Bolsa sobe com exterior e Petrobras vira para alta com petróleo; dólar chega a R$ 3,77

Índice volta a operar na mesma direção das bolsas internacionais; petróleo cai novamente

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – O Ibovespa tem alta nesta quarta-feira (2) puxado por mercado exterior, Petrobras, Vale e siderúrgicas. Lá fora, as bolsas europeias e os índices Dow Jones e S&P 500, recuperam-se depois do forte recuo de ontem. Fica no radar hoje a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), para a qual a maioria dos economistas espera uma manutenção da taxa de juros no atual patamar de 14,25% ao ano. Além disso, o seguro contra calote dos títulos brasileiros subiu ao maior nível desde 2009, mostrando aumento do risco de corte de rating. 

Às 16h07 (horário de Brasília), o benchmark da Bolsa brasileira subia 1,69%, a 46.245 pontos. Já o dólar comercial sobe 2,26% a R$ 3,7714 e o dólar futuro para outubro tem alta de 1,93% a R$ 3,805. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 sobe 33 pontos-base a 14,81%, enquanto o DI para janeiro de 2021 tem alta de 24 pbs também a 14,70%. Além deles, o DI para janeiro de 2016 opera em 14,40%, precificando um novo aumento da Selic na reunião do Copom de outubro. 

Há pouco foi noticiado que os CDSs (Credit Default Swaps) de 5 anos do Brasil subiram para 366,64 pontos-base, o maior nível desde março de 2009. O CDS é um ativo que funciona como um seguro contra calote de um determinado título de dívida. É como se fosse uma forma de operar vendido na renda fixa, sendo que seu preço aumenta conforme aumentam as chances de default do título ao qual ele se espelha. 

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O pregão também é marcado por uma série de indicadores macroeconômicos, tais quais o relatório de emprego do setor privado dos Estados Unidos (ADP Employment), os estoques de petróleo, a produção industrial por aqui e o Livro Bege do Federal Reserve. 

De todos o setor mais afetado pela crise econômica atual, a indústria teve mais um mês de retração em julho. Divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção industrial do mês de julho teve uma queda de 1,5%, contra 0,3% de recuo em junho e estimativas do mercado de 0,1% de queda. 

Com isso, a indústria encontra-se 14,1% abaixo do nível recorde alcançado em junho de 2013. Na série sem ajuste sazonal, no confronto com igual mês do ano anterior, a indústria apontou queda de 8,9% em julho de 2015, ante expectativa de 6,3% de retração, 17ª taxa negativa consecutiva e mais acentuada do que as observadas em março (-3,3%), abril (-7,7%), maio (-8,8%) e junho (-2,8%). Assim, o setor industrial acumulou redução de 6,6% nos sete meses de 2015. A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos 12 meses, com o recuo de 5,3% em julho de 2015, assinalou perda mais intensa do que a verificada em junho último (-4,9%) e manteve a trajetória descendente iniciada em março de 2014 (2,1%).

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Nos EUA, o ADP mostrou a criação de 190 mil novas vagas em agosto, contra 201 mil esperadas e 177 mil criadas no mês de julho. 

Já o Livro Bege mostrou que o mercado de trabalho dos Estados Unidos está forte o suficiente para motivar pequenos ganhos salariais em algumas profissões nas últimas semanas, mas algumas companhias já sentiam o impacto da desaceleração econômica na China. De maneira geral, a atividade econômica dos EUA continuou a expandir ao longo da maioria das regiões e dos setores entre julho e meados de agosto, informou o Fed em seu relatório, que reúne relatos sobre a atividade empresarial coletados com contatos em todo o país.

O déficit
Ainda no radar por aqui está o aumento dos riscos de perda do grau de investimento pelo Brasil depois do governo entregar Orçamento de 2016 prevendo um déficit de R$ 30,5 bilhões. A notícia também aumentou os temores de saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que teve um discurso mais agressivo ontem de espera por alta do dólar e não respondeu sobre se continuaria no cargo.

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A equipe do Itaú Unibanco revisou suas projeções após o anúncio do Orçamento do governo para 2016 e decidiu reduzir sua expectativa de superávit primário de 0,2% para déficit de 1% do PIB em 2016. “Os gastos mais elevados irão produzir um resultado primário abaixo da meta de -0,34%, porque a receita tende a frustrar as expectativas contidas no Orçamento”, disse o economista Luka Barbosa em relatório.

Além do Itaú, a agência de classificação de risco, Fitch Ratings, disse que a revisão do Orçamento colocou o resultado primário bem abaixo do cenário base. A previsão de déficit primário em 2016, conforme detalhado no Orçamento, evidencia as dificuldades que o Brasil está enfrentando com sua consolidação fiscal, disse o diretor sênior da agência, Shelly Shetty, em comentário feito por email à Bloomberg. 

