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SÃO PAULO – Volatilidade. O termo pode até parecer batido, mas não tem como escolher outra palavra para definir o atual cenário no mercado brasileiro, principalmente quando o assunto é dólar e juros futuro. Na terça-feira, a moeda norte-americana superou seu maior nível histórico e fechou acima de R$ 4,00 – estendendo a alta no dia seguinte. Enquanto isso, os DIs se aproximavam de seus maiores níveis, acionando durante o pregão o “circuit breaker” após subirem o máximo permitido.
Tudo mudou nesta quinta-feira (24), após o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, falar em usar suas reservas para intervir no mercado e o Tesouro Nacional anunciar uma série de leilões de títulos. Tudo isso trouxe grande alívio para o mercado, fazendo com que os DIs despencassem (atingindo a queda máxima diária permitida), enquanto o dólar passou de R$ 4,25 para um fechamento em R$ 3,99. Mas afinal, o que será desses ativos nesta sexta?
A primeira coisa que é preciso entender é que nada mudou. Os problemas econômicos, risco de corte de rating, e a tensão política seguem no mesmo cenário que estavam nos últimos dias. Com este alerta, o economista Alexandre Cabral, da NeoValue Investimentos, ressalta que o BC deveria ter “mostrado seu poder” mais cedo, o que poderia ter evitado que o dólar atingisse os níveis vistos nestes dias. “Tombini tinha que ter se pronunciado na semana passada, ou até antes. Isso teria acalmado o mercado e evitado a volatilidade destes dias”, afirma.
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Porém, o economista destaca que o BC e o Tesouro não podem resolver os problemas e compara o mercado com um doente: “Eles deram a morfina para o paciente, mas não têm o medicamento que pode curá-lo”. Cabral reforça que as duas autoridades estão tentando resolver um problema que não é delas, sendo que para as tendências mudarem será preciso resolver a crise política do País.
No mercado, Cabral vê os contratos de juros futuros mais longos seguindo em queda amanhã, já que hoje muitos fecharam mais cedo com o acionamento do “circuit breaker”, o que mostra a tendência de seguir em queda. “O mercado acalmou, mas nada impede de uma notícia agitar tudo novamente”, diz.
No dólar, a questão envolve um pouco do mercado externo. Na noite desta quinta-feira, a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, ressaltou que vê como oportuno a elevação dos juros nos EUA ainda neste ano, fator que pode pressionar o dólar para cima amanhã. Além disso, é importante ficar atento ao resultado do PIB norte-americano durante a manhã, podendo reforçar o discurso de Yellen se vier forte.
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Enquanto isso, Pedro Galdi, analista da consultoria independente Whatscall, acredita que na Bovespa é possível termos uma recuperação durante a manhã após a Bolsa atingir sua quinta queda seguida nesta quinta. Por outro lado, ele reforça que durante a tarde a tendência é que o mercado vire para queda novamente: “ninguém vai querer ir posicionado para o fim de semana”.