Bolsa cai com fala do Fed, piora dos dados econômicos e queda de blue chips; dólar sobe

Índice terminou a semana em alta apesar de 'Black Monday', brusca queda dos EUA e aumento na CSLL, interrompendo melhores altas desde dezembro de 2014

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (28), puxado pelo setor financeiro, que caiu depois do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro vir mais fraco do que o esperado no segundo trimestre de 2015. O retorno das expectativas de aumento dos juros do Federal Reserve este ano também ajudou a azedar o dia. No radar político, a proposta de recriação da CPMF, com alíquota de 0,38%, enfrenta resistência de empresários e grupos políticos, mas pode trazer uma arrecadação de R$ 70 bilhões dentro do contexto do ajuste fiscal. Do lado internacional, as bolsas europeias operaram entre perdas e ganhos e os índices Dow Jones e S&P 500 registraram perdas em movimento de correção após rali recente. 

Hoje, a brasileira recuou 1,18% a 47.153 pontos, o que não impediu, contudo, que o Ibovespa subisse na semana. Em cinco dias, o benchmark teve alta de 3,14%, sua primeira alta semanal em três semanas. Enquanto isso, o dólar comercial fechou em leve alta de 0,91% a R$ 3,5853 na venda. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 subiu 10 pontos-base para 13,95% ao passo que o DI para janeiro de 2021 teve queda de 1 pb a 13,70%. O volume negociado neste pregão foi de R$ 6,903 bilhões.

O PIB brasileiro teve queda de 1,9% no segundo trimestre de 2015 na comparação com o primeiro trimestre de 2015, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Na base de comparação anual, a queda foi de 2,6%. O PIB, no 1º semestre de 2015, apresentou queda de 2,1%, em relação a igual período de 2014, seguindo a variação negativa de 0,4% no semestre encerrado em dezembro de 2014. 

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Foi divulgado também o resultado primário consolidado do setor público, que também foi mais fraco do que o previsto. O setor público brasileiro teve déficit primário de R$ 10,019 bilhões em julho, informou o Banco Central nesta sexta, acumulando em 12 meses rombo primário equivalente a 0,89% do Produto Interno Bruto (PIB), o pior da série histórica do BC. Em pesquisa Reuters, analistas estimavam saldo negativo de R$ 7,2 bilhões para o mês passado.

Segundo o trader da H. Commcor, Ari Santos, o mercado hoje teve um movimento de realização depois das altas dos últimos três dias, que formaram a melhor sequência do Ibovespa desde dezembro de 2014. Os dados econômicos, para ele, por pior que tenham vindo já eram de certa forma esperados, de modo que a volatilidade do petróleo e a valorização do minério foram bastantes para que algumas blue chips virassem e reduzissem as perdas da Bolsa. 

No cenário político doméstico, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que se o ministro da Fazenda não tiver a competência para encontrar outros caminhos para resolver a questão econômica brasileira, a não ser o aumento dos impostos, é melhor ele “arrumar as malas e voltar para casa”. 

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Jackson Hole
Lá fora, durante o simpósio de Jackson Hole, no qual membros do Fed se reúnem para discutir sobre política monetária e inflação, o vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, disse que uma elevação dos juros em setembro ainda é possível. Na mesma linha, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, acenou para um aumento das taxas de juros nos Estados Unidos em setembro. “Eu quero usar o tempo entre agora e a reunião do Fomc [Federal Open Market Committee] de setembro para avaliar toda a informação econômica que está chegando, incluindo a recente volatilidade nos mercados e os motivos por trás dela”, disse Mester.

“Mas isso até agora não mudou a minha perspectiva básica de que a economia dos EUA está sólida e isso pode embasar um aumento de juros”, concluiu. O presidente do Banco Central brasileiro, Alexandre Tombini, também está em Jackson Hole. 

