Segundo maior fundo de pensão do Brasil pretende comprar debêntures da Petrobras

Decisão faz parte da diretriz recente da gestão de evitar ativos de risco e concentrar os novos investimentos em títulos federais e nos de companhias com ratings no mínimo AA

Reuters

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BRASÍLIA – A Petros, segundo maior fundo de pensão do país, planeja comprar debêntures da Petrobras (PETR3; PETR4), sua maior patrocinadora, disse um executivo da fundação nesta quinta-feira.

A decisão faz parte da diretriz mais recente da gestão de evitar ativos de risco e concentrar os novos investimentos em títulos federais e nos de companhias com ratings no mínimo AA na escala doméstica.

“Tivemos uma discussão interna sobre a possibilidade de conflito de interesses, mas tivemos um parecer jurídico que nos permite fazer”, disse à Reuters o diretor de investimentos da Petros, Lício da Costa Raimundo.

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Quase a totalidade dos 162 mil associados da Petros são funcionários da Petrobras. Um número pequeno pertence a outras companhias cujos fundos de pensão também são administrados pela Petros.

A Petrobras anunciou em agosto que pretende levantar 3 bilhões de reais com debêntures.

Além dos títulos privados de grandes companhias, a fundação também está focando em papéis do governo federal. Segundo Raimundo, mais do que o contexto doméstico de recessão e crise política, há a expectativa de forte volatilidade nos mercados internacionais no cenário de curto prazo, diante da chance de mudanças nas taxas de juros em economias maduras.

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“Não há muita clareza pela frente, pelo menos pelos próximos 12 meses”, disse. “Queremos menos risco de mercado de crédito privado.”

Dos cerca de 70 bilhões de reais que a fundação administra, cerca de 54 por cento estão em títulos do governo e a tendência é que esse percentual aumente num horizonte de dois a três anos, disse o executivo. Já a fatia de renda variável, que já caiu de 40 para 33 por cento desde 2012, tende a recuar um pouco mais.

O foco em papéis do governo é a principal aposta da Petros para voltar atingir uma rentabilidade mínima que permita ao fundo ter um equilíbrio de longo prazo entre contribuições e pagamentos de benefícios, a chamada meta atuarial.

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Em 2015, essa meta, que é de variação anual do IPCA mais 5,6 por cento, dificilmente será atingida. Em parte, devido ao fraco desempenho dos investimentos em ações.

No caso da Petros, alcançar uma rentabilidade média superior é necessário não apenas para manter o equilíbrio entre entradas e saídas de recursos, mas para recompor um déficit pesado em seu maior fundo, o PPSP.

Com cerca de 54 bilhões de reais, o PPSP reúne cerca de 100 mil participantes, grupo formado por funcionários que entraram na Petrobras até 2002. Devido a uma combinação de problemas na gestão de passivos e de ativos, esse fundo acumulou déficit de 6,2 bilhões de reais nos últimos dois anos.

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Metade desse déficit deveu-se a provisões feitas para cobrir acordos com aposentados antigos, que ganharam na Justiça o direito de ter adicionais aos benefícios.

Em 2015, o PPSP deve ter o terceiro ano no vermelho. Segundo o marco regulatório do setor, três anos seguidos de déficit exigem que o gestor apresente um plano de recomposição de perdas, o que deve ser dividido meio a meio entre o patrocinador e os participantes.

“No começo de 2015 tínhamos a expectativa de reverter o déficit, mas vemos que não vai acontecer, então teremos que apresentar um plano de equacionamento no ano que vem”, disse Raimundo.

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Segundo o executivo, para evitar a repetição de problemas que a Petros enfrenta com o PPSP, a Petros criou neste ano uma gerência de gestão de risco. Além disso, elevou o rigor da análise das propostas de investimento.

“Agora, só aceitamos ativos que tenham nota de agências internacionais”, disse.

Raimundo disse ainda estar otimista com a possibilidade de um desfecho favorável para a Sete Brasil. A Petros investiu junto com outros fundos na companhia criada para fabricar sondas de exploração petróleo. Em grave crise de liquidez, a Sete Brasil sofre os efeitos da operação Lava Jato, que investiga denúncias de corrupção na Petrobras.

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“Podemos ter notícias positivas em breve”, disse Raimundo, se referindo a uma solução para os problemas financeiros da Sete Brasil.