Possível apoio de Dilma a Levy alivia e Ibovespa sobe 1,94%; dólar fica estável

Bolsa, que havia amenizado bruscamente os ganhos em meio a queda de blue chips, voltou a ganhar forças durante a tarde e fechou em alta

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa teve mais uma sessão de forte volatilidade nesta quinta-feira (3), chegando até mesmo a quase zerar em meio às dúvidas sobre permanência do ministro da Fazenda Joaquim Levy. A ampliação de receios políticos e econômicos tinha levado dólar a romper R$ 3,81 nesta manhã e Tesouro a cancelar leilão de títulos prefixados pela 1ª vez desde fevereiro de 2014 para minimizar volatilidade. Contudo, o benchmark da bolsa fechou em forte alta, de 1,94%, a 47.365 pontos, enquanto o dólar comercial fechou no zero, a R$ 3,760, após chegar a cair 0,5% com o alívio no mercado interno. 

Os DIs com vencimento longo também registraram queda. Os contratos de juros futuros com esse vencimento tinham alta pela manhã, mas reverteram para queda. “Há rumores no mercado de que Levy vai ganhar mais poder de novo dentro do governo”, disse Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora.

O início do dia já foi movimentado com a notícia de que o ministro teria pedido apoio da presidente Dilma Rousseff e, se caso isso não ocorresse, a sua permanência no cargo estaria em risco.

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Contudo, à tarde, foi divulgado que Levy cancelou a sua viagem à Turquia para participar da reunião do G20 para reunir-se com a presidente e Nelson Barbosa, o que aumentou a tensão nos mercados sobre os rumores de uma possível demissão. Porém, o ValorPro destacou que o encontro com Dilma e Barbosa seria para pacificar as relações, indicando que a presidente reforçará seu apoio ao titular da Fazenda. 

Vale ressaltar que a Bolsa subiu no começo do dia puxada pelo desempenho do exterior em meio ao anúncio de estímulos à economia da zona do euro pelo BCE (Banco Central Europeu). No entanto, assim como as bolsas americanas, o Ibovespa amenizou, com o índice brasileiro voltando a subir mais forte por volta das 14h30. 

Draghi aumentou o limite de compras de porções da dívida de cada membro da zona do euro de 25% para 33%. Analistas de mercado destacaram que o discurso do presidente do BCE mostrou “vontade” de agir diante da possibilidade de piora da economia da região por conta da China. 

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Destaque de ações
As ações da Vale (VALE3, R$ 18,73, +3,42%; VALE5, R$ 15,20, +4,25%) subiram em meio a estímulos na Europa anunciados pelo BCE (Banco Central Europeu). O outlook positivo da Rio Tinto em relação a produção de aço na China e também pelo baixo nível de estoques nos portos também puxa empresas do setor de mineração. 

Os bancos fecharam com ganhos após oscilarem mais cedo, com destaque para o Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 27,54, +3,81%), Bradesco (BBDC3, R$ 25,45, +2,33%; BBDC4, R$ 23,35, +2,50%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 17,83, +2,47%). Hoje, a Câmara dos Deputados concluiu a votação da MP que eleva a CSLL para bancos para 20%. 

Destaque ainda para os papéis da Petrobras (PETR3, R$ 10,24, +0,39%; PETR4, R$ 8,76, -0,68%), com os papéis ON fechando em leve alta e os papéis PN registrando queda. O barril do Brent teve leve alta, de 0,57%, a US$ 50,79. 

Apesar da visão mais positiva para o setor, os papéis das educacionais fecharam em queda: Kroton (KROT3, R$ 8,52, -1,27%) e Estácio (ESTC3, R$ 12,42, -0,56%). Conforme noticiou o Broadcast no início da semana, o Ministério da Educação tem dito, em conversas com o setor, que acredita numa continuidade na criação de vagas novas no Fies no patamar de 2015, com até 330 mil vagas novas em 2016. Essa hipótese é vista como possível, porque o desembolso por aluno tem caído com novas regras que reduzem o gasto necessário, como o financiamento de apenas uma parcela das mensalidades. 