Destaques de ações
Em destaque, os bancos recuaram depois de subir cerca de 3% na véspera, com o Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 27,53, -2,86%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 18,78, -2,34%) e Bradesco (BBDC3, R$ 26,41, -2,19%BBDC4, R$ 24,03, -2,59%) mostrando volatilidade. O setor financeiro é o mais pesado do Ibovespa, respondendo por 22% do índice se levarmos em conta só os bancos, sem as empresas de seguros e outras instituições financeiras. 

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O dia chegou a ser de alta para a Vale (VALE3, R$ 17,31, 2,15%VALE5, R$ 13,71, -0,07%), mas as ações fecharam em queda. Hoje, o preço do minério de ferro negociado no porto de Qingdao, registrou ganhos de 3,91%, a US$ 56,04 a tonelada. 


As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MULT3 MULTIPLAN ON N2 43,12 -4,71 -8,03 33,91M
 KROT3 KROTON ON 8,81 -3,72 -42,51 90,32M
 NATU3 NATURA ON 22,98 -3,45 -23,71 17,72M
 GOLL4 GOL PN N2 4,36 -3,33 -71,28 4,60M
 SANB11 SANTANDER BR UNT 14,65 -3,30 +10,97 19,50M

Das 66 ações do índice, apenas 17 não caíram. Entre elas estavam as ações da Petrobras (PETR3, R$ 10,28, +1,18%PETR4, R$ 9,00, +1,24%), que tiveram um dia bastante volátil operando entre leves perdas e ganhos. Lá fora, o petróleo subiu 5,13% o barril do Brent a US$ 50,00.

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Ainda no radar da estatal, o Ministério Público da Suíça relevou hoje que abriu novas investigações sobre caso de corrupção na companhia. Segundo o Valor, as autoridades suíças confirmaram que, com base nas constatações feitas até agora, suspeitam que companhias do grupo Odebrecht pagaram suborno por meio de contas naquele país para antigos diretores da estatal que também possuíam contas em bancos locais.

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 SMLE3 SMILES ON 49,70 +4,96 +12,07 35,20M
 ESTC3 ESTACIO PART ON 12,95 +1,65 -44,67 27,75M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 7,06 +1,44 -30,34 13,55M
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 16,97 +1,25 +52,15 70,95M
 PETR4 PETROBRAS PN 9,00 +1,24 -10,18 661,30M

Entre as altas também ficaram as ações da educacional Estácio (ESTC3, R$ 12,95, +1,65%). No noticiário das educacionais, o Ministério da Educação (MEC) está analisando a aplicação de um reajuste de 8,5% nas mensalidades pagas com Fies ­ o financiamento estudantil do governo ­ no próximo ano.

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Esse foi o aumento autorizado às instituições de ensino que entraram com ações judiciais contra o reajuste de 6,41% estipulado pelo governo. “Ainda estamos estudando, mas o percentual de 8,5% é aceitável porque agora tem o desconto de 5% e não fica um aumento tão pesado”, disse ontem Luiz Cláudio Costa, secretário­executivo do MEC, durante seminário sobre educação. Segundo relatório da equipe de análise da XP Investimentos, a partir deste segundo semestre, as escolas são obrigadas a dar um abatimento de pelo menos 5% nas mensalidades subsidiadas pelo financiamento do governo.

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 9,00 +1,24 661,30M 445,74M 60.262 
 VALE5 VALE PNA 13,71 -0,07 475,85M 310,56M 43.291 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 27,53 -2,86 461,06M 531,61M 40.436 
 PETR3 PETROBRAS ON 10,28 +1,18 380,44M 190,26M 38.702 
 BBDC4 BRADESCO PN 24,03 -2,59 331,55M 296,19M 34.464 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,20 +0,52 221,67M 255,01M 23.280 
 BBAS3 BRASIL ON EDJ 18,78 -2,34 199,94M 138,02M 18.322 
 BRFS3 BRF SA ON 69,25 +0,28 183,86M 177,34M 12.177 
 ITSA4 ITAUSA PN 7,52 -3,22 168,01M 202,73M 33.365 
 CIEL3 CIELO ON 39,17 -1,95 130,78M 190,79M 12.756 

* – Lote de mil ações 
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

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Cenário externo
Os mercados asiáticos deram continuidade a um rali global que já dura dois dias nesta sexta-feira, com dados positivos sobre o crescimento econômico dos Estados Unidos acalmando os nervos depois da forte queda das ações da região no começo da semana.

