Dá para se animar com a disparada do Ibovespa? Veja o que 5 analistas acham

Ibovespa engatou 3 altas seguidas e chegou ao maior fechamento desde dezembro do ano passado. Os ganhos irão continuar daqui para frente ou isso é apenas um repique?

Paula Barra

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SÃO PAULO – Depois de fechar no menor patamar desde abril de 2009 na segunda-feira, em meio ao “furacão” China, o mercado conseguiu respirar por três pregões seguidos, culminando nesta quinta-feira (27) no melhor fechamento desde dezembro do ano passado, com alta de 3,64%, a 47.715 pontos. 

Dentro de sua tendência de baixa de médio prazo, o Ibovespa conseguiu mostrar forte correção e nesses três dias subir 7,7%, alimentado pela disparada das commodities. Mas o que isso significa na prática? É hora de se animar com as seguidas altas da Bolsa, ou ainda não há motivos – leia-se, fundamentos – para se empolgar que o mercado está se recuperando?

Para responder estas perguntas que devem passar na cabeça de muitos investidores, o InfoMoney buscou a opinião de 5 grafistas. A resposta de 4 deles foi unânime: não se anime, ainda é muito cedo para falar em reversão. O ponto de suporte nos 44.000 pontos está apenas “cumprindo seu papel”. Apenas uma opinião destoa, que alerta para uma possível formação de fundo.

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Confira a resposta de cada especialista consultado pelo InfoMoney:

1) André Moraes, XP Investimentos
Apesar das fortes altas nos últimos dois pregões ainda é muito cedo para falarmos em reversão para tendência de alta. Por enquanto o que estamos vendo é uma correção de queda dos últimos dois meses nos principais setores do mercado brasileiro. Para termos reversão, precisamos enxergar no gráfico diário ao menos um pivô, que geralmente demora entre 10 e 20 pregões para acontecer, comenta.

Segundo Moraes, o que não podemos negar é que esse é um excelente suporte do Ibovespa. Isso por conta de 4 motivos: 1°) estamos no suporte de uma linha de tendência de alta no gráfico semanal que vem desde junho de 2013. Esse é o quarto toque nessa linha e, em momentos anteriores, tivemos uma forte reação do mercado após esse período; 2°) existe pelo menos mais 3 pontos de suporte no Ibovespa até os 44 mil pontos. Precisa de uma “força descomunal” do mercado para que esses pontos sejam ultrapassados; 3°) as últimas 7 grandes pernas de queda do Ibovespa (de 2011 a 2015) tiveram em média 22% de queda. A atual perna já tem 20%, e conseguimos observar também que após essas quedas tivemos uma forte recuperação do mercado; 4°) por fim, a projeção de 100% de Fibonacci em relação à perna anterior do gráfico semanal mostra suporte em 42.000 pontos, sendo muito improvável que isso seja rompido antes de uma correção de médio prazo. 

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Para que haja mais quedas no Ibovespa, ele acredita que seja preciso um ponto de ruptura, como o agravamento da crise política ou uma crise muito mais ampla na China. 

2) Raphael Figueredo, da Clear Corretora
“Ainda é muito cedo para falar em uma reversão de tendência, uma vez que nas últimas altas, apesar de terem sido muito fortes, pouco representa quando observamos a tendência de baixa iniciada no final de abril deste ano”, disse. De lá até o pregão de segunda-feira, o Ibovespa caiu 21%.

Segundo ele, o que devemos ter em mente é o objetivo de baixa conquistado recentemente, na região próxima a 42.500 pontos, além de um fortíssimo suporte respeitado pelo gráfico semanal nos 45.000 pontos.  “O ponto de suporte está cumprindo seu papel, ou seja, interrompendo o processo de queda, nem que seja por um curto espaço de tempo”, comentou. Para Figueredo, é natural um repique na faixa dos 47.000 pontos, pois é por onde passa a Média Móvel Exponencial, que serviu como suporte para todas as crises da história do mercado financeiro. 

Figueredo comenta que, para que haja reversão de tendência, é preciso que os gráficos diário e semanal apresentem formações acendentes, ou seja, no mínimo novos topos e fundos ascendentes. “Não é possível ver em apenas dois dias”. 

3) Leandro Ruschel, da Leandro & Stormer
O Ibovespa está na zona de 44.000 pontos, que é um forte suporte e que o mercado está respeitando. “Ainda não existe um sinal mais claro de reversão. Tanto em reais como olhando para o Ibovespa dolarizado. O mercado já está bem castigado, mas não há um padrão de reversão presente nos gráficos”, comenta. 

Ruschel comenta que o mercado estava muito “sobrevendido e repicou”, lembrando que em dólar o índice está ainda mais sobrevendido, podendo repicar ainda mais, mas isso não significa uma tendência de alta.

4) Igor Graminhani, da WinTrade
“O índice fechou em alta pelo terceiro pregão consecutivo, algo inédito até então para esse mês de agosto, porém a alta dessa semana é insuficiente para provocar uma reversão de tendência”, afirma. Para ele, o que temos no momento é apenas um “repique de alta dentro de uma tendência de baixa forte no curto e médio prazo”.

Graminhani explica que, no gráfico diário, o Ibovespa fechou em cima da média móvel exponencial de 21 períodos, que funciona como resistência imediata dos 47.720 pontos. “Se ocorrer o rompimento da linha de tendência de baixa, pode abrir espaço para altas até o topo deixado no patamar dos 50.900 pontos (próxima resistência)”, afirma.

Segundo o analista, o suporte imediato continua no patamar dos 44.100 pontos (mínima de julho de 2013). “Esse suporte deve ser acompanhado de perto, pois o seu rompimento deve ocasionar em fortes correções até os fundos deixados em 35.720 e 29.430 (fundo do subprime)”, conclui.

5) Wagner Caetano, diretor da Top Traders e do Terminal Cartezyan
A análise de Caetano destoa das demais por alertar sobre uma formação de um fundo do Ibovespa diante do movimento recente. Ele fala isso por três motivos: 1°) as mínimas de 2014 (44.904 pontos) e 2013 (44.107 pontos) foram penetradas no intraday, porém o mercado reagiu e fechou acima delas; 2°) no dia de pânico (segunda-feira) houve volume financeiro de negócio acima da média; 3°) o consenso de baixa estava muito óbvio e unânime, e quando é assim, dá para desconfiar.

“O mercado sinaliza, especialmente pelo falso rompimento das mínimas de 2013 e 2014 e pelo volume crescente nos dias em que o mercado avançou, que temos chances concretas de uma reversão”, comenta. 

Do lado dos fundamentos, ele aponta que há um alívio no quadro político no Brasil, estímulos na China, possibilidade dos Estados Unidos aumentarem os juros somente em dezembro, ou até 2016, e um Quantitative Easing 4, além da reação das commodities. Já olhando para os gráficos, Caetano aponta que o Ibovespa buscou hoje a média móvel de 21 períodos, ponto que divide o terreno comprador do vendedor.

Para ele, se o índice romper esse ponto, buscará 48.620 pontos e poderá reverter sem formar pivô de alta. “O cenário mais provável seria uma correção técnica em busca de suporte, podendo ser até os 46.480 pontos ou mesmo 45.850 pontos, para quem ficou de fora possa subir na prancha e surfar a onda de alta”, comenta. “Se isso ocorrer, a compra ganha força”. Nesse cenário, ele aponta que qualquer correção seria oportunidade de compra e o rompimento posterior a correção formaria um pivô de alta, padrão que tecnicamente reverte uma tendência.