O longo agosto: relembre o que marcou um dos piores meses da Bolsa dos últimos tempos

Black Monday, impostos e crise política: entenda o que explica o bear market de de agosto

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Este mês de agosto pareceu durar uma década para muita gente nas redes sociais. Quem investe em ações tem motivos para também ter sentido isso, com 31 dias agitados na Bovespa. O principal índice da nossa Bolsa entrou em Bear Market, as expectativas de elevação de juros do Federal Reserve mudaram de certeza absoluta para total indefinição, a China superou a Grécia como maior preocupação do mercado e o Brasil teve sua nota de crédito rebaixada pela agência de classificação de risco Moody’s. 

Veja os 10 eventos que explicam a queda de 8,33% da Bolsa em agosto:

1. Moody’s e S&P: o rebaixamento veio
Amplamente esperado pelo mercado, o rebaixamento do rating soberano brasileiro de Baa2 para Baa3 foi visto como positivo pelos investidores. Naquele dia, o Ibovespa Futuro virou de queda para alta de mais de 1%, depois da decisão da agência. Isso porque o que a grande maioria dos agentes do mercado esperava era um corte com revisão do outlook para negativo, o que não ocorreu. No entanto, não é hora para ficar otimista na opinião do economista da Elite Corretora, Hersz Ferman. Segundo ele, agora a situação do orçamento ficou ainda pior, com um provável déficit em 2016, de modo que a perda do grau de investimento parece cada vez mais próxima.  

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2. O retorno dos protestos pelo impeachment
As manifestações de agosto não foram tão grandes quanto as de março, mas ainda assim fizeram barulho e fez com que muita gente visse uma piora no cenário político do governo, que tem sérias dificuldades de aprovar medidas de ajuste das contas públicas por conta da resistência do Congresso. O quadro só não foi pior porque antes dos protestos o Planalto já havia se aproximado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para evitar uma crise ainda maior.  

3. A volta dos que não foram da CPMF
O retorno da CPMF, ventilado perto do fim do mês, poderia trazer uma economia de R$ 70 bilhões ao Orçamento, mas como era de se esperar a medida enfrentou a oposição de políticos e empresários. O que não era tão esperado foi o governo desistir de tomar a medida uma semana depois dos rumores ganharem força devido à pressão. Com isso, o ajuste fiscal fica ainda mais difícil.  

4. Temporada de balanços
Com um lucro de R$ 41,9 bilhões, ante um resultado de R$ 36,5 bilhões no mesmo período de 2014, segundo a consultoria Economatica, foi melhor do que seria esperado para um período de tanta fraqueza econômica. Contudo, ficou claro que houve alguns outliers que trouxeram esses números. Composto de 26 empresas, o setor bancário foi o mais lucrativo do segundo trimestre, com R$ 19,1 bilhões, ante R$ 13,3 bilhões entre abril e junho de 2014. O valor representa uma alta de 43%. Segundo a consultoria, o resultado do setor foi muito alavancado pelo lucro extraordinário do banco Santander, que no período teve crescimento de R$ 3,3 bilhões.

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5. Maxi-desvalorização do yuan
A desaceleração econômica da China fez com que o país decidisse por uma desvalorização cambial de 3% em uma semana, trazendo um temor generalizado de uma possível guerra cambial. O índice Xangai afundou 6,15%, na época acompanhando o enfraquecimento da moeda contra o dólar. O movimento do câmbio reacendeu temores de que Pequim pode ter a intenção de desvalorizar mais a moeda apesar de declarações do banco central do país, que afirmou não ver motivo para uma queda maior.

6. Black Monday ou por que não depender da China
O PMI (Índice Gerente de Compras) da indústria da China foi de 47,8 pontos para 47,1 pontos em agosto, segundo a Caixin Media. O mercado esperava que a desaceleração fizesse com que o governo adotasse estímulos, mas isso não ocorreu e, assim, houve um “sell-off” global. “Na China os números acabaram se mostrando cada vez piores e a gente viu o governo chinês desvalorizar a moeda para tornar os produtos mais atrativos. Isso trouxe uma onda de aversão a risco no mundo todo”, explica o economista Hersz Ferman.

7. 2,6% de retração do PIB
O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro teve queda de 1,9% no segundo trimestre de 2015 na comparação com o primeiro trimestre de 2015, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados na sexta-feira (28). Na base de comparação anual, a queda foi de 2,6%. Para Ferman, o número abaixo das expectativas foi “horrível”.

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8. Bradesco compra o HSBC e puxa o dólar
O Bradesco comprou o HSBC no começo de agosto por US$ 5,2 bilhões ou R$ 17,6 bilhões. O número foi tão grande que acabou tendo impactos no câmbio. O dólar subiu 2,32% na semana anterior, saindo dos R$ 3,347 para R$ R$ 3,425. Os investidores, já prevendo isso, se anteciparam para comprar a divisa norte-americana esperando lucrar com a valorização dela quando a operação fosse, de fato efetuada.

9. TSE perto de condenar Dilma
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e o Palácio do Planalto ficaram “perplexos” diante da abertura da ação de cassação de mandato contra Dilma Rousseff e o seu vice presidente Michel Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), segundo a coluna Painel, da Folha de S. PauloEm um julgamento que contou com bate-boca, os ministros Luiz Fux e Henrique Neves, do TSE, se manifestaram na última terça-feira (25) a favor da continuidade de uma ação apresentada pelo PSDB que pede que os mandatos da presidente Dilma Rousseff e seu vice-presidente, Michel Temer, sejam impugnados. Com os votos, formou-se a maioria de quatro ministros dentre os sete da Corte que são favoráveis à continuidade da ação. O pedido de vista causou algum alívio temporário, mas mostrou que o governo deve continuar preocupado com julgamentos como este e o das contas públicas que ocorre no TCU (Tribunal de Contas da União). 

10. A novela dos juros nos Estados Unidos
Todos esperavam que o Federal Reserve elevasse os juros em setembro, mas aí veio a China, que com desaceleração econômica e queda do yuan, levando a uma reprecificação. Já tinha gente falando em aumentos só em 2016 e até em um Quantitative Easing 4, para estimular a economia dos Estados Unidos em um momento de incerteza no cenário internacional. Isso até que no simpósio de Jackson Hole, o vice-presidente do Fed acenou para um aumento em setembro mesmo.   

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