“A sessão asiática encarou com bons olhos as notícias sobre os mercados de ações nos EUA e commodities”, disse o analista de mercados Angus Nicholson, da IG, em nota a clientes. “Ruídos positivos na economia norte-americana provavelmente vão ajudar os mercados no começo da semana que vem”.

Wall Street teve forte alta na sessão anterior graças aos dados revisados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) nos EUA, que mostraram que a economia cresceu mais rapidamente do que se pensava antes no segundo trimestre — um sinal tranquilizador em meio a preocupações acerca dos problemas econômicos cada vez mais profundos na China.

Já nas bolsas europeias e no mercado futuro de Wall Street, o cenário é de maior cautela após o rali da véspera. As bolsas do continente operaram entre leves perdas e ganhos. 

Entre os dados econômicos da Europa, o Índice de Confiança Econômica atingiu a marca de 104,2 em agosto, a mais alta desde junho de 2011. Este indicador monitora a confiança dos consumidores e dos principais setores econômicos. Do lado da oferta, o destaque foi a confiança dos empresários do setor de serviços, que atingiu o seu patamar mais alto dos últimos quatro anos. Junto aos consumidores, o seu indicador voltou a se recuperar na margem, após cinco meses de queda.

A semana na Bolsa
O ‘pânico’ foi geral na segunda-feira (24) desta semana quando a China despencou 8% por conta de dados econômicos vindo mais fracos que o esperado. O país mostrou mais uma vez porque o sell-off global ou, em bom português, o cenário de pânico dos mercados, é desta vez bastante sério e afeta de forma bastante expressiva os mercados mundiais. Lá fora, no mercado americano, o S&P500, o Dow Jones e o Nasdaq caíram mais de 3%, seguindo a bolsa de Xangai, que teve queda de 8,46%, na maior baixa desde 2007. A sessão foi chamada de “Black Monday” dos mercados, fazendo um pararelo com que aconteceu em 19 de outubro de 1987, quando as bolsas caíram em um efeito dominó a começar por Hong Kong e culminando numa queda de 22,61% do Dow Jones. 

Na terça-feira, o cenário melhorou um pouco com as medidas de estímulo da China, quando após o fechamento das bolsas asiáticas, o Banco Central do país anunciou uma série de medidas para conter a baixa dos mercados, como o corte na taxa de compulsório e da taxa de empréstimos, que vinham sendo amplamente esperados pelo mercado. Com isso, o alemão DAX fechou em alta de 4,97%, enquanto o CAC 40 teve alta de 4,14%. Dentre outras medidas para conter a queda do mercado, o Banco Popular da China anunciou a injeção de um total de 150 bilhões de yuans, cerca de US$ 23,4 bilhões, no sistema financeiro do país para aumentar sua liquidez. 

Depois disso, o mercado norte-americano ficou em destaque na quarta-feira (26) com o índice S&P 500, que engloba as 500 principais empresas dos EUA, fechando em alta de 3,90% a 1.941 pontos. O Dow Jones, que mede o desempenho das 30 principais blue chips norte-americanas, encerrou o pregão em desvalorização de 3,95% atingindo 16. 286 pontos. Os dois índices tiveram suas maiores altas desde 2011. 

Por aqui, o destaque ficou com a senadora Gleisi Hoffman afirmando aceitar colocar o prazo de 1º de janeiro de 2019 para a vigência da nova alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) pela MP 675, que será de 20% sobre o lucro. A proposta original do governo não determinava um prazo para o aumento da alíquota.