A Fitch ressaltou que a dinâmica de crescimento fiscal e dívida determinará o rating do Brasil. O diretor da agência comentou que as revisões para baixo colocam a tendência dos superávits primários bem abaixo do cenário base usado pela Fitch em abril e enfatizam os riscos crescentes para a trajetória de dívida e de finanças públicas. 

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Por outro lado, segundo o Valor Econômico, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que a parte mais crítica da crise já passou. Ele e o líder do governo na Câmara tentam manter vetos de Dilma a algumas medidas; entre as que mais preocupam o governo estão o aumento do judiciário, a extensão da correção do mínimo a todos os aposentados e fator previdenciário. O impacto chegaria a R$ 75 bilhões em 10 anos.

Destaques de ações
As ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,19, +2,41%; PETR4, R$ 8,74, +1,75%) passaram boa parte do pregão em queda, mas viraram para alta acompanhando a virada do petróleo. O recuo veio após a divulgação dos estoques de petróleo nos EUA, que subiram 4,67 milhões na semana anterior contra queda de 5,45 milhões no último dado. Hoje o barril do Brent tem leve alta de 1,80% a US$ 52,09.

Outra notícia que deve ser acompanhada com atenção pelo mercado é o comunicado da Federação Única dos Petroleiros (FUP), de que entrará em greve por tempo indeterminado a partir da próxima sexta-feira. A greve está planejada para afetar todas as unidades administrativas e operacionais da Petrobras, assim como nas instalações da Transpetro, subsidiária de logística da estatal.

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As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 GOAU4 GERDAU MET PN ED 3,46 +11,61
 GGBR4 GERDAU PN EJ 5,93 +8,41
 GOLL4 GOL PN N2 4,11 +7,59
 JBSS3 JBS ON 15,33 +7,43
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 18,80 +6,09

Os papéis da Vale (VALE3, R$ 18,06, +4,86%; VALE5, R$ 14,45, +5,61%) operam em alta. O minério de ferro com entrega imediata no porto de Qingdao subiu 0,19% a US$ 56,70 a tonelada. Junto com a Vale sobem as ações de siderúrgicas como CSN (CSNA3, R$ 3,71, +5,10%) e Usiminas (USIM5, R$ 3,26, +5,16%), Gerdau (GGBR4, R$ 5,94, +8,59%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 3,45, +11,29%). 

As ações da Smiles (SMLE3, R$ 44,03, +0,80%) viram para alta depois de caírem 20% em 30 dias. Segundo Gesley Henrique, analista da Gradual Investimentos, o dólar mais alto prejudica a empresa porque torna mais desfavoráveis para a administradora de programas de fidelidade os termos de troca com os seus parceiros financeiros como os bancos, que passam a pedir descontos para comprar as suas milhas. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia
 QUAL3 QUALICORP ON 16,37 -3,08
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 6,41 -2,88
 CESP6 CESP PNB 14,91 -2,87
 LREN3 LOJAS RENNER ON 93,61 -2,29
 RENT3 LOCALIZA ON 21,12 -1,54

Ásia cai, Europa tenta recuperação
As bolsas asiáticas caíram pelo terceiro dia consecutivo nesta quarta-feira após relatórios fracos sobre atividade industrial na China, Estados Unidos e Europa alimentarem preocupações sobre a desaceleração do crescimento global. Embora sinais de uma desaceleração de mercados emergentes estejam evidentes há um tempo na forma dos preços de commodities em queda e crescimento fraco do comércio, investidores estavam de modo geral otimistas com esperanças de que as demandas forte dos EUA e da China manteriam o motor de crescimento mundial em movimento.

No entanto, os dados fracos de PMIs divulgados nesta semana acabaram com estas perspectivas. “Essa é a crise dos mercados emergentes de 2015”, disse o vice-presidente de investimentos de ações globais da Fidelity Worldwide Management.

“Apesar dos mercados emergentes estarem muito melhores do que estavam há alguns anos, pode haver mais dores aguardando eles no futuro”, disse ele. Em Tóquio, Nikkei caiu 0,39% e Xangai teve baixa de 0,37%. Cabe lembrar ainda que, em documento, o BC da China determinou compulsório para todos os derivativos cambiais.

Em destaque ainda, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que a recente volatilidade nos mercados financeiros globais mostra como os riscos podem se espalhar rapidamente de uma economia para outra. “O que tem sido demonstrado nas últimas semanas é quanto a Ásia está no centro da economia global, e quanto problemas em um mercado na Ásia pode de fato se espalhar para o resto do mundo”, disse Lagarde em conferência na capital da Indonésia.

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