“Dessa vez, não vai acabar em pizza”, diz estrategista-chefe da XP, sobre o TCU

E, com isso, a probabilidade de impeachment da presidente, que ainda não está precificada no mercado, segundo o estrategista, aumenta

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O TCU (Tribunal de Contas da União) rejeitou as contas da presidente Dilma Rousseff de 2014, em uma decisão considerada histórica. Desde 1937, no governo Getúlio Vargas, as contas do governo não eram reprovadas pelo Tribunal. E, conforme destaca o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, este fato e outros motivos apontam que há uma probabilidade de “não acabarmos em pizza”.

E, com isso, a probabilidade de impeachment da presidente, que ainda não está precificada no mercado, segundo o estrategista, aumenta. Segundo Plácido, caso o mercado passe a ver o impeachment como mais provável, o Ibovespa “pode começar a andar”, já o que se viu até o momento é que a presidente não está conseguindo governabilidade, apesar da reforma. 

No final da semana passada, o governo conseguiu um “alívio” com a reforma ministerial, que deu sinalizações de que o ambiente político seria mais amigável. Porém, ao mesmo tempo, com os dados piores que o esperado nos Estados Unidos na semana passada – e levando a indicações de que o Federal Reserve pudesse adiar a elevação dos juros – a última semana foi de alta para as bolsas mundiais, o que também “ajudou” o mercado brasileiro. O rali do Ibovespa já dura oito dias e leva a Bolsa a uma alta de 11,5% no período. 

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Em meio a isso, o cenário para a Bolsa, caso o impeachment viesse a ocorrer, seria de um “susto” a princípio, já que aumenta a incerteza do mercado. Mas, depois, o mercado analisaria quais seriam os novos nomes, tanto para os cargos políticos quanto para os ministérios. Porém, ele ressalta: “não adianta colocar Armínio Fraga na Fazenda. A questão agora é mais política do que do ministro da Fazenda”.

Conforme destaca o estrategista, ressaltando pesquisa feita com investidores institucionais feita pela XP Investimentos, a probabilidade de impeachment ainda é baixa: 63% dos respondentes acreditam que a probabilidade é inferior a 40% e 37% apontaram que a chance é menor que 20%. Para 37% dos investidores a probabilidade é superior a 60%. A maioria dos respondentes, 79%, acredita que o impeachment ocorrerá em 2016, se vier a acontecer. 

Se isso acontecer, a pesquisa aponta que, para 34% dos investidores, o nível do Ibovespa ficaria entre 50 mil e 55 mil pontos. No médio prazo, a visão da maioria dos respondentes foi a mesma da reação imediata, ou seja, entre 50 mil e 55 mil pontos, mas com uma fatia maior dos respondentes, de 50%. Para 16% dos investidores, o Ibovespa iria para um nível entre 45 mil e 50 mil pontos. Ainda confrontando com a pergunta da reação imediata, no médio prazo o otimismo é maior, e 18% enxergam o Ibovespa acima de 55 mil pontos, completando apenas 15% acreditam em um patamar inferior a 45 mil pontos.

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A reação imediata para o dólar em caso de impeachment, segundo a pesquisa, seria entre R$ 3,50 e R$ 4, conforme apontam 60% dos investidores. Para 24% o cenário mais provável seria entre R$ 4,00 e R$ 4,50. Completaram a pesquisa 8% acreditando num dólar entre R$ 4,50 e R$ 5,00, outros 8% apontaram para abaixo de R$ 3,50. 

 No médio prazo, na visão de 58% dos investidores o dólar estaria entre R$3,50 e R$ 4,00 em caso de impedimento da presidente. Para 26%, o cenário mais provável seria entre R$ 4,00 e R$ 4,50, percentuais bem próximos da resposta quando questionados sobre a reação imediata do dólar. Completaram a pesquisa, 5% enxergando o dólar entre R$4,50 e R$ 5,00, e 11% apontando para um patamar abaixo de R$3,50. Nenhum investidor acredita no dólar superior a R$5,00 em um cenário de impeachment.

Probabilidade de impeachment cresce….
De acordo com Plácido, há três pontos importantes que reforçam a percepção: no primeiro ponto, o Planalto não tem governabilidade: “mesmo realizando a ‘reforma ministerial’, não conseguiu votar os vetos essa semana em duas tentativas frustradas”. 

O segundo ponto, aponta o estrategista, é que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) – autorizou, pela primeira vez, investigação da campanha da chapa PT e PMDB. Isso, aponta ele, deve levar uma maior parte do PMDB a apoiar o impeachment. Isso porque, na hipótese da chapa ser cassada, Temer também será atingido. “Melhor perder Dilma do que perder Dilma e Michel”, afirmou um peemedebista. Desta forma, o julgamento seria um instrumento de pressão sobre os que ainda estão reticentes em relação ao pedido de impeachment.

A terceira questão é o TCU (Tribunal de Contas da União), que rejeitou na quarta-feira as contas de Dilma, o que abre espaço para a votação no Congresso, onde os “aliados já não votam a favor do Planalto”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.