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram: 

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 RUMO3 RUMO LOG ON 7,84 +5,95
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 6,75 +5,47
 CSAN3 COSAN ON 18,60 +5,08
 CPFE3 CPFL ENERGIA ON 15,87 +4,75
 ELET3 ELETROBRAS ON 5,03 +4,57

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa foram:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 OIBR4 OI PN 2,66 -2,56
 HYPE3 HYPERMARCAS ON 15,85 -2,10
 USIM5 USIMINAS PNA 3,20 -1,54
 GGBR4 GERDAU PN EJ 5,93 -1,50
 NATU3 NATURA ON 22,50 -1,40
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Indicadores econômicos
O principal destaque no Brasil foi o PMI (Índice Gerente de Compras) do setor de Serviços, que subiu de 39,1 pontos em julho para 44,8 pontos em agosto, atingindo o maior nível em cinco meses, segundo pesquisa da Markit. Apesar da melhora, os índices continuam abaixo de 50 pontos, o que indica contração da atividade.

Nos EUA foram divulgados os pedidos de auxílio-desemprego, que cresceram mais do que o esperado na semana passada, mas a tendência permaneceu consistente com o fortalecimento do mercado de trabalho. O número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego cresceu em 12 mil, para 282 mil, segundo números sazonalmente ajustados, na semana encerrada em 29 de agosto, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. Economistas previam alta para 275 mil no período.

Já o crescimento do setor de serviços dos Estados Unidos avançou em agosto ante julho ao maior nível desde maio, sinalizando que o país está na trajetória de registrar um crescimento sólido no terceiro trimestre, mostrou o PMI divulgado nesta quinta-feira. A leitura final do PMI do Markit para o setor de serviços subiu para 56,1 em agosto, uma leve melhora ante a leitura preliminar de 55,2 e sobre a leitura de 55,7 em julho.

Bolsas mundiais estendem ganhos
As bolsas mundiais têm um dia de alta nesta quinta, estendendo os ganhos da véspera, quando subiram em meio a indicações do Livro Bege do Federal Reserve de que os juros não vão subir tão cedo nos Estados Unidos. O mundo também repercute a fala de Mário Draghi ao fim da reunião do BCE (Banco Central Europeu). Na China, as bolsas estão fechadas para feriado pelo restante da semana.

Na Europa, o PMI da Zona do Euro subiu a 54,3 pontos contra 54,1 pontos esperado, liderado pela Alemanha, que teve o maior nível em 5 meses. Com isso, subiram os índices DAX (+2,69%), FTSE 100 (+1,82%), CAC 40 (+2,18%), FTSE MIB (+2,61%), IBEX 35 (+1,04%) e Stoxx 600 (+2,30%). 

Já as ações asiáticas tiveram dificuldades para se recuperar nesta quinta-feira com a volatilidade permanecendo alta, com moedas ligadas a commodities e economias emergentes enfraquecendo conforme investidores preocupam-se com as repercussões globais do crescimento mais lento na China.

O índice japonês Nikkei encerrou a sessão em alta pela primeira vez em quatro dias, com um ganho de 0,5%. Muitas bolsas regionais também avançaram, mas a fraqueza na Austrália e quedas nas moedas asiáticas levaram o índice o índice MSCI que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão a cair 0,15%.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Coreia do Sul cresceu 2,2% no segundo trimestre, na comparação com igual período de 2014, de acordo com dados oficiais revisados divulgados nesta quinta-feira. O PIB avançou 0,3%, na comparação com o primeiro trimestre. Os dois resultados coincidiram com os números divulgados anteriormente.

A Coreia do Sul confirma, desse modo, uma tendência de crescimento fraco, o que pode levar o Banco da Coreia a decidir cortar sua taxa de juros. No primeiro trimestre, o crescimento havia sido de 0,8% ante o trimestre anterior, portanto houve uma desaceleração. Na comparação anual, o crescimento do segundo trimestre foi o mais fraco no país em mais de dois anos.


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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.