas chamadas “pedaladas fiscais”. 

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Tombini e Levy
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, discursam em evento do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial em Lima, no Peru. Ontem, Levy e Tombini asseguraram a investidores que o Brasil vai superar a crise política que ameaça a permanência da presidente Dilma Rousseff no cargo. Em um comentário surpreendentemente franco, Levy reconheceu para uma plateia de investidores que não sabia se a presidente enfrentaria um processo impeachment. 

Já Tombini afirmou que o Banco Central irá intervir no câmbio para conter excesso de volatilidade, assinalando que qualquer ação tomada será independente, buscando dar funcionalidade ao mercado. Ele também disse que as expectativas de inflação no Brasil a longo prazo foram reancoradas e que há consenso de que o ajuste fiscal no país deve ser mais rápido. O presidente do BC disse ainda que é preciso uma estrutura de política macroeconômica forte para lidar com a nova realidade, e que o Brasil é relativamente flexível. 

Indicadores
Conhecido por ser o índice de inflação que corrige os aluguéis de imóveis, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) registrou alta de 1,64% na primeira prévia de outubro, depois de subir 0,56% no mesmo período de apuração do mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta sexta-feira. A expectativa mediana dos economistas segundo a pesquisa Bloomberg era de que o índice tivesse um avanço de 1%. 

Cenário externo
As bolsas asiáticas e europeias subiram nesta sexta, impulsionadas pelo salto nos preços do petróleo e pelos ganhos de Wall Street após a ata da última reunião do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, ter sufocado ainda mais as expectativas de uma elevação iminente da taxa de juros.

A ata do Fed revelou a extensão das preocupações das autoridades do banco central de que uma desaceleração econômica global pode ameaçar a perspectiva econômica dos EUA. Embora elas tenham dito que as turbulências internacionais não “alteraram de forma material” as perspectivas econômicas, eles optaram por manter a taxa de juros no mês passado.

No entanto, a alta na taxa de juros dos Estados Unidos ainda pode acontecer em outubro ou dezembro, segundo o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Dennis Lockhart. Lockhart, um centrista bastante respeitado e votante no comitê de política econômica do Fed neste ano, disse que a desaceleração internacional e o relatório fraco de emprego nos EUA do mês passado mostram que há “um pouco mais de risco” para a economia norte- americana. Além dele, o presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, discursa às 14h30.

O presidente do Federal Reserve de Nova York, William Dudley, disse que está cético quanto à ideia de uma elevação de juros em outubro. 

Já os preços do petróleo ampliavam os ganhos após o grupo de energia PIRA, entidade que faz prognósticos observados atentamente, prever que os preços do petróleo vão subir para US$ 70 o barril até o final de 2016.

No noticiário corporativo europeu, destaque para a alta de 11% dos papéis da Glencore, após o anúncio de que a companhia vai reduzir sua produção de zinco em 500 mil toneladas por ano, correspondendo a aproximadamente um terço do total, a fim de preservar o valor das reservas da companhia em um período de preços baixos. As bolsas europeias registraram ganhos entre 0,6% e 1,3% nesta sessão.

Destaques de ações
As blue chips operaram divididas entre altas e baixas, mas a força das ações ligadas a commodities compensou a queda no setor financeiro. Os bancos como Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 29,55, -0,67%) e Bradesco (BBDC3, R$ 26,65, -0,74%; BBDC4, R$ 23,99, -1,07%) caíram, ao mesmo tempo em que ações de companhias ligadas a commodities como Vale (VALE3, R$ 20,79, +3,64%;VALE5, R$ 16,26, +2,01%) e siderúrgicas subiram.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 RUMO3 RUMO LOG ON 8,99 +13,80 -48,51
 GOLL4 GOL PN N2 4,40 +7,06 -71,01
 CSNA3 SID NACIONAL ON 5,33 +6,60 +3,13
 PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN 58,80 +4,76 -39,70
 BBAS3 BRASIL ON 18,51 +4,75 -15,85

CSN (CSNA3, R$ 5,33, +6,60%), Usiminas (USIM5, R$ 3,73, +1,63%) e Gerdau (GGBR4, R$ 6,71, +0,60%) voltaram a disparar com o “boom” dos preços das commodities lá fora, que ajudou a puxar também os ativos no mercado internacional. Contribui para o movimento a leitura da Pimco, que prevê o fim da quedas dos preços das commodities. No início da semana, o Morgan Stanley apontava “compra gritante” para emergentes e ações de empresas ligadas a commodities.

