Esse rali não tem fim? Veja o que dizem os analistas sobre a disparada da Bolsa

Possibilidade de impeachment, ajuste fiscal tornando-se uma necessidade, Fed mais longe de subir juros; será que estas questões serão o bastante para manter a melhor sequência da Bolsa em mais de 1 ano?

Equipe InfoMoney

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa teve nesta quarta-feira (7), o seu sétimo pregão consecutivo de alta, acumulando 11,28% de ganhos desde o dia 28 de setembro, última vez em que a Bolsa fechou no vermelho. Esta já é a maior sequência de altas do benchmark desde março do ano passado, quando o índice só fez subir entre os dias 17 e 25. O grande motivo que era apontado pelos analistas para o rali foi a melhora do cenário político após a reforma ministerial e a expectativa de que o Congresso dificulte menos a aprovação das medidas do ajuste fiscal. Não foi o que aconteceu, e mesmo assim, a Bolsa continua subindo. Por que?

A explicação pode vir do fato de que talvez o mercado não tenha efetivamente comprado apenas a melhora no relacionamento entre o Planalto e o Congresso. Com as agências de classificação de risco de olho em cada movimento do cenário político e cada resultado fiscal do governo, seria suicídio não aprovar o ajuste fiscal aconteça o que acontecer. Por isso, o analista e blogueiro do InfoMoney, Pedro Paulo Silveira, acredita que há dois cenários possíveis, ambos vistos como positivos pelo mercado. 

No primeiro, o parlamento deixa de impor dificuldades a Dilma, o relacionamento melhora, o ajuste é aprovado e a presidente Dilma Rousseff se mantém no cargo. No segundo, a relação torna-se insustentável e, frente ao risco de não haver qualquer ajuste e as contas públicas sofrerem um colapso, Dilma cai, por renúncia, impugnação ou impeachment. O novo governo, frente a este quadro, seja o do vice-presidente, Michel Temer, seja o do senador tucano, Aécio Neves, seria obrigado a continuar o ajuste e as medidas de austeridade. Passado o pânico político inicial de uma deposição, a economia se reequilibraria e a Bolsa teria todos os motivos para subir.

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Para o economista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, pode ser isso mesmo que passa pela cabeça dos grandes players do mercado hoje. “É uma alta pautada na especulação. O adiamento da votação dos vetos nesta quarta mostrou que a governabilidade é baixa, então só faz sentido se for uma aposta na possbilidade da Dilma sair”, explica. Segundo ele, é difícil prever até onde vai a alta do Ibovespa, mas tudo depende dos desdobramentos das questões políticas que estão em pauta. 

No entanto, há quem acredite que o movimento se esgotou e não vai adiante. O analista da consultoria WhatsCall, Flávio Conde, disse que as recentes altas são o chamado “rali de alívio”, que ocorre quando o mercado precifica um evento muito ruim, ele não ocorre e a Bolsa passa a corrigir toda a queda anterior até o patamar em que estava antes de surgir esta expectativa. 

“Estava todo mundo com medo de rebaixamento do rating brasileiro pela Fitch ou pela Moody’s, do Fed subir os juros este ano e do governo Dilma se esfacelar e o ajuste não ser aprovado. Nada disso ocorreu”, afirma. Na sua avaliação, contudo, nada disso se garante no longo prazo, já que havendo uma perda total da governabilidade, não dá para garantir que o Brasil realmente não seja rebaixado. Da mesma forma, o governo ainda pode se esfacelar, e de fato, parece caminhar para isso, e o Federal Reserve não descartou uma alta de juros em 2015.

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“Não é um mês de criação de emprego abaixo de 200 mil que vai mudar a estratégia do Fed”, opina Conde. Para ele, o melhor que um investidor que tenha aproveitado o rali recente, e que ele acredita serem poucas pessoas que se encaixam nesta descrição, é embolsar os lucros. “De agora em diante precisa reanalisar cada um destes fatos que produziram a alta, então eu não entendo que deva continuar subindo”, afirma. 

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