Ainda no radar das companhias, a Petrobras (PETR3, R$ 10,71, -0,37%; PETR4, R$ 8,80, +0,57%) informou que as revisões no plano de negócios realizada no começo desta semana tiveram como base um dólar a R$ 3,28 para 2015 e R$ 3,80 para 2016, ante estimativas de câmbio a R$ 3,10 e R$ 3,26, respectivamente. Até ontem, o dólar médio para 2015 era de R$ 3,19. Já o preço do petróleo Brent, usado como referência, foi reduzido de US$ 60,00 par US$ 54,00 o barril para 2015 e de US$ 70,00 para US$ 55,00 o barril em 2016.

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano
 OIBR4 OI PN 2,70 -23,30 -68,64
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 16,82 -4,16 +50,80
 JBSS3 JBS ON 15,00 -3,85 +35,39
 GOAU4 GERDAU MET PN 3,35 -3,74 -69,87
 MRFG3 MARFRIG ON 6,66 -3,20 +9,18

A maior queda do índice, acabou ficando com a Oi (OIBR4, R$ 2,70, -23,30%), depois que o conselho de administração homologou a conversão voluntária de ações preferenciais em ordinárias de emissão da empresa. A companhia espera que as ações ONs emitidas como resultado da conversão voluntária estejam disponíveis nas posições de custódia dos acionistas a partir de amanhã e possam ser negociadas a partir de 13 de outubro.

Ainda sobre a companhia, há rumores sobre fusão entre Oi e TIM (TIMP3, R$ 7,80, 0,00%), mais um aporte do fundo Letter One, para facilitar a consolidação no mercado de telecomunicações no Brasil. A transação poderia incluir uma fusão de R$ 10 bilhões da Letter One na Oi e a consequente fusão com a TIM. Há expectativa de que essa operação leve a alavancagem da Oi de 5,3 vezes atualmente para 2,4 vezes.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN ED 29,55 -0,67 741,21M
 PETR4 PETROBRAS PN 8,80 +0,57 626,86M
 VALE5 VALE PNA 16,26 +2,01 299,03M
 RUMO3 RUMO LOG ON 8,99 +13,80 298,42M
 PETR3 PETROBRAS ON 10,71 -0,37 294,08M
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 23,99 -1,07 291,73M
 VALE3 VALE ON 20,79 +3,64 242,89M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,79 +0,56 211,30M
 BRFS3 BRF SA ON 66,62 +0,94 197,21M
 BBAS3 BRASIL ON 18,51 +4,75 196,50M

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
 

Semana de recordes no mercado
A semana da Bolsa foi atípica, com diversos ativos operando em fortes altas ou quedas. Veja ativos ou índices que quebraram recordes hoje: 

1. Dólar tem maior queda semanal em 4 anos
A semana que se encerra foi marcada pela forte queda da moeda norte- americana, que recuou 4,91% em cinco pregões, atingindo sua maior queda semanal desde dezembro de 2011. Com isso, o dólar atingiu os R$ 3,7506 na compra e R$ 3,7518 na venda, menor valor desde o início de setembro. O principal fator que sustentou as perdas nesta semana está relacionado às expectativas de que o Federal Reserve deve postergar a elevação dos juros nos EUA para 2016. Segundo a equipe do Bradesco, a ata do Fomc divulgada na quinta-feira reforçou esta ideia e ajudou a enfraquecer o dólar contra as principais moedas do mundo. Os analistas destacam que a agenda fraca no Brasil também colaborou para o desempenho da moeda.

2. Maior alta do índice europeu de ações desde janeiro
O índice das principais ações europeias subiu para a máxima em um mês nesta sexta-feira, após registrar maior ganho semanal desde janeiro, com os papéis de mineradoras avançando e com as crescentes esperanças de que os juros permanecerão baixos por mais tempo. O índice das principais ações europeias FTSEurofirst 300 teve alta de 0,36%, a 1.432 pontos, acumulando alta de 4,4% na semana, e com os investidores – tranquilizados por preços das commodities mais estáveis – comprando ações apesar da sequência de dados econômicos fracos na região.

3. Ibovespa tem duas altas semanais seguidas pela primeira vez desde junho
O rali das últimas duas semanas, além de garantir a maior sequência de altas desde agosto de 2013 para o benchmark da nossa Bolsa, também foi significativo porque desde junho deste ano nós não fazíamos duas altas semanais seguidas. Na semana passada, o Ibovespa subiu 4,91% e desde o início do rali ele já registra uma valorização da ordem de 12,24%